Angels Cry escrita por SnakeBite


Capítulo 27
Capítulo 27: Medo de Ter Medo Part II


Notas iniciais do capítulo

geeeente, babei com esse capitulo *-* /Shaai



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  Eu estava deitada do lado de uma piscina, e estava chovendo. Chovendo muito, mesmo. Um temporal.

  De repente, pára de chover e (eu falei que era um sonho esquisito) o Syn aparece com uma caixa cor-de-rosa nas mãos, e se senta do meu lado, me dando a caixa de coração. Quando eu abri, tinha chocolates dentro. Eu o encarei e disse que odiava chocolate, e era obrigação dele saber disso.

  Ai, como num passe de mágica, o Syn se transforma em uma xícara de chocolate quente e falante.

  Aí eu acordei, com papai fazendo chocolate.

  Calcei as pantufas de coelho e rumei a cozinha. Espirrei.

-Saúde.

  Agradeci, me sentando na mesa. Outro espirro.

-Meu deus.

  Sorri.

-Hoje nós vamos dar um jantar.

  Papai disse, enquanto colocava uma xícara do chocolate para mim.

-Um jantar?

-É, de comemoração.

-Comemorando exatamente o quê?

  Perguntei, pegando a xícara do chocolate.

-Sua avó Mary vai vir passar uns tempos aqui, conosco.

  Vovó Mary? Meu deus, nem podia acreditar! Eu não a via desde os meus doze anos. Sentia saudades da vovó, ela era tão engraçada, têm 50 anos, mas parece uma perua de 35. Me lembro ainda quando ela contava as historias dela quando era mais nova, de quando teve que fugir com o vovô Terry para poderem se casar, por que ninguém gostava dele.

-Quando a vovó vêm?

-Hoje, o vôo dela chega ás seis. Preciso que vá buscá-la, tenho que preparar o jantar.

-Hm, sem problemas.

  Tomei café e em seguida minha porta sofreu uma leve batida. Quando abri, vi um homem baixinho com um buquê de rosas na mão. Coloquei uma mexa de cabelo atrás da orelha e franzi a testa.

-Pois não?

-Srta. Lisa?

  Assenti; ele me ergueu o buquê e em seguida me mandou assinar. Assinei e agradeci, fechando a porta.

-Quem era?

-Não sei. Só sei que deixou isso.

  Eu disse, colocando o buquê em cima da mesa. Papai, com uma ruga de confusão na testa, se aproximou, secando as mãos com o pano de prato. Me sentei na cadeira e peguei o cartão, que dizia em letras bonitas e conhecidas: “Á minha rebelde sem causa, D.”

-Dean lhe mandou isso?

  Assenti. Lembro que quando nós “namorávamos” (uma coisa que não passava de abraços e beijos na bochecha) ele assinava as coisas como D.

  Sorri comigo mesma.

  Balancei a cabeça, colocando o cartão entre as rosas. Papai me encarou meio duvidoso, mas sem ciúme.

-Isso não parece coisa de amigos. Eu mandava flores para a sua mãe.

  Ele voltou á cozinha.

-Papai, vou na casa de Brian, já volto!
-Volte rápido, heim.

  Fechei a porta e desci as escadas. Brian teve uma melhorada naquele resfriado, mas poderia ter recaído, não sei.

  Toquei a campainha, e espirrei. Jesus, Vênus deve estar soltando muito pêlo. Syn abriu a porta e cruzou os braços fortes, com aquele blusa branca de “mamãe eu sou forte” que nem a do Vin Diesel, e perguntou:

-Por que esse tal de Dean pode dormir na sua casa e eu não?

  Eu ri, erguendo as sobrancelhas.

-Como soube disso?

-Tenho os meus contatos. Agora, me responde.

-Ah, Syn, não me venha com essa... Dean é meu amigo, e...

-E eu não sou?

-Não é isso, seu bobo.

  Eu disse, entrando no apartamento dele e me sentando no sofá.

