A Vida de Um Arqueiro! escrita por Neko D Lully


Capítulo 8
Vingança! Vitimas marcadas...


Notas iniciais do capítulo

Demorei... Escola ta apertando, segundo ano não é facil pra ninguém T-T. Vou tentar continuar, ver se dou animo pra voltar a postar aqui porque sumi de vez O.o. Espero que gostem do cap, acho que é meio curtinho.



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A vida de um arqueiro!

  Meu corpo dolorido me impedia de me movimentar sobre a cama. Não sei bem quando havia retomado a consciência, mas logo que ocorreu todas as dores que sentia voltaram a me atormentar e eu não mais consegui pegar no sono. Em mais um esforço para me virar fiquei com o rosto voltado para o teto, encarando o mesmo em meio ao escuro. Meu coração estava acelerado por causa da dor e dos pensamentos que borbulhavam em minha mente. Cada palavra que havia sido pronunciada para mim no dia anterior continuava a me atormentar durante essa madrugada.

  Nunca imaginei que algo poderia me afetar tanto, acho que era porque estava acostumada a ser ignorada e não chamada de inútil, principalmente por alguém que admirava tanto. Shenon me gritara que eu apenas atrapalhava, que era bem melhor quando me encontrava longe e eu estava aqui, imaginando Hunter ou o Velho Junio, ou até mesmo o Garoto Sem Cor gritando isso para mim. Todos eles eram pessoas importantes para mim agora, cada um me ajudou a sua maneira e escutar algo assim deles... deveria ser meu fim!

 Não sei quanto tempo passei, apenas imaginando sobre esse assunto, mas tudo que queria era que o dia chegasse logo, para poder ir treinar e assim tirar tudo isso da minha cabeça, esquecer por algum tempo todas aquelas palavras. Poderia até mesmo dizer que estava distraída, mas não o bastante para não escutar o ranger da porta de meu quarto, tão lento que sabia que a pessoa que entrava conhecia a ferrugem que tinha nas dobradiças da porta.

Com dificuldade, sentei-me na cama sentindo meus membros doerem, meu estomago revirar em desgosto e não consegui evitar a careta de dor que se passou em meu rosto. Estrela Cadente miou ao meu lado, ao parecer havia adormecido ao meu lado depois que eu fui trazida para cá. Era um dos motivos pelos quais eu gostava tanto de Estrela Cadente, apesar do que diziam sobre os gatos serem traiçoeiros e demoníacos, ela provava que poderiam ser companheiros, sempre estando ao meu lado, sem me julgar ou me criticar, era minha amiga e, como ela, eu nunca a deixaria para trás.

 - Tudo bem? – perguntou uma voz ao meu lado. Meus olhos, já acostumados a escuridão do meu quarto, reconheceram de imediato aqueles olhos azuis e o cabelo escuro. O Garoto Sem Cor colocou uma mão em meu ombro, encarando-me atentamente em meio a escuridão. Suspirei e assenti com a cabeça, ignorando todas as dores que sentia em meu rosto, creio que havia inchado. – Consegue se levantar? Ou pelo menos andar?

 - Claro que sim idiota, ta pensando que sou quem?! – exclamei em um sussurro para não acordar Hunter, se é que ele já não soubesse o que estava acontecendo em meu quarto. Ele era esperto, sempre me impressionava com o jeito dele de sempre saber o que estava acontecendo, mas mesmo assim era bom tentar manter tudo como se fosse um segredo. O encarei novamente e me assustei ao ver que estava vestido para sair, com suas roupas negras que se camuflavam nas sombras. – O que pensa que vai fazer? Planeja sair a essa hora?

- Você não faz isso o tempo todo? – questionou-me e eu virei o rosto, emburrada, para um lado. Ele tinha razão, todas as noites, quando estávamos nessa cabana perto do castelo, eu escapulia e ia fazer minhas travessuras, mas eu pensava que ele estivesse dormindo profundamente enquanto fazia isso. – Agora esquece, afinal, você não quer fazer aquele general engolir o que falou?

