Imperfect Life escrita por larah16, annylopez


Capítulo 7
Feliz Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Oii gentee!
Mais um capítulo aqui pra vocês! Vamos ler!



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Bella PDV

No domingo eu fiz questão de ficar na cama até a minha bunda ficar doendo de tanto rolar na cama. Não estava muito animada para esse dia. E como eu não fazia questão de que fosse meu aniversário, e nem de que ninguém notasse, apenas escovei os dentes e desci de pijama e com o cabelo todo desgrenhado.

- Bom dia, maninha! Como está se sentindo, hoje? – Adriana perguntou, assim que eu cheguei ao pé da escada.

O que é que deu nela?

Passei por ela e fui até a cozinha. Peguei uma fruta qualquer e subi de volta para o meu quarto. Nem dei por falta da minha mãe, afinal, quem liga? Eu não sentia falta dela, e também nem perguntava se eu tinha um pai. As únicas vezes em que eu me dava por sua existência, era quando a briga dele e da minha mãe chegava até o meu quarto.

Eu nunca prestava atenção nessas, mas estavam acontecendo mais frequentemente que antes e ficava difícil ignorar quando eles começavam a gritar. Eram raras ainda, mas agora tinham pelo menos uma por semana. Eu não ligava muito, eles que resolvessem os problemas deles. Eu já tinha os meus e ninguém se preocupava com eles.

Amanhã começaria a minha última semana de férias. Nem parecia que dois meses quase inteiros já tinham se passado. E pensar que eu pensei que essas seriam as melhores férias da minha vida, acabaram se tornando meu pior pesadelo particular. Porque as férias são tão pequenas? A gente devia estudar seis meses, metade do ano, e a outra metade seriam as férias.

Porque as pessoas não podiam simplesmente ter idéias geniais como a minha?

Suspirei.

De repente uma idéia estalou em minha cabeça, e eu soube exatamente o que eu iria fazer hoje. Levantei da cama e entrei no meu banheiro, tomando um banho demorado. Assim que saí, coloquei uma roupa legal e arrumei meu cabelo num rabo de cavalo. Peguei meu mp3 e desci as escadas.

- Vai aonde? – Adriana perguntou, percebendo meu entusiasmo.

- Não interessa. – falei.

- Ai, morde aqui, onça. Parece que perdeu o dia de vacinação. Ta com raivinha, é?

- Argh! Pára de me encher o saco garota. – falei, descendo as escadas.

- Eu só quero saber aonde você vai, ué.

- Eu vou na casa da Ang, ta satisfeita agora? – falei e bufei logo depois.

Desde quando eu tenho que dar satisfações para a pirralha?

Abri a porta e ela veio até o meu lado, falando.

- Eu te amo. – me abraçou de súbito.

- Tá, ta. Dá licença que eu tenho que ir agora. – falei.

- Vai demorar? – perguntou, enquanto eu saía.

-O que é que deu em você, hein? – falei, e ela sorriu torto. – Vê se não derruba a casa, por favor, ta? Tchau.

Fechei a porta, deixando ela com uma cara de bestona na porta e saí. Coloquei minha playlist favorita no mp3 com músicas do Paramore, Avril Lavigne, Pink e vários outros cantores que eu gostava e rumei em direção á casa da Ângela. Era apenas no quarteirão ao lado do meu, então, cheguei lá em pouco tempo. Só espero que ela esteja em casa, eu nem avisei que viria.

Passei pelo belo jardim e toquei a companhia ao chegar na porta. Tirei meus fones do ouvido e guardei o mp3 no bolso da minha calça jeans, assim que a Dona Beth apareceu na porta. Ao me ver ela esbanjou sorrisos.

- Olá Isabella! Que surpresa. – ela falou.

- É..eu decidi de última hora, e acabei vindo sem avisar. Mas...algum problema? A Ângela não está aí?

- Ahh, não, ela está sim. – ela falou, e abriu a porta. – Entre, querida, entre.

- Obrigada.

