A Brave New World escrita por Maria Salles


Capítulo 19
Capítulo 19m


Notas iniciais do capítulo

"- É, pois é. Primeiro, você tem algumas promessas a cumprir. Segundo, preciso compensar todo o seu estresse pela presença do meu ex-namorado hoje. Você está muito tenso, Dimitri, precisa relaxar."



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Lissa e Christian haviam chegado naquele mesmo dia, juntos a Adrian. Entretanto, como Lissa era uma Princesa e Dragomir, sua chegada não foi exatamente silenciosa. Adrian conseguiu se safar do cerco em volta do casal real – Chris não se desgrudava dela – e veio para o hotel encontrar comigo e fazer suspense. Foi ele quem disse a Liss onde eu estava e conseguiu convence-la a pegar o jatinho que dispunha na Corte para vir me ver. Com o ataque à Rainha, era de se esperar que houvesse resistência a sua saída, mas ao que me contaram, muitos estavam isolando-se em lugares inóspitos procurando se proteger. Não foi dito em momento algum, mas imagino que a compulsão de Lissa tenha ajudado a escapar também.

- Estão todos temerosos. – disse-me ela à mesa de jantar no restaurante do hotel – E uma grande bagunça. Todos estão querendo mais Guardiões, está uma discussão inflamada por isso.

- E Tasha só piorou as coisas.

Adrian resmungou tamborilando os dedos na mesa impaciente. Acho que deveria estar sem fumar seus cigarros de cravo há um bom tempo.

Dimitri e eu os olhamos interessados.

- Tasha? Como Tasha Ozera?

- Yeah. – foi Christian quem respondeu – Ela está convicta de que os Moroi devem se juntar aos Damphirs e lutar. Ela disse que ficou sabendo de diversos ataques de strigois por aqui, que temos que nos proteger.

- Suas palavras foram: “Levantem essas bundas moles das cadeiras acolchoadas e façam algo por vocês, antes que os Strigois –

- Acho que não é necessário terminar, Adrian – interrompeu Liss – Ela disse que se a Rainha treinasse sua magia e seu corpo, se algum ataque fosse consumado ela teria maiores chances de sair viva.

- E o que Hans acha sobre isso?

Imaginei a cara de sapo dele, irritada e vermelha.

- Disse que o ataque não teve sucesso graças aos Guardiões, portanto nada deveria ser temido.

Ficamos em silencio por alguns minutos, absorvendo as informações. O ataque na Corte. Os Strigois formando grupos. As coisas não estavam bem para nosso lado. Além de um inimigo mortal, tínhamos agora um inimigo em pele de cabra no meio da Corte. Um dos nossos também estava contra nós.

- E o que a senhorita acha sobre isso, alteza? – perguntou Dimitri em tom polido. Ele estava sentando conosco, mas com aquela expressão que eu conhecia bem: estou alerta. Mesmo que o hotel estivesse cheio de Guardiões, ele continuava tenso, como se a qualquer momento pudéssemos ser atacados.

Liss brincou com o garfo por uns instantes antes de responder timidamente.

- Eu concordo com Tasha, em partes...

- Você não pode estar falando sério! – exclamei alto, provocando olhares ao meu redor.

- Rose, pense bem! É ótimo que você esteja comigo para me proteger, mas não gosto da ideia de ser indefesa. Nunca tinha parado para pensar o quanto pode ser perigoso estar totalmente dependente de alguém. Exigir mais Guardiões e mais horas de serviço... é horrível! Estamos praticamente na era medieval! Não deveria ser proibido usarmos nossos poderes, ter guardado algo tão maravilhoso dentro de mim é desgastante, é um pecado até! Morois nascem com dons, por que não os usa-los?

- Você não tem que se preocupar com isso, Liss. Eu estarei te protegendo sempre, você não está indefesa.

- Você não é um robô, Rose. Tem suas necessidades, tem seus sonhos e vontades. Você acha justo abdicar sua vida pela minha? É o que os Guardiões vêm fazendo durante todo esse tempo, são tratados como objetos, mercadorias.

Uma vida na qual pudesse ficar com Dimitri era tudo o que eu gostaria, sem me preocupar se seria correto ou não. Sem chamar a atenção, receber olhares... Mas também queria proteger Lissa. Morois tinha poderes, mas eram mais fracos que os Strigois. Nós éramos mais fortes que os Morois e conseguíamos fazer com que nossa desvantagem com os vampiros fossem compensadas. O sistema estava vigente há anos e funcionava muito bem. Em partes.

- Eu queria poder ter as duas coisas. – me ouvi dizer – Ter a minha vida e proteger a sua.

Não precisei olhar Dimitri para saber que ele concordava comigo.

- Você pode ter, Rose. Mas pra isso as coisas teriam que mudar. Do jeito que está, é fadado ao fracasso. Estamos retrocedendo ao invés de evoluir desse jeito.

- Você falou como política agora, Liss! – provoquei dando-lhe um sorriso.

