Capitulo 07 - Torre de Astronomia

   - E como foi? – Ashley perguntou sem esconder a curiosidade e a excitação, enquanto Tracy não tirava os olhos e os ouvidos da conversa.

- Foi legal – responde timidamente Lily

- Só legal? – perguntou Tracy decepcionada.

- É... – Lily respondeu pensativa, colocando a mão embaixo do queixo e lembrando-se exatamente da noite anterior.

... Ela estava ansiosa e indecisa andando de um lado a outro no dormitório das garotas, até que tomada por um impulso resolve descer as escadas. Se arrependendo de fazer isso no terceiro degrau tenta voltar, mas era tarde de mais, James já a vira. Juntos eles entraram debaixo da capa a invisibilidade, ficando um pouco apertado para ambos.

James podia sentir o corpo torneado da ruiva, como ela era perfeita, pensava ele. Tomados por um constrangedor silêncio nenhum dos dois deu a primeira palavra. Lily constantemente pisava sem querer no pé do James, corando loucamente ao fazer isso, mas para seu alivio ele puxara a capa e a dobrara sobre as mãos, finalmente chegaram à torre de astronomia. Precisaram arrombar algumas portas, mas tudo bem, iria valer a pena, garantira James.

- Chegamos - anunciou o garoto

- Sim – é claro que tinham chegado, mas Lily se segurou para não dar mal resposta  -  e qual é a surpresa?

- Ali – responde James apontando para um telescópio em cima de uma mesa

- Oooooooh! Que surpresa – responde a ruiva ironicamente – James, isso não é surpresa, todos nós temos um telescópio, faz parte da aula de astronomia, não se lembra?

- Calma, não é o telescópio, e sim o que vamos ver no telescópio – disse James como se fosse algo muito obvio.

- Então vamos lá – Lily estava impaciente, querendo terminar o mais rápido possível com isso

Aproximaram- se do telescópio, James aponta para Lily baixar e encostar um olho no local indicado para enxergar. O telescópio já estava apontado para o local que James julgara certo.

- Consegue ver alguma coisa? – pergunta James

- Nada que eu já não tinha visto antes.

- Deixe-me te ajudar – disse James, aproximando-se de Lily e encostando seu corpo sobre o dela, fazendo-a colocar-se de forma ereta imediatamente. Virando-se da de cara com o rosto de James muito próximo ao seu, ela podia sentir a respiração do rapaz, será que ele também podia sentir a respiração ofegante dela? Sem ter controle algum sobre si, Lily sentiu seu coração bater mais descompassado.

- James – ralhou Lily - Não faça isso.

- Relaxa lindinha – disse James – Eu sei o que te prometi antes de virmos para cá, e vou cumprir, agente não vai fazer nada – disse ele.  Que você também não queira pensou James. – O que eu pretendo é focalizar o telescópio na direção certa, confie em mim, pela primeira vez.

- Ok –Lily muito insegura respondeu, será que estou permitindo ele ir longe de mais? 

Lily voltou à posição original, colocou a face próxima ao telescópio, encostou um olho no visor do aparelho, curvando-se levemente, James se aproxima, coloca uma de suas mãos encima de uma das mãos de Lily, que se repousava encima do aparelho, aproxima o seu maxilar próximo a nuca e Lily, encostando-se suavemente nela, fazendo-a arrepiar-se completamente. Foi o frio disse ela pra si mesma. A outra mão, James passa para o outro lado do corpo da ruiva, até chegar ao local indicado que muda a posição do aparelho, agora James podia sentir completamente o corpo dela, podia sentir o calor que emana do corpo da garota, podia sentir a respiração dela, que ele jurava que estava semi-cortada. Girou o aparelho em 15 graus ao sul.

- Consegue ver? – Pergunta James

- Sim... – O que é aquilo?

- É uma constelação – responde James

- Que linda – disse Lily encantada, olhando para uma constelação que ela poderia jurar que estava em formato de uma face, a sua face – Como é o nome dela?

- Lily Evans – responde James – Eu a descobri há uns anos atrás, procurei em todos os livros de astronomia e ninguém havia a descoberto antes, então eu tomei a liberdade de nomeá-la com a face da pessoa que ela mais me lembrava.

Lily ficou sem palavras. E isso é bom, pensara James.

- Como ela é linda – finalmente diz Lily

- Claro, ela se parece com você... – o moreno deu de ombros

Riram gostosamente os dois.

- Você não perde uma oportunidade de me cantar? – perguntou ela quase afirmando

- Opa, nunca é tarde para tentar novamente – James responde com um sorriso maroto no rosto 

De duas uma, ou Lily estava ficando louca, ou James estava ficando incrivelmente atraente banhando somente pela luz luar que emanava sobre os dois.