 - Quem é você e o que fez com meu parceiro? – brinquei sorrindo para ele de modo zombeteiro e me aproximando de seu rosto. Não sei o que aconteceu exatamente, eu apenas queria provocá-lo, encarando-o nos olhos e mantendo o sorriso debochado no rosto, mas ele não me olhava, quer dizer, olhava, mas não para meus olhos como eu esperava. Seus olhos azuis desceram, parando em uma parte que não sabia ser era o nariz ou a boca. Ouvi ele balbuciar alguma coisa e então se afastou o mais depressa possível, e eu fiquei ali, sem saber o que tinha acontecido.

 - Eu apenas acho que ele deve ser punido pelo que falou. Ninguém tem direito de tratar uma pessoa daquela maneira, mesmo ela sendo uma camponesa. - resmungou ele sem me encarar, ajeitando a capa em suas costas e jogando uma muda de roupa encima de mim. Percebi um pouco tarde que era minha roupa, lavada e pronta para ser usada junto com minha capa de arqueiro, no momento eu apenas usava um blusão verde de algodão que supus ser de Hunter.  – E o seu jeito é o mais rápido de fazer isso. – dei de ombros sem me importar muito e tirei a enorme blusa que se encontrava sobre mim. Se me perguntam se tenho vergonha porque o Garoto Sem Cor estava ali eu lhe falo que não tenho nada aqui que possa chamar atenção, para mim sou um saco de ossos, por isso não via importância em trocar de roupa na frente dele. – Ficou louca garota?! Eu ainda to aqui!!

 Gargalhei quando ele rapidamente virou de costas com as mãos sobre os olhos. Como disse, para mim aquilo não valia de nada, meu corpo não tinha nada de especial, se tivesse eu bem que ficaria constrangida, mas ali pouco me importava. Coloquei minha roupa e toquei-lhe o ombro, indicando que já poderia se virar. Foi até engraçado ver como ele me olhava discretamente para ter certeza que eu estava vestida e então suspirou. E nem me deu tempo de rir da cara dele, logo pegou minha mão e me puxou até a janela, saltando para fora tão rápido que mal consegui acompanhar.

  O caminho fora rápido, logo estaríamos nos enormes muros de pedra que rodeavam o castelo, onde o Barão  e todos os demais mestres de oficio moravam, com a exceção de Hunter, obviamente. Pela hora, era de se esperar que todas as janelas estivessem com as luzes apagadas, muitas fechadas deixando apenas que a madeira transparecesse na escuridão. Era muito fácil pular aquela enorme muralha que defendia o castelo, principalmente para mim e para o Garoto Sem Cor, que éramos treinados exatamente para isso. No entanto, a parte realmente complicada ficava em chegar a janela do quarto do general.

- Então, onde ele dorme? – me perguntou o Garoto Sem Cor, enquanto parávamos a poucos metros de distancia da enorme muralha. Apontei então para uma das mais altas janelas do castelo, uma das poucas que se encontravam abertas. Normalmente passava por dentro do castelo, ninguém me via mesmo quando entrava lá. Mas agora teria que escalar toda a parede do castelo e parecia mais alto do que imaginava. – Vai conseguir subir até lá?

 - A pergunta seria se você vai conseguir subir. – sorri pra ele e desapareci nas sombras logo a frente, já me encontrando pronta para subir na enorme muralha que tinha logo a minha frente. E novamente digo, não era tão difícil assim para dois arqueiros treinados para se tornarem invisíveis aos olhos de qualquer um. O Garoto Sem Cor me acompanhou rapidamente, até melhor que eu, devo admitir, no entanto nunca falaria isso para ele.

