O Som do Coração escrita por angelaangel


Capítulo 8
Capítulo 8 - Um último adeus


Notas iniciais do capítulo

Bella tocando Alopogize :http://www.youtube.com/watch?v=mkF5CQDW3g8

Galera eu esqueci de por aqui a trilha sonora do capitulo desculpas gente
http://www.youtube.com/watch?v=82v0kX95EY0
ai esta o link da trilha
Espero que gostem
beijokas ;)



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Um último adeus



Edward POV:



Até que a
prova não tinha sido tão difícil... mas eu queria ter continuado no hospital
com a Bella! Como será que estava indo a cirurgia do Charlie?...



Quando eu
cheguei em casa minha mãe estava se arrumando pra ir até o hospital. Foi um
pouco difícil de pegar no sono depois de ter visto o meu tio daquele jeito. Às
vezes me pergunto o motivo disso tudo... por que a vida está sendo tão cruel
com ela, tentando tirar tudo o que ela ama? Não quero nem imaginar qual a
reação dela se o pior acontecer. Não! Isso não vai acontecer... Deus não faria
isso com ela.



- Por favor,
Deus... não permita que isso aconteça! - fiz uma súplica olhando para cima.



Eu caminhava
pelo corredor do colégio até o meu armário; era minha última semana de aula.
Quando abri o armário meu nome foi chamado pelo alto-falante.



“- Edward Cullen... favor se dirigir
à sala do diretor...”
.
O que poderia ser? Será que já haviam corrigido minha prova e eu havia me
ferrado?...



Quando
cheguei na sala dei duas batidas na porta; o diretor pediu pra que eu entrasse.
Sua expressão era de desconforto e ele pediu para eu me sentar.



- Aconteceu
alguma coisa com a minha prova Sr. Banner? - perguntei temeroso.



- Não, Sr. Cullen...
não é sobre a prova! - ele disse se sentando numa grande cadeira de couro
preto.



- Se não é
sobre a prova... por que o senhor me chamou? - perguntei confuso por estar ali.



- Você está
dispensado pelo resto da semana.



- Dispensado?



- Seus pais
me ligaram. - O Sr. Banner soltou um suspiro. - Pediram-me pra lhe avisar que
seu tio faleceu.



Quando ele
disse aquelas palavras, fiz punho com as duas mãos que estavam em repouso sobre
minhas pernas.



- O senhor
pode arrumar suas coisas e ir ficar com sua família... eu sinto muito! - ele
disse num tom melancólico.



Eu me
levantei ainda atordoado com aquelas palavras. Meu tio havia morrido. “- Bella...” - soltei num sussurro. Eu
podia imaginar como ela deveria estar com tudo aquilo.



Saí da sala
como um furacão, pouco depois do Sr. Banner me dar os pêsames. Eu queria estar
com ela, ela precisava de mim. Corri até meu armário pra pegar minha mochila. Peguei
meu celular discando o número da minha mãe e saí correndo em direção ao
estacionamento. O corredor estava vazio, indicando que mais uma aula já havia
começado.



- Mãe! -
disse assim que ela atendeu. - Eu estou indo pra aí! - eu disse ofegante e
tentando controlar minhas emoções.



- Edward,
não!! Eu quero que você vá pra casa! A Bella saiu daqui transtornada! Eu não sei
onde ela pode estar!! A Rosalie já a procurou em casa e ela não estava lá.
Agora ela está procurando a Bella em algumas partes da cidade! Eu preciso que
você fique em casa e me avise quando ela aparecer!! - a voz da minha mãe era uma
mistura de profunda tristeza e preocupação.



- Mãe eu
acho que eu deveria ajudar a procurar ela pela cidade também! - falei já
deslizando pra dento do meu carro.



- Edward, eu
preciso que alguém que ela confia esteja em casa, caso ela apareça lá... tenho
medo dela tentar... - minha mãe estava aflita.



- Ok! eu vou
pra casa. - disse me despedindo dela. Girei a chave na ignição e saí em
disparada do estacionamento do colégio.