-Se você dormisse lá em casa, o povo iria logo pensar outras coisas.

-O quê?

-Que eu estou com você, por exemplo. Eles já estão pensando isso, só precisam de alguma confirmação. Essa historia de eu vir na sua casa todo dia já está quase virando um motivo.

  Ele se sentou do meu lado e, enquanto eu tirava os sapatos e me virava para ele, de pernas de chinês, ele falou, meio sério:

-Você vai me responder honestamente se eu te perguntar uma coisa?

-Pra que eu mentiria para você?

  Ele ficou um tempo em silencio.

-Você está namorando ele?

  Abri a boca, falando nada.

-Não.

-Então por que ele lhe mandou flores?

  Merda.

  Cocei a cabeça, engolindo a seco.

-Ele me mandou por que ele quis, isso não quer dizer que eu estou namorando-o.

-Você sempre fala que eu não posso lhe dar coisas.

  Disse, com um tom meio frustrado.

  Me cheguei para perto dele, segurando sua mão. Não o queria magoado comigo e, por alguma razão maluca e desconhecida, também não queria que ele pensasse que eu estou namorando Dean.

-Syn, eu já lhe expliquei por quê: Avril e o resto...

-Mas que merda, Lisa! Por que diabos você se importa tanto com elas?

  Ele perguntou, irritado, se levantando e gritando. Passou a mão da cabeça até o cabelo, enquanto eu tentava pensar em alguma resposta.

-Eu não quero que elas pensem que eu estou com você.

-Ah, obrigado, agora me sinto mesmo um drogado perigoso como o seu irmão falou.

-PARE COM ISSO, BRIAN! Está de palhaçada!

-Eu de palhaçada? Lisa, pelo amor de Deus, esclareça as coisas: você gosta ou não gosta de mim, pela milionésima vez?

  Respirei fundo, e respondi no mesmo segundo:

-É OBVIO QUE EU GOSTO DE VOCÊ, SYN!

-Então por que você fica me negando, Liss?

  Ele perguntou, se sentando do meu lado novamente, colocando meu rosto entre suas mãos, acariciando minha bochecha.

-Vamos lá, você sabe que não tem ninguém que a ame mais que eu, Liss... Não ligue para o que eles dizem, fique comigo, hm...

  Ele pedia, tentando me fazer encarar seus olhos. Senti algo na minha garganta quase me sufocando. Talvez lágrimas. Talvez medo.

-Não, eu não posso...

  Engoli a seco.

-Não, Syn. Pare, pare.

  Eu disse, tirando suas mãos do meu rosto.

-Por que não?

  Encarei seus olhos, ficando vermelha.

-Por que não, Lisa? Vamos, responda. Tem que ter um propósito, não á possível!
-Por que eu tenho medo, eu não sei!

-Medo de que?

  Respirei fundo, engasgada com aquela vontade louca e quase incontrolável de querer beijá-lo, misturado com esse tal medo. Era terrível.

-Por que eu? Por que você diz que gosta de mim, Syn?

-Por quê? Não entendi, o que diabos você está falando?

  Ele perguntou, irritado.

-Como eu vou saber se... Se... Se você não vai me usar e largar-me?

  Ele franziu a testa.

-Você realmente não pensa que eu sou capaz de fazer isso, não é?

-Eu não sei, Syn... Você é tão... tão... Lindo e perfeito, e eu aqui, essa coisa esquisita e sem graça... Me faz pensar por que você me quer tanto assim.

  Encarei-o, vermelha e com vergonha, apertando os dedos.

-Você... Você poderia muito bem conquistar uma garota mais, sei lá, mais bonita, mais inteligente. Por que eu chamei sua atenção? Eu não tenho nada de chamativo, eu sou apagada. Por que você não correu para babar Tiffany ou Ashley, com aqueles salto-altos e aquelas minissaias? Elas estão sempre com o cabelo bonito, com as pernas saradas. Elas são mais lindas que eu, e... O que eu tenho que elas não têm? Ah, além das estrias e celulite na bunda, e a cara de doente, e a pele pálida... Sem contar que elas têm pelo menos bunda para preencher a porra da calça jeans.

