Um ano e meio depois...

POV Luana

A dor nunca foi tão forte. A dor devido ao luar e a dor de estar separada daquele único homem que eu amei verdadeiramente: meu irmão Luca. Eu não agüentava mais sofrer e só tinha uma solução para que isso acabasse de vez: a morte.

Em toda a minha vida eu sempre tive força e vontade de viver independentemente da dor, mas agora eu já não tinha esse desejo. A morte nunca me pareceu tão boa... Tão agradável.

Andei até a beira do precipício e olhei para baixo. As ondas batiam nas pedras com ferocidade. Ali estava o meu fim. Sem pensar duas vezes eu pulei. Fechei os olhos, o fim estava próximo. Caí na água e ondas atrás de ondas se quebravam em cima de mim, até que meu corpo foi arrastado para o fundo. Alívio... Essa foi a única sensação que eu senti antes de perder a consciência. Eu estava em paz.

POV Narrador

O corpo de Luana foi arrastado para as profundezas do oceano. Ela jazia inconsciente. Alívio emanava de seu corpo e uma paz descomunal preencheu o oceano. O mundo se tornou mais calmo, como se sofresse pela morte da menina. Os deuses foram abatidos por uma tristeza profunda, porém sem conhecimento do por quê. Eles só sabiam que, naquele momento, todos estavam de luto.

Selene, que observava a cena, ficou maravilhada e radiante. Finalmente o que sempre desejou estava muito perto de acontecer e ela sabia que não haveria volta, apenas se sua filha fosse salva no último momento e, mesmo que isso acontecesse, Luana estaria muito mal para conseguir sobreviver, então ela teria que ser aclamada deusa pelo Olimpo. O que tinha quase certeza ser impossível.

As caçadoras e Artemis estavam muito perto do local e dormiam profundamente, porém acordaram com o grito de Luana e, preocupadas, foram atrás de quem havia gritado. Rixon as levou até a beira do penhasco, porém as únicas coisas que encontraram foram as armas já bastante conhecidas de Luana e um bilhete na ponta da flecha que dizia: “Para mim esse não é o fim... É apenas o começo.” Todas ficaram desesperadas. Principalmente quando viram tudo que estava a volta delas se acalmar repentinamente e uma tristeza abater Artemis. E então elas souberam: Luana estava morta.

Enquanto isso, Poseidon passeava pelo oceano quando sentiu que alguém havia se jogado no mar e estava à beira da morte. Curioso, foi até o local. Assim que chegou sentiu que era alguém conhecido e amigo. Ao chegar mais perto viu que a pessoa que havia tentado o suicídio era a Luana, a ex-caçadora solitária de Artemis e uma das semideusas mais querida pelo Olimpo. Desesperado, envolveu a menina numa bolha de ar e a levou até a superfície e, logo mais, à terra firme.

Assim que chegaram a terra, as caçadoras se aproximaram. Algumas já entregues ao choro, outras com uma pequena centelha de esperança. Artemis se ajoelhou ao lado de sua filha e olhou para o deus que estava ao seu lado. Poseidon balançou a cabeça negativamente e a deusa chorou sobre o corpo da filha.

- Minha senhora... – uma das caçadoras se aproximou – Luana ainda respira. Será que...?

- Ela está morrendo. – a deusa sussurrou – No fim, Selene teve o que queria. Selene ganhou.

Um silêncio profundo se fez presente. Todas as caçadoras estavam chorando e Artemis e Poseidon também. Ninguém queria acreditar no que estava acontecendo.

- Selene ainda não ganhou.

Todos se viraram na direção da voz masculina. O semideus saiu do meio das árvores e se aproximou do corpo. Artemis o olhou com descrença e as caçadoras, com ira.

- Vocês realmente acharam que a Luana deixaria que Selene ganhasse? – o garoto riu sem humor e ofegante.

- O que quer dizer Luca?

Luca suspirou. – Eu nunca concordei com que minha mãe fez e não gostei nem um pouco dela ter feito minha irmã sofrer cada vez mais. – ele passou a mão no rosto da irmã.

- Luca, você está pálido! – Sadie disse.