- Tá bom, eu vou tentar...o máximo que eu conseguir..sim. Ok, então até mais. Tchau. – Ang falava ao telefone, na sala.

Ela olhou para mim um pouco nervosa, mas logo sorriu e veio me abraçar.

- Aainn amiga...que bom que está aqui.

Ela me soltou e me olhou com uma cara de quem está aprontando. Ela me deixou plantada na sala e correu pelo corredor ao lado até o seu quarto. Abanei a cabeça com a loucura dela e voltei para trás, olhando algumas fotos que estavam em cima da lareira. Eram fotos dela, da sua mãe, e de um homem que parecia um pouco mais velho que a Dona Beth, que eu não reconheci.  Fiquei olhando as fotos, distraída.

- Uêpa! – ela gritou me assustando. – Feliz Aniversário!!!

Desviei minha atenção das fotos e virei, dando de cara com uma caixa rosa bem na minha frente. A caixa era grande na largura e pequena na altura. Levantei o dedo indicador e abaixei a caixa para olhar para a cara dela, do outro lado, e arqueei uma sobrancelha.

- É pra você mesma, palhaça. Abre isso logo, antes que eu perca a minha paciência. – ela falou e jogou o presente em minhas mãos.

Aff, eu mereço.

Coloquei a caixa em cima do sofá, e me desequilibrei por causa do peso. Êita troço pesado. Contornei a mesinha de centro e coloquei a caixa, desajeitadamente, em cima do sofá.

- O que é que tem aí? – perguntei curiosa, começando a abrir a caixa.

- Abre logo, mulher.

Eu sabia que não devia aceitar, porque ela não devia me dar presentes. Ela era minha melhor amiga, mas não precisava ficar gastando dinheiro comigo. Mas não devia ser nada demais, então não custava nada aceitar. Ao abrir a caixa, minha boca se escancarou, e eu admiti para mim mesma que aquilo definitivamente não era para mim.

- Não, Ang, eu não posso aceitar isso. Me desculpa. – balancei a cabeça em negativa. – Eu não posso aceitar.

- Ah não Bella, nem vem que não tem. Eu não aceito uma recusa.

- Não, Ang. Definitivamente não. Isso.. – falei apontando para o presente – isso é muito caro.

- Não é não...eu comprei numa liquidação da loja de música. – ela piscou os olhinhos e juntou as mãos. – Aceita vai, please?

- Chantagem emocional não vale! – cruzei os braços. – Além do mais..o que eu vou fazer com esse teclado? – falei, olhando novamente o teclado Yamaha XM220 novinho em folha.

É tão lindo...Não..eu não posso tê-lo.

- Você vivia me dizendo que era louca para aprender a tocar teclado...eu só estou te dando o incentivo necessário.

- Mas mesmo assim. Eu não posso aceitar, porque eu não tenho como retribuir. – falei, insistente.

Sentei no sofá, e fitei o chão, para não ter que olhar a minha tentação e nem para o rosto da Ângela, que não devia estar para muitos amigos. Mordi o lábio inferior, esperando que ela falasse algo.

Pela visão periférica vi ela se mexer e parar na minha frente. Pigarreou, mas eu continuei a olhar o chão, sem coragem para fitá-la.

- Olha aqui, Isabella. É o SEU aniversário. E que eu me lembre eu não perguntei se você queria ou não, eu estou te dando! Agora faça-me o favor de parar de frescura e aceita logo esse presente de bom grado! – ralhou, nervosa.

Fitei-a, e estremeci ao ver a sua face toda vermelha e seu olhar de fúria. É, realmente ela estava nervosa. Sorri pela sua expressão engraçada e ela cerrou os olhos pelo meu divertimento. Parei de sorrir e suspirei.

- Não precisa ficar com esse bico todo, ta legal? Mas também tenta entender o meu lado.. – comecei, e ela fez menção de agarrar o meu pescoço. – Tá, ta, ta bom. Não precisa me matar. Eu aceito, então, sua chata. Mas você me paga, ta?

