Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 43
Capítulo 43 - Hesitante




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Comecei a andar, arfando. Porque ele fizera isso? Ele pseudo admitira que estava apaixonado pro Ceci. E estava se lembrando de que nos conhecíamos. Mas... Droga. Droga. Droga. Só faltavam algumas ruas até o apartamento de Igor. Ruas estas pelas quais eu corri, até chegar arfante ao apartamento e subir as escadas. Tremia, totalmente encharcada dos pés a cabeça enquanto abria a porta. Podia ouvir Igor correndo nas escadas, chamando meu nome.

– Merda. – xnguei, não conseguindo abrir a porta. Igor parou ao meu lado e eu me atrapalhei, fazendo a chave cair no chão. Ele a pegou e colocou a chave na porta. Então, a chutou, igual eu fiz há semanas atrás. A porta rangeu e abriu. E bufando entrei. O apartamento estava mais quente e tremendo tateei até achar o interruptor. O apertei diversas vezes. O barulhinho do clic clic reverberando pelo apartamento.

– Faltou energia. – Igor disse baixinho.

– Droga. – sussurrei, o desespero denotando em minha voz.

– E nós estamos sozinhos. E está escuro. – Ouço a malícia explícita na voz de Igor. Malícia conhecida, de um passado não tão distante assim. Sinto o calor de seu corpo se aproximar.

– Tem velas em algum lugar. – Rebato sua voz, saindo de perto dele. Indo para a cozinha. Vasculhei as gavetas e achei uma vela. Pegando um pote e a acendendo. A luz tremulou, iluminando a cozinha. Igor apareceu, a expressão severa. – Pronto. Luz!

– Eu estava errado. Eu fui tão... estúpido. Não era Cecília.

– Não entendi. – Meu cérebro não funcionava muito bem. Sob a luz da vela eu via a blusa transparente e fina de Igor grudada ao seu peitoral. A blusa era transparente e eu via as gotículas grudadas em sua pele. Engoli em seco e tentei me concentrar em seu rosto. A respiração aos arrancos.

– Eu achei que estava apaixonado pro Ceci. Nunca foi por ela. Eu gostava dos olhos dela e da voz dela. Mas fui desatento o suficiente para não perceber que os seus são idênticos.  Percebi que não era ela, a minha garota, quando ela sorriu. Não era o sorriso que me fazia tremer. E sim o seu. Sempre o seu. – Ele sussurrou, chegando mais perto. Eu estava presa agora. Não tinha escapatória. A qualquer momento meu coração pararia. Era coisa demais para ouvir.

– Igor... – choraminguei.

– Porque não me disse? – olhei para o rosto conturbado de Igor e mordi o lábio. – Porque não me disse que eu estava apaixonado por você e você por mim?

– Não ia fazer diferença.

– Claro que ia!

– Você não ia acreditar. – digo baixinho, em alerta. – E você precisava se lembrar por si próprio. Se eu contasse... Você acharia insano.

– Estávamos juntos? Quando perdi a memória?

– Não. – engoli em seco.

– Por quê?

– Porque você me magoou. E eu fui orgulhosa demais para não voltar pra você.

– Você se arrependeu de não ter voltado pra mim?

– O que faria se me visse em uma cama de hospital? Ou que eu tivesse me esquecido de você? – murmurei fracamente, sabendo que desabaria no choro em breve. Eu tremia incontrolavelmente e estar molhada e com frio não me fazia raciocinar muito bem. – Eu não pensei em arrependimentos, nem em nada depois daquilo. Eu só queria você bem. Longe ou perto de mim, tanto faz. Contanto que você ficasse bem.

– Eu quero você. – estremeci com sua declaração.

– Você não pode ter certeza. Não se lembra de tudo da sua vida ainda, Igor. Não vamos apressar, temos paciência, tempo... E velas. Não estamos no escuro totalmente. – ri da minha piada sem graça sozinha. Querendo que ele risse comido e essa tensão se dissolvesse.

– Não quero esperar. Não quero esperar que você vá embora e se canse dessa vida de babá.

– Ser babá não é lá muito gratificante... Mas, eu não vou embora. Só se você me pedisse.

