A Vida de Um Arqueiro! escrita por Neko D Lully


Capítulo 10
Caça ao javali


Notas iniciais do capítulo

Tempo sem postar, mas espero que não desanime dessa vez (mentira, vou acabar caindo em outra fanfic e esquecendo dessa, pra depois voltar nela de novo e assim manter o ciclo)
Seja como for, se ainda tiver leitores, apreciem o capitulo.



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A vida de um Arqueiro!

O dia raiou tão rápido quanto eu poderia esperar. Logo antes do sol nascer já estávamos em pé, arrumando-nos para ir até o local de encontro, eu e o Garoto Sem Cor indo desde trás, ficaríamos na retaguarda para cobrir Hunter caso ele errasse, fato que achava impossível. Os guardas do barão ficariam na frente, entorno da entrada do esconderijo do enorme animal, armados com enormes lanças para acertar e matar de uma vez a criatura.

Sentia meu coração aos saltos dentro de meu peito, parecendo querer sair para fora em meio a tanta ansiedade. Cada vez que nos aproximávamos mais do local, mais ansiedade sentia, mais meu corpo tremia, e mais me alerta eu ficava. Apertei com força as rédeas de Nevasca, tentando manter-me mais calma. Estrela Cadente miou em meu ombro, escondida pela capa que cobria todo meu corpo. O arco estava em minha mão, a aljava presa na cintura, pronta para que as flechas fossem retiradas. As facas, de caça e de lanço também estavam preparadas.

Chegamos, todos já estavam lá. Pude ver Shenon ali, armada com uma enorme lança grossa de madeira, com a ponta de metal erguida como as dos outros soldados. Admito que me impressionei com o fato dela se encontrar ali, mas lembrei-me que era uma das melhores, sua força, apesar do seu corpo afeminado, poderia ser bem comparada a de um garoto e ela seria capaz mais do que nunca de exercer aquela tarefa. Seus olhos deslizaram nervosos sobre o lugar, analisando com certo medo contido o esconderijo do animal. Entendia o que ela sentia, apesar de não admitir eu também estava com medo.

Meu corpo tremeu quando seus olhos pousaram nos meus. Lembrei da briga que tivemos alguns dias atrás, onde ela me deixou tão tonta e tão mal que pensei ter desmaiado. Ainda sinto a dor em minhas costelas, todavia ali não importava nada disso. Ela me sorriu e eu percebi que o fato atual era maior que a raivinha que sentimos naquela vez. Sorri de volta, tentando dar força suficiente para que ela encarasse aquilo até acabar. Não levaria mais de um segundo, tentei pensar na hora, minha preocupação agora voltada para Shenon, não sabia se ela seria capaz de vencer um enorme javali se ele fosse em sua direção.

Não demoraria mais que uns instantes para que os guardas atrás do esconderijo do animal o incendiassem e o atraíssem para fora, desesperado a procura de salvação. Quem o pegaria? Queria eu saber. O sinal foi dado, todos se prepararam, o arco ficou apertado em minha mão, e tudo começou. Consegui sentir o cheiro de queimado e em poucos instantes o som do fogo se alastrando para mais partes do lugar. Os guinchados, que mais pareciam gritos, que saiam do buraco se aproximavam, cada vez mais perto, até o momento que o vimos.

 Ele saiu com tudo de sua toca, correndo na direção da armadilha que tínhamos preparados para ele. Ele foi na direção de Shenon e vi uma de minhas mãos deslizar rapidamente para a aljava cheia de flechas em minha cintura. A guerreira ergueu a lança um pouco mais alto e então a desceu, em um movimento que, de onde eu olhava, parecia suave e rápido, mas eu sabia que requeria bastante esforço. A ponta da lança atravessou certeira o crânio do animal, prendendo-o no chão e o matando instantaneamente. E foi apenas depois de alguns minutos que vi que ele realmente não se mexia que realmente consegui voltar a respirar.

