Lua de Sangue escrita por DarkCountess


Capítulo 17
Memórias De Um Passado Guardado A Sete Chaves


Notas iniciais do capítulo

Aqui vaaai, mais uma capítulo para a felicidade de vocês meus queridos leitores!!! Hehehe Espero que esteja ao gosto de vocês ;D Curtam!
Besos♥



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Capítulo 17 – Memórias De Um Passado Guardado A Sete Chaves

No percurso de volta pra casa, muitas coisas se passaram pela minha cabeça. De algum modo aquele sonho dizia alguma coisa. E eu tinha que descobrir o que era. No caminho pra aula, Joseph me manda uma mensagem dizendo que Diana tinha se ausentado do treino de hoje porque estava se sentindo mal e que era pra eu ir checar se ela estava bem, já que ela não queria falar com ninguém e eu era a última esperança deles. Passado isso, segui pra aula normalmente, sem mais eventualidades. Quando acabou fui para casa de Diana pra conversar melhor. Chegando lá, bato na porta e a mãe de Diana atende. Ela me recebe cordialmente como sempre fazia (Diana diz que eu sou a única amiga que a mãe dela gosta, sabe lá por que!), dizendo para eu subir até o quarto da filha, que encontraria ela lá. Me deparo com a porta entre aberta, com calma a abro por inteiro, vendo, logo em seguida, Diana sentada no chão dentro de um círculo com diversos símbolos desenhados em volta. Ando vagarosamente para não assustá-la, percebo, então, que ela está numa espécie de transe ou coisa assim, porque permanecia imóvel e com o olhar fixo num objeto que flutuava na sua frente.

DIANA: Ah oi! Você  já chegou?! – ela meio que se espantou em me ver ali a espionando sorrateiramente. Hehe.

EU: Não... Tô na universidade ainda, só mandei meu espectro grama! – tirei com a cara dela.

DIANA: Não tem graça!

EU: Tem sim! E ai o que tu tá fazendo?

DIANA: Revendo umas coisas... Senta aí! – pede para que eu me sente na cama.

EU: Ok! Porque saíste mais cedo do treino de hoje?! Me disseram que não estavas bem, e agora tá aqui... Trancada no quarto a luz de velas olhando pra uma moeda que voa!

DIANA: Eu não tava bem... Não quero falar com os rapazes hoje... Quer dizer, com ninguém... Só com você! E pra sua informação isso não é uma moeda, e sim um amuleto!

EU: Que parece uma moeda! – Diana me dá um olhar de quem diz “Cala a boca, garota!” - Moeda... Amuleto, tudo é praticamente a mesma coisa! E essas velas são pra mim?! - com um sorrisinho debochado.

      DIANA: É, pro nosso encontro romântico! Para de zoar garota! - esboça um sorriso muito fraco, mas solta uma piadinha. Ela se levanta e vai até a janela, puxando a cortina pra entrar um pouco de luz.

EU: Ah, agora sim! Um pouco de luz solar... Faz bem sabia?! Se continuar nessa escuridão vai acabar virando uma vampira, só pelo costume! Mas piadas deixadas de lado, o que tu tens? Joseph disse que não tavas bem...

DIANA: Nada de mais, só um pouco cansada... - se vira com um olhar meio triste.

EU: Só isso? E essa carinha triste? É por quê? Te conheço, tem alguma coisa errada?! - Diana faz uma pausa em silencio e olha em meus olhos, se sentando novamente no chão onde estava.

DIANA: Tem razão, você me conhece muito bem pra saber que não estou tão bem assim...

EU: Então me conta, oras!

DIANA: Não posso... – relutante.

EU: Ah pelo amor do padre Di, sou tua melhor amiga! Se tu não puderes contar comigo, vais contar com quem, hein? Além do mais, é sempre bom dividir as coisas com alguém, desabafar.

DIANA: É você tem razão, mas acho melhor mostrar do que dizer... - Diana segura o amuleto antigo em mãos, mais ou menos de uns cinco centímetros de diâmetro, e pede pra eu me sentar ao lado dela, dentro do círculo que estava desenhado no chão - Preciso que me prometa, que nunca vai falar sobre isso com ninguém... Principalmente com o Juan!

EU: Claro! Até parece... – revirei os olhos – Me admiro de ti, duvidando da minha integridade, isto é um disparate! – rimos – Ok prometo sim! Mas o que é de tão serio?!