 Não demorou mais do que alguns minutos para pisamos na grama macia e verde do jardim do castelo. Olhamos um para o outro e então disparamos por entre as sombras na direção da enorme parede que tínhamos a frente. Meu corpo chegou a tremer enquanto colocava a mão nas primeiras fissuras entre as pedras que encontrei e começava a subir. A adrenalina já tomava meu corpo enquanto me movia rapidamente por aquela parede, procurando me manter sempre oculta entre as sombras que encontrava. Sempre que um guarda parecia olhar em minha direção eu parava, ficava imóvel por alguns segundos e quando via que ele não estava mais prestando atenção no local onde estava continuava a subir. Claro que não iria dizer em voz alta, mas estava com medo, a altura que estava era mais assustadora do que quando se subia em uma árvore alta. Só consegui relaxar quando pulei para dentro do quarto do general junto com o Garoto Sem Cor, tocando o chão de madeira que compunha o chão de maneira apressada, mas procurando não fazer nenhum barulho.

 O Garoto Sem Cor tocou-me o braço e me puxou para um canto escuro do local, próxima a cama do general. Ele roncava, tão alto que chegava a me doer os ouvidos, não se era porque estava acostumada ao silencio da pequena cabana onde passei a morar ou se era porque ele roncava alto mesmo. Seja como for seu enorme corpo se encontrava jogado na cama. Ele não tinha esposa, e acho que estava velho de mais para arrumar uma agora. E também, pelo o que via, roupas jogadas no chão, a escrivaninha completamente bagunçada de papeis, e um cheiro horrível pairando no ar, não me admirava ele não ter arrumado ninguém ainda.

 O Garoto Sem Cor pegou vários pedaços de queijo e espalhou por sobre o corpo do brutamontes que tinha deitado na cama, e logo então tirou de dentro de um pequeno compartimento secreto no quarto uma cesta que sacudia enquanto ele se esforçava para segurá-la. Ele já tinha planejado isso, talvez desde o momento em que desmaiei de tanto cansaço, mas devo admitir que me impressionei com a criatividade que tinha, jogando todos aqueles ratos sobre o corpo do general, que tinha um sono tão forte que nem ao menos notou no mesmo instante.

  Com velocidade meu companheiro me puxou para dentro daquele compartimento, que incrivelmente conseguia caber nos dois, bem apertados, mas cabia. Percebi um pouco tarde que se tratava de um pequeno mecanismo de transporte de carga, feito de madeira e que se deslocava de cima para baixo, desde a cozinha até os outros cômodos do castelo. E foi bem quando descíamos por aquele estranho aparelho quando ouvi o grito desesperado do general. Eu e o Garoto Sem Cor desatamos a ri dentro daquele pequeno compartimento, espremidos um contra o outro. Eu sabia que isso ia dar o que falar mais tarde, e o Barão saberia muito bem que teria sido eu a aprontar, apesar que dessa vez tive ajuda.

 - Devo parabenizá-lo! Sua ideia foi excelente! – exclamei sorrindo batendo de leve em seu ombro. Ainda gargalhávamos um pouco, divertindo-nos com o enorme grito que o general dera quando acordara com todos aqueles ratos sobre seu corpo. O encarei enquanto nos mantínhamos embolados naquele estranho compartimento, suas pernas, grandes, praticamente me rodeavam, enquanto as minhas tinha que passar por cima das suas e parar ao lado de seu corpo. Era um posição estranha sim, mas não tínhamos escolhas, ele era grande para o pequeno espaço que tinha ali, enquanto eu conseguia caber tranquilamente no pouco que me sobrava. – Não sabia que tinha tanto talento para pegadinhas.

 - Ainda tem muitas coisas que você não sabe sobre mim. – ele respondeu sorrindo orgulhoso. Toda essa diversão me fez lembrar do começo, quando ainda me encontrava sozinha. Não sei bem, mas nessas semanas que estive ao lado do Garoto Sem Cor e de Hunter comecei a me sentir parte de uma família. Eles me protegiam, cuidavam de mim, ao mesmo tempo que eu os ajudava e cuidava deles também. Era estranho... Nunca me senti assim.