- Bem observado caçadora. Há um ano e alguns meses mais ou menos, eu e Luana fizemos um pacto. Nós dois somos muito ligados e com isso nossa ligação só aumentou. Eu passei a sentir um pouco da dor dela e tudo o que acontecia com um, era refletido no outro. Ninguém soube disso.

Todos estavam pasmos.

- Isso quer dizer...

- Que eu também vou morrer. – Luca ofegou e sua força diminuiu, o fazendo cair – Assim que ela parar de respirar e seu coração parar de bater, o mesmo acontecerá comigo.

- Você concordou com o suicídio dela? Mesmo sabendo que você também morreria? – Poseidon perguntou.

- Sim. Eu jamais abandonaria minha irmã, mesmo na morte. – o garoto disse fraco. – Selene nunca ganhou e nunca terá o que quer. – Luca segurou a mão da irmã. – Eu a amo mais do que tudo. Naquele dia, no acampamento, eu não queria que ela partisse. Bom, antes de ela pular ela pensou em mim e no pacto... E eu disse que morreria com ela. Se não podemos ficar juntos na vida, talvez ficaríamos na morte...

Artemis estava desesperada. – Tem que ter uma solução... Luana não pode morrer... Nenhum dos dois pode.

- Há uma solução... Só é meio difícil de conseguir. – Luca disse baixinho, cada vez mais fraco. – A única solução é sermos aclamados deuses pelo Olimpo.

Artemis olhou para Poseidon, que acenou afirmativamente. – Então vamos para o Olimpo.

Os dois deuses teletransportaram os irmãos para o Olimpo. Todos os deuses estavam reunidos e arfaram ao observar a cena. Luana respirava com dificuldade e Luca já estava inconsciente assim como a irmã.

- Pai... – Artemis chorou.

- Nós ouvimos o que foi dito na praia. – Zeus declarou.

- E então, meu irmão? Você os transformará em deuses?

- Façamos uma votação. – Zeus disse – Há alguém que é contra?

Ninguém se pronunciou e o senhor dos deuses deu um sorriso fraco. Ninguém ali ousaria fazer mais alguma coisa contra aqueles dois. A porta da sala dos tronos foi aberta com força e Selene entrou irada.

- Meu bebê! – ela gritou se aproximando de Luca, porém Ares e Hades se postaram na frente dos irmãos, impedindo a deusa de se aproximar. – O que é isso?

- Selene, por sua causa minha filha está morta. Acho melhor ir embora agora.

- Por causa dessa... Coisa... Meu filhinho está morrendo. – a deusa disse com nojo – Ela merece a morte, sempre mereceu. Por que eu não a matei quando ela me implorou?

- CHEGA! – Zeus gritou ultrajado – Todos aqui amavam essa menina, principalmente Artemis. Muita coisa já foi feita contra eles e eu me arrependo disso, assim como os outros. Selene vá embora. Caso contrário eu terei que tomar uma decisão da qual você não irá gostar.

A deusa saiu da sala transtornada e raivosa. Levara 17 anos para matá-la e, quando consegue, se vê perdedora numa armadilha que ela própria armou.

Os olimpianos decidiram dar a imortalidade aos irmãos.

- Eles serão deuses de que? – Apolo perguntou curioso.

- Luca será deus do amor fraterno... – Afrodite falou com um sorriso.

- Das navegações... – Poseidon disse.

- E dos mistérios. – Hermes terminou.

- Seu símbolo será um hexágono. – Athena declarou.

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(n/a: esse é o símbolo do Luca.)

Todos concordaram.

- Luana será deusa das estrelas... – Artemis falou sorrindo.

- Da esperança... – Hera falou.

- E do sofrimento. – Hades disse.

- Seu símbolo será uma lua e uma estrela. – Athena declarou.

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(n/a: esse é o símbolo da Luana.)

Todos assentiram.

- Eles passarão um mês no acampamentomeio-sangue. Caso se adaptem, se tornarão deuses dos heróis e das missões e serão Olimpianos. – Zeus declarou e todos estavam de acordo.

Uma luz envolveu os irmãos e ambos abriram os olhos no mesmo momento. Suas auras se tornaram poderosas. Eles ofegaram e caíram desacordados quando a luz sumiu.

Agora seria para sempre. A eternidade lhes pertencia. Mas será que as coisas irão melhorar?