Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 38
Capítulo 38 - Passeio




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Abri os olhos. O ambiente mergulhado na penumbra. Precisei de alguns segundos para me lembrar de onde estava. Bocejei, e senti o corpo de Igor próximo ao meu e certas mãos no meu cabelo. Levantei o rosto, fazendo a mão escorregar, me deparando com o rosto tranquilo de Igor. Parecia ter um sonho bom, feliz. Pisquei, vendo seu rosto se tornar mais visível. Senti o coração acelerar e soltei um suspiro pela minha idiotice. Enfiei a mão no meu bolso, desajeitadamente. Vi o visor. OITO E MEIA.

– Droga! – xinguei baixinho. Jogando as pernas pra fora do sofá. Não percebi o quão estava próxima de Igor e acabei fazendo ele se mexer. Ele abriu os olhos desnorteado e suas mãos procuraram algo. Então suas pernas travaram, me prendendo.

– Malu?

– Eu.

– Onde pensa que vai? – A voz dele estava rouca, meio grogue. Isso me fez refletir por alguns instantes.

– Tenho que ir pra casa, está meio tarde. Passei o dia todo fora.

– Casa? Que casa?

– A minha casa. Eu não moro aqui, esqueceu?

– Ah, é mesmo... – Ele se ajeitou, me soltando. Passei as mãos pelos cabelos e me levantei, ligando o interruptor de luz. A sala se iluminou e eu vi um Igor meio descabelado a minha frente. Bocejei novamente, voltando ao sofá e calçando meus sapatos. – Precisa mesmo ir?

– Sim, nem liguei pra minha mãe. Provavelmente ela vai pirar.

– Quer que eu te leve pra casa?

– Não precisa, vou sozinha. Sem problemas.

– Ta tarde, é perigoso.

– Não ta tarde. – Igor era teimoso demais, me tirava um pouco do sério. – E eu peço pro Pablo me levar.

– Certeza?

– Absoluta. Agora vá pro quarto e durma mais.

– Hmmm. – Ele se jogou no sofá, me olhando enquanto eu terminava de pegar minhas coisas. Chaves, celular, caneta, arrumar o cabelo. – Vai voltar amanhã?

– Não sei. – ri baixo do nosso diálogo estranho. Parecíamos um casal de amantes, discutindo encontros. Ou talvez não parecêssemos, talvez fosse coisa da minha cabeça. – Tenho que ver meu material, só tenho uns três dias de férias.

– Ah, é mesmo. Você ainda é um bebê.

– Xio.

– Até amanhã? – olhei curiosa para Igor e sua insegurança meio... irreal. Ele esperava minha resposta, olhando fixamente para mim. Soltei um suspiro pesado.

– Claro. Não destrua o apartamento.

– Verei o que posso fazer. Não vai se despedir?

– Tchau. – Quando fiz menção de abrir a porta, Igor me chamou.

– Malu! Amigos se despedem com um beijo no rosto.

– E melhores amigos com um soco. – O olhei irônica. – E aí, o que vai querer?

– Tchau, Maluzita. Cuidado! – Ele sorriu abertamente. Ri baixo, batendo a porta quando passei.


~*~

Eu sabia que devia acordar. Alguém puxava minhas cobertas, dizendo meu nome. Não era possível. Hoje ainda sexta. Uma sexta sem aula, digamos. Então porque ta com jeito de segunda-feira? Gemi, meio acordada, meio inconsciente. Espera, qual é o meu nome mesmo? Comecei a me sentir afundar na melancolia, o frio de estar sem cobertas sendo substituído pela pressão na minha cabeça. Leve e doce, quente, fazendo aquecer meus sonhos. Era tão bom. Era como... Dormir.

– Maria de Lourdes! – Alguém gritou. Maria de Lourdes? Quem é essa? – Malu! Acorda, sua preguiçosa! – Malu, acordar, preguiçosa. Deve ser eu. Acordar? Não, Malu não quer acordar. Gosto de ser preguiçosa. – Igor está aí.