Realmente, Shenon merecia estar onde estava. Sua precisão naquele momento fora o que lhe salvara de uma morte certa. Se aquela coisa a tivesse acertado com suas enormes presas ela não teria chances, imagina alguém como eu. Encarei aquela coisa, ainda atônita pelo que tinha ocorrido. O Garoto Sem Cor tinha razão quando disse que era o triplo de meu tamanho, gorda com seu pelo marrom grosso, o focinho longo e rosado, cheio de manchas, salientando as duas enormes presas tenebrosas. Suspirei, não era raro ver pessoas ou animais maiores do que eu, mas aquela coisa me lembrava minha incapacidade de enfrenta-las. 

Desci de Nevasca que me encarou balançando a crina de leve, parecendo perceber meu nervosismo e querendo me acalmar. Acariciei sua cabeça, sorrindo-lhe com certa força. Ainda conseguia sentir meu coração quase saltando para fora pela emoção do que tinha acontecido, mesmo que eu mesma não tivesse relação nenhuma com o ocorrido, tinha sentido toda a tenção que o lugar tinha ficado. A caça não era fácil, e eu já começava a calcular minhas desvantagens em uma batalha de verdade. Colocando no lugar daquele enorme javali, um homem forte que estivesse ali para atacar o reino. O que teria feito eu para apará-lo? Shenon tinha feito um incrível trabalho hoje.

Ela estava sendo parabenizada por todos, levando tapinhas nas costas e nos ombros junto com elogios. Seu sorriso era enorme, mas ainda conseguia ver rastros de seu medo e nervosismo. Seus olhos se encontraram com os meus novamente e ela sorriu mais. Retribui o sorriso, vendo como se aproximava, afastando de seus colegas mais velhos e se livrando de todos aqueles alegres sorrisos. Estrela Cadente enroscou-se um pouco mais em meu pescoço, miando como se me perguntasse se realmente era uma boa ideia deixar Shenon se aproximar. Eu acariciei sua cabeça tentando acalmá-la.

— Star. – começou, parecendo constrangida. Tinha se mantido alguns passos de mim, as pernas bem juntas, as mãos presas atrás das costas e os olhos tentando manter-se aos meus. Eu lhe sorri e estendi a mão em sua direção, vendo seu rosto confuso, encarando minha mão e logo em seguida meu rosto.

— Você foi incrível, parabéns. – ela sorriu, estendo a mão até a minha e a apertando em um amigável cumprimento. Eu não guardava rancor por ela, não tinha ressentimentos, afinal, a briga não fora causada apenas por ela, mas por mim também, que deveria ter mantido a calma naquele momento. Tinha feito uma promessa e a quebrei. Ela tinha culpa, mas eu também.

— Obrigada... E desculpe... Pelo o que disse naquela vez. Eu não queria... – sua voz vacilava, seu rosco ficava rubro e eu me via sorrindo com aquilo. Não era a toa que gostava mais de Shenon do que qualquer um que já vivera comigo. Ela era justa, e nunca me tratava como os outros. Além de ser uma guerreira nata, era uma garota que teria orgulho de chamar de amiga, se um dia ela o quisesse.

— Não se preocupe, você estava estressada era normal dizer todas aquelas coisas. Eu também agi errado ao perder a paciência tão rápido. – pude ver seu alivio no rosto, talvez o detalhe de nossa briga a estivesse incomodando por algum tempo, não sei. Tirar isso de seus ombros deve ter sido um alivio em sua cabeça. – Mas por que estava tão estressada? Não é de seu feitio agir daquele modo. Tem acontecido alguma coisa, Shenon?

Ela hesitou, como eu imaginava, existia algo que ela queria esconder. Tinha a impressão que se referia aos garotos que a vi acompanhando aquela noite, mas ainda não tinha certeza, precisava saber mais. Talvez essa noite, depois da festa de comemoração no castelo pela excelente caça.  Não sei se conseguiria algo, mas queria ajudar Shenon, não queria ver injustiças. E teria pressionado mais, todavia um barulho me chamou a atenção.

Talvez apenas eu tivesse escutado naquele instante, mas ocorreu bastante rápido para que pudesse ter raciocinado de maneira certa. Empurrei Shenon para longe, um pouco antes de ver outro javali correr para fora do esconderijo, desesperado e raivoso, indo em nossa direção. Desviei por poucos instantes de suas enormes presas. Cai perto de Nevasca, que se agitara com a movimentação repentina enquanto o enorme javali batia na árvore próxima. Vi ao longe os enormes guerreiros voltando a pegar as espadas e se prepararem para matar o inesperado animal.

