Little Princess escrita por Emmy Black Potter
Capítulo 16 – Lágrimas da dança
Pov's Bella:
Dois. Eu nunca liguei muito pra esse número – e, hoje, vejo mais motivos ainda para ignorá-lo – no entanto, ele parece gostar de zombar de mim.
Edward tinha ido embora faz dois anos. Para os vampiros, um segundo é um tempo longo... Dois anos eram como uma eternidade – uma eternidade sem meu irmão brincando comigo e me colocando em suas costas.
Eu tentava não ligar muito para isso, fazendo uma pose de fria e durona. A realidade era que eu não sabia se estava sentindo ódio ou tristeza – meu irmão não estava aqui, mas ele também estava fazendo meus pais sofrerem.
Esme montou um estúdio de balé para mim, como prometido e eu comecei a dançar, fazendo passos básicos, ganhando mais delicadeza e flexibilidade – sendo dura feito mármore isso foi inevitavelmente difícil.
Agora, eu dançava como uma profissional, afinal, não dormia, não cansava e só precisava de um motivo para me distrair.
Sei que tinha me tornado mais reservada e não sorria mais, ou ria – o que qualquer coisa que envolvesse felicidade. Permitia-me rir, poucas vezes, ao lado de meus pais. Publicamente, eu continuei sendo a filha mimada dos Cullen.
E, aliás, a história contada era que Edward tinha ido fazer faculdade em outro estado, por conta da mulher que ia desposar – antes fosse isso.
- Bella, querida – chamou Esme certo dia de Março – sente-se comigo, por favor.
Ela estava no sofá, lendo uma revista de construção – era até engraçado vê-la com aqueles cintos cheios de pregos e martelos. No entanto, mamãe baixou a revista e colocou na mesinha de centro.
Tentando não suspirar – sabia que chegaria esse dia – sentei ao seu lado no sofá. Esme, nos seus instintos maternais, fez-me deitar a cabeça no seu colo enquanto corria os dedos por meus cabelos.
- Querida... – ela hesitou – Sei que dói, Bella, mas... Vai sarar.
Ela mesma parecia prestes a desistir, se fosse humana, estaria prestes a cair em prantos – eu também.
- Eu sei – eu disse, sem um pingo de emoção – já sarou, acredite – sarou no instante que ele me deixou, sendo o covarde que era, obviamente não disse isso para minha mãe.
Esme olhou penosa para mim, ia dizer algo, mas pareceu pensar melhor – talvez... Mas eu nunca mais usei esse dom desde que... Retirei meu escudo mental e vi os pensamentos de minha mãe.
Ela é tão triste sem ele... Sei como é perder alguém, e ela pensou na imagem de um bebê frágil, pequeno e... Morto – seu filho, Charles.
Mas sua mente logo foi substituída por uma imagem de Edward e eu. Eu sorria, pulando nas costas de Edward, que começava a correr, tentando-me fazer soltar – fora um dia banal, um dia que, hoje, eu daria todo o dinheiro do mundo para tê-lo.
Num estopim de emoções, coloquei o escudo novamente – acho que seria a primeira vampira a passar mal se continuasse olhando. Nessas horas, queria que Heidi usasse seu dom em mim, somente para eu esquecer Edward, ou Jane e Alec decidisse me causar dor – talvez fosse menos doloroso do que eu sentia agora.
- Olá – disse uma voz falsamente agradável. Eu conhecia bem ela.
Num instante, tinha ficado em posição de ataque e Esme parecia a fazer isso também.
Na nossa frente estava Ale e Félix – ambos sorriam o segundo com escárnio e o primeiro malicioso (maldito seja Alec Volturi!).
- Alec, Félix – cumprimentei numa falsa simpatia – A que lhes devo a magnífica presença?
Alec sorriu: - Ora, vejo que vossa opinião muda com o tempo, não, Bella?
Ele parecia um cavaleiro cortejando sua dama. Só tinha um problema: eu NÃO era sua dama. Repugnante!
- Torno a perguntar se não quer se juntar a guarda, Bella – continuou Alec – se juntar a mim, literalmente se juntar a mim.
Eu rosnei – ele era malicioso e isso era de certa forma, pedofilia.
