Os beijos dele atravessavam a pele do meu pescoço e entorpeciam meus músculos, queimavam como veneno, doce e ardente. Podia sentir cada pequeno pedaço de meu corpo sendo tocado, acariciado, puxado vorazmente pelas mãos fortes de Jared. Os dentes dele se cravaram com bastante força em minha pele e não controlei a força ao enterrar as unhas pintadas em suas costas, deixando marcas vermelhas em seu pescoço enquanto escutava o gemido grave que irrompia de seus lábios. Ele gostava daquilo. Era como se fogo percoresse minhas veias a cada toque suave de seus dedos, mas, agora, diferente de a algum tempo atrás, seu toque quase nunca era macio. Feroz, desesperado, quase violento. Nossa respiração estava completamente irregular e desencontrada. Eu inspirava loucamente, mas o ar não atingia meus pulmões. Por um segundo ele se afastou e a aragem noturna gelada que entrava pela janela da sala me acariciou antes que ele conseguisse se desfazer da camisa e voltasse a... Minha mente se esvaziou. Ele era maravilhoso. A lua branca iluminava sua pele branca e seus olhos azuis, seus lábios relachados e sua expressão pensativa eram a combinação perfeita para o som da chuva que batia na janela, o som da água que corria no riacho. Até que ele se inclinou e ambas as mãos geladas acariciaram minhas costas sob a camiseta, trazendo meu corpo contra o dele. Aí então tudo voltou a minha mente e vi o que estavamos fazendo ali. Não sabia onde estávamos, não sabia como haviamos chegado ali. Nem, pensando bem, me lembrava de te-lo visto hoje. O peso dele diminuiu sobre meu corpo e sua imagem tornou-se cada vez mais clara, pálida, quase translúcida. Um sorriso anormalmente controlado e relaxado formou-se, repuxando a pequena cicatriz esbranquiçada em seu lábio superior e eu me apoiei nos cotovelos para beijá-los. E os atravessei. Ele riu, abertamente enquanto sua imagem desaparecia e meus olhos se arregalavam.

- Não... Não! - Eu esclamei, tentando desesperadamente segura-lo ali, junto de mim. Mas, antes que eu pudesse, ele já desaparecera, e apenas seu riso que agora soava um tanto cruel, ecoou pela sala.

Sentei-me na cama assustada, meus ouvidos zuniram antes que eu pudesse voltar a escutar o som da chuva pesada caindo lá fora. O relógio mostrava 2 horas da manhã. Fora... Só mais um sonho. Seria mais uma noite sem dormir. Passei as mãos pelos cabelos, tentando espantar a expressão horrorisante de Jared enquanto aquele riso estranho deixava seus lábios. Apertei os olhos. Aonde você foi?