Sakura Pov

Estávamos no carro.

O silêncio era tão grande que podíamos ouvir grilinhos fazendo aquele barulhozinho irritante:

Cri... Cri... Cri...

Eu queria abrir minha boca, falar alguma coisa, contar uma daquelas piadas do Joãozinho... Mas tinha medo de intensificar nossa falta de comunicação (se é que isso é possível!).

Sasuke apertava o volante fortemente, como se tivesse lembrado algum acontecimento preocupante. Algo como a morte do seu cachorrinho ou o chifre que sua ex-namorada lhe passou...

--- Sasuke? --- Quebrei o silêncio --- Você está bem?

--- Ele... O Sai... O que ele é seu? --- Sasuke perguntou com o semblante sério, preocupado... Aquele semblante que os psicopatas usam quando pensam nas cinquenta formas mais macabras de matar um ser humano.

Número um: Prender um cara num quarto com o stereo tocando aquela músicazinha de funk infernal que só sabe dizer: “Chão, chão, chão, chão... Mais uma vez!”.

Se o individuo não morrer... Bem, simplesmente corra para o mais longe que puder.

Ele não é um ser humano.

Acho que você entendeu, né?

--- Bem... Eu e o Sai? --- Ele confirmou com um aceno de cabeça. ---Amigos. Por que o interesse?

Ele parou em um sinal vermelho e me olhou.

Me examinou minuciosamente, procurando alguma coisa que denunciasse que eu estava mentindo (coisa que não estou fazendo).

Ele relaxou os músculos e depois sorriu. --- Não era nada... Só achei que vocês eram algo mais pelo jeito que ele te olhava.

--- Nunca pensei nele como algo mais que como um amigo. --- Falei dando de ombros.

--- Isso é realmente uma boa notícia... --- Depois de dizer isso ele deu um daqueles sorrisos tarados e olhou para meus seios.

Dei um murro no braço dele no mesmo segundo. --- Ai! Também não precisava ser tão agressiva...

--- Se você não fosse tão safado eu teria repensado antes de te bater!

Cruzei meus braços, fiz biquinho e passei a olhar pela janela durante todo o trajeto.

Quando finalmente chegamos, tentei abrir a porta do carro. Travada.

--- Sasuke... Abra a droga da porta da droga do carro, droga!

--- Você fica linda enraivecida. --- Ele acariciou meu rosto com o polegar. Tentei demonstrar irritação, mas o rubor acabou vencendo.

--- S-Sasuke... E-Eu...

--- Shhh --- Ele colocou o dedo indicador em meus lábios. --- Não fale nada. --- Ele murmurou.

Colocou sua mão na minha nuca e me puxou lentamente.

Meu coração palpitava como nunca palpitou antes.

Eu queria... Eu precisava dele... Do seu toque... Dos seus lábios juntos aos meus...

E então aconteceu. Ele me beijou.

Eu já havia sido beijada antes, mas... Parecia a primeira vez.

Seu outro braço envolveu minha cintura e me puxou para mais perto.

No momento nada mais importava. Só eu e ele.

Quando nos separamos um surto de realidade me atingiu: EU CONHECI ELE ONTEM!

--- O que você fez? --- Murmurei.

--- Você sabe o que eu fiz, afinal... Você gostou, não foi?

Eu senti meu rosto esquentar.

--- Sasuke... Não acha que estamos sendo apressados demais?

--- Sim... Também senti isso no começo. Mas até você sente que algo nos atrai.

Eu não podia negar. --- Acho que o destino tem uma parcela dessa culpa... --- Falei lembrando-me das circunstâncias em que nos conhecemos.

--- Podemos ter nos conhecido ao acaso, mas não é ao acaso que temos essa ligação. --- Ele afagou meus cabelos e falou. --- Vamos nos dar uma chance... Nos conhecer melhor...

--- M-me dá um tempo pra pensar no assunto? --- Gaguejei.

--- Tudo bem. --- Sasuke se aproximou e sussurrou no meu ouvido: --- Pode me dar uma resposta até sexta-feira?

Eu não gostava da sensação que ele exercia sobre mim. Não gostava de como ele me fazia perder o controle... a linha de raciocíneo...

Respirei fundo tentando controlar meus hormônios. --- Sasuke, abra a porta. Depois falamos sobre isso.

Ele suspirou e destravou sua porta, logo aconteceu o mesmo com a minha.

--- Até amanhã, Sakura. --- Falou dando seu melhor olhar 43.

--- Até. --- Sorri e saí do carro.

Entrei no condomínio logo depois que ele deu a partida e se foi.

Procurei meu apartamento. Entrei.

Abri a geladeira. O som de grilinhos ecoava de lá.

Cri... Cri... Cri...

Sem sorvete... Sem chocolates... Sem sossego... Sem os beijos viciantes de Sasuke Uchiha...

E agora? O que eu faço?