Um vento gélido paira sobre a torre, fazendo Lily cruzar os braços de frio.

- Está frio aqui – diz ela andando em direção a saída, passando por James – Está na hora de voltarmos.

- Sim, claro - responde ele pegando Lily por um braço puxando-a para si, fazendo o corpo dela colar ao seu, o calor do acontecimento fez James esquecer de tudo, de quem era, o que estava fazendo e sequer lembrava o que havia prometido, a única coisa que importava para ele era este momento, um momento raro e único, provavelmente ele nunca mais teria outra chance como aquela, aqueles lábios suculentos não permitia que ele pensasse em mais nada, o desejo de colar seus lábios nos dela era incrivelmente forte, ele queria resistir, não era pra ser assim mas não conseguia. Enfim, o desejo gritou mais alto, beijou-a no inicio timidamente, pois o medo de ela não corresponder havia tomado conta de sua cabeça. De inicio ela não correspondeu, mas James sentiu sua boca se abrir aceitando o convite, quebrando a barreira criada pela própria Lily e ambas as línguas se encontraram com o mesmo desejo se entrelaçando em uníssono. Ambos podiam sentir seus corações baterem mais fortes do que o permitido, ambos podiam sentir as faíscas que um emanava do outros, ambos tinham de admitir que se encaixavam perfeitamente, como se na hora da criação fosse feitos exatamente um para o outros compartilhando o mesmo desejo, com a mesma finalidade. O beijo não demorou muito, dez segundos talvez, um pouco mais ou um pouco menos, mas para James foi mais do que ele poderia ter pedido e imaginado, fora perfeito, tanto que palavras não poderiam descrever. O melhor beijo que ela havia dado em toda a sua vida, nenhuma outra garota já o fez sentir tamanho frio na barriga, nenhuma garota o fez sentir tamanho desejo, tamanha felicidade.

Lily nunca havia beijado ninguém até agora, como alguém podia ser tão atrevido ao ponto de roubar um beijo seu? Sim, James havia roubado um beijo dela. Porem, ao sentir o toque dos lábios do garoto tocando com suavidade sua boca, ela não pode resistir, o calor que irradiava do corpo dele, tomara conta do seu corpo, ela já não mais sentia frio ela se sentia aconchegada nos braços do rapaz, ela sentia vontade de beijá-lo, sentia vontade de mordê-lo, de abraçá-lo. Entretanto ela tinha que colocar um basta nesse sentimento louco, o sentimento não poderia existir. Esses poucos segundos de loucura ela iria escondê-lo no fundo de seu coração, não contaria a ninguém, guardaria para si. Como James atrevera a roubar-lhe seu primeiro beijo? Mas tinha que admitir... Fora bom... Muito bom...

- Tem certeza? – pergunta Ashley tirando Lily de seus devaneios.

- Sim, já disse – responde Lily – Ele só me levou para ver uma constelação qualquer, depois voltamos para cá – deu ela de ombros – Agora podem parar de me encher mais com isso?

A poucos metros dali, no dormitório dos garotos, James narrava para uma curiosa platéia de mais ou menos cinco garotos exatamente a mesma historia. Ao finalizar, Sirius o puxou de lado.

- Parabéns, é assim que se faz. A partir de agora vai dar tudo certo – finaliza Sirius levantando-se e indo em direção a porta do dormitório, sorrindo pelo amigo.  

- Espero que sim, pois eu me sinto mal por isso – disse levantando-se também- Me da à impressão que eu estou forçando a barra, fazendo-a fazer algo que ela não queria.

- Não é impressão – interrompe Sirius – você está forçando a situação, literalmente sim, você está.

- Obrigada Almofadinhas, com certeza era isso que eu queria ouvir – ironizou James.

- Mas se tratando de Lily Evans, você só iria conseguir algo com ela fazendo uso de artifícios especiais, me entende? É por uma boa causa, no final, você ira me agradecer pode apostar – disse Sirius saindo do dormitório, sendo seguido por James.

Na outra extremidade do castelo, exatamente no salão comunal da sonserina Severo Snape lia atentamente a intrigante historia que ele custava acreditar. Minutos antes, uma coruja da escola havia chegado a ele, com a narrativa do ocorrido, seu espião estivera atento.

- Deixe me ver se entendi – começa ele falando baixo, para que ninguém no salão comunal ouvisse – então James Potter teve a audácia de sair no meio da noite, acompanhado por Lily Evans, rumo à torre de astronomia, e lá em cima ele a beijou, e ela se deixou envolver por aquele traidor do sangue? – perguntou para si mesmo, tentando colocar os pensamentos em ordem.

