Um Deus da Guerra escrita por Yes


Capítulo 9
O Deus da Idiotice




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Quando eu acordei, respirei fundo. Não havia som barulhento no quarto ao lado, por que Ares estava dormindo numa outra ala do internato (graças ao Senhor) e Kyle... Bem, Kyle estava me tratando com cordialidade e respeito desde o dia que me viu com Ares.

O que era o mesmo que me dar um gelo.

Olhei para o calendário, para saber quantos dias fazia desde que eu não tinha uma briga com ele. Quatro. Era estranho, mas eu sentia falta delas. Me acostumara com o idiota.

Depois percebi uma coisa e meu coração disparou loucamente. Olhei novamente para o calendário. E depois chequei de novo, só para ter certeza. Vai que os duendes mágicos dos cogumelos alucinógenos estavam pregando pegadinhas no meu cérebro sonolento.

Mas não eram os duendes.

Eu me sentei abruptamente e bati a cabeça no beliche de cima, como de costume. Cass nem se mexeu. Xingando como um marinheiro bêbado, corri para o banheiro desesperada.

Pela primeira vez, o fato de ser um internato para menores infratores (Carambolas. Eu repetia muito isso.) estava ao meu favor. Abri uma portinha e encontrei o que precisava. Li as instruções. Tentei. Tentei de novo.

Chequei o resultado cinco vezes. A teoria dos duendes tinha cada vez mais sentido, por que eu tinha certeza que dois tracinhos queria dizer “positivo” e isso era simplesmente impossível.

-Maddie? É você?

Ouvi Cassie chamando. Ah, minha nossa. Cassie. Respirei fundo.

-Estou aqui, me arrumando. Não estou fazendo nada de mais. Não venha para cá. Volte a dormir.

Falei, por que eu sei disfarçar super bem. É, Maddeline. Com certeza isso a convenceu que não tem nada errado.

-Med, você está bem?

Ela perguntou, e sua voz estava perigosamente mais próxima.

-Estou. Está tudo bem. Vou tomar banho.

Gritei, tentando soar furiosamente entediada, como sempre, e não desesperadamente apavorada.

-Ah, tudo bem.

Ela falou e eu suspirei.

Naquela manhã, esperei Cassie sair para as aulas antes de me esgueirar para o quarto e colocar uma roupa qualquer e enfiar meu cabelo bagunçado e amarrado em um coque em uma boina. Meu cérebro foi dar uma volta no limbo naquela manhã e não deixou recado, o que significa que aqui está tudo que aprendi durante as aulas:

Um enorme e espaçoso nada.

Exceto que eu estava mais fodida do que já estivera em toda minha vida.

Quando o alarme para o almoço soou, saí correndo. Eu o encontrei saindo do seu quarto, e o empurrei para dentro, fechando a porta atrás de mim.

- O que foi, docinho? Não agüenta ficar longe de mim?

Ele perguntou em seu tom irritante de sempre. Eu respirei fundo, com o coração a mil.

Duendes, por favor, que eu esteja errada.

-Ares. – Eu o olhei. Por favor, por favor, duendes. Se eu estiver errada, mandem um sinal. Pensei desesperadamente, mas nada aconteceu. Droga. Era minha última chance. – Eu estou grávida.

Eu pensei que ele fosse ficar sem fala, fosse desmoronar na cama e por as mãos na cabeça, por que até mesmo eu sabia que as palavras “adolescente” e “grávida” na mesma frase acarretavam problemas. Mas só o que ele fez foi franzir a testa com um olhar idiota no rosto.

-Isso quer dizer que tem um bebê na sua barriga.

Ele falou. Bati com a mão na testa. Idiota!

-Geralmente é isso que “grávida” quer dizer.

-E você é a mãe.

Oh, really? Não me diga! Achei que a mãe era uma dinossaura. Que colocou um ovo no meu útero!

-É. – Falei. Então pensei que naquela mente deturpada dele, talvez fosse preciso esclarecer um ponto. – E você é o pai.

Por um momento, a usual expressão desafiadora sumiu do seu rosto. O esgar escorregou, e ele não parecia o brutamonte jovem e irritante de sempre, mas um velho cansado.

-Já?

O que? Ele tinha fumado drogas naquele novo quarto? Como assim, já?

-Huh?

Ares suspirou. A chamas voltaram para os seus olhos.

-Bem, isso complica um pouco as coisas.

Você tem que estar de brincadeira comigo.

-Ares, isso é um bebê. Não é como a droga da sua estúpida moto, nem como nada que você já tenha vivenciado. É um bebê, me ouviu bem? Um bebê! Eu tenho dezenove anos, Ares, como eu vou cuidar de uma criança? Eles comem, bebem, cagam e choram, e eu nunca tive paciência nem para cuidar do meu cachorro!

Descontrolei-me. Aquilo não podia estar acontecendo. Eu odiava Ares. E agora eu ia ter um mini-arezinho na minha barriga. Ouvindo rock n’ roll dentro de mim. Chutando minhas costelas quando ficasse irritado. Saindo com rainhas da beleza para me irritar. Bem, talvez ainda não, mas um dia. Só podia ser praga.

-Aí que você se engana, benzinho. Eu já vivenciei isso.

-O QUE? E VOCÊ NÃO ME CONTOU, SEU PUTO DESGRAÇADO, COMO ASSIM, VOCÊ JÁ TEM UM FILHO, O QUE VOCÊ QUER DIZER COM...

-Maddeline, uma vez na sua vida, cala a boca. Escuta antes de gritar, pirralha.

Cruzei os braços, furiosa. Eu tinha enteados. Pelo amor de Deus, o que aquele cara era?  Ele não podia ter mais de vinte e três anos, por que essa era a idade máxima que aceitavam no internato, e já tinha um filho. Dois, se contássemos com a sementinha de bad-boy crescendo no meu bucho.

-Uma pirralha que, por acaso, carrega o seu filho no ventre.

Ele me calou com aquele olhar cala-a-boca-eu-tenho-uma-bazuca.

-Maddie, talvez esteja na hora de você saber que, na verdade, eu sou Ares. O deus da guerra.


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Notas finais do capítulo

Reviews!!! Por favooor!