B.K. School

Eu estava morta de saudade de minhas amigas da escola. Especialmente de June e Avril. Eram as que eu mais gostava, por causa dos nomes de meses em inglês. Junho era o mês do meu aniversario, e em Abril era o do meu cachorro, o único membro da família que me entende.

  Quando eu falava isso, Avril quase me matava.

  Enfiei os livros dentro da mochila com a maior pressa possível. Já estava atrasada para o primeiro dia de aula.

  Meu nome é Lisa Favret. Sim, eu não entendo por que as pessoas acham meu sobrenome tão diferente. Fala sério, é francês! Oque tem de mais nisso? Eu gosto, acho único. O bom é que as pessoas não me chamam pelo sobrenome, já que não tem nenhuma outra Isobel em toda a escola. Sou metade francesa, e metade americana, de descendência direta. Meu pai é americano, e minha mãe é francesa. Eu tenho um irmão, o Chad, que tem vinte e dois anos, que vive mais na casa da minha avó Anne Marie do que em casa.

  Eu tenho uma gata norueguesa, a Vênus, e um husky siberiano, o Clark. Clark devido a completa fascinação do meu pai por Smallville, que até agora eu não consegui entender o porquê. E também eu não sei onde estava com a cabeça quando aceitei por este nome no meu cachorro.

  Eu morei na França durante quinze anos, então, meu sotaque que me faz ser piadinhas ridículas dos garotos ainda não sumiu completamente. Com sorte, isso passa antes do meio do semestre. Pensamentos positivos.

  Eu sou magra, não tanto, mas magra moderadamente. Tenho cabelos lisos e negros, que batem na altura do meu busto.

  E eu sou baixinha.

  Pois é, não é algo de que eu me orgulhe muito, por causa da dificuldade de pegar livros na biblioteca. Ás vezes o Brian, um dos meus amigos, vai comigo para me ajudar, mas quando ele não vai, eu fico constrangida de ter que ficar pedindo para que peguem um livro para mim.

  Eu não sou muito sociável, e tenho apenas quatro amigos. A June e a Avril, o Jake e a Caroline. Caroline anda meio distante de nós três, já que se tornou líder de torcida. June disse que nunca mais será a Caroline meiga e fofa de antes. Acho que é muito cedo para tirar conclusões, minhas idéias não se baseiam com apenas conclusões.

  Eu aposto que a louca da Avril fez as benditas mechas cor-de-rosa no cabelo. Avril tem cabelo preto, liso, quase igual ao meu, exceto pelo tipo de corte. Sua franja é na diagonal, e a minha é reta. Ela estava perturbando o juízo da mãe para poder fazer as benditas mechas no cabelo.

  Ela está dando uma de punk agora, sabe?

  June é meio nerd, e ao mesmo tempo, patricinha. Mas ela não era que nem Ashley e Tiffany, as patricinhas esnobes da escola. Ela era aquela riquinha ajeitadinha que é bobinha e etc. ás vezes eu me irritava com ela.

-Bebê, ande logo ou vai se atrasar!
  Papai gritou, seu sotaque aflorado, da cozinha.

  É. Esse não era um dos meus apelidos preferidos.

  Gritei que já estava indo, e acabei de pentear meus cabelos, jogando a mochila por um ombro só e descendo as escadas correndo. É, não iria dar para não chegar atrasada, agora.

  Peguei uma maçã, beijei a bochecha de meu pai e sai andando.

-Não vai comer nada, mademoselle?

  Eu odiava quando ele falava francês dentro de casa. Minha mãe devia falar tanto que ele já estava começando a falar também.

-Não, estou atrasada.

-Seu carro ainda está no concerto, quer que eu a leve?

  Meu pai era completamente atencioso com a família inteira. Como meu carro estava no concerto, sei lá por que – meu pai apenas falou um bando de nomes com números e eu não entendi porcaria nenhuma –, e agora eu não tenho nada para me locomover a não ser o carro da June.

-Não precisa. June já vem me buscar.

  A sorte era que ela era retardada e dorminhoca. Deve ter acordado tarde, provavelmente, e vamos chegar atrasadas juntas.

  Quando coloquei os pés para fora de casa, seu Volvo cinza com um amassado na lateral – digamos que ela tem problemas para estacionar – estacionou na minha garagem.

  Sorri, vendo-a sair do carro e vir correndo em minha direção gritando meu nome.

-Liss!

  Este era o meu apelido.

-Ah, que saudades!

  Senti seus cabelos cacheados e ruivos em meu rosto, abafando o som das minhas palavras. Seu colete jeans com buttons de bandas de rock (que eu dei para ela) prendeu na minha blusa listrada preta e branca quando nos soltamos.

-Sabe, eu nem senti sua alta.

-Ah, pode apostar que eu também não.

  Rimos uma da outra.

  Eu disse, e ela cruzou os braços.

-Sei, lesada sou eu, né?

  Abraçamos-nos mais uma vez e entramos o carro. Quando olhei para trás, tive uma surpresa enorme ao ver Caroline no banco de trás.

-Oh, meu deus! Caroline!

  Tentamos nos abraçar dentro do carro em movimento.

  Eu disse que era cedo para tirar conclusões precipitadas! Mas por precaução, dei uma olhada para June, que balançou a cabeça em desaprovação. Ah, mas ela parecia estar muda...

  Aí eu vi a roupa dela. O uniforme das lideres de torcida, as madeixas castanhas claras em um rabo de cavalo preso com uma fita azul escura. Droga, era cedo demais para tomar conclusões precipitadas...