Pov: Annabeth.

Posso considerar este um dos momentos mais embaraços da minha vida... O pior e estar aqui agora e fingir que nada aconteceu. Veja se não estou certa.

Algumas horas antes...

Tínhamos acabado de chegar ao único lugar que poderíamos ficar em 30 km, o único lugar que achei para ficarmos era justamente um motel, se quiser mais situação embaraçosa que essa, bom é meio difícil de conseguir. Estávamos todos nos entreolhando até com certo ar humor, mas como nem tudo pode ser bom, o que a dona do lugar me disse era bem mais estranho...

-Só temos dois quartos, um com três camas e o outro com uma. –ela disse.

-Tá. –Disse Thalia. –Garotas num quarto e garotos no outro.

-Desculpe-me, mas isso não será possível. –Disse a mulher com naturalidade.

-Por quê? –perguntei sem entender.

-Simples, meu pai é dono desse lugar, e temos regras. –ela disse um pouco mal humorada.

-E quais seriam elas? – Perguntei.

-Só posso alugar o quarto para um casal, sabe, homem é mulher. –ela disse.

-Se é assim. Por que tem um quarto com três camas? –Percy perguntou.

-Diversão á três. –ela respondeu e eu tive vontade de rir.

Todos estavam desconfortáveis, cada um tinha o seu jeito de encobrir. Thalia olhava para cima, Nico fitava o chão, Rachel observava as unhas, Percy mexia nos cabelos e eu ficava brincando com o meu colar de contas do acampamento, nunca deixei de usa-lo. Depois de a moça explicar todas as regras dos quartos, sinceramente eu só estava pensando que não iria deixar Percy e Rachel no mesmo quarto, não sabia bem o que fazer, mas tinha de dar um jeito de fazer a ruiva dormir num quarto com Thalia e Nico, mas como fazer isso sem fazer com que o resto deles pense que estou tentando fazer alguma coisa com ele?

-Bom vamos logos dividir esses quartos. –Falei.

-Como vamos fazer isso? –perguntou Nico. Foi aí que tive uma ideia.

Peguei um graveto de uma planta no chão e o quebrei em pedaços, seria na sorte a ordem dos quartos, mas a minha intenção era manipular o resultado.

-Quem pegar o menor graveto dorme no quarto de casal. –eu disse. Todos pegarem seus gravetos. Pude ver que Rachel tinha pegado um dos pequenos assim como Percy, então eu tinha de ser rápida, quebrei o meu em silêncio e fiz com que ficasse igual ao dele.

-Vamos lá. –disse Nico. –O que vocês tiraram?

-Maior. –disse Thalia.

-Maior. –disse Nico.

-Maior. –Rachel disse.

-Bom, acho que sobramos. –levantei o meu pedaço assim como Percy, ambos eram pequenos.

Depois de olhares nada discretos de Thalia e Nico, eles e Rachel foram para o quarto deles, e eu peguei minhas coisas no carro e fui com Percy para o famoso quarto, o que posso dizer sobre ele? Tenso. As paredes eram todas escuras, mais parecia um calabouço que um quarto de motel, lembrava-me um pouco a era medieval.

-Caramba. –disse Percy rindo.

-Fazer uma noite longa. –eu disse jogando minha mochila no chão e pegando minha roupa. –Vou me trocar. –disse indo para o banheiro.

-Farei o mesmo. –ele respondeu.

Troquei minha roupa, como certo nojo daquele lugar, fiz de tudo para não encostar-se a nada, pouco depois eu já tinha colocado uma blusa que é de Percy, que peguei na casa dele, e um short velho meu. Quando saí do quarto ele estava com uma calça, apenas com ela. Mostrando aquela droga de tanquinho que me deixa doida, mas me controlei, passei a mão no cabelo para disfarçar e seitei na cama. E Percy me disse.

-Eu conheço essa blusa. –ela disse irônico.

-Não seja chato, eu não tinha uma roupa para dormir, então peguei essa na sua casa. Importa-se? –perguntei com ironia.

-Não. Pode ficar você fica bonita com ela. –ele disse como quem diz “hoje eu comi arroz com feijão”.

-Obrigada.

-Então, isso é meio estranho.

-O quê?

-Você sabe, eu, você... Nesse lugar, como se tudo estivesse a mil maravilhas.

-Tento não pensar nisso. É um tanto confuso.

-Então, vamos fingir que nada está acontecendo?

-Você tem solução melhor?

-Não. Mas é estranho pensar que antigamente tudo isso seria normal. –ele disse abaixando a cabeça.

-Nem tão normal assim. –ele me olhou intrigado. –eu nunca deixaria você me trazer num lugar como esse.

-Tem razão. –ele começou a rir, o que diminuía a tensão entre nós.

-Percy. –ele me olhou. –Eu não quero mais ficar brigando com você.

-Eu também. –ele disse sentando do meu lado. –O que vamos fazer?

-Sei lá, podemos ser amigos? –eu disse e ele riu, mas sem achar graça, sacudiu a cabeça em negação.

-Você acha mesmo que eu consigo se só seu “amigo”. –ele fez aspas na palavra amigos.

- Eu... –fiquei sem palavras.

-O que aconteceu com “nós”? –ele perguntou.

-Acabou quando você beijou a Rachel.

-Eu não beijei a Rachel! E... Estamos brigando de novo.

-Ok. –respirei fundo. –Já parei.

-Você vive me dizendo que eu segui em frente, mas eu não consegui. O que aconteceu com a Rachel foi mentira, ela me beijou... Você chegou na hora e viu, depois interpretou tudo errado.

-Como vou saber se é verdade?

-Assim. –ele se aproximou devagar, eu já sabia o que ele ia fazer.

 Não me mexi, eu queria de qualquer forma. Fechei os olhos automaticamente, e esperei os lábios dele colarem nos meus. Eu ainda me lembrava de como era o gosto do beijo dele, como poderia esquecer? Nunca nos esquecemos das coisas boas, porque simplesmente são boas. Pude sentir o gosto dos lábios dele, um gosto como de chocolate com menta, e um incrível cheiro de mar. Era viciante, desde que começamos a namorar, sempre que ele fazia isso, me sentia dependente desse tipo de beijo, como eu gesto de carinho pode ser tão bom? Tentei me controlar, mas posso dizer que foi inevitavelmente inútil, precisava de mais, eu sabia disso, não consegui parar, puxei-o para mais perto, e deixei que minhas mãos passeassem por seus cabelos macios e cheirosos. Estava tudo perfeito, sonhei com esse momento tantas vezes... Mas dessa vez era real. Era mesmo real e eu não iria acordar beijando o travesseiro com o telefone tocando em mais um dia comum da minha vida sem ele. Era tão perfeito, não posso negar que mais uma vez estava me deixando levar por ele. Como ele pode fazer isso? Como pode ter tanto poder? Como pode, com apenas um beijo, reanimar os antigos sentimentos que venho alimentando por ele durante todo esse tempo?

O tempo não passava, estávamos presos naquele momento, e eu sinceramente não queria interferir nisso, era como voltar ao passado, mas é impossível fazer isso sem lembrar-se dos bons e maus momentos. Tudo que eu queria era esquecer aquele dia, mas um choque me trouxe de volta á realidade, tanto tempo tinha passado, tínhamos mudado as coisas não eram as mesmas. Gostaria de dizer que depois de pensar nisso, o afastei e saí daquele quarto e recuperei a consciência, mas não foi bem assim que as coisas aconteceram... Eu perdi todos os sentidos, deixei que ele continuasse... Apenas revivendo antigos sentimentos.