Levantei do sofá e a enlacei num abraço apertado. Vi a cabeça da Dona Beth aparecer sorridente na cozinha e acenei. Ela sorriu largamente, piscou, e desapareceu.

- Obrigada amiga. – falei. – É lindo! – disse apontando para o teclado.

- É sim. Eu comprei assim porque sabia que você ia gostar, agora é só você dar um toque e ele vai ficar a sua cara.

- Claro. Bom, acho melhor eu ir embora. Eu deixei a monstrinha sozinha em casa.

- O que? Ah, não, não, não você não pode ir agora... – ela tagarelou, visivelmente perturbada.

O que deu nela?

- Porque não?

- Porque...porque você acabou de chegar!

- É, eu sei, mas eu tenho que ir.

Ai ai, mais essa agora. Porque todo mundo estava agindo tão estranho hoje?

Levantei do sofá, decidida, mas a Ângela me empurrou de volta. Olhei para ela pronta para brigar, mas ao ver a cara atormentada dela, engoli em seco. Fiquei examinando sua reação, ela passava as mãos na testa e agora andava de um lado para o outro.

- Você não pode ir...quer dizer..eu...eu

- Porque você não almoça aqui, Bella? – a mãe dela gritou lá da cozinha.

- É, é isso mesmo, você vai almoçar aqui hoje. – a Ang confirmou.

- Não, não dá. Por acaso você me ouviu dizer que a minha irmã ta lá sozinha? Eu não posso deixá-la lá...

- Aahh vai fica, por favor. Tenho certeza que a sua mãe não vai se importar...ela deve já deve estar em casa cuidando dela.

- humpf – bufei. – E como você pode ter certeza disso? A minha mãe não vai se importar se a Adriana morrer de fome mesmo não..ela só vai se importar se ela chegar em casa e ela estiver destruída.

- Ai ta, Bella. Ela não vai ligar...eu ligo pra ela, mas hoje você almoça aqui em casa, e depois eu te levo em casa.

Bati o pé no chão, e aceitei á contra-gosto. Ela ficou me distraindo, conversando amenidades, até que a sua mãe avisou que o almoço estava pronto. Era meio dia.

- Nossa, mãe, bem que a senhora podia ter atrasado um pouco o almoço, né? – Ângela falou, baixo, mas alto o suficiente para mim escutar quando entrei na cozinha.

Hã?

Olhei para ela, estranhando. Era impressão minha, ou ela estava tentando me atrasar? Franzi o cenho, observando-a. Ela estava com o pensamento longe, e seus olhos vagavam. Ou ela estava tramando alguma coisa, ou estava já armando pra cima de mim.

O almoço foi silencioso exceto pela troca de olhares entre mão e filha que me deixaram mais curiosa ainda. Como sempre, a comida da Dona Beth estava impecável, não chegava nem perto da comida da minha casa. É a diferença entre se fazer a comida com amor e fazer por fazer.

Mas minha cabeça não parava de me dizer que tinha alguma coisa acontecendo, e eu pareço ser a única que não está sabendo de nada. Resolvi esclarecer, antes que a minha imaginação fértil começasse a funcionar demais, e eu começasse a pensar que outras coisas tinham acontecido.

- Vocês estão escondendo alguma coisa de mim?

As duas se entreolharam por um momento, tenso, e a Ângela deu uma olhada de esguelha para mim, enquanto fazia sinal para a mãe dela falar alguma coisa.

- Claro que não, minha filha. De onde tirou essa idéia?

- Ahh, não sei, todo mundo ta agindo estranhamente hoje, como se tivessem escondendo alguma coisa de mim.

- Ah, deve ser só imaginação sua, Bells, deixa de besteira. – Ang falou, descontraída.

- Claro, claro.

É claro que tem alguma coisa por trás disso, e alguma hora eu iria descobrir.

[...]

- Anda, Ângela!! – falei mais uma vez, apressando-a. – Se você não sair daí agora eu vou embora e te deixo aí! – falei, socando a porta.