Ignorei momentaneamente as palavras. Não quis abrir os olhos, me virei. Tentando encaixar as palavras. Igor... Igor... Isso movia muitas coisas, meu cérebro dizia. E isso estava aqui? Aqui aonde? Alguém me empurrou, continuando a resmungar. Então as peças se encaixaram, no meu cérebro confuso. Igor. Está. Aqui. Foi como se um balde de água frio fosse jogado em mim. Me despertando. Levantei em um pulo, estabanada.

– Graças a Deus ela acordou. – abri os olhos, meio zonza, dando de cara com Ceci. Estava arrumada, de jeans, enquanto eu estava com meu shorts de pijama e uma camiseta comprida. – Igor está lá em baixo.

Ela me puxou pelo braço, me levando para as escadas.

– Não! Eu to um nojo. – Me soltei dela, correndo pro banheiro. Jogando água no rosto. O que diabos Igor queria?

– Pronto, acabou.

– Me deixa pentear meus cabelos pelo menos.

– Perda de tempo. Só lavando.

– Nãao. – Ela me arrastou, e quando chegou na escada me empurrou. Enquanto descia passei as mãos pelos meus cabelos. Colocando-os atrás da orelha, tentando disfarçar ao máximo seu volume. Me deparei com um Igor sorridente no sofá. Sua cara de felicidade acionou algo no meu cérebro. Raiva.  Eu estava infeliz e com raiva agora. Enquanto eu devia estar descabelada, horrorosa e ele estava aqui, todo sorridente. Eu podia estar dormindo, descansando, mas não...

– O que está fazendo aqui? Que horas são? Como chegou aqui? – soltei de uma vez. A voz grogue, mas agora até mesmo bem desperta. Ao menos os olhos estavam já que meu corpo ainda estava sentindo a sonolência poderosa que eu sempre sentia de manhã. E isso não passaria, até um bom banho. Eu era completamente desligada e inútil pela manhã.

– Sim, sou o Igor. Vim te ver. São umas 8 da manhã. Pablo me trouxe, ele foi trabalhar. – Ele respondeu prontamente, sorrindo.

– Ok. Pergunta mais importante. Porque fez Pablo te trazer aqui na madrugada?

– Não é madrugada. – Ele riu baixinho. – E eu já respondi. Pra te ver.

– Porque, energúmeno? – Não fazia sentido. Tínhamos acabado de passar a tarde juntos.

– Senti saudades. – Ele fez um bico engraçado, que de alguma forma me tirou ainda mais do sério.

– Passei a tarde toda com você ontem. Saudade um pônei!

– Se eu te disser que continua sendo saudades vai me dar um soco, certo?

– Eu podia estar dormindo. – choraminguei.

– Você ta muito linda com esse cabelinho levantado.

– Aff. – aAbracei minha própria cabeça, afundando no sofá ao lado dele. – Ta, o que você realmente veio fazer aqui?

– Te buscar pra surfar. Não é divertido?

– Claro que não. – Ele estava... doido?

– Por quê? Você devia estar animada, sabia?

– Igor... Eu não estou animada e nem quero ir... Porque eu tenho medo do mar! E pavor de estar no mar com você ainda mais. – Entrar naquela água gelada e apavorante a essa hora. Estava totalmente cora de cogitação. –  Você sabe disso, Igor!

– Sei? – Sua cara confusa não teve qualquer efeito contra mim. Continuei mal-humorada.

– Devia saber.

– Desculpe se bati a cabeça e perdi minha memória, e não posso me lembrar de tais detalhes.

– Afz, não faz isso. É maldade. Eu não fiz de propósito, não quis magoar. – Ele me olhou de um jeito sofrido. Como se estivesse mesmo magoado. Minha consciência começou a martelar. Tentei me defender, mas aqueles olhos não deixavam! – Você nem deve estar magoado.  Não, não, não, nem me olha assim. Igor!

– Por favor?

– Eu te odeio. – bati a almofada na minha própria cara.



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