Puxa, pensei numa falsa surpresa, Alec sendo do mal? Nunca!
- E eu torno a responder – disse-lhes – não, agradeço – parecia quase um sibilo de cobra prestes a dar o bote, e, se ninguém me segurasse, daria.
- Que pena – ironizou Félix – viemos até aqui por você, para voltarmos, justamente, sem você.
- Sim, uma pena – concordou Esme numa voz fria, ela nunca parecera tão irritada.
Alec olhou para ela levemente interessado – ai dele se tentasse algo.
- Mas, ora, ora, quem é esta bela dama? – perguntou sorrindo para mim.
- Essa é Esme Cullen – e esse é o meu pé que vai te chutar se você não sair daqui agora. Já disse que o fato dele ser um Volturi era irritante?
- Um nome lindo, para uma mulher linda – concordou Félix. Papai provavelmente, mesmo pacífico, arrancaria sua cabeça.
- De fato, não é Bella? – indagou Alec – Ou deveria dizer, não é bela Bella?
Arreganhei os dentes, mas não ataquei: - Talvez seja hora de vocês partirem e darem as notícias a Aro, não?
- Certamente – e Alec, abraçou-me vulgarmente, antes de sair correndo com Félix.
Como aquele ser me irrita! – e, além de tudo, fica provocando-me como se eu, Bella Cullen, fosse cair da dele, o cara idiota que matou meus pais e me fez ficar fadada a uma eternidade sendo criança. Claro, por que não?, ãh-dã.
- Bebê? – perguntou Esme, eu relaxei a postura – o que foi isso?
- São os Volturi, ou a guarda dele, como bem sabe – respondi – De tempos em tempos me convidam a entrar na guarda, Aro parece obstinado a conseguir isso.
- Por que não falou que sou sua mãe? – ela perguntou curiosa.
- Conhecendo os Volturi como conheço se aproveitariam do fato – disse-lhe – já se aproveitaram de Carlisle e, por pouco, não morremos.
- Eles te chamam com freqüência? – indagou.
Suspirei, desviando o olhar: - A última vez foi no dia em que Edward se transformou – é, se transformou em vampiro, não no Monstro Masen. - Sempre é Alec sozinho, ou Alec e alguém que me convida. Sempre vem de tarde, pois sabem que Carlisle trabalha.
- Por isso ficaram surpresos de ver outra vampira – concluiu minha mãe.
Eu assenti, concordando: - Não se preocupe, eles não vão te machucar.
- Não estou preocupada, Bella – ela sorriu – não por mim... Além do mais, estou com você.
Minha conchinha de emoções quebrou – a única coisa que ficara inteira em mim, até agora.
- Certo, mamãe – respondi-lhe – Olha, vou dançar um pouco tudo bem? Estou... Cheia de pensamentos, preciso soltá-los.
- Claro, depois quero ver-lhe dançar – ela sorriu – você dança maravilhosamente bem, Bella.
Bom, alguma coisa eu tinha que fazer bem.
Troquei de roupa no meu quarto, colocando uma meia calça rosa, sapatilhas já usadas e um collant azul claro. Já no estúdio, esparramei-me no chão, os braços e pernas estirados para os lados.
Edward, seu ser estúpido, por que você fez isso?, gritei, quase deixando as palavras fugirem de minha boca. O pior de tudo era lembrar-me que Eddie – não o Frio Edward – tinha prometido me proteger de tudo.
E onde ele estava quando Alec esteve aqui?! – fugindo porque não conseguira ficar bebendo sangue de animal, porque não conseguia ficar com a própria família.
Com surpresa, notei algo molhando meu rosto e escorrendo para os lados e meus cabelos. Lágrimas? Vampiros não choram.
Passei a mão e... Provei. Não era água salgada, era... Veneno de vampiro – ótimo, eu era a primeiríssima vampira a chorar, e chorar veneno vampiresco. Humpf. Não é como se fosse grande coisa, não é? Eu era a primeira criança imortal que Aro Volturi deixava viver – ou até ele pelo menos cansar-se de minhas recusas.
Como diriam os humanos, engoli o choro. Levantando-me, caminhei em direção a barra, iria dançar – afinal, o que mais poderia fazer?
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