DIANA: Se concentra! - Diana começa a fazer a moeda, digo, amuleto flutuar na frente de nós duas - Mi, quero que você olhe no reflexo do medalhão no espelho. Não olhe para o medalhão, só o reflexo dele.

EU: Tá... Tô fazendo isso! - olhando fixamente para os movimentos que o medalhão fazia em frente ao espelho. Logo entramos em transe, um som estranho misturando-se com vultos começou a me deixar tonta, mas isso logo passou quando as imagens começaram a se formar nitidamente diante de meus olhos.

*Flash Back On*

Diana estava dentro de um mausoléu, sentada em posição de meditação em cima de uma espécie de túmulo, mas que parecia mais uma mesa feita de mármore rodeada por velas e objetos estranhos. Uma adaga a sua esquerda, e na sua direita um recipiente com alguma mistura escura dentro. Ela mantinha os olhos fechados. Ouvem-se passos vindos do lado de fora do portão, ele se abre e Juan surge. Ele estava diferente, cabelos curtos e sem barba, com aparência bem mais jovem. Ele encosta-se ao portão, enquanto Diana desperta de seu momento “zen”, abrindo os olhos, o vendo parado ali.

JUAN: Sabe que isso é perda de tempo...

DIANA: Isso é o que você tá dizendo!

JUAN: É o que eu sei, e sei certo! Não vai trazê-lo de volta... Devia se acostumar com a ideia.

DIANA: Você adoraria isso, não é?! - Juan caminha até o lugar onde Diana estava e escora suas mãos nas bordas do túmulo olhando os objetos ali em cima, em seguida fitando Diana nos olhos com uma expressão diferente no rosto.

JUAN: Você tem todo esse poder em mãos, e quer usar pra trazer aquele importuno de volta? Olha pra você... Olha ao seu redor... O que você conseguiu até agora, hein?! Se depender dele você jamais vai deixar esse lugar.

DIANA: E o que você sugere? Que eu me una a você? Junto a esse seu planinho bobo e sem nenhum sentido contra a humanidade?

JUAN: Posso te dar aquilo que ele jamais daria... - ele sorri e caminha ao redor de Diana, com um ar de presunção.

DIANA: Não me interessa nada que você tenha pra compartilhar comigo! - Diana se levanta, parando em pé ao lado do túmulo. Se virando para Juan, que andava em sua direção agora. Ele para na sua frente, e a olha nos olhos ficando muito próximo a ela, como se fosse tocá-la. Diana o encara com firmeza enquanto ele diz em voz suave como se tentasse seduzi-la.

JUAN: Sei o que você sente... Olha pra mim! Eu ainda sou o mesmo por fora! Tenho tudo aquilo que você gosta... Eu já vi o jeito que você olha pra ele, antes de saber que era eu quem estava aqui dentro – Ele aproxima os lábios aos ouvidos de Diana e sussurra - Posso dar o que você quiser. Eu me importo com o que você deseja muito mais do que ele, acredite!

DIANA: Você não é ele!

JUAN: Não, não sou... Mas posso ser melhor! Ele não consegue nem te proteger como deveria. Mas eu posso, basta você aceitar o que te ofereço!

DIANA: Não... Não sou uma tola com sede de poder como sua antiga protegida! Tire suas mãos de mim... - Diana tenta o empurrar, mas ele segura firme as mãos dela contra as bordas do túmulo ficando ainda mais próximo.

JUAN: Você sabe que ainda existe uma parcela dele aqui, se você fizer alguma coisa pra me levar de volta, pode acabar matando-o - Diana fica com o olhar meio perdido e abatido por uns segundos, mas depois volta a olhar para Juan, apenas o escutando - Posso te proteger, te dar mais do que pode imaginar! Não deve ser tão difícil assim – ele segura o rosto de Diana com os dedos falando muito próximo aos lábios dela - Olhe bem pra mim! Ainda sou o mesmo... Só que melhor! Eu sei que você quer, seu maior desejo é ficar comigo.

DIANA: Não... Você não é ele, não é você quem eu quero... - Diana responde com voz meio trêmula e chorosa.

JUAN: Não importa, posso ser ele pra você... Sou um ótimo ator! Você vai se acostumar, não vai nem perceber, é só querer. Sei que você o ama! Pode fazer isso por ele... – sempre naquele tom manipulador, de quem faria qualquer coisa pra conseguir o que quer – Sei que pode! - Ele a olha no fundo dos olhos e aproxima seus lábios do dela, a beijando...