Cheguei em
casa e perguntei à Nana, nossa cozinheira há anos, se a Bella havia voltado... pra
minha decepção, ela disse que não.



Liguei pra
Rosalie e perguntei se ela já a havia achado. Rosalie estava no cemitério onde
a mãe da Bella estava enterrada, mas ela não estava lá. Sentei-me ao pé da
escada e levei as mãos à cabeça, começando a digerir tudo aquilo. Charlie havia
morrido... eu estava com um nó em minha garganta.



- Charlie,
por que você teve que morrer?? - falei com raiva e tristeza. – Droga, tio!! - bufei
chutando o canto da escada.



Eu e meu tio
sempre fomos muito próximos... ele sempre me apoiou quando eu entrei pro time
de basquete, sempre me disse pra seguir meu coração que meus sonhos se
realizariam. E agora ele não estava mais aqui; aquilo era tão injusto. Quando
me dei conta as lágrimas já estavam rolando em meu rosto. Passei a mão para
secá-las... um gesto inútil... elas insistiam em expor a dor que eu estava
sentindo.



Levantei-me
respirando fundo e subi as escadas. Cheguei ao quarto da Bella; entrei e a cama
estava arrumada.



- Droga!
Tampinha, onde você se meteu? - disse me sentando na beirada da cama. – Pensa,
Edward... onde ela pode estar? - falei jogando a cabeça para trás.



Foi quando
algo chamou minha atenção. O closet, quando éramos crianças... ela sempre se
escondia no closet quando brincávamos de esconde-esconde... era tão fácil achá-la.
Ela sempre dizia que era um lugar seguro, tanto que quando Sue morreu ela
dormiu dentro dele por uma semana.



- Bella!! -
disse depois de abrir a porta do closet. – Bella! - ela estava no chão numa
posição fetal, com as mãos na nuca fazendo que seus braços tampassem o seus
ouvidos. Era como se ela estivesse evitando ouvir os sons externos.



Eu estava
com raiva. Raiva por Charlie ter morrido, raiva por não ter ficado com ela no
hospital... e sobretudo estava com raiva por vê-la nesse estado. Agachei-me e
toquei nela, fazendo com que se contraísse. Ela chorava em silêncio, fazendo
com que seu corpo tremesse com os soluços contidos.



- Bella, sou
eu... Edward! - disse sussurrando perto de seu ouvido. Quando ela escutou minha
voz, se desfez do seu casulo e se jogou em meus braços.



- Ele se foi
Edward!! Ele se foi!!... - sua voz estava rouca por causa do choro.



- Bella, eu
sinto muito! - foi tudo o que consegui dizer.



Ela começou
a chorar descontroladamente. Eu a abracei com mais força. Eu queria poder
passar toda a sua dor pra mim, eu queria poder sofrer no lugar dela. A dor era
presente em mim, mas a dela era incomparavelmente maior. Eu queria dizer a ela
que tudo ia ficar bem, mas seria mentira... seus pais estavam mortos. As duas
pessoas que ela mais amava haviam sido arrancadas de sua vida de uma maneira
tão cruel e injusta... ela se sentia mais sozinha do que nunca.



- Bella, eu
estou aqui... - disse saindo dos seus braços e segurando seu rosto entre minhas
mãos. - Eu sempre vou estar com você, não vou te deixar nunca! - ela me olhava
com aquelas duas esmeraldas envoltas por uma pele vermelha e inchada. - Nunca!
Está me ouvindo? Estaremos juntos para sempre.



Passei as
costas da minha mão em seu rosto para enxugar as lágrimas, mas era inútil; elas
tornavam a rolar pela sua pele delicada. Ela fez o mesmo em meu rosto, me
fazendo perceber que eu também chorava. Nós nos abraçamos e choramos juntos.



- Eu o
escutei! - ela disse já aos soluços.



- Quem? - disse
confuso.



- O meu
pai... ele me chamou antes de... de eu... antes de eu saber que ele havia
morrido! - quando ela terminou a frase, foi como se uma nova onda de dor a
atingisse; seu corpo estava trêmulo e gelado.