- E que ele havia descoberto uma constelação? – continuou o moreno imerso em pensamentos – Aquele idiota mal consegue descobrir que dois e dois são quatro, imagina descobrir uma constelação! O que mais me admira é a Lily se deixar levar por uma balela como aquela, vou pesquisar a fundo a tal constelação até chegar a verdade, se preciso for, criarei uma verdade – concluiu rasgando a carta, não poderia se dar ao luxo de produzir provas contra si mesmo, ou revelar a identidade de quem está sendo de grande valia para ele.

Severo levanta-se, desce ao dormitório dos garotos pega alguns livros de astronomia e sobe para o saguão de entrada, passa por vários estudantes, o papo rolando a solta, era domingo, um dia ensolarado, estava quase chegando o verão, o frio já se fora, fazia um pouco de frio nas manhas e ao cair da noite, entretanto, os dias eram quentes e ensolarados.

- Gentinha insignificante – pensava ele, olhando para todos os lados, a procura daquela ruiva que não conseguia tirar dos pensamentos, aquela ruiva que invadia sua mente todas as noites antes de dormir e ousava ser a protagonista de seus sonhos mais proibidos. Sonhos estes, que ele começava a desconfiar pelo andar da carruagem que jamais se tornariam realidade. NÃO, ela não poderia permitir, teria que fazer algo com muita urgência. Nada importava se o sangue de Lily era ruim, isso não mudaria o que ele sentia.

Chegou à biblioteca sem ao menos perceber, já estava sentado em uma mesa, com mais de 10 livros de astronomia, todos abertos no capitulo de constelações, nada, ele não consegui achar nada sobre uma constelação, que segundo sua fonte, tinha formato de uma face.

- Impossível – exclamou ele frustrado. Era impossível não existir tal constelação, Lily havia visto! E ela era muito boa em astronomia, não havia muita coisa em que ela não era boa. Entende tudo a respeito do assunto, não seria enganada com facilidade. Severo não conseguia digerir a idéia de que James havia mesmo descoberto uma constelação, mas como os outros bruxos não haviam descoberto antes? Se um misero estudante traidor do sangue havia descoberto, significa que bruxos especializados no assunto deveriam ter descoberto, simples assim. Severo não iria engolir essa, não mesmo. Tinha algo errado, se tinha. E ele iria descobrir o que era.

- O que é impossível? – pergunta uma bela jovem, de rosto fino, cabelos negros e muito lisos, Severo a conhecia de algum lugar, de onde?

- Quem é você?– pergunta sem tirar os olhos do livro, encarando-a de esguelha.

- Sou Jessy Brennan - responde ela gentilmente. Claro, como não me lembrava dela, a apanhadora da corvinal, repassava mentalmente Severo – Fui transferida de casa recentemente, e pelo que me parece você também é um sonserino, não é?

- Sim, talvez você espere um prêmio por chegar a tal conclusão– reponde o moreno secamente, deixando claro que não estava a fim de papo, muito menos de ser simpático.

- Bom... – continua ela sem notar o tom de ironia da voz dele – Estou precisando conhecer meus novos colegas, conheço muito pouco da casa de sonserina, talvez você possa me ajudar?

- Adoraria, mas estou muito ocupado no momento, quem sabe outro dia? – responde ele forçando simpatia ou com novo tom de ironia, impossível descobrir, julgara Jessy – Preciso ir agora, se me der licença – diz pondo-se de em pé e pegando seus livros

- Espere, vamos fazer um acordo – propõe Jessy – Sou muito boa em astronomia, se eu te ajudar com seu trabalho, irá sobrar tempo pra você, sendo assim, você terá tempo para me situar na minha nova casa, topa?

- Tentador, mas não, obrigado

- Por favor – implora ela – Olhe só, eu te ajudo e depois, quando tiver tempo, você me apresenta para a turma, tudo bem?

- Tudo bem – responde Severo, não adiantaria insistir, ela o iria infernizar até ele aceitar – você conhece alguma constelação que tenha a face de uma pessoa?

- Não que eu saiba, mas...

- É exatamente isso que é impossível, existe uma pessoa que afirma categoricamente que existe, mas em nenhum livro faz referencia a tal constelação.

Passaram mais de uma hora na biblioteca, consultando livros, mapas, almanaques e nada, nada de constelação em formato de face.

- Tem um jeito de descobrir – afirma ela

- Qual?

- É óbvio – faz cara de incrédula – indo à torre de astronomia e buscar a tal constelação

- Se a senhorita-gênio não percebeu, ainda tem um sol enorme lá fora, que ofusca todo o brilho das estrelas. 

- Então vamos à noite – soluciona ela – que foi? – disse ao ver hesitação na face de Snape – Tem medo de andar a noite pela escola?

- Não – responde na defensiva – Claro que não, o problema é que não podemos ser vistos desfilando por ai.

- Não esquenta – sorri – Eu tenho a solução, conheço uns segredinhos...

 Continua.