      *Flash Back Off*

Nesse momento sinto uma forte tontura e uma força que me puxa novamente para o quarto de Diana, o amuleto em forma de moeda que pairava no ar agora cai no chão, como se algum campo magnético que o mantinha lá, flutuando, tivesse cessado bruscamente. Me viro pra falar com Diana, e a vejo com lagrimas nos olhos...

EU: Di!? O que foi? - Diana enxuga timidamente as lágrimas que caiam pela sua face.

DIANA: Eu vou ficar bem... – diz ela em tom baixo.

EU: O que foi aquilo?

DIANA: Uma das minhas lembranças... – baixou levemente a cabeça.

EU: Mas aquele era Juan? Como?

DIANA: Não, era apenas o corpo dele... O homem que você ouviu dizer aquelas coisas era um ancestral de Juan, um homem chamado Mutt Kirten. Ele se apossou do corpo de Juan em um ritual que teve complicações...

EU: Como assim? Não tô entendendo isso...

DIANA: Um bruxo muito poderoso passou para nosso plano, o plano humano. Seu anseio era trazer para cá, todas as criaturas mais horrendas e ruins que existem no paralelo oposto. Juan e eu recebemos a missão de abrir o portal entre nossos mundos, e mandá-lo de volta junto com os demônios que haviam sido trazidos pra cá junto a ele. Mas alguma coisa saiu errado, e o portal não pode ser fechado corretamente. O que acabou deixando alguns prisioneiros do outro lado virem pra cá. Entre eles esse tal de Kirten... Ele não tinha como passar pra cá, então usou o corpo de Juan como uma capsula, Como Juan é seu descendente, era o único que podia trazê-lo de volta. Levei um tempo até notar a diferença...

EU: Puta merda... Que coisa terrível! Mas e aí? O que aconteceu depois?

DIANA: Eu o mandei de volta, usando um feitiço forte... O que eu estava fazendo nas imagens que você acabou de ver. Mas isso tinha riscos de não dar certo... Juan poderia não voltar... Ficar preso entre os dois paralelos.  Mas deu certo, não sei como, o problema foi que Juan permaneceu desacordado por duas semanas depois que eu o trouxe de volta...

EU: O negócio foi forte mesmo então, o coitado ficou em coma! Isso deve ter sido uma barra pra ti... Mas, por que tu guardas essas lembranças assim? - Diana estava se segurando pra não chorar quando começou a explicar o resto da história.

DIANA: Miranda, essas não são as únicas lembranças que tenho guardadas nesse medalhão... Isso foi feito pra guardar lembranças de uma bruxa ou armazenar certos encantamentos, é muito antigo. Só existem mais quatro iguais a este no mundo todo. Tenho lembranças muito boas guardadas aqui... - ela se levanta e caminha até o medalhão, que estava no chão, e o segura enquanto continua - Aqui Tem lembranças minhas que não posso apagar...

EU: Do que ele tava falando? Sobre ti e o Juan?

DIANA: Eu me apaixonei por ele, por Juan a muito tempo atrás. Ele evitou isso, por um período. Mas não durou muito, nós acabamos ficando cada vez mais próximos. Juan acha que esse foi o motivo por ele ter ficado vulnerável. Dias antes – Diana agora estava sorrindo, um sorriso triste, mas feliz ao mesmo tempo - Juan e eu havíamos estado juntos...

EU: Tipo quando eu e Joseph ficamos naquela festa?

DIANA: Não... Nós ficamos juntos, como um homem e uma mulher ficam quando estão apaixonados e ficam a SÓS... – dando ênfase no “sós” com o intuito de que eu a compreendesse.

EU: Ahhhh... Safadenha! - arregalei os olhos e fiz uma cara de “uau” - Desse jeito! Isso explica a conversa de vocês naquele dia no bar...

DIANA: Que conversa? – pergunta confusa.

EU: Aquele dia que nós fomos pegas naquela emboscada...

DIANA: Como você sabe o que agente conversou? Pedi que vocês três saíssem... – e foi nesse momento que eu percebi a merda que tinha falado (Fera Dona Miranda! Muito bom!). Havíamos escutado a conversa sem a permissão de Diana!

EU: Ah, é...bem...ah... Tu sabes... Eu... – gaguejando.

DIANA: Foi o Shane né?!

EU: Aah... Foi sim! Desculpa, a gente não queria invadir a privacidade de vocês..

DIANA: Tudo bem, não importa... Shane tá sempre fazendo essas coisas... Um feitiço tão fraquinho, e bobo, mas quase impossível de se detectar...

