Acordei, com uma certa dificuldade. Esperava sentir dor, mas não. 

O remédio que Apolo me deu fez efeito, ótimo!

- Ah você acordou! - vi os olhos dele me fitando.

- Sim. Cadê meu pai?

- Hm. Não sei, ele saiu sem dar satisfações. Estranho até. Ele parecia triste.

- Nossa. - me espantei. Meu pai nunca demonstra nenhum sentimento a não ser raiva, nunca.

- Está com dor? 

- Não mais. O que era aquela droga?

- Era um remédio que fiz para Atena e Ártemis, quando voltavam de treinamentos ou batalhas e estavam com dores.

- Ahm. 

- Provavelmente o efeito colateral foi sono.

- Eu dormi por quanto tempo?

- Sete horas. 

- Caramba! - quase gritei.

- Ér. Por que você... E Zac terminaram? 

- Por que quer saber? - desafiei.

- Primeiro porque eu sou o pai dele e segundo porque Ares quer saber, ele não queria te perguntar, queria pensar antes.

- Meu pai pensando? - mudei de assunto.

- É sério, se quiser contar.

- Ah. - pausei. Ele disse que não dava mais para continuar nosso namoro, fiquei sem resposta para retrucar e terminamos. - por incrível que pareça, eu não ligo mais pra esse término. Não muito.

- Nossa. - ele pausou. - Meu filho é um tonto!

- Descobriu isso quando? - ironizei. - Mas, por quê?!

- Porque que tipo de idiota termina com uma menina inteligente, bonita, meiga e a atlética? Isso é díficil de se achar. - ele piscou.

- Hm. Obrigada. - corei.

- Magina. - Apolo sorriu.

- Você não é como eu pensei! - admiti. - Não é narcisista, machista, idiota, sem noção, ou malicioso. É bem diferente.

- Vindo de você é elogio. Obrigado.

- De nada. - sorri. - Mas se você dá licença, preciso falar com meu pai. Sabe onde ele está?

- Não ao certo, mas deve estar na Sala dos Tronos. 

- Obrigada. - agradeci novamente e também dei um beijo na bochecha dele.

******

- Pai? - perguntei, vendo-o sentando em seu trono, pensativo.

- Eu sou um péssimo pai, não?

- Já vi piores. - brinquei. 

- Eu queria ser o melhor, filha.

- Eu sei. Eu sei, mas é que não é da sua natureza ser carinhoso. Eu entendo, pai. Você só tentou me ajudar. E eu te amo por isso, porque do seu jeito, você se importa por mim.

- Sempre. - ele se levantou e voltou ao tamanho normal, ele me abraçou. -  Vou te premiar por matar a Highlands.

- Highlands? 

- A hidra, filha. Era o nome dela.

- Hm... Continue.

- Você poderá ficar aqui, treinando, da forma que quiser. Não será díficil convencer Zeus sobre isso. - ele disse, franzindo o cenho.

- Seria ótimo! Obrigada. - sai saltitando, não sei porque, eu estava feliz. 

Talvez porque finalmente eu havia conseguido estabelecer uma conversa normal com meu pai, sem discussões ou irônias, e apenas a honestidade. 

Não sou Atena, mas gosto de justiça na conversa. 

Eu sei que o que mais incomoda meu pai, é que eu pareça com muitos deuses, e com certeza o que eu menos tenha de parecido é dele.

Gosto de música, de moda e romance, de flores, de andar pelos campos no calor, de nadar, adoro observar os céus, amo a lua, amo tempestades, apesar de um pouco assustadoras, adoro ver casamentos - por exemplo, eu assisti o casamento real pela TV quando fui visitar minha mãe. - adoro ler, e se eu pudesse me formar, me formaria em medicina diagnóstica ou em pediatria, e o que tenho do meu pai é que sou muito irônica e luto bem, de resto, nada.

Fui andando no corredor, quando encontrei Apolo. Ele estava falando com alguém, até que, eu ouvi uma voz conhecida, me escondi e fiquei apenas ouvindo.

- Pai, você não entende, é muito importante para mim.

- Tudo bem, Zac. Verei o que posso fazer.

- Obrigado. 

Do que eles estavam falando afinal?

- Camila. - encontrei os olhos de Zac. - O que está fazendo aqui?

- Pergunto o mesmo a você.

-