Leah estava vindo de trás da árvore em que estava quando se transformou novamente em humana, me lançando um olhar que eu interpretei como ódio, mas eu logo deixei isso de lado quando Jake começou a falar comigo.

– Ness, Ness, eu não acredito que você já voltou pra Forks, eu estava com tanta saudade... – Ele disse baixo, com uma voz chorosa.

– Ah, Jake, desculpa, eu também senti tanto a sua falta... – eu disse, o abraçando o mais forte que podia, como se eu estivesse com medo de ele desaparecer, quando eu o soltasse. Podia sentir as lágrimas começando a cair. - Eu queria voltar, mas eu não conseguia convencer meu pai, e minha mãe disse que nós ficaríamos com meu pai, porque não podiamos nos separar assim, e...

– Jake, eu vou pra casa. – Leah apareceu, e falou com Jake sem nem se dar ao trabalho de dizer um "oi, Renesmee, como vai?"

– Leah, temos que terminar a ronda ainda e descobrir o que era isso que atacou a Nessie. Aliás, o que aconteceu naquela hora?

– Depois nós fazemos isso. Não quer matar a saudade da sua querida Ness, Jake?

Jake olhou pra mim na mesma hora.Me esforcei pra falar no tom mais cínico possível:

– É, Jake, não quer ficar com a sua querida Ness um pouco?

– Ness...

– Não, Jacob. Vai fazer sua ronda com a Leah. Depois a gente conversa.

Não sei o que aconteceu depois, ou se realmente ele foi continuar a ronda com a Leah, porque eu sai correndo sem dar chance a ele de responder.

Cheguei em casa correndo mais rápido do que eu imaginei que seria possível e bati freneticamente na porta principal. Meu pai deve ter lido meus pensamentos porque abriu a porta rapidamente e me deixou subir para meu quarto correndo, sem pedir nenhuma explicação.

Entrei em meu quarto e deitei na cama, inutilmente tentando segurar as lagrimas que teimavam em cair.

Podia ouvir as vozes preocupadas no andar debaixo. Meus tios, que estavam na sala de jogos, e minhas tias e minha mãe que estavam na sala de TV, já estavam no Hall com meu pai, perguntando o que havia acontecido.

Minha mãe queria vir ao meu quarto me ver e meu pai tentava segura-la.

Não sabia se o que eu estava sentindo era ódio da Leah, por ter interrompido meu momento com Jacob; se era ódio do Jake, por ter ido fazer a ronda idiota ao invés de ficar comigo; ou se era ódio de mim mesma por ter sido tão ingênua de pensar que o Jake me esperaria o tempo que fosse.

Uma parte bem pequena de mim, de certa forma, sabia que era importante o Jake ir fazer as rondas, mas outra parte de mim teimava em insistir que não tinha motivos pra ele ter ido naquela hora. Não havia nenhum perigo! Sem querer, acabei pensando no que aconteceu de manhã. Mudei tão rapidamente o rumo de meus pensamentos que eu mesma não tinha certeza de se realmente eu pensei naquilo. Como meu pai não subiu para me perguntar nada, eu tinha duas opções: ou eu não havia pensado em nada, realmente, ou que ele estava esperando para me perguntar mais tarde – o que era muito mais provável.

– Edward, eu vou subir! Quero saber o que aconteceu com a minha filha! Ou você me conta, ou ela mesma vai ter que me dizer! – Minha mãe brigava com meu pai no andar debaixo.

"Pai, deixe ela subir. Você sabe que ela vai te convencer, mais cedo ou mais tarde." – pensei, começando a enxugar as lagrimas.

Em poucos segundos, minha mãe estava me abraçando.

– Eu estou bem, mãe. Sério.

Ela sabia que eu estava mentindo. Não herdei o dom de mentir tão bem quanto meu pai. "Anos e anos de prática.", era o que ele falava.

– Ok, eu não estou bem, mas vou ficar. – Disse. As lágrimas parando de cair aos poucos.

– Tem certeza? Porque eu posso quebrar a cara do Jacob dessa vez. E agora eu vou conseguir.

– Não! – Falei um pouco mais alto do que eu pretendia. Se alguém merecia levar um soco, na minha opinião, esse alguém era a Leah. Por existir. - Mãe, Seth ainda está em La Push? – Seth havia ido pra casa, depois que eu sai correndo.

– Não, acabou de chegar lá embaixo. Quer que eu o chame?

– Quero. – Ela já estava se levantando do quarto, quando eu a chamei de novo. – Ãhn, mãe?

– Sim?

– Quando ele chegar aqui em cima, será que vocês podem ir caçar ou algo assim?

Ela me olhou como se tentasse adivinhar o que eu iria fazer.

– Por favor. – pedi.

– Claro.

Ela me deu um último olhar do tipo "depois você vai me dizer o que aconteceu em La Push" e saiu do quarto. Seth apareceu depois de alguns segundos.

– Ness! O que aconteceu, está tudo bem? – Ele perguntou preocupado, vindo me abraçar.

– Espere. – Me concentrei ao máximo para escutar qualquer barulho no andar debaixo. Pelo visto, eles já tinham saído. – Como você sabia que eu queria que você viesse?

– Não sabia. Leah entrou em casa bufando de raiva e eu sai para ver o que tinha acontecido. Então eu ouvi o Jake correndo e o forcei a me dizer onde ele ia. Ele me disse que viria pra cá, que você estava com raiva dele, ou algo assim. Ai, eu o disse que eu viria primeiro para saber o que tinha acontecido. Ele não gostou muito da idéia, mas eu consegui o fazer aceitar. Está na floresta, esperando eu o dizer para vir.