– Então isso é nunca. – Ele estava praticamente colado a mim agora. A tensão no ar. Notei o cheio de chuva na cozinha misturado ao aroma natural de Igor. Enlouquecedor.

– O problema é que... Se eu ficar, eu vou me magoar. E além do mais, você não precisa mais de mim.

– Você prometeu que não ia desistir de mim!

– Não desisti. Só... Preciso do meu próprio espaço.

– Por favor, por favor... não vá embora. – Ele segurou meus cabelos da nuca, me fazendo olhá-lo nos olhos. – Não vou te deixar ir embora. Não dessa vez.

Ele me beijou delicadamente. E foi tão... Perfeito. Beijar sabendo que ele se lembrava de que me amava. Foi o êxtase. Antes que eu pudesse perceber, estava sentada na bancada da cozinha. Com Igor me beijando. Minhas mãos vagando pelos seus ombros.

– Senti sua falta. – Ele sussurrou no meu ouvido. Mordendo o lóbulo da minha orelha, dificultando ainda mais minha respiração. – Muito. Muito.

– Eu também.

– Promete que vai ficar?

– Eu te amo. – murmuro fraquinho, sem encontrar a minha voz direito, e sem querer responder a sua pergunta. E antes que ele possa responder, calo sua boca com a minha. Não quero que ele diga nada. É confuso. Mas continua sendo bom. Antes que eu perca o controle, afasto Igor com as mãos trêmulas e salto da bancada. Indo para a sala.

– O que foi?

– Nada. Só... Você vai ficar gripado.

– Acha que eu me importo com essa droga agora? – Ele diz bravo, se aproximando e me puxando pela cintura. – Passei tempo demais sem te beijar, menina.

– E quando se lembrar de tudo, talvez não queira me beijar.

– Tenho certeza que sempre vou querer. A culpa foi minha de ter perdido você. Tenho que aproveitar que você ainda me quer. Ao menos um pouco. E desse jeito estranho, me rejeitando a cada beijo. – Ele me beijou novamente, os lábios pressionando gentilmente o meu. Lutei contra minha insanidade e tentei falar.

– Não estou te rejeitando... Eu... – Seus lábios molharam meu pescoço, num beijo suave. Suspirei, me afastando. Colocando a cabeça no lugar. – Eu só... Estou com medo.

– Medo de que?

– De tudo. De você, de mim, de nós. De estarmos sozinhos em um apartamento e... – Engulo em seco, pensando nas possibilidades. – De você não se lembrar. E quando se lembrar de não me querer mais.

– Medo pra que? Se eu amo você e você me ama. E quando a estarmos sozinhos no apartamento, não é uma coisa a temer, você sabe. – Ele murmura, beijando meu pescoço.

– É. Sozinhos e tudo o mais. É só... Ér... Muita coisa a absorver. – digo, nervosa, quase gaguejando. No escuro, não enxergo muito bem o rosto de Igor, mas posso ver o sorriso ali.

– Malu... Não vou fazer nada que você não queira. São só beijos.

– Eu sei. Eu sei só... Eu estou com frio.

– Quer que eu te esquente?– Ele disse se aproximando, me deixando apreensiva.

– Engraçadinho. Eu to falando sério.

– Eu também. – Meu cérebro parou por um segundo, quando ele me deu um selinho de leve. Quando foi aprofundar o beijo afastei a cabeça. Passando as mãos pelo cabelo e dando a volta no sofá.

– Você realmente precisa tomar um banho quente e dormir. E eu preciso ir pra casa.

– Nessa chuva? Ah ta que eu vou deixar você ir embora.

– Minha mãe vai ter um AVC.

– Não se preocupa com isso agora. Você esta muito encharcada e pelo jeito não vai deixar eu me aproximar de você. Toma um banho aí, pega uma camiseta minha, sei lá. Que eu vou tomar um banho no apartamento do Pablo. Ta bom assim?

– Você vai me deixar sozinha no apartamento?

– Tem medo?

– Não. – mordi o lábio, hesitante. Não querendo admitir que estava mesmo com medo.

– Tudo bem, eu espero a minha vez. – sorri de lado e corri até o banheiro. Com o coração aos arrancos.



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