Infelizmente, o que eu disse pareceu ter um efeito na mesa. Ela abaixou os olhos e Christian e Adrian se entre olharam.

- Tudo bem, eu ia esperar estar sozinha com você pra perguntar, mas parece que a maior parte da mesa já sabe, então compartilhe conosco, por favor.

- Não é nada demais. – respondeu dando nos ombros. Christian bufou e ela o olhou feio. – E não é! É apenas... política.

Eu não gosto, nem nunca gostei, provavelmente nuca gostarei de política. Muito menos de políticos, começando com a Vossa Excelência, Rainha Tatiana.

- Não diria ser nada ser a preferida da rainha como vigente ao trono. – Adrian comentou vagamente, sem se dirigir a ninguém em especial. – Aliás, preferida de todos, eu diria.

- Okay, acho que perdi alguma coisa aqui... Lissa, indicada ao trono?

- Não é bem assim! – apressou-se a dizer – Com o recente ataque, Tatiana começou a pensar... ela não tem filhos para que possa tomar seu lugar, e está preocupada com quem possa chegar ao trono se algo... bem, quando ela for afastada.

- Pode falar quando ela morrer, Lis, todos entendemos isso.

Ela ignorou o namorado e prosseguiu.

- Enfim, em casos como esses, onde não há herdeiros diretos, são indicados nomes para concorrer ao trono. Essas pessoas entram em uma espécie de competição para serem nomeadas Rei ou Rainha no final.

- E como é esta competição.

- Ninguém sabe. É um mistério que somente quem passou por isso sabe. Somos compelidas por magia a não contar.

- Que horrível!

- Na verdade não, faz sentido. Assim ninguém tem algum tipo de vantagem prévia.

- E o que isso tem a ver com você,  Liss.

- Bem, a Rainha mostrou-se muito interessada em mim... você sabe, ela sempre teve algum tipo de interesse pelos Dragomir, e isso se intensificou esses dias e tornou-se público depois do ataque de ontem. A própria Rainha mostrou favoritismo.

- Deveria ficar com medo ou feliz por você?

Era para ser uma brincadeira, mas não saiu bem assim. Liss, senti, estava com medo e assustada. Orgulhosa pela família e sufocada.

- Não sei Rose. Não sei nem o que eu devo pensar.

- Não pense. Você não tem chances em se tornar Rainha. – todos olharam Adrian e ele encolheu os ombros, inalterado – Você é a última Dragomir, prima. Não tem ninguém para te indicar. Para poder ser indicada, alguém do seu clã precisa te indicar e, bem, você não tem alguém, tem.

Lissa ficou aliviada com essa nova informação, porém, em seguida, sentiu-se culpada. Era uma grande honra, certo? Ser indicada? Tornar-se Rainha era inimaginável. A família dela ficaria orgulhosa. Torceria por ela. Se tivesse família, como lembrou, amargamente, Adrian. Liss não deveria se preocupar com isso. A vida dela já era turbulenta o bastante sem mais status.

- Bem, eu sei que eu estou mais que contente pela surpresa! – exclamei com um grande sorriso, desviando o assunto da conversa pra algo mais leve – Estava ficando louca sem notícias suas. Sim, Christian, não torça o nariz, também senti sua falta, cabeça de fogo.

Christian revirou os olhos, mas pude ver um sorriso no canto dos lábios. Ele também estava feliz por estar ali.

- Então, é aqui que você está ficando, Rose? – Indaga Liss, olhando em volta – Não me parece um castigo ruim.

- Na verdade estou ficando em outro lugar, há alguns quilômetros daqui, numa aldeia pequena. Não é um hotel, nem luxuoso. Tenho que acordar às cinco da manhã e treinar com uma... senhora que não vai muito com a minha cara e me deixa quebrada todos os dias. – tomei o cuidado para não ofender a avó de Dimitri, afinal de contas, eu até gostava dela. Um pouquinho só. Dei um olhar de esguelha a Dimitri, que tinha os olhos confusos para mim. Sorri levemente. – E mesmo assim não trocaria por nada nesse mundo. Acho que não poderiam ter me dado castigo melhor.

Dimitri segurou meu olhar por uns segundos e foi o primeiro a desviar, olhando em volta atento. Voltei a olhar para as pessoas na mesa. Adrian estava impassível, já tinha conhecimento do nosso amor. Christian estava... bem, surpreso, chocado e divertido. Lissa parecia desconfiada, como se não compreendesse o que acabou de se passar ali. Ela balançou a cabeça e sorriu.

- Bem, fico feliz então. Está se divertido?

Ergo uma sobrancelha.

- Não acabei de dizer que sou quebrada em milhões de partes todos os dias a partir das cinco da madrugada? – Esse comentário provoca risadas na mesa – Não sei por que estão rindo da desgraça alheia.

Adrian interrompe as risadas após uma olhada no relógio e um sorriso indecifrável no rosto.

- Liss, acho que seria uma bora hora para começar a se arrumar.

Christian bufa e Lissa pula da cadeira.

- Se arrumar? Pra que? – indago observando-a desamassar a roupa.

- Bem, quando uma princesa Moroi viaja pra outro país, não é passada despercebida. Mal aterrissei aqui e já possuo um jantar pra ir. – respondeu-me ela, ansiosa, nervosa, mas curiosa.

- Você poderia dizer que passou mal. Fuso horário, sei lá. – tenta Christian, que não parece nem um pouco excitado com a perspectiva de encarar uma comitiva real.- Você pode fazer isso, você é a princesa Dragomir!

- Eu quero fazer isso, não significa que eu possa, Chris. E você não é obrigado a ir.

Ele se levanta e pega sua mão, com uma expressão de horror no rosto.

- E te deixar sozinha com um bando de desconhecidos bajuladores? Obrigada, vou com você. Quem sabe eu esquente as coisas por lá.

Eu esboço um sorriso, e Adrian parece gostar da ideia. Mas Lissa fecha a cara para ele, levantando o indicador a altura do seu nariz.

- Christian Ozera, nem pense em uma de suas gracinhas no meio de toda aquela gente. Se você fizer uma faísca, se verá comigo. – Os olhos azuis cintilaram maliciosos e Lissa enrubesceu tanto que achei que iria literalmente pegar fogo – Você me entendeu. Vamos brigar e você não irá gostar.

A promessa séria, mesmo com o rosto vermelho, surdiu efeito e Christian deu em si, com um suspiro pesado e um revirar de olhos.

- Okay, então, princesa – disse ele, passando os braços em volta de seu ombro – Vamos subir e nos arrumar para a festa chata. Quanto antes chegarmos, antes sairmos para verdadeira diversão. Temos Moscou inteira para conhecer!

Lissa sorri levemente e vira o olhar pra mim.

- Desculpe Rose. Eu realmente gostaria de passar todo o tempo com você, mas é que...

- Não se preocupe. – interrompi respondendo o sorriso – Temos coisas de guardiões a fazer ainda, então eu não serei uma boa companhia. E eu entendo que com esse seu novo status de preferida da Rainha você tem suas obrigações, Liss.

Ela sorriu e deu a volta na mesa para me abraçar. Eu me levantei e ficamos um bom tempo juntas. Finalmente nos soltamos.

- Senti muito a sua falta. – murmurou ao me soltar.

- E eu, Liss.

Então ela e Christian se foram. Adrian e Dimitri se levantaram e saímos devagar em seguida.

- Também irei me retirar, pequena Damphir. Tenho coisas a fazer antes de ir pra essa festinha, que promete ser a pior que já fui recentemente. Sem você e sua língua afiada ou Christian e suas faíscas, capaz de babar de tédio.

Eu ri. Dimitri mantinha dois passos atrás de nós, mas sua presença era tão forte que poderia dizer o que estava sentido naquela hora. Ciúmes.

- Rosemarie, foi um prazer revê-la. – Adrian pegou minha mãe e levou-a aos lábios – Amanhã nos vemos.

- Boa noite, Adrian. E espero que aproveite a festa.

- Tentarei. Eu até te desejaria boa noite, - Adrian olho de esguelha para Dimitri e diminuiu a voz - mas levando em conta com quem você divide o quarto, não será necessário.

- Adrian!

- O quarto? Quis dizer a cama. – ele me deu um beijo rápido no rosto e saiu apressado antes que eu pudesse responder – Até amanhã, Rose.

Dimitri nada disse enquanto nos dirigíamos para nosso quarto. Quando chegamos à porta, ele se vira para mim e indaga com curiosidade:

- O que você quis dizer com ‘coisas de guardiões a fazer’? Desmarcaram a reunião de hoje a noite, o grupo todo só irá se reunir amanhã às nove. Você sabe disso.

Ele girou a chave e entramos.

- É, eu sei, mas a Lissa não. Queria tirar a culpa dos ombros dela e, além do mais... – dei um sorriso quando Dimitri trancou a porta atrás de si – Temos pendências de hoje, se bem me lembro.

Ele ergue uma das sobrancelhas, sério, mas com diversão no olhar quente.

- Pendencias?

- É, pois é. Primeiro, você tem algumas promessas a cumprir. Segundo, preciso compensar todo o seu estresse pela presença do meu ex-namorado hoje. Você está muito tenso, Dimitri, precisa relaxar.

Ele sorriu e avançou contra mim.


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Notas finais do capítulo

Gente, mil desculpas pela imensa demora. Mas o cursinho está meio pesado e eu iniciei um blog, então o tempo ta curto. MAS, não vou parar com a fic! Irei com ela até o fim, e agora estou mais animada a continuar! Me perdoem e espero que curtam a atualização!:D Os capítulos serão mais curtos e cheios de informações para eu acabar logo, então aproveitem!
BEIJOS!