– Vai esperar muito. Não quero ver ele.

– Nessie, agora sim eu estou muito preocupado. O que aconteceu?

Toquei seu braço e mostrei desde o ataque, até a hora de ele sair para a ronda com a Leah.

– Nessie, tente entender: o Jake estava mais que certo quando decidiu ir fazer a ronda. – Olhei para Seth na hora. Não é possível que só eu via isso como desnecessário. – Ei, não me olhe assim! Entenda, tem aquele ataque invisível que você não quer contar para o teu pai, porque acha que não é importante. Mas, no fundo, você sabe que devia contar. Você está correndo perigo, Ness. Sabe disso. Essa coisa só ataca a você. Te atacou no Alaska e atacou aqui em Forks. Não é possível que seja só coincidência. Esse estranho te seguiu, Nessie. E Jake se preocupa demais com você para deixar isso passar.

– Mas você ficou preocupado quando isso aconteceu no Alaska e não falou nada a Edward e nem saiu para procurá-lo.

– Eu só não fui procurá-lo porque eu sabia que não o encontraria. Ele provavelmente já teria ido embora. E não contei ao teu pai porque você me pediu. E você não faz idéia de como estou me sentindo culpado por não ter contado nada!

– Não se preocupe. Provavelmente ele me ouviu pensar no ataque de hoje de manhã e está esperando a melhor hora para falar comigo sobre isso.

– Menos mal. – Ele disse num tom muito sério pra ele. Nos encaramos por alguns segundos e começamos a rir exageradamente.

Quando enfim paramos de rir, ele me perguntou:

– Nessie, sério que você não quer falar com Jake?

– Eu... Eu não sei, Seth. Na mesma hora em que eu penso que eu estou totalmente errada, que ele devia mesmo ir fazer a ronda, porque eu vou poder vê-lo novamente e por isso não devia me desesperar tanto, eu lembro que ele foi fazer ronda com a Leah, e da vez em que você disse que eles viajaram por um tempo, antes de eu voltar pra Forks.

– Nessie, pode não ter acontecido nada entre eles nessa viagem. Talvez eles só estivessem fazendo ronda juntos porque os outros lobos da alcateia estavam ocupados com alguma coisa. E Jake se preocupa muito com você, Tampinha. A sua segurança vale mais pra ele do que qualquer coisa.

– É, Seth. Você pode estar até certo, mas... – Seth me olhou com uma cara de quem diz "Eu sempre estou certo". Continuei: - Amanhã é outro dia. Amanhã eu falo com ele. Hoje não.

– Você é quem sabe. Bem, eu acho que eu já vou indo então. Jake deve estar querendo vir te ver.

– Seth...

– Ok, ok. Não vou falar com ele para vir. Melhor assim?

– Por que você não fica aqui comigo?

– Algo me diz que alguém não vai gostar muito disso.

– Ah, Seth, pare de falar no Jake o tempo todo! Depois a gente se preocupa com ele. Vamos pra sala de jogos, vem!

Puxei Seth escada abaixo e fomos direto pra sala de jogos.

– Quer jogar uma partida de vídeo-game, Seth?

– Só se for de corrida!

Ri e corri para colocar o jogo no vídeo-game. O aparelho do vídeo-game ficava conectado à uma TV de 72", 3D, colocada cuidadosamente no centro da parede branca. Peguei algumas almofadas que estavam no fundo da sala e as coloquei no lugar até onde o fio do vídeo-game ia. Seth se jogou nas almofadas e começamos a jogar.

Passamos o resto da tarde jogando vídeo-game. Ganhei de Seth 6 vezes e ele me ganhou 5.

A família toda voltou quando Seth estava comemorando a vitoria dele - fazendo com que empatássemos nossa disputa em 6x6 – com uma dancinha da vitória muito ridícula.

– Ah, mas não valeu! Aquela van branca entrou na minha frente!

– Você estava na contra mão, Nessie! – Seth disse gargalhando.

– Nessie, esse lobo te venceu? Não acredito! – Tio Emmett comentou incrédulo.

– Háa! Empatei com você, Nessie! Admita, Emm: Eu sou demais!

– Convencido demais, isso sim. – Meu pai brincou dando um tapa na cabeça de Seth.

– AA Ed, fala sério! Eu venci dela! De novo!

– Cale a boca, lobo. – Tia Rosalie reclamou.

– Nem vem, Seth! Estamos empatados em 6x6. Revanche amanhã!

– Ei, Seth! O que acha de jogar contra mim então? Te ganho de 6x0! – Tio Emmett o provocou pegando o controle do jogo da mão dele.

– Veremos, Emmett! – Ele respondeu rindo.

– Que tal um jogo em duplas? Você vem, Jasper?

– Claro. – Tio Jasper disse indo se juntar aos dois.

– Ed? – Chamou Seth.

– Estou indo. – meu pai deu um beijo rápido em minha mãe e ligou outros dois controles no vídeo game para ele e Jasper.

Os quatro se jogaram nas almofadas e começaram a jogar.

Eu estava indo me sentar atrás deles com minhas tias e minha mãe quando alguém entrou na Sala de Jogos.

– Nem me chamaram, né? – Jake estava encostado na parede, sem camisa, só com o habitual short rasgado. Os cabelos pretos bagunçados e arrepiados, e o sorriso de canto o fazendo ficar extremamente charmoso. – Podemos conversar, Nessie?