Matheus me levou para um jardim enorme cheio de flores exóticas. Eu me senti mais aliviada com o vento que soprava e com o aroma das flores. O silêncio durou por alguns minutos até eu me sentir, totalmente, recuperada. Olhei para Matheus que esperava eu me recuperar pacientemente. Eu iria ter que pedir desculpas... Mas desta vez não fazia parte de plano nenhum. Argh... Só mais um pouco e eu conseguiria me livrar daquele garoto... Por que ele tinha que aparecer? Por quê? Affs! Eu tinha que admitir que, em parte, ele tinha me salvado e isso me deixava com mais raiva dele ainda...

 – Obrigada. – Disse entre dentes para Matheus desta vez sendo um pouco mais sincera. Eu poderia completar com: Mas não precisava, só mais um pouco e eu me livraria dele! Ou alguma coisa parecida, mas não fiz. Eu precisava ser educada com ele para conquistá-lo, segundo Cindy e Diego.

 – Não foi nada. – disse ele sorrindo. Eu o encarei surpresa e ele se aproximou mais de mim enterrando as mãos em meu cabelo. Pela segunda vez naquela noite eu pude sentir sua respiração contra minhas bochechas. Ele olhou dentro dos meus olhos e fez alguma coisa deslumbrante com seus olhos... Eles eram fatais! Era como se fosse algo hipnotizador. Eu estava prestes a me derreter quando ele apertou com mais força meu cabelo bem no lugar onde o garoto que tentou me agarrou havia apertado. Eu grunhi com a dor. Matheus se afastou rapidamente e me olhou assustado.

 – Ta tudo bem? – Ele me perguntou sério. Eu estava prestes a responder que sim, mas desisti na última hora. Eu precisava me recuperar daquele olhar. Eu estava ofegante. Se ele fizesse aquilo com os olhos de novo eu não agüentaria.

– Acho que não to muito bem não. – disse fazendo uma careta de dor. – Acho que preciso de uma bebida. Um pouco de água. – disse fazendo biquinho. Quando você quiser que eles façam alguma coisa para você apenas faça um biquinho e eles atenderam de imediato! – Cindy havia me dito e, por incrível que pareça, era verdade.

 – Tudo bem! Vou lá dentro pegar água e já volto. – disse ele sorrindo indo em direção a casa. Eu fiquei sozinha admirando o jardim. Suspirei aliviada por está sozinha. Eu não sabia o que ele tinha feito naquela hora com os olhos, mas era incrivelmente lindo. Fechei os olhos tentando me lembrar com perfeição dos olhos dele. Era como se estivesse admirando um pôr-do-sol e o seu sorriso completava toda a paisagem.

 – Você está aqui! – Eu abri os olhos automaticamente encontrando os olhos de Otavio que sorria e caminhava em minha direção. – Eu procurei você em toda a parte! Onde você estava? Ah, não importa. Eu tenho uma coisa muito importante pra te dizer. – Disse ele sorrindo. Eu me senti um pouco decepcionada. Não sabia explicar, mas eu não queria que fosse Otavio, não mesmo.

 – O que tem pra me dizer? – disse quando ele chegou perto de mim. Ele sorriu e eu retribuí.

 – Você está maravilhosamente linda hoje. – disse ele em meu ouvido. Eu sorrir constrangida com seu exagero. Otavio estava sendo muito legal e útil também, eu não queria magoá-lo.

  – Eu estou com a garota mais bonita e a mais incrível da festa. – disse ele agarrando minha cintura. Meu primeiro pensamento foi me afastar e correr para longe dele, mas isso iria deixá-lo arrasado.

  Tentei me esquivar o mais delicadamente possível, mas não estava adiantando. Otavio segurou minha cabeça e me fez olhar em seus olhos. Então ele fez o que eu nunca, nunca esperava que ele fizesse. Ele fechou os olhos e se curvou em minha direção. Por um momento nossos lábios quase se tocaram, mas eu virei meu rosto bem a tempo. Meus olhos encontraram os de Matheus que trazia duas águas na mão. Ele ficou totalmente abismado com a cena que via deixando as garrafas de água caírem no chão. Otavio se afastou de mim assim que as garrafas bateram no chão fazendo um pequeno barulho. Ele olhou para Matheus com olhos em brasa. Eu sabia que isso não era nada bom.

 – Você está atrasado amiguinho! – debochou Otavio sorrindo para Matheus. Eu não entendi nada.

 – Pelo que eu vi não aconteceu nada. – disse Matheus sério olhando nos olhos de Otavio. Eu estava totalmente boiando no assunto. Mas eu sabia que se tratava de alguma coisa relacionada a mim.

 – Admita uma vez na vida que eu estou ganhando. – falou Otavio com raiva. Era como se eu estivesse invisível. Como se eles estivessem falando de mim e eu não estivesse presente e o pior era que eu estava presente e não entendia nada.

 – Eu vou admitir. – disse Matheus furioso e partindo pra cima de Otavio. Foi tudo tão rápido que minha mente não conseguia acompanhar o que estava acontecendo. Eles estavam brigando por minha causa?

 – Parem os dois agora! – Gritei em tom sério. Por um momento os dois pararam e olharam para mim, mas depois continuaram se socando. – Querem saber? Se quiserem que se matem! – Falei com raiva saindo em disparada para dentro da casa onde a festa ainda estava rolando. Eu corri tentando passar pelas pessoas, mas estava difícil com um monte de gente dançando e com pouca luz.

 – Ai! – Eu disse em uníssono com outra garota ao me esbarrar nela. Pisquei algumas vezes até reconhecer o rosto de Cindy que me olhava surpresa.

 – O que aconteceu? – Perguntou ela arqueando uma de suas sobrancelhas.

 – Pode me levar para casa agora? – Pedi ofegante. Ela me analisou por alguns segundos.

– Claro. – disse ela sem entender os meus motivos. – Mas você vai ter que me contar direitinho o que aconteceu! – Exigiu ela enquanto saímos da casa.