- Bella! Acalme-se!
- eu disse, mas foi em vão. Comecei a sentir seu corpo amolecendo em meus
braços e sua respiração era fraca.



- Bella,
Bella!! - falei sacudindo o seu corpo descaído sobre meu colo.



Entrei em
desespero e comecei a gritar pela Nana. Assim que ela chegou, se desesperou ao
ver a Bella esticada no cão e eu dando tapinhas em seu rosto, tentando acordá-la.



- Nana, não
surte! Eu preciso de você raciocinando, ok? Eu não sei o que fazer! Vou chamar
uma ambulância... - disse pegando o celular.



- Calma, menino! - "calma"...
como ela pode me pedir calma vendo a Bella desmaiada? - Coloque-a na cama! -
fiz prontamente o que ela acabara de dizer.



Nana pegou um perfume, abriu o frasco e começou a passar de um lado pro
outro nas narinas de Bella, pra que ela sentisse o cheiro. Eu já tinha visto
aquilo em filmes, mas nunca acreditei que funcionasse... mas quando vi Bella
abrindo os olhos lentamente, fiquei surpreso.



- O que aconteceu?... - Bella perguntou com uma voz baixa.



- Você desmaiou, menina! - Nana disse pegando na mão de Bella (Nana
trabalhava em casa há muitos anos, ela conhecia a Bella desde criança).



- Eu acho que devíamos chamar um médico! - eu disse com um olhar de
preocupação.



- Não precisa... eu já estou bem! - Bella disse juntando as
sobrancelhas.



- Bella, você desmaiou!! - eu disse.



- Eu estou bem, Edward. Eu... eu... - ela foi interrompida quando
Rosalie entro como um furação no quarto.



- Bella! - Rosalie disse com lágrimas nos olhos e abraçou a Bella.



Foi quando vi nos olhos de Bella o choque da realidade. Logo ela começou
a chorar junto com Rosalie. Rosalie não tinha o que dizer... na verdade nenhum
de nós sabia o que dizer; eu queria ser capaz de fazer o tempo andar depressa,
onde talvez no futuro essa dor pra Bella fosse só uma lembrança... onde pensar
no seu pai lhe trouxesse só lembranças boas e não as que ela estava tendo
agora.



Rosalie e eu ficamos mais algum tempo ali consolando ela (e nos
consolando); a Nana havia saído... ia ligar pros meus pais avisando que a Bella
já estava em casa.



Quando minha mãe chegou, ela começou a providenciar as coisas para a
cerimônia de despedida do meu tio, que seria em casa antes do enterro. Não iria
haver velório. Meus pais não queriam prolongar mais a dor da Bella, então ficou
decidido assim. Meu pai ainda estava no hospital acertando as coisas para a
liberação do corpo do meu tio.



Depois de minha mãe ter levado as roupas do meu tio à funerária, ela
começou a ligar pra todos que conheceram e conviveram com Charlie, avisando da
cerimônia. Bella avia dormido pelo efeito do calmante que obrigamos ela a tomar
(ele aviam sido receitado pelo seu terapeuta). Rosalie estava em seu quarto
sendo consolada pelo Emmett.



Na televisão os principais canais já davam a notícia da morte de
Charlie, fazendo questão de repassar toda a história de vida do meu tio. Meu
tio era um homem muito importante no mundo dos negócios. Meu pai e ele
construíram uma empresa de publicidade (ela é a segunda no rank das empresas
mais bem-sucedidas).



(...)



A funerária havia chegado, eles colocaram o caixão com o corpo do meu
tio no salão de festa, na área externa da casa. Tudo o que minha mãe havia
providenciado já estava lá: as cadeiras voltadas para onde estava o caixão e o
bifet que estava na parte interna da casa. Só o padre que não havia chegado
ainda.



O fato de meus pais serem pessoas influentes acelerou o processo...tudo
o que minha mãe providenciou não levou mais do que duas horas pra ficar pronto.



Quando os carros começaram a chegