A partir daí, não falamos mais nada, para minha infelicidade, porque se tinha uma coisa que eu não conseguia era ficar quieta. Quando isso acontecia era porque alguma coisa estava errada.

Cruzei os braços sobre o peito encostando minha cabeça no vidro do carro, e então me perdi em pensamentos enquanto as luzes da cidade passavam por nós - ou nós passávamos por elas.

Pensei em como as coisas haviam mudado desde que Edward tinha ido pra NY. Antes éramos duas crianças brigando pelo controle da tv, e se melecando de sorvete, agora era diferente. Éramos adultos, chatos e responsáveis - na maioria das vezes. Ainda assim, depois de 8 anos, ele ainda me parecia o mesmo, de alguma forma inexplicável, ele ainda era o Edward que eu odiava, e talvez isso nunca fosse mudar.

- Bella? - ele me cutucou, me tirando dos meus pensamentos.

- O que?

- Está calada, não me chingou nenhuma vez desde que saímos de casa. Se sente bem?

- Estou ótima, Edward. - ri, revirando olhos.

- E no que está pensando?

- Em como a vida se tornou chata. - disse. Suspirei, me acomodando no bando do carro.

- A minha sempre foi.

- Não seja patético.

- Estou falando sério. Antes eu tinha motivos pra viver... Ir a escola e te encher o saco todos os dias. Passar sorvete no seu cabelo, arrancar a folha do seu dever de casa do seu caderno... Antes eu só tinha que me preocupar em não ser pego. - ele riu, e continuou. - Agora tenho que cuidar de uma empresa inteira, negócios e mais negócios, e tenho que me preocupar mais ainda em não decepcionar meu pai. Em ser o exemplo e o mais novo "homem da família".

Ele estacionou o carro, parece que havíamos chegado. Antes que eu pudesse sair, ele segurou minha mão e voltou a fechar a porta que eu tinha aberto.

- Sinto sua falta, Bella.

Ficamos em silêncio por um instante, apenas nos olhando. Ele se aproximava mais de mim, deixando seu rosto a centímetros do meu. O que ele achava que estava fazendo?

- Pena que não posso dizer o mesmo. - sorrio, levando uma mão ao seu peitoral e o afastando um pouco de mim.

Ele riu, desistindo de qualquer chance de se aproximar de novo. Abri a porta novamente e saí. Eu não sabia o que estava acontecendo, Edward havia me deixado sem ar, sem saber o que falar ou como agir... As coisas estavam ficando estranhas.

- 

Quando entramos no lugar, fiquei meio sem saber o que fazer. Haviam luzes pra todas os lados, e pessoas dançando por todo canto. As luzes estavam me deixando tonta, se eu não tinha labirintite, depois daquela noite teria. A música era alta, mal dava para se movimentar sem esbarrar em alguém.

- Não saia de perto de mim. - disse Edward, envolvendo um dos braços em minha cintura e me apertando contra si.

- Não sou criança, Edward. Acha que vou me perder? - o empurrei, tirando seu braço de minha cintura.

Ele balançou a cabeça em negativa, se afastando.

Eu estava odiando tudo aqui. Gente suada se esfregando, caras bêbados vomitando sem parar por todos os lados. Aquilo não era se divertir, era se torturar, mas era isso que Edward queria, me torturar.

- Quer beber alguma coisa? - perguntou Edward em meu ouvido já que não dava pra ouvir nada que ele dizia.

- Não. Mas agradeceria muito se fossemos embora.

- Nem pensar.

Fiz cara de choro, fazendo drama.

- Vem comigo. - ele segurou minha mão, e então começou a me arrastar pela multidão.

Edward e eu atravessamos o salão inteiro, até chegarmos numa pequena escada. Ele me puxou para sua frente, para que eu pudesse subir primeiro, e foi o que fiz.

- Pra onde está me levando? - perguntei. Agora já não era mais necessário gritar, o barulho tinha sido abafado de alguma forma.

- Você é muito curiosa, e impaciente, Isabella. - disse ele rindo.

Quando chegamos ao topo da escada, entendi porque ele me trouxera aqui.

- Quando venho a este lugar, não fico lá em baixo com aquele bando de bêbados desgovernados.

O lugar era incrível. Pequeno, mas aconchegante. Havia um bar, onde apenas um homem servia os clientes, a música era a mesma da de lá de baixo, porém mais baixa, ponderada. As mesas de madeira, organizadas de modo que fez parecer aquelas lanchonetes dos anos 80.

- Quer beber alguma coisa? - perguntou ele, puxando uma cadeira para mim.

- Vodca! Com muito limão, não é não, Bellinha?

Virei-me, reconhecendo aquela voz. Pulei em Emmett, o abraçando forte. Ele nem parecia sentir, pelo contrário, colocou os braços a minha volta e me tirou o ar.

- Tira as mãos dela, grandalhão. A garota ta comigo! - brincou Edward, dando uma cotovelada nas costelas de Emmett que me soltou de imediata.

- Haha. Desculpe-me, senhor galã. Aliás, o que faz aqui em Los Angeles?

- Férias. Cheguei hoje pela manhã.

- Mas isso é ótimo. Então temos tempo pra recuperar o tempo perdido. - disse Emmett, pegando uma garrafa de vodca que estava sobre o balcão do bar. 

 - Temos sim.