  O estranho aparelho finalmente parou e o Garoto Sem Cor abriu a pequena porta, deixando que assim eu saísse primeiro que ele. Estávamos agora em um corredor vazio, bem próximo da saída do castelo, a cozinha ficava a um andar embaixo e eu supus que o alguém estava nos ajudando. Uma hora teria que perguntar a meu companheiro de quem se tratava. Corremos até a saída, passando sempre pelas sombras que banhavam o castelo na noite, evitando as tochas que as vezes encontrávamos pelo caminho. Deveria dizer que foi muito fácil chegar até o jardim do castelo, não encontramos ninguém pelo caminho e ao que parecia o problema do general já tinha sido resolvido.

 Estava prestes a sair correndo para a enorme muralha a poucos metros de nós quando vi um movimento próximo. Com velocidade puxei o Garoto Sem Cor para uma sobra ali perto e encarei as pessoas que passavam. Consegui ver três garotos, grandes, robustos, provavelmente seriam os aprendizes do Exercito. Mas o que realmente me chamou a atenção foi um corpo feminino passando junto com eles, cambaleando, sendo empurrada para frente, parecendo dolorido e sonolento, temeroso, mas confiante. Minha curiosidade, como vocês já devem ter percebido, não era pouca e por esse mesmo motivo, mesmo com os protestos do Garoto Sem Cor, deslizei meus pés silenciosamente na direção dos vultos que passavam, escondendo-me nas sombras da noite que envolviam todo o enorme jardim do castelo.

 Sei que deveria sair de lá antes de ser descoberta, mas algo me dizia que os vultos que passaram perto de nós, ignorando completamente o alarme que dera a poucos instantes atrás, não significava algo bom. Pulando de sombra em sombra, segui aqueles estranhos e desengonçados vultos até próximo a uma pequena abertura que tinha na enorme muralha que rodeava o Feudo. Tinha que me lembrar de avisar o Barão sobre aquilo, poderia ser um problema se caso entrássemos em conflito... Apesar de torcer fortemente para que isso não ocorra. Os vultos passaram e eu fui logo atrás, escondendo-me perto de uma das árvores, encolhendo entre os arbustos e as sombras que me rodeavam, nem ao menos respirava, tentava ao máximo me manter oculta e deixar minha presença camuflada.

Eles passaram por mim e a lua saiu de trás das nuvens. O brilho prateado irradiou sobre todo o feudo, iluminando as pessoas que caminhavam para mais adentro do bosque, permitindo-me ver quem eram. Não me espantei nem um pouco ao ver que minha teoria sobre os garotos do exercito estava correta. Eram altos garotos, musculosos de pele bronzeada, no entanto, não possuíam qualquer beleza que poderia considerar. O nariz de um deles era torto, obviamente por ter levado uma pancada no mesmo e o quebrado, o outro era cheio de cortes nos braços, e mancava em uma das pernas. Um poderia até mesmo se considerar um pouco, por não ter nada que degradasse seu rosto de formação robusta, com nariz pequeno e pontudo, olhos profundos com grossas sobrancelhas os destacando, no entanto, conseguia ver um enorme calombo bem crescendo em seu ombro, dando a impressão que um era maior que o outro. Não duvido que esse ultimo tenha sido atingido recentemente, talvez nos treinos ou pela pessoa que agora empurravam.

 Agora, devo admitir que foi uma tremendo surpresa para mim ver Shennon sendo empurrada por eles, com um olho roxo e cambaleando, talvez pela briga que tivemos. Na hora que acabamos a luta eu não conseguia ver nada, então não sabia dizer se todos esses efeitos fora eu que causei ou se foram os garotos. Eles brincavam com ela, a jogavam de um lado para o outro entre eles e então a obrigavam a carregar enormes pedras, que necessitava dos três, ou pelo menos dois deles para carregar. Senti uma presença perto de mim e sem olhar falei:

 - Já temos nossas próximas vitimas. – dei as costas para a cena que ainda desencadeava e desapareci floresta adentro, voltando para casa. Odeio injustiças. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, desculpe a demora para postar esse treco pequeno, mas como disse aconteceu certas coisas que me complicaram.
Bjss e vou tentar continuar a escrever... Hora de voltar a ativa ^^



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