A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 7
Fixar um ponto, girar o bastão, acertar o alvo.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Mateus Scofield e narrado por Ryan Campbell



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Fixar um ponto, girar o bastão, acertar o alvo com a parte de trás, fazer uma meia lua, movimentos de defesa.

A rotina de treino era sempre à mesma, porem, infalível. Nunca havia conhecido um único inimigo que não fosse surpreendido pela técnica mais antiga de todas para se usar um bastão: Distrair e atacar.

Acordei mais cedo hoje, o sol nem havia nascido, minha conversa com o Steve mais cedo havia me preocupado. O jovem jogado aos meus cuidados, James, parecia não ter chance naquele lugar, precisava treinar o garoto para que ele sobrevivesse naquele mundo hostil, e para isso deveria ser ainda mais habilidoso.

Fixar um ponto, girar o bastão, acertar o alvo com a parte de trás, fazer uma meia lua, movimentos de defesa...

As horas passam, continuo treinando golpes com o bastão quando Hammel vem correndo em minha direção.

-Campbell, corre! Mark disse pro Steve fazer uma gincana!

Guardei o bastão e desci um morrinho para ver o que Mark estava tramando, apesar de errado era fascinado em ver os novatos se ferrando um pouco. 

Quando cheguei lá, vi Steve dizendo para os novatos que deveriam trazer comida, quem trouxesse mais ganhava um banho, quem trouxesse menos lavava a roupa suja.

-Você é um sádico Mark, olha para o meu tutelado! Você que deu a ideia dessa competição?- cochichei. Ele sorriu aquilo significava um sim.

-Ótimo, veremos o que vai achar assim que meu magrelo quebrar o seu aprendiz tapado. - Ambos rimos, não acreditava em minhas próprias palavras.

Os garotos saem para o mato. James é o ultimo a sair, tapado.

-Iai Campbell, como vai com seu aprendiz esquisito?

-... Bem.

- Me levanto e saio andando, precisava conferir algo.

-Aonde vai Campbell?

Embrenho-me no mato, sigo as pegadas. Não demorou muito para que eu visse algumas pontas de flechas nas árvores, animais correndo e barulho de estalos, gravetos quebrando com alguém de peso pequeno, me escondo no mato até ver na minha frente: James estava apanhando para alguns animais da floresta, ele era uma negação caçando. E eu acho isso engraçado! Fico ali olhando o garoto caçar um tempo, ele vai se afastando, o sigo com o olhar.

Subo em uma pedra e me escondo no meio das folhas para observar sem ser percebido, de lá vejo um homem de roupa azul, vermelha e branca. Ele carrega um arco.

Desde criança meu pai me ensinou uma coisa. Sempre que ver alguém com essas cores, mate. Pois nesses tempos de guerra não podemos dar uma chance à eles, pois fariam o mesmo.

O homem se posiciona perto de um morrinho de folhas e olha fixamente para James. Pega uma flecha, estende a linha do arco e então a posiciona a pontando para o garoto que caçava sem perceber a presença do inimigo.

Fixar um ponto, girar o bastão, acertar o alvo com a parte de trás, fazer uma meia lua, movimentos de defesa. Nunca falha.

Depois de acertar o rosto do arqueiro, jogo o seu arco para longe com meu bastão, ele pensa em gritar mas lembra que não havia ninguém para ajuda ló, mas haviam pessoas interessadas em lascar um três cores. Qual o problema com o uniforme dele? Bom, sempre dizem que nosso país é perfeito, mas não é.

 À anos temos sofrido com batalhas sequentes contra a França, um reino do outro lado do mar, muitos soldados e espiões vem para cá para nos saquear e desestabilizar nossas terras. Desgraçados.

Com um único golpe enfio a ponta do bastão na garganta do infeliz.

De volta ao acampamento vejo os veteranos fazendo a contagem de mantimentos, não me aproximo olho de longe tentando contar mentalmente o número de mantimentos pegos por James. Nesse momento um lobo apareceu atraído pelo cheiro dos cadáveres. Não foi problema para meus colegas, já havíamos enfrentado coisas muito maiores. Aquele momento haveria de passar despercebido se não fosse uma pequena coisa. James não era tão inocente quanto parecia.

O garoto mirrado pegou os coelhos da pilha ao lado dele e depois ficou silencioso. Parvo! Acabara de roubar de seu colega por um simples banho!

Nas horas que se seguiram mandei o fazer varias tarefas sem utilidade simplesmente para cansa lo, para castigar o que ele havia feito. Após cada tarefa perguntava lhe se ele queria me dizer algo, ele sempre negava, e eu o mandava fazer outra tarefa.

De noite e bem depois do prazo máximo de treinamento não aguentei, perguntei de uma vez:

- Vai tomar seu MERECIDO banho?

- Sim senhor. O senhor quer que eu faça algo antes?

- Que tal devolver algo que pegou sem pedir?!

- Han...

-Não sei como as coisas funcionavam onde você vivia antes garoto, mas aqui é diferente, aqui cuidamos uns dos outros não importa o que aconteça, não traímos NUNCA um amigo. Muito menos para nos dar bem a troco deles.

-Ok – disse ele apavorado.

-Hora de enfrentar seu castigo.

-Por favor, não me mate.

Parei por um instante.

-Não ouviu o que acabei de dizer? Não importa o que aconteça, nunca traímos um amigo por aqui, você é meu amigo agora, vou ficar quieto, mas vai ter que trabalhar o dobro pra compensar. Steve disse pra eu proteger você, é o que vou fazer garoto.

Ele sorriu meio envergonhado, sempre escondido de baixo daquela capa.

-Obrigado.

-De nada, só prometa não trapacear mais ok? Se não te bato até não conseguir mais andar. E arranco seus olhos. E nunca se esqueça dos meus conselhos!Serio!

-Ok. – Ele ainda parecia muito assustado.

-Certo garoto, quer que te leve até o rio? Tá escuro e perigoso por lá.

-NÃO! Vou sozinh...o.

-Ceeerto.

-Obrigado. – Disse ele correndo para longe de mim.

Estranho, ele parece esconder alguma coisa ainda, ou isso ou o brinquedo dele realmente é muito pequeno... Hum, curioso.


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