Já fazia mais de uma hora que a garota tinha ido se arrumar, e estava trancada no quarto até agora. Bufei, impaciente do lado de fora da porta. Agora mais do que nunca, eu tinha a certeza de que ela estava me enrolando.

- Pronto, vamos. – falou, saindo finalmente da clausura.

- Pra quê você se arrumou toda desse jeito? – perguntei, olhando o seu look. Ela estava com um vestido verde com rendas, o cabelo arrumado num coque estiloso e maquiagem na cara.

- Err..é que eu vou sair. – falou, sem me fitar.

- Aham, sei. Conta outra. Agora vamos logo.

Marchei até a sala e fui direto para a porta.

- Tchau Dona Beth! E obrigada pelo almoço! – gritei.

- Tchau, filha!

Abri a porta e virei para fitar a Ângela. Ela vinha, desengonçada, carregando a caixa com o teclado.

- Eu não aceito falha na entrega. – falou.

Peguei o teclado e saí a passos largos. Ela fechou a porta e correu ao meu encontro. Realmente eu estava com pressa. Queria chegar logo em casa, verificar que estava tudo bem e poder ir para o meu quarto passar o resto do meu aniversário á contar estrelinhas.

- Peraí, não precisa correr.

- Rum. Á essa altura a minha casa já deve ter desmoronado. Eu não confio tanto naquela peste que eu deixei lá.

- Nossa, e isso é jeito de se tratar a sua irmã?

- Fala isso porque não passou pelo que eu passei.

Abri o pequeno portão, constatando que a casa ainda estava inteira. Bom, isso era um bom sinal. Ângela pegou o teclado da minha mão, e mandou eu abrir a porta. Subi os degraus da frente, enquanto ela vinha sorrateira atrás de mim. Balancei a cabeça e entrei sorrindo.

- SURPRESAAAA!!

O grito ecoou pela sala, enquanto eu olhava a cena, estarrecida. Meu pai, minha irmã, minha mãe, vários tios meus e mais alguns colegas da escola cantavam a tradicional música de Feliz Aniversário para mim.

Mas porque...porque tudo isso? Pra quê?

Eu não estava esperando por aquilo. Essa possibilidade nem passou perto da minha cabeça. Meus pais fazendo uma festa de aniversário para mim? Era totalmente fora de cogitação.

- Muitas felicidades, muitos anos de vida! UHUHUHU, Viva a Tatiana!!

- VIVAAAAAA!!

É. Vai ver que talvez eles ficaram doidos.

Engoli em seco e rumei em direção ao meu quarto. Ao chegar na escada sinto um braço me impedir de avançar.

- Ei, aonde você vai, querida? – Charlie perguntou.

- Eu vou pro meu quarto. Eu não quero uma festa.

- Então por isso vai me deixar fazer papel de bobo na frente dos convidados?

- Eu não..pai..

- Por favor...a festa foi toda preparada, o pessoal já está aqui, fica pelo menos um pouco. – ele implorou.

Dei um suspiro e voltei para a sala, junto com o meu pai. Como em todas as outras festas, eu apaguei as velas, dei o primeiro pedaço do bolo, etc. Depois de cumprimentar todos os convidados, sentei no sofá me sentindo cansada. Olhei para a minha roupa simples para uma festa e pensei em colocar algo decente. Mas aí eu me lembrei que não tinha algo decente.

- Isabella, eu quero te apresentar alguém. – meu pai falou.

Levantei do sofá me perguntando quem eu ainda não tinha cumprimentado.

- Bella, esse é o Mike Newton...Mike, essa é a minha filha Isabella.

- Oi, Isabella. – o infame falou, com um sorriso no rosto.

- Aaahhh...é você.. – falei, mal humorada.

Meu pai saiu nos deixando á sós.

- A gatinha ta brava é? Eu posso te amansar rapidinho. – falou, gozador.

Dei uma risada falsa e disse – Coloque suas patas bem longe de mim, seu pegador imundo.

- Humm...sabia que eu gosto de gatinhas bravas assim?

