Minha Cura escrita por Susan Salvatore


Capítulo 1
Aquele Que Eu Buscava


Notas iniciais do capítulo

Música oficial: I Should Go - Levi Kreis



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 M I N H A  C U R A

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- Elena

Damon estava morrendo. Não havia nada para fazer.

- Ei, tudo vai ficar bem – disse Stefan, abraçando-me.

Não, nada ia ficar bem. Damon ia morrer. Como pude ser tão idiota? Ele foi pedir-me perdão e o que eu fiz? Eu disse que precisava de tempo. Isso era a última coisa que ele tinha!

- Você deve ficar com ele, Elena – falou meu namorado – Vá ficar com ele. É de você quem ele precisa.

Eu já sabia disso há muito tempo. Amava Damon. Só que era burra o suficiente para não confessar isso.

Entrei naquela casa, que agora também era minha. Talvez pela última vez, porque se ele partisse este já não seria mais meu lugar. Parei na porta. O que devia fazer?  O que devia dizer para confortá-lo, quando eu é quem precisava de conforto? Eu precisava dele e ele estava morrendo!

- Damon? – sussurrei, sabendo que ele ouviria.

Nada.

- Não me ignore! – reclamei

- Vai embora - uma voz fraca respondeu.

- Não pode me expulsar da minha própria casa.

- Considerando que fui eu quem a dei, eu posso. – falou Damon, que agora estava sentado na escada.

Foi aí que eu realmente o vi. Ele estava péssimo. A dor que eu senti ao ver seu rosto fraco e frágil tentando sorrir dilacerou-me de dentro pra fora. Fui sentar ao seu lado.

- Não devia estar aqui – disse ele

- Você me quer aqui?

- Eu... - hesitou Damon – É claro que sim.

- Então este é o meu lugar – falei, simplesmente.

Então ele fez uma coisa que me surpreendeu. E fez meu coração arder. Ele me abraçou e havia tanto carinho, devoção e gratidão naquele gesto que meus olhos se encheram de lágrimas.

- Obrigado por vir, Elena querida.

- Eu sempre vou estar aqui, Damon. – falei ainda nos braços dele.

- Mas aqui não é um bom lugar pra você, minha flor. Não quero que veja isso – aquela voz dele me encantava. Havia súplica nela.

- Não fale assim, como se isso fosse uma despedida. Ainda há esperança.

- Você... – começou ele, mas não pode terminar. Começou a tossir violentamente.

- Damon! – gritei desesperada.

Ele estava caído no chão e cuspia o próprio sangue. Meu Damon estava ali, sendo torturado lentamente e não fazia nada! O sangue dele era uma visão atordoante... Sangue? Uma luz surgiu. Meu sangue era o analgésico perfeito.

- Damon, olhe pra mim – falei, assim que ele parou de tossir.

- Que é?

- Tome meu sangue.

Silêncio

- Desde quando você anda bebendo, Elena?

- Não é brincadeira. Pode beber. Ele já é seu.

Seus olhos se arregalaram sem nada compreender.

- Vamos, Damon. Você sabe que precisa.

- Não irei machucar você. – disse ele

- Você não vai. Não irá fazer falta. E, além disso, dói muito mais te ver assim.

- Não posso – falou ele, mas vi em seus olhos que ele já havia cedido.

Desabotoei a blusa, deixando o pescoço à mostra. Seus olhos brilharam e, então, rapidamente, ele veio até mim. Seus lábios gentis beijaram meu pescoço e morderam-me ali. Senti uma pequena pontada de dor quando seus dentes, afiados como lâminas, perfuraram minha pele. Mas eu logo esqueci isso. Era prazeroso. Eu o puxava pelos cabelos para mais perto de mim. Ele suspirou meu nome. Foi aí que eu perdi todo o juízo. Não, eu não o deixaria morrer. E se isso acontecesse, eu morreria junto. Um mundo sem Damon não era um bom lugar pra se viver.

Ri internamente. Isso não fazia sentido nenhum. Mas, quando se ama alguém, principalmente quem não se deve amar, nada faz muito sentido. E é isso que te faz feliz.

