Capítulo 1

POV Kellan Adams

-Pai, podes meter o som mais baixo, por favor? – pedi ao meu pai. Eu estava cheio de dores de cabeça.

A minha mãe dormia suavemente no banco da frente, com a cabeça encostada ao vidro. O meu pai baixou o volume e perguntou preocupado:

-Outra vez as dores de cabeça?

-Sim, outra vez.

-Amanhã vais a um médico – prometeu ele. – Pode ser uma coisa mais grave do que pensamos.

-Sim, pai. Amanhã vemos isso – disse irónico. Pouco me importava. Se calhar era por causa de eu andar a estudar demasiado. Sempre que fechava os olhos só via letras, equações matemáticas e mais não sei quantas coisas.

O sinal ficou verde e nós avançámos. Então, houve um embate de lado, e o carro começou a andar ás voltas. Ainda por cima, eu não tinha colocado o cinto de segurança. Os vidros estilhaçaram-se e entraram em todos os lados da minha pele.

A dor era lancinante e não me deixava respirar.

-Pai! – gritei. Mas não ouvi nada. Tentei mover-me mas a dor aumentava a cada segundo. Os meus olhos enchiam-se de vermelho e senti o gosto de sangue na minha boca. Estava a morrer!

Tentei respirar, mas só conseguia sentir o sabor do meu sangue. Então, o meu coração começou a diminuir a batida cardíaca. Tentei lutar, respirar por mais ar, mas não conseguia.

Então, tudo ficou escuro. A única coisa em que pensei, foi na minha irmã, Demi.

POV Demi Adams

-Vemo-nos amanhã, Demi! – disse Sarah e eu saí do carro. Fechei a porta e ela arrancou. Eu adorava Sarah, a minha melhor amiga, confidente, alegre e divertida.

Entrei dentro de casa, tentando fazer o menor barulho possível. Quando cheguei ao meu quarto, o telemóvel começou a tocar Bom Jovi “It´s my life”, portanto, parti do princípio que era alguém desconhecido, sendo que todos os que conhecia tinham a música “Girlfriend” de Avril Lavigne, ou “Let´s Dance” de Vanessa Hudgens.

-Sim?

-Demitria Adams? – perguntou uma voz masculina, de maneira bastante formal.

-Sim, eu mesma.

-Menina Demitria, lamento ter que informá-la, mas terá que vir o mais rapidamente para o hospital regional de NY, porque os seus pais e o seu irmão acabam de dar entrada no hospital.

Congelei. Não sabia o que fazer. Desliguei o telemóvel e a primeira coisa que fiz foi ligar para Sarah. Assim que lhe contei sobre a chamada, ela falou:

-Não saias daí. Chego dentro de cinco minutos.

Corri até há porta e tal como prometido, o carro dela apareceu. Entrei e abracei-a fortemente, com lágrimas a saírem-me dos olhos.

Fomos para o hospital e um enfermeiro falou comigo.

-Menina Demitria, lamento informá-la, mas apenas a sua mãe sobreviveu, mas não temos muitas esperanças que ela possa sobreviver. Ela quer falar consigo.

Fomos os três com um passo apressado para o quarto onde ela estava. Tinha ferimentos em todo o lado. O seu rosto estava todo desfigurado e os seus olhos estavam muito brilhantes. Parecia que não ia aguentar muito mais.

-Filha… - sussurrou ela. Corri até ela e peguei-lhe na mão.

-Mãe… - chorei.

-Demi, preciso que sejas corajosa – disse ela com uma voz quase inaudível. Tive que engolir os meus soluços para a ouvir. – Fala com a tia Melinda, tenho a certeza que ela te vai receber em casa dela. Amo-te muito – depois olhou para Sarah e disse. – Também gosto muito de ti.

Olhou para o tecto e fechou os olhos. A máquina que estava ao seu lado, denunciou que o seu coração tinha parado de bater.

-Mãe! – gritei desesperada, esperando que o meu grito a fizesse voltar a abrir os olhos. Sarah pegou-me nos ombros e saímos dali. Levou-me para sua casa e acabei por adormecer de exaustão.