  Com um sorriso disfarçado na cara, ele se aproximava de mim.

-Elas são tão cobiçadas na escola, são tão queridas pelos meninos... Por que você não tenta ficar com elas? Elas são mais fáceis, mais gostosas e com certeza você vai ganhar um status bem grande de garanhão pegador na escola, o que você não vai ganhar se continuar com a esquisitona que gosta de Guns.

  Ele já estava bem perto de mim quando me puxou pela barra do short, a outra mão em meu pescoço, os olhos fixos aos meus.

-Eu não preciso de uma garota que tenha bunda. Eu não preciso de status na escola, não preciso de uma garota com o QI do tamanho saia que usa, não preciso de garota com pernas saradas nem que use salto.

  Ele parou por um segundo, para colocar uma mexa do cabelo atrás da minha orelha, enquanto eu limpava as lágrimas que escorriam dos meus olhos.

-Eu preciso sabe de quê? Sabe?

-Do... que?

  Perguntei, dando um breve soluço. Ele sorriu pequeno, acariciando minha testa, descendo o dedo até minha bochecha.

-Preciso de uma garota inteligente, uma garota forte, uma garota linda. Que veja show do Iron Maiden comigo e que saiba a diferença entre heavy metal e rock.

  Ri dele nessa parte, limpando novamente as lágrimas.

-Confesso que era o maior galinha da antiga escola, mas sabe o que me fez mudar de opinião?

  Ele parou novamente, senti sua respiração em meu rosto, calma e leve.

-Eu quis mudar assim que vi aquela garota baixinha de calça jeans rasgada e All Star sentada debaixo da arvore do pátio, na hora da entrada, cedo, com os fones de ouvido e a cabeça balançando enquanto escutava musica. Aquela garota com maquiagem escura, franja e blusa do Metallica. Aquela garota chata, perturbada e teimosa. Eu preciso dessa garota.

  Eu já estava afundando em lágrimas, soluçando, apertando a camisa dele em minhas mãos.

-A mesma garota metida a adulta, mas que tem um medo terrível de ser enganada, medo da perda. Aquela menina forte, aquela menina que sabe ser irritante e apaixonante ao mesmo tempo, aquela bendita garota que sabe mexer com uma pessoa.

  Ele respirou fundo, os olhos serenos no meu rosto.

-Aquela maldita Smurfete conseguiu o que nenhuma mais conseguiu: o meu coração.

  Rimos, e em seguida ele fez uma pausa.

  Meu celular tocou.

-Ahh...

-Desculpe.

  Sorri, pegando o telefone e entrando no banheiro dele, me encarando no espelho.

-Oi, pai?

-Onde você está?

-Na casa do Brian.

-Sua avó vai chegar mais cedo, umas três horas, pegou um vôo mais cedo. Preciso que vá buscá-la mais cedo.

  Droga.

-Ok, tchau.

  Sai do banheiro e encarei Syn sentado no sofá. Ele sorriu. Me sentei do seu lado, virada para ele.

-Você estava meio poético hoje.

-Pois é.

  Rimos.

  Aí eu vi que não dava mais para controlar aquela vontade que estava me matando por dentro, e não havia outra coisa para fazer; me incline na frente do Syn e entrelacei meus dedos em seu cabelo, beijando-o.

  Foi algo que nem deu para descrever. Ele já tinha me beijado várias vezes, mas nenhuma, não sei por quê, se igualou á agora. Talvez fosse pelo fato de que agora eu estava realmente disposta a beijá-lo, e não tinha aquela vozinha chata na cabeça falando para parar. Agora a única coisa que eu escutava era as batidas dos nossos corações.


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Notas finais do capítulo

muito reviews pela declaração fofa do Syn, povãão ! /Shaai.



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