- É mesmo? Que bom. Então vai procurar outra para o seu bico.

- Nossa, porque tanta raiva? – falou, dando um sorriso zombeteiro. Se aproximou mais de mim e falou – Nossa, você é gata demais, só tem um problema. A sua boca ainda está muito longe da minha.

- Nossa, que bom saber disso...questão de higiene mesmo, sabe? Agora deixa eu ir ali respirar um ar fresco, porque o seu bafo ta demais. – falei, com uma careta de nojo e dei a volta por ele tentando sair.

- Ei, espera aí gatinha. – falou, e eu me virei.

- Esperaí nada. Eu não sou seu capacho pra você usar quando bem entende. Sua atitude comigo lá na escola já me mostrou o tipo que você é, e eu quero é distância. – falei e bati na testa dele murmurando – Mané.

Fui até a cozinha buscar um copo d’água. E gargalhei ao admitir pra mim mesma o quanto eu tinha sido ótima ao falar aquilo para ele. Mas era o que ele merecia, afinal, ele tem que aprender que não pode ter tudo o que quer e na hora que quiser.

Mas também tive que admitir, duramente, que ver ele ali ainda mexeu um pouco comigo. É claro que eu não queria isso, mas era difícil resistir quando o coração diz que sim. Mas eu aprendi a me controlar, me tornei dona de mim mesma. Me mantive forte, sabendo que ele não valia nada. Era só um aproveitador de meninas inteligentes, só. Eu iria esquecer ele e ponto final.

[...]

A festa acabou antes das seis horas. A última que restou foi a Ângela e sua felicidade inabalável. Aquilo me dava nos nervos. Nem quando ela está morta de cansada ela não ficava triste. Uma pessoa não pode ser feliz sempre, pode? Deve haver algum motivo por trás disso.

A felicidade era para aqueles que não tinham outras coisas, mas eram felizes por terem só o que necessitavam, incluindo o amor da família. Será que era por isso que eu não era feliz?

Minha família foi capaz de esquecer tudo, se tornando egocêntricas, cada um pensando só em si mesmo?

- Isabella! – Ang me chamava, balançando as mãos na minha frente. – Ahh, acordou. Eu estou indo, amiga.

Levantei acompanhando-a até a porta. Eu a tinha perdoado por ter escondido essa surpresa de mim o dia todo. Ela foi cúmplice da minha mãe e ainda ajudou na ideia da festa. Mas eu a fiz prometer que não faria novamente, o que me deixou mais aliviada.

- Obrigada, amiga, por tudo. – falei.

Abracei-a e ela se virou para sair.

- E vai direto para casa, viu? Tô de olho, vou ligar para saber se você chegou! – gritei, enquanto ela saia pelo portão, gargalhando.

Fechei a porta e encontrei Charlie me observando, sorridente.

- Vai para o seu quarto, filha? – perguntou.

- Err...não querem ajuda com a bagunça?

- Não, eu e a sua mãe damos conta do recado. Vem, eu quero te mostrar uma coisa. – ele falou, pegando o meu braço.

Ele me puxou escada acima e eu o acompanhei. Não falei nada, já estava farta de atitudes estranhas por hoje.

Porque é que todo mundo estava sendo gentil? O que eu fiz para merecer aquilo?

Aposto que amanhã tudo vai voltar ao normal, e eu mais uma vez vou voltar a ser a menina esquecida de sempre. E ninguém vai notar.

Gosto da normalidade. É tão...normal.

Ele parou na porta do meu quarto e eu cruzei os braços, esperando. O que tanto ele queria me mostrar?

- Vem, é melhor você abrir. – ele falou.

Me aproximei da porta e abri num só movimento. Minha cama estava cheia de presentes em cima. Caminhei, desanimada, até sentar em uma brechinha da ponta da cama.

- De quem são? – perguntei.

- Dos seus tios e dos convidados.

- Porque? – perguntei e ele ergueu uma sobrancelha. – Porque fizeram tudo aquilo? Pensei que não ligassem para aniversários e muito menos para mim.

