POV Autora

No Olimpo...

Era noite e todos estavam em seus respectivos castelos, quartos ou qualquer outro lugar. Artemis levava o carro da lua pelos céus enquanto Apollo e Afrodite estavam na sala dos tronos. Eles eram os únicos ali.

Nunca houve um silêncio tão grande no Olimpo e no mundo como aquele que se seguia. Pela TV Hefesto todos os deuses, de onde quer que estivessem, assistiam o que acontecia entre Luana e Luca. Entre os gêmeos que, mesmo sem a ajuda ou influência de Afrodite, enfrentaram a tudo e a todos e viveram, mesmo que por pouco tempo, um romance digno da deusa do amor.

- Antero! – Afrodite gritou... Não, gritou não, berrou mesmo.

O deus apareceu segundos após sua mãe lhe chamar. Antero era o deus da separação e do amor não correspondido.

- O que queres minha mãe?

- Diga-me apenas o por quê. – Afrodite lhe implorou chorando.

Antes que o deus pudesse falar todos os olimpianos apareceram em seus respectivos tronos e Circe e Selene entraram na sala. Selene, morrendo de ódio e Circe, com tristeza, ficou ao lado de Antero.

- Por que fizeste isso, Antero? – Artemis chorava por saber que aquela que ela chamava de filha estava sofrendo muito mais do que podia suportar.

O semblante de todos os presentes era de extrema tristeza, angustia e desolação. Zeus, Hades e Hermes se sentiam extremamente culpados e muito pior do que qualquer outro deus por saberem que a culpa era deles. Selene adorava ver a dor de Luana, porém odiava ver o filho sofrer, então assistia tudo em completo silêncio. Os demais não sabiam o que fazer.

- Nada fiz aos gêmeos. – Antero disse.

- Luca e Luana carregam uma maldição. Uma maldição selada pelas parcas. – Circe falou entrando na sala com os olhos totalmente vermelhos – Eles nasceram para viver um amor não correspondido. Eles nasceram para ficarem separados.

- Mas... Mas foi você, Antero, que causou a separação deles! – Artemis gritou.

- Antes de ficar culpando outros, senhora, talvez devesse olhar para quem está próximo a ti. – Circe falou demonstrando raiva – Não foi Antero quem os separou.

- O que está insinuando Circe? – Zeus perguntou.

- Exatamente isso que você entendeu Zeus. – Hera falou.

Depois de tudo o que havia acontecido, Hera e Perséfone tornaram-se solidárias com a menina. As deusas não a amavam, porém respeitavam-na. Elas foram perdoadas não apenas pela menina, mas por todos.

- A culpa pela separação deles é de vocês apenas. – Perséfone esclareceu.

- Os únicos que carregam culpa são os três: Hermes, Hades e Zeus. – Circe falou.

Assim que Circe fez sua declaração o silêncio absoluto reinou na sala. Apenas um pensamento pairava na mente de todos os deuses: como os três podem ser os culpados?

- Creio que todos tenham a mesma dúvida. – Antero começou – Então iremos esclarecê-la. Os três se deixaram dominar pela luxúria.

- Os três passaram a nutrir um forte desejo pela Luana. – Circe disse – Desejo esse que se tornou mais intenso quando ela perdeu a virgindade com o Luca e todo o momento foi observado por eles.

- Eles a queriam a qualquer custo e aproveitaram quando ela foi até eles lhes fazer perguntas e tentar entender o motivo de tanto ser odiada pelas esposas deles e por Anfitrite. – Antero continuou. - Luana foi influenciada por eles e se deixou levar pelo momento, o que foi seu maior erro. Ela se sentiu suja, com o orgulho ferido e o coração partido.

- Ela suportou esses sentimentos por dias, sempre tentando ser forte, porém ela é humana. Ao perceber que não suportaria por mais tempo, resolveu se afastar. – Circe falou – Ela pode sumir por um tempo novamente, mas ela carrega minha benção e a de Antero.

Circe terminou com um sorriso triste assim como Antero. E então os deuses perceberam: os dois ali presentes amavam tanto a menina que iriam protegê-la a qualquer custo e sempre estariam ao lado dela. Nunca aconteceu algo parecido, até mesmo porque era proibido pelas leis de Zeus, mas o deus não ousou adverte-los ou fazer qualquer coisa contra.

- Senhores.

Uma voz que eles não imaginavam ouvir tão cedo se fez presente e todos olharam na direção da porta. A tristeza do local se fez mais presente e os olhares de pena ficaram mais intensos. Selene se aproximou, porém nada disse ou fez pela primeira vez.

Luana tinha os olhos vermelhos e seu rosto estava molhado pelas lágrimas, entretanto ela não se dignava a enxugá-las. A menina se ajoelhou aos pés da mãe adotiva, que desceu do trono e a abraçou.

As duas choraram juntas por um tempo até que se afastassem. A menina se levantou e olhou com ressentimento para os três deuses.

- Senhor Zeus. Senhor Hades. Senhor Hermes. – ela os cumprimentou com rancor nos olhos.

- Luana... – Hades começou.

- Por favor, não continue. – ela implorou – Não continue.

Eles se calaram e abaixaram suas cabeças.

- A culpa não é de vocês. É minha. – ela continuou – Eu que aceitei tudo aquilo.

- Não Luana, a culpa é nossa. Não deveríamos... – Hermes começou.

- Não continue. – ela implorou novamente, lhe lançando olhares magoados – Não digas mais nada. De todos eu achei que era o que mais se importava, mas vejo que não. – ela disse o olhando – Não digas mais nada. Nenhum de vocês. Eu não quero ouvir.

Luana correu para os braços de Antero e enterrou sua cabeça em seu peito, deixando-se chorar livremente pela primeira vez. Circe acariciava a cabeça da menina. Ela e Antero estavam com raiva por tudo o que havia acontecido a ela, mas não fizeram nada.

- Não chores querida. – Antero sussurrava em seu ouvido – Eles não merecem isso.

- Não choro por eles. – Luana disse.

- Então por quem derramas essas lágrimas? – Circe perguntou.

- Luca. – a menina disse tão baixo que temeu que seus amigos não tivessem ouvido, mas eles ouviram.

- Ah, meu bem. – Circe a abraçou.

Luana se soltou do abraço e andou até Selene, ficando de frente para ela e olhando-a com aceitação.

- Realize seu desejo. Mate-me. Mate-me e acabe com isso.