 Senti o corpo ficar novamente tenso quando o animal se afastara da árvore, balançara a cabeça e novamente avançara em minha direção. Creio que estava a mais próxima de seu campo de visão, mesmo sendo pequena ele me enxergava e ia direto a mim. Talvez parecia a mais fraca e mais fácil de atacar, não sei, sei apenas que estava em maus bocados. Consegui desviar junto com Nevasca, que atiçou-se e acertou o animal com seus cascos fortes. Todavia, acabei por parar sobre o bicho, segurando suas orelhas.

Por favor, não me perguntem como fui parar lá, eu apenas tinha pulado para cima de Nevasca, e instantes depois me encontrava sobre aquela coisa. Meu arco tinha caído em algum lugar pelo chão depois de tanta confusão e eu me via perdida, sendo balançada de um lado para o outro, com aquela coisa tentando se soltar de mim. Pude ver o desespero do animal em que desgraçadamente estava montada, todavia eu também me encontrava em pânico, se caísse seria pisoteada, se ficasse poderia ser jogada para longe em algum momento, o javali era quatro vezes mais forte do que eu e duvido que ele se cansasse primeiro que eu.

Só vi a árvore depois que já me encontrava encima dela. O animal bateu a cabeça no tronco, jogando-me para frente e batendo a cabeça no tronco e caindo ao chão. Senti tudo rodar, minha cabeça doeu e agora, sentada naquela grama que nem ao menos sentia direito, via de relance o javali voltando a se aproximar de mim. Tinha consciência de que se ele me atingisse tudo terminaria, eu morreria e nada teria feito para mostrar meu valor. Não poderia terminar assim, eu conseguia me lembrar de tudo que tinha dito na noite passada e não queria deixar aquilo apenas como palavras.

Tudo passou em segundos, mesmo com a visão turva meu cérebro agiu bastante rápido. Eu sabia muito bem onde minhas facas ficavam, tanto a pesada como a leve. Retirei a mais pesada da bainha, joguei-me ao chão suficientemente baixo para que a cabeça do javali passasse milímetros acima de meu corpo. Obviamente uma de suas patas acertara meu braço livre, prensado ao chão para manter-me apoiada acabou por ser um alvo fácil.

Doeu, e não foi pouco, com certeza o tinha quebrado depois daquilo, mas mesmo com o grito que soltei consegui acertar a faca no pescoço do animal. O sangue pingou em meu rosto que estava próximo e o animal se afastou, permitindo-me choramingar por causa de meu braço. Joguei-me na grama sobre ele, sentindo as lagrimas escorrerem pela forte dor que estava sendo proporcionada por meu braço. Não conseguia respirar direito, muito menos falar. Tudo se embolava por causa da dor.

Ergui um pouco a cabeça, vendo novamente o animal vindo em minha direção, e dessa vez não poderia fazer nada. Foi só então, duas flechas, duas rápidas flechas, cortaram o ar em uma velocidade assustadora, perfurando o crânio do animal pouco antes dele novamente chegar próximo de mim. Ele tombou para o lado, por alguns instantes agoniando pela nova dor e então caiu sobre a grama, completamente morto, o sangue a se espalhar pela grama verde.

Talvez eu tivesse comemorado, ainda estava viva, mas a dor em meu braço era extremamente forte, não me deixava pronunciar uma só palavra, se quer respirar direito. Ouvi alguém se aproximar, entretanto, não tinha forças para erguer a cabeça e identificar quem era, mesmo que tivesse a leve impressão de que era tanto Hunter como o Garoto Sem Cor. Como previ o ultimo me ergueu com cautela, embalando-me em seus braços com preocupação enquanto encarava meu braço, que começava a inchar e mudar de cor. Tentei sorrir, mas as lágrimas que escapavam de meus olhos borravam a segurança que queria passar.

— Estava doida? Poderia ter morrido! – exclamou meu companheiro, o olhar realmente preocupado em minha direção. Hunter segurou com cuidado meu braço, tento evitar que sentisse mais dor, o que era inevitável, percebi. Foi questão de seus dedos tocarem minha pele para que lamuriasse mais uma vez, sentindo o choque de dor percorrer todo meu corpo.

— Com certeza está quebrado, se tiver sorte em apenas um lugar. – comentou, o tom sério indicando-me que minha situação não era nada agradável. Logo me abraçou, o mais delicadamente possível. Não sei o que me surpreendeu mais, o abraço de meu mestre ou o ligeiro tremor em seu corpo. – Nunca mais nos dê esse susto, Star.

Funguei, consentindo. Mesmo que já estava acostumada com a sensação de quase morte, era difícil aceita-la em todos os momentos. Meu coração naquela hora pesava e me via tão desesperada com a situação quanto meus companheiros, ao mesmo tempo me senti feliz, feliz por saber que eles se preocupavam comigo tanto quanto qualquer outra pessoa que já tinha conhecido. Era reconfortante para mim.

Fui carregada o percurso inteiro pelo garoto sem cor até o castelo, ambas as carcaças de javali foram levadas conosco, causando um alvoroço entre os aprendizes quando entramos na área do castelo. Os dois eram enormes, e com tudo aquilo e o diminuir da dor em meu braço, começava a me sentir orgulhosa por ter acertado um. Meu capuz estava sobre a cabeça e mesmo assim conseguia ver Shenon trotando sobre seu cavalo logo ao nosso lado. Tentei sorrir para ela, mas não diminuiu a preocupação que sentia.

Na enfermaria do castelo recebi um forte sermão da curandeira, envolvendo meu braço em ervas e talas enquanto reclamava e aumentava a voz. Ela dizia coisas sobre já ter avisado que aquela caçada causaria naquilo, que era uma sorte eu ter apenas um braço quebrado, que com meu tamanho eu bem poderia ter sido minha cabeça a ser esmagada com facilidade, que era loucura e coisas do tipo que parei de prestar atenção. 

Ela até mesmo tinha sorte de tê-la conseguido escutar com toda a dor que provocava em meu braço ferido. Foi preciso o Garoto Sem Cor me segurar para que ela pudesse fazer o trabalho. Eu nunca mais queria quebrar nada em minha vida!

A Cara de Fuinha, como passei a denominar a curandeira de rosto puxado e enrugado, liberou-me apenas quando deixou meu braço completamente tampado por vendas e talas e só depois de me passar uma enorme lista de cuidados para aquele braço. Não me importei muito com aquilo, sabia que quebraria todas aquelas regras quando estivesse em meus treinos. O Garoto Sem Cor estava sempre me acompanhando, não tinha desgrudado do meu lado em todo aquele momento, tentei brincar com ele em alguns momentos, mas ele parecia concentrado de mais em assuntos de sua mente para prestar atenção.

—Oi!! A vida está chamando!! Oi!! Ei!! – tentava novamente chamar-lhe a atenção enquanto caminhávamos pelos corredores para nossos quartos no castelo, tínhamos que nos preparar para o banquete que iria ser servido e nossas roupas de arqueiros não eram apropriadas, isso de acordo com o Brinquedo de Cachorro. Seja como for, agora minha preocupação era com meu companheiro. – Se continuar me ignorando vou achar que fiz algo de errado, quer dizer, mais do que faço geralmente.

Fiz bico, tentando não sorrir enquanto isso. O ouvi suspirar e seus olhos voltaram em minha direção, pela primeira vez desde que chegamos ao castelo. Um leve sorriso apareceu em seu rosto, mas percebi que esse mesmo sorriso não chegava nem a ser verdadeiro nem disfarçava a magoa em seu olhar. Questionei-me se realmente não tinha aprontado nada sem que percebesse.

— Eu disse para ficar fora de confusão. – sua foz era triste, pesada e dolorida. De inicio não entendi porque estava tão magoado, mas então dei de ombros, encarando o corredor a minha frente. Eu tinha quebrado uma promessa, isso era certo, mas dessa vez não foi culpa minha, eu juro. Não era como se eu quisesse que aquele javali aparecesse do nada e me atacasse. Estar com o braço daquela maneira era irritante, nunca iria querer algo assim.

— Desculpa, mas a confusão me persegue. – comentei, tentando, inutilmente fazê-lo rir. Todavia tudo que consegui foi um pesado suspiro de resignação. Senti-me culpada, não o queria ver assim. – Ei, realmente sinto muito. Eu não queria entrar em confusão, mas naquele momento não tive muitas escolhas a não ser agir.  

— Eu sei... É só que... - novamente um suspiro e eu me perguntava quantos ele pretendia dar apenas naqueles breves momentos em que conversávamos. Esperei que falasse, que continuasse enquanto o encarava revolvesse inquieto no mesmo lugar. Quando havíamos parado nossa caminhada pelos corredores praticamente vazios do castelo eu não fazia a mais remota ideia, todavia tal detalhe não era importante. - Eu pensei que você não passaria daquela vez. Quando vi você naquela situação eu pensei... Não  me dê esse susto de novo, por favor. Não sei se meu coração vai aguentar. Você é importante pra mim.

— Sabe que não posso fazer promessas. - resmunguei. Por mais que realmente almejasse confortá-lo naquele momento eu sabia que não duraria muito tempo. Ele viveria provavelmente até uma idade avançada, formaria uma família, se tornaria importante... Eu não teria essa sorte. Eu não poderia mais empurrar para longe o pensamento de que ele se apegava de mais a mim e talvez não fosse tão bem preparado para aceitar que eu não estaria a seu lado o tempo todo.

Era complicado, a morte assustava independente de quantas vezes você a encarava de perto. O Garoto Sem Cor tinha que compreender que eu poderia muito bem morrer amanhã, enquanto dormia. Poderia ter dias, meses ou até mesmo horas com a doença que me açoitava e esgueirava-se sobre meu sistema. Sendo uma arqueira, ele deveria compreender, minhas chances de sobrevivência cairiam ainda mais drasticamente do que antes. Eu deveria me enfiar em missões perigosos pelo feudo, eu deveria lutar e me arriscar.

Segurei sua mão, sem encará-lo, ambos ainda um do lado do outro embargados na seriedade daquele momento. O assunto era delicado, eu bem sabia, mas não poderia prolongá-lo por mais tempo.

— Essa doença, você viu como ela é, eu não posso dizer quanto tempo vou ficar. E sendo o que sou agora qualquer tipo de situação perigosa pode aparecer, mesmo que eu seja apenas uma aprendiz ainda. Eu juro, queria te prometer que vai ficar tudo bem, que nada de ruim vai acontecer e continuaremos parceiros por muito tempo, mas eu não posso. Não posso mentir pra você. - sua mão apertou com mais força a minha, como um reflexo de sua tensão com relação ao que acabava de falar. - Sinto muito... Mas prometo que vou ser útil a você enquanto eu...

Eu não consegui concluir minha frase, ele me abraçou, tomando cuidado de não piorar a situação de meu braço machucado. Meu corpo era tão pequeno comparado ao seu, desaparecendo em sua longa capa enquanto seus fortes braços envolviam meus ombros e apertavam-me contra seu corpo. Era tão... Acolhedor...

— Continue viva e não vai ter que se preocupar nunca em ser útil para mim... - ele murmurou, a voz embargada em um desespero que eu não conseguia colocar em palavras.

O que aconteceu naquele corredor vazio eu nunca conseguiria explicar e nós nunca voltaríamos a mencionar. Eu deixei que ele me embalasse em seus braços enquanto eu me agarrava a sua blusa com minha mão boa tão desesperadamente quanto agarrava minha própria vida. Mantendo aquele estado por alguns minutos até finalmente seu corpo parar de tremer, a tensão desaparecesse e finalmente pudéssemos continuar nosso caminho para nossos quartos e finalmente nos preparar para o banquete que aconteceria daqui a alguns minutos.

Meu coração ainda batia forte, mesmo quando fechei as portas do meu quarto, um sentimento estranho passando por todo meu corpo e apertando meu peito, embrulhando meu estomago.

Tudo era tão novo...


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Notas finais do capítulo

Bem... nem vou esperar revivews, do tempo que fiquei sem postar...
Bom, espero que, quem tenha lido, tenha gostado.
Bye bye