- Que isso, filha...é claro que nós ligamos e muito. Porque pensa assim?

- Eu não sei...é só que eu não sinto que vocês tenham tanta preocupação assim com o que eu faço ou deixo de fazer.

- Mas você está enganada. A gente se preocupa sim, você e a sua irmã são nossas prioridades. – ele sorriu. – Mas ok, chega de assuntos pesados. Não está notando nada mais de diferente aqui?

Vasculhei o quarto á procura de algo fora do lugar. Notei uma coisa fina e preta em cima da minha mesa e estudo. Levantei e me aproximei para olhar melhor.

- Aaaaaahhhh, pai! Que maravilhoso! Obrigada! – exclamei, abraçando-o.

- Não precisa agradecer, afinal, você também ajudou a comprar.

- Como assim?

- Eu convenci a sua mãe a usar o dinheiro que você estava ganhando, e eu completei o resto que faltou.

- Aaahhh – murmurei fitando o notebook enrolado em uma fitinha. – Não precisava pai.

- Não é verdade, eu sei que vai ser muito útil. – ele falou, afagando minha cabeça. – Mas deixa eu te perguntar...o que achou do Mike, minha filha?

- Ai pai, não me pergunte sobre aquele infame. Não acredito que você o convidou.

- Mas qual é o problema? Ele é um bom garoto.

- Humpf – bufei. – Só aos seus olhos. As aparências enganam sabia?

- Eu conheço os pais dele. E eu, particularmente, acho ele um bom cara para você.

- Aii pai, não vem com esse papo de namorado não. Eu acabei de fazer 14 anos! – falei, mal humorada.

Eu hein. Que papo mais estranho.

- Ok. É só que..você nunca apareceu aqui com um namorado..e eu pensei que...você não está namorando escondido, está?

- Não! É claro que não, pai! Agora chega, por favor, isso está ficando estranho. – falei, empurrando ele para fora.

Ele saiu gargalhando e eu fechei a porta.

Quando eu pensei que finalmente poderia deitar, ainda vejo o monte de presentes entulhando a minha cama. Ai fala sério! Fui até a cama, na intenção de jogar tudo no chão, quando vejo um buquê de rosas atrás de uma das caixas. Peguei o buquê e procurei pelo cartão, tentando adivinhar de quem seria. Achei um envelope e abri-o assim que peguei.

Para a rosa mais linda de todas.

Com amor,

Mike.

Aff.

Amassei o cartão e coloquei as flores em cima da mesinha e voltei até a cama, decidida a acabar com esse problema. Abri todos os presentes, que continham: uma blusa social, uma agenda *aff*, outra blusa, uma calça, um par de meias *hã?*, um tênis da Nike, e por último e o melhor de todos, um celular.

Fui até o canto do quarto e sentei, colocando o teclado em meu colo. Passei o dedo pelas teclas, absorta em pensamentos.

A atitude dos meus pais foi totalmente estranha. Depois que eu cresci, eles nunca mais tinham feito uma festa para mim. Tinha vezes que nem ao menos se lembravam que era o meu aniversário. Então porque simplesmente não se pouparam desse trabalho de me dar uma festa, eu realmente não ligava para aquilo mesmo. Como eu disse, não tinha graça comemorar a velhice.

Meu pai tentando empurrar o idiota do Mike para mim foi totalmente estranho. Pena que não era outro garoto. Aquele ali não prestava nada, e eu descobri de um jeito muito ruim. Argh, porque eu tive que gostar dele? Porque?

Só espero que esse novo ano na escola seja diferente. Quero dizer, eu quero que toda a minha vida mude daqui pra frente. Que portas se abram e meus sonhos se realizem. Tá, eu sei, isso é quase impossível. Mas é quase, e não totalmente impossível. O que me dá uma certa ponta de...esperança.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Comentem, não custa nada!! Eu fiz essa história com muito carinho pra vocês, e ela é importante pra mim também..então retribuam!! rs.
Beeeijos!



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