Ele parou.

- Obrigada, querida – disse ele, com uma voz sonolenta – Me ajuda a subir?

- Claro... – e então elas vieram: as palavras que eu tanto queria esconder – Meu amor

Damon ofegou.

- Estou tão doente assim? – perguntou ele, enquanto eu o colocava na cama. – Alucinações. Isso é mais lamentável do que eu pretendia.

- Você está ficando piegas – respondi.

Ele riu, e então eu descobri que esse era o som mais lindo do mundo. Em menos de um minuto ele adormeceu. Um instinto protetor me dominou enquanto eu o observava ressonar tranquilamente. Não deixaria nada atrapalhar seus instantes de paz.

Mas o problema ainda estava lá. Ele estava morrendo em meus braços e nem próprio sangue era suficiente.

Uma hora depois, ele acordou gemendo de dor.

- Shh, Damon, está tudo bem. – falei, mais para mim do que para ele.

- Eu nunca tive ninguém com quem conversar. Ninguém nunca gostou de mim. Eu nunca terei. Isso dói. – falou o homem/vampiro por quem eu morreria. – Eu mereço morrer.

Seria possível? Depois de tudo? Qual era o sentido da vida afinal? O momento havia chegado. O fim dele e meu.

- Não, não merece. – falei, quase chorando.

- Mereço sim, Elena. Eu só fiz escolhas erradas.

- Não... - comecei, mas ele me interrompeu.

- Mas eu não me arrependo nadinha - continuou ele, sorrindo torto. – Se tivesse escolhido diferente não teria conhecido você. Acho que você, querida, teria gostado de mim em 1864.

Abracei-o com mais força.

- Eu já gosto. Do jeito que você é.

- Tenho algo importante pra dizer. – disse Damon – Fiz várias coisas para machucá-la. Sei disso.

- Não diga isso em tom de desculpas. Eu te perdoei um instante depois de você ter feito.

- Obrigada, meu anjo – disse, com tanto amor na voz que eu chorei, as lágrimas caindo em seu cabelo preto. – Eu sei que você ama Stefan e sempre amará. Mas eu tenho que te dizer mais uma coisa, algo que eu já disse, porém a fiz esquecer – ele suspirou – Eu te amo, Elena. Desde sempre. Eu sentia um vazio tão doloroso, durante séculos senti isso. Mas você curou isso. Eu te amo porque você é a criatura mais linda desse mundo. Não digo só por fora, mais por dentro também. Não há ninguém mais digno de ser feliz do que você. Elena Gilbert é a esperança que sempre faltou nesse mundo. Eu te amo, sempre e para sempre, independente de qualquer coisa. Eu te amo.

Ele fechou os olhos, talvez pela última vez. E então eu o beijei. Seus olhos abriram novamente.

- Eu sou tão abençoada por amar alguém como você. Sim, eu te amo. Você pode pensar que não é bom, mas Damon Salvatore é a pessoa mais encantadora desse universo. Você é protetor, incrível, bonito e tem o dom de me fazer sorrir nas piores horas. Não há ninguém como você.

Nos beijamos.

Eu sabia, no fundo do meu coração, que havia uma cura. Deus não deixaria uma pessoa tão maravilhosa morrer. E acho que ele teria piedade de mim: eu havia encontrado o amor.

Quando Katherine chegou com a cura, o sangue de Klaus, o mundo se tornou algo tão sem importância. Meu Damon não morreria. Minha vida estava completa.

- Obrigada – disse ele, mais tarde, quando nos deitamos no jardim para ver o nascer do sol. – Por existir. Por ser minha cura.

- Eu não seria completa sem você. – respondi, com amor.

A felicidade, a partir dali, fez parte dos nossos dias. Eu amava Damon e nada, nem ninguém, mudaria isso. Durante séculos ele procurara alguém como eu. O mesmo eu podia dizer de minha alma. Porque eu sabia que ela sempre o acompanhara.


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Notas finais do capítulo

Dê valor a quem você ama. Depois que isso acaba, então não há mais nada."
Susan Salvatore