# Helena

 – Oi. – disse alguém atrás de mim e eu me virei para ver quem era. Engasguei com um pedaço do bolinho quando vi Otavio parado na minha frente todo machucado, mas com um sorriso no rosto. Passei os olhos pelo refeitório e todos pareciam olhar-nos. Eu me virei e encarei Diego que apenas deu de ombros.

 – Oi Otavio. – disse me virando novamente para ele. Otavio apenas sorriu.

 – Que bom que não está com raiva de mim. – disse ele sentando-se em uma cadeira vazia ao meu lado.

 – Por que estaria? – perguntei dando uma mordida no bolinho.

 – Porque, com aquela confusão toda, nem deu pra eu ti levar pra casa. – disse ele meio constrangido.

 – Ah... Tudo bem. Você é que deveria está com raiva de mim agora. – disse a ele deixando meu bolinho de lado e olhando para ele envergonhada.

 – Por quê? – perguntou ele me olhando confuso.

 – Por eu ter deixado você e o Matheus se matando... – disse rindo sem humor. Passei os olhos pelo pátio procurando algum sinal de Matheus, mas ele não estava por ali. Ele deveria está muito mal pra não ter ido para aula. Com certeza Otavio tinha acabado com ele, o que, para mim, era um pouco improvável, já que Matheus era muito mais forte que Otavio.

 – Aquilo não foi nada. Já ta tudo beleza entre agente. – disse Otavio rindo.

– Então os dois estão bem? – perguntei surpresa.

 – Sim... Aquilo foi só mais uma idiotice entre brothers. – disse ele pegando um pedaço do meu bolinho como se tudo estivesse as mil maravilhas.

 – Como está o Matheus? – falei surpresa com minha pergunta. Otavio me olhou confuso.

 – Acho que ele está melhor do que eu. – disse ele indiferente.

 – Então... Por que ele não veio pra aula hoje? – perguntou Diego que até agora parecia não está presente na mesa. Eu e Otavio o encaramos surpresos, mas ele apenas retribuiu com um olhar de indiferença.

 – Ele veio sim. – disse Otavio depois de alguns segundos em silêncio. – Só não sei onde ele se meteu... Talvez esteja agarrando uma das lideres por ai. – disse Otavio rindo. Eu também sorri, mas Diego fechou a cara.

  O sinal tocou e esperamos que o pátio esvaziasse. Otavio foi o primeiro a se levantar.

 – Então... Agente se ver por ai... Espero que logo. – disse ele me dando um beijo no rosto fazendo minhas bochechas corarem. Depois saiu andando sem olhar pra trás.

 – O que foi isso? – perguntou Diego me olhando surpreso. O pátio já estava completamente vazio.

 – É... O que foi isso Helena? – perguntou Cindy chegando de supetão. Eu e Diego olhamos para ela assustados. – Isso não importa agora. Preciso falar com você Helena... Agora. – disse ela como se fosse uma ordem.

 – Agora não! Já estamos atrasados para a aula. – disse a ela me levantado. Ela segurou o meu braço e me lembrei da ameaça que ela tinha me feito segurando meu braço do mesmo jeito na noite anterior. Eu senti meu rosto arde de raiva.

 – É importante... E sei que você vai gostar do que tenho pra te dizer. – disse ela recuando e soltando meu braço. Minha raiva foi diminuindo.

 – Pode falar. – disse a ela me jogando de novo na cadeira.

 – Aqui não. Venha! – disse ela começando a andar. Eu a segui e Diego nos acompanhou até Cindy entrar no banheiro feminino.

 – Você não! – disse Cindy barrando Diego na porta. Eu a encarei com raiva, mas Cindy apenas deu de ombros.

 – Tudo bem... Sei me cuidar Diego. É melhor mesmo você voltar para sala... Não quero que você leve uma advertência por isso. Depois eu te conto tudo. Prometo! – disse beijando sua testa. Ele apenas confirmou balançando a cabeça e saiu.

 – Pronto. Pode começar a falar... – disse entrando no banheiro feminino.

 – É o seguinte: Você vai ser a “professora” de reforço de Matheus! – disse ela apontando um dedo na minha cara. Eu ri. Ri muito.

 – A tah! E você vai ser a primeira dama. – disse revirando os olhos e voltando a ri.

 – Talvez eu seja... – disse ela pensando por um momento. – Mas o assunto agora é você! E pare de rir porque o caso é sério. – falou ela se aproximando de mim. Mas eu não conseguia parar de rir.

 – O caso é que Matheus precisa de uma “professora” de reforço e você precisa de um emprego... E eles vão pagar muito bem. – disse ela com um sorriso malicioso. Eu parei de rir e a encarei.

 – Como você sa... – ela não me deixou terminar.

 – Eu sei ta... Na verdade, eu sei de tudo! – disse ela rindo.

 – Você é muito louca garota. Eu já desconfiava, mas agora tenho certeza. – falei me virando para sair do banheiro.

 – Eu sei que você precisa desse emprego... E, acredite, você não irá conseguir um melhor que esse. – disse ela calmamente enquanto eu voltava a encará-la. Ela tinha razão, eu precisava mesmo daquele emprego... Mas eu era péssima em qualquer matéria... Eu nem ao menos prestava atenção nas aulas.

 – Ok... Matheus precisa de uma ajuda em algumas matérias da escola, ele vai pagar muito bem pra quem o ajudar e eu preciso muito desse emprego para ajudar minha mãe e isso também irá ajudar o nosso plano... Mas você esqueceu um único detalhe. – Eu olhei para ela que apenas deu de ombros.  – EU SOU A PIOR ALUNA DA ESCOLA! – disse quase gritando. Mas ela pareceu indiferente como se aquilo não fizesse nenhuma diferença. – Você por acaso está me ouvindo? – perguntei chocada.

 – Claro que estou, e não precisa gritar. O negocio é que eu sempre soube que você era inteligente e tem muita facilidade com isso, mas você prefere dá uma de revoltada e rebelde. Eu sei que você é melhor que o melhor nerd daqui. – disse ela olhando para as unhas perfeitas. Até que ela tinha um pouco de razão. Minhas notas sempre tinham sido ótimas até pouco tempo e eu nem precisava me matar de estudar, simplesmente tinha facilidade.

 – Você acha mesmo que eu vou aceitar isso? – perguntei a ela.

 – Acho sim e no fundo você também sabe que vai. Eu vou mandar sua ficha para o diretor e você vai ser chamada para fazer uma prova, se você passar o emprego é seu. O problema é que muita gente inteligente também vai fazer a prova... Então sugiro que você estude. – ela continuou olhando para as unhas dela. Aquilo era muita loucura, na verdade, tudo estava meio louco ultimamente.

 – Se liga... Eu não vou fazer prova nenhuma. Eu já me meti nesse plano idiota de conquistar o Matheus e já me arrependi. Você devia me agradecer por eu não pula fora desse plano. Eu vou conseguir outro emprego e não vou precisar da sua ajuda. Entendeu? – Eu disse gritando. Ela balançou a cabeça consentido. Eu sai do banheiro batendo a porta de raiva... Argh!