Luz e Trevas escrita por Nightshadow


Capítulo 3
Primeiro Emprego


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capitulo ^^
Devo postar o próximo terça ou quarta...

Boa Leitura ;D



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“Amando, sendo amado, amando mutuamente...

E outra vez, assim nasce o amor” (Aishiteru kara hajimeyou – Miyavi)

   O estalo vindo do tapa que meu pai dirigiu a mim ecoava na sala. Ele não tinha o mínimo remorso em acertar meu rosto e a força da pancada me levou ao chão. Estava agora agachado com a mão sobre minha face que com certeza devia estar vermelha. Vi o velho levantar a mão pra me bater de novo quando Eiko entrou na frente:

   - Por favor, papai... Para. – Ela suplicou.

   - Eiko, saia daí agora! – Meu pai bufava com a face vermelha de raiva. A mão ainda levantada, ameaçadora.

   - Por favor...

   - Sai Eiko! – Ele já estava berrando e eu sabia que se minha irmãzinha continuasse me defendendo iria sobrar pra ela também.

   - Tudo bem Eiko... – Disse calmamente. Ela se virou pra mim, suas lágrimas prestes a transbordar. Eu não queria que ela chorasse. – É melhor ir pro seu quarto.

   - Mas niisan...

   - Obedece Eiko. – Minha mãe mantinha as mãos unidas sobre a boca e os olhos fechados, como se estivesse rezando. A maior preocupação da vida dela era que eu fosse uma má influencia pra sua filinha.

   Eiko olhou pra mim mais uma vez. Assenti com a cabeça e ela se foi deixando uma tímida lagrima escorrer por seu rosto. A observei subir as escadas quase correndo e então senti a pesada mão de meu pai sobre meu rosto mais uma vez.

   - Acha que eu trabalho pra sustentar vagabundo? – Ele berrava segurando com força a caixa de cigarro que minha mãe havia encontrado no meio de minhas coisas.

   - Pelo amor de Deus Takamasa, no que você estava pensando? – Minha mãe parecia quase chorando. Seria a primeira vez que ela choraria por mim, mas não me importava muito. Eu estava apanhando por causa dela. Mamãe nunca soube conversar comigo. Sempre entregava tudo pro meu pai sabendo que ele daria um jeito.

   Apoiei minha mão no chão para me sentar, o que só serviu pra que eu levasse outra pancada do velho, indo novamente ao chão e dessa vez sentindo um gosto metálico em minha boca.

   - Há quanto tempo esconde isso hein? – Graças a Deus meus cabelos tamparam meu sorriso, me economizando alguns hematomas. Simplesmente não pude contê-lo, já que nunca precisei me esforçar muito para esconder o cigarro, que eu já fumava a um bom tempo. – Responde! – ele gritou jogando a caixa de cigarros em mim. Levantai-me com certa dificuldade. Ainda estava atordoado pela ultima pancada.

   - E de que adianta dizer isso? – E beijei o chão mais uma vez. Não sei por que eu insistia em me levantar. Ficaria ali dessa vez, não fosse meu pai segurar brutamente meus cabelos e puxá-los com força me obrigando a levantar.

   - Eu perguntei há quanto tempo está usando isso Takamasa!

   Meu pai estava fora de si, e a essa altura eu também. Quem ele pensava que era? Nunca estava nem ai pra mim e agora queria dar uma de paizão? Eu não ficaria calado diante daquilo:

   - Faz tanto tempo que não me lembro! – Cuspi as palavras com ódio. – Não me venha dar uma de pai atencioso agora. Eu sempre fumei e você nunca percebeu!

   Fui ao chão mais uma vez. Esse foi mais forte que os outros, me deixando tonto. O sangue agora escorria por meu nariz também. Que ótimo...

   - Você vai pro seu quarto Takamasa! E dessa vez não vai sair de lá, entendeu? Se eu suspeitar que você saiu, mando você pra um colégio interno. Se eu ver mais um único cigarro nessa casa você vai pra uma clinica de recuperação.

   - Cigarro é uma droga legal pai. – Quase ri dizendo isso, o que me custou outro doloroso tapa, dessa vez nas costas. Me pergunto o que ele faria se soubesse do ecstasy que eu usava com certa frequência. Isso sem falar da vez em que experimentei um pouco de maconha, depois de uma briga como essa que estavamos tendo. Só não sou um viciado por que Daisuke quase me matou qunado descobriu.

   - Não para um pirralho como você. - Meu pai gritou... Como sempre... - Está avisado Takamasa. Agora vai pro seu quarto.

   Levantei-me com certa dificuldade e subi as escadas. Vi Eiko encolhida em sua cama com as mãos tampando os ouvidos. Limpei o sangue em meu rosto com as costas da mão, depois passando em minha calça jeans, e bati na porta semi-aberta:

   - Hei Eiko... Já esta tudo bem.

   - Niisan! – ela correu e me abraçou. – Você está bem? Ele te machucou?

   - Hei... Calma, eu estou bem. – A puxei para olhar em seu rosto. Ela estava chorando. – Só estou de castigo, não precisa se preocupar. – Disse passando gentilmente meus dedos em sua face para enxugá-la. – Tenho que ir pro meu quarto agora...

   - Eu te amo niisan. – Eiko disse me abraçando de novo.