EU: Mas acho que ele não sacou o que vocês queriam dizer, nem eu entendi. Mas então, vocês nunca mais se entenderam depois disso?

DIANA: Não... Isso tem sido fácil ao longo do tempo, no início foi mais difícil... Mas aprendemos a lidar com isso.

EU: Porém...

DIANA: Porém – deu um suspiro curto - que eu ainda sinto a mesma coisa... Eu sempre senti! Mas não tem conversa quando se trata do Sr. Juan...

EU: Ah o Sr. Durão!

DIANA: É, ele disse quando voltou... Exatamente essas palavras: “nós nunca mais podemos nos envolver desse jeito”! Ele disse NUNCA MAIS. Eu só podia concordar... E aprender a conviver com isso, e eu aprendi com o tempo, mas às vezes eu me pego olhando pra essas lembranças de novo, e desejando que isso nunca tivesse acontecido...

EU: Mas ele se importa contigo. Ele só faltou bater em mim, quando te viu ferida aquele dia... Não entendo! Fora que tá na cara que de uns dias pra cá, ele anda totalmente diferente com o tadinho Shane! – falei num certo tom de revolta.

DIANA: É isso. E ele também acha que nenhum cara é bom o bastante pra mim. Basta o sujeito se mostrar interessado, e ele enche o cara de defeitos. Como se ele não pudesse me ver com ninguém, além dele... Mas não quisesse estar comigo mesmo assim...

EU: Esse cara é um paradoxo personificado! Pelo que eu entendi, ele tá com medo, é isso? Medo de que isso aconteça de novo? Que ele volte a agir desse jeito... Mas isso é possível?

DIANA: No dia que eu fiz esse ritual de transição... Exatamente no momento que eu nos trouxe de volta, antes que a imagens da minha lembrança continuassem... Nós brigamos, não eu e o Juan, mas eu e o Kirten  que o dominava. Juan disse que podia sentir tudo de onde estava.  Ele me machucou. Eu não sei como tive forças contra ele... Mas consegui terminar o ritual. Depois disso, o conselho mandou dois guardiões pra me ajudar. Joseph e Shane. Antes que eles encontrassem suas protegidas... Juan disse que nunca mais tocaria em mim, ele se sente culpado por tudo que aconteceu, mesmo que não tenha sido culpa dele.

EU: Acho que entendo... Mas a menos que o portal seja reaberto, não é possível que esse ancestral dele volte a fazer a mesma coisa correto?

DIANA: Correto! Na verdade, as chances disso acontecer são quase nulas... Já que a alma de Kirten foi aprisionada num lugar de onde jamais nenhum bruxo, ou criatura conseguiu sair. Mas Juan é cabeça dura de mais pra voltar atrás na própria palavra... – revirou os olhos.

EU: Nossa! Eu nem sei o que dizer... Na verdade sei sim: esse Juan é um bicho muito estranho! Isso é muito tenso, complicado de mais... Minha mente tá toda embaralhada... Quer dizer, entendo tudo, menos essa atitude do Juan. Porque tá evidente que ele se importa. E ai fica se torturando desse jeito. Isso eu não entendo, de verdade!

DIANA: Nem eu... – Diana seca o rosto meio molhado pelas lágrimas - Mas quer saber?! Eu não vou mais ficar me martirizando com isso! Fico feliz de poder dividir isso com você... Já me sinto bem mais aliviada!

EU: Não disse que ia te fazer bem desabafar?!  Sempre vou estar aqui pra isso mesmo! Vem cá, você precisa de um abraço de urso! - damos um abraço confortante e logo depois me toco que tinha de contar pra Diana o que havia ocorrido. Tantas informações recentes me fizeram esquecer completamente do tal do sonho – Tenho que te contar uma coisa muito perturbadora! – Diana me olha com uma cara de espanto.

DIANA: O que? Conta, tá me assustando! – dito isso, contei a ela o sonho com todos os detalhes sórdidos possíveis. Ela visivelmente ficou de queixo caído e sem respostas como eu – Mas... Como? Que sonho doido!

EU: Justamente! Por isso que temos que contar pros rapazes urgentemente, aliás já tá na hora do treino... Podemos aproveitar essa brecha pra informar eles!

DIANA: Isso! Vamos logo, não podemos perder tempo, uma coisa dessas não pode esperar! – concordei. Pegamos o que estava ao nosso alcance o mais rápido que podíamos e fomos correndo (literalmente) para o bar de Juan.


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