   - Também te amo pequena. – Dei um beijo na testa de minha irmãzinha e então me soltei dela. Meu pai estava subindo as escadas. – Boa noite – Sussurrei enquanto corria para minha cela.

   Eiko estava chorando... Não podia me perdoar por aquilo. Tranquei a porta do meu quarto deixando algumas lágrimas escorrerem por meu rosto. Céus... Como eu me odiava. Como eu odiava minha vida. A raiva me consumia me fazendo espalhar todas as minhas partituras ao chão. De que me adiantava escrevê-las? Ninguém queria ouvir. Eu nunca sairia de casa assim... Nunca me livraria do meu pai e continuaria fazendo minha irmãzinha chorar. Olhei para minha janela. Uma leve brisa atingia meu rosto de forma suave e delicada, um tanto convidativa. Minha vontade era de pular de lá. Não era assim tão alto, mas quem sabe... Eu não podia. Não queria fazer Eiko chorar de novo.

   Apesar disso eu não me perdoaria tão facilmente. Eu realmente queria poder morrer naquela hora. Eu merecia morrer. As palavras de meu pai ainda ecoavam em minha cabeça... "Acha que eu trabalho pra sustentar vagabundo?". Ele estava errado... Eu não era um vagabundo. Eu sabia que ele estava errado. Então por que eu não conseguia parar de chorar? Porque aquilo não saia da minha cabeça? Por mais que eu tivesse respondido na hora, aquelas palavras me magoavam. No fundo a aprovação do meu pai era importante pra mim. Mas eu sabia que jamais a teria...

Naquele momento a raiva me consumia e eu só queria poder sumir. Meu estilete... Peguei-o na gaveta e levantei minha camisa, fazendo alguns cortes pela barriga. Eu não estava querendo chamar atenção. Não deixaria ninguém ver aquilo. Eu só precisava sentir dor... Uma prova de que ainda estou vivo. A dor era minha melhor amiga... Com ela eu podia me esquecer de tudo.

XXX

   Acordei com o barulho do celular. Era Airi. O que ela queria tão cedo?

   - Moshi moshi

   - Takamasa, vem pra cá agora!

   - O que? Como assim? Onde você ta? Aconteceu alguma coisa? – Ainda estava meio sonâmbulo e minha voz devia estar horrível. Passei a mão sobre os olhos tentando me manter acordado.

   - Eu falei pro meu chefe sobre você. Ele quer te contratar pra tocar aqui na lanchonete! – Sua voz era muito animada, mas eu realmente não estava entendo bem, talvez pelo sono.

   - O que? Como assim Airi?

   - Você ainda ta dormindo? – Ela ria.

   - É... Acho que sim.

   - Eu te arrumei um emprego... Aqui na lanchonete... – Ela agora falava devagar, como que pra me fazer entender. Eu estava confuso, sem acreditar que eu realmente tinha ouvido aquilo. – Você vai poder tocar aqui Taka!

   - O que? É sério?

   - Você acha que eu brincaria com uma coisa dessas?

   Meu coração começou a acelerar. Não dava pra acreditar naquilo. Esperei tanto por uma oportunidade dessas. É claro que não era um lugar muito sofisticado, mas ainda assim eu ganharia dinheiro com música. Era um começo.

   - Você é um anjo Airi! – Gritei – Um anjo! – Pude ouvi-la rindo do outro lado da linha.

   - Não exagera Taka...

   - É sério, você acaba de salvar minha vida. To indo pra aí agora.

   Desliguei o telefone e fui me arrumar. Passei correndo pela cozinha sem me preocupar com café da manhã. Minha mãe gritou alguma coisa, mas eu não ouvi. Estava feliz de mais pra deixar que minha família estragasse tudo.

   Já fazia três meses que eu conhecia Airi. Nós não éramos exatamente namorados, mas passávamos bastante tempo juntos. Digamos que éramos bons amigos... Amigos que se beijavam de vez em quando. Ela acabou se tornando uma boa companhia pra me fazer esquecer os problemas... E ainda me arrumou um emprego! Às vezes me perguntava se aquela garota era mesmo real ou apenas fruto da minha imaginação.

   A avistei na porta da lanchonete. O uniforme de garçonete lhe caia muito bem. Corri para abraçá-la, a erguendo em meus braços e rodando enquanto meus lábios alcançavam os seus deixando um leve sorriso malicioso escapar por eles:

   - Airi, eu te amo! – Aquilo foi quase um grito e só então me lembrei de onde estávamos. Um senhor de cabelos brancos nos observava e Airi começou a rir ao ver meu estado de choque e minhas bochechas corando.

   - Takamasa, esse é o Watanabi-san, meu chefe. – Senti um calafrio por todo o corpo provavelmente corando um pouco mais. Que ótimo... Estava começando muito bem.

   - Ano... Sumimasen... – Eu estava nervoso de mais, fazendo Airi e o Sr. Watanabi rirem. – Sou Ishihara Takamasa.

   - Muito prazer Ishihara-san. Sou Watanabi Akio. Venha comigo, vamos conversar um pouco. Airi-chan me falou muito sobre você.

   Segui o senhor Watanabi dando apenas uma rápida olhada para trás. Airi sorria docemente... Foi assim que consegui meu primeiro emprego. Foi assim que minha música começou a alcançar outras pessoas... Tudo graças a ela...


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Notas finais do capítulo

Por favor gente deixem reviews... quero saber o que estão achando da história para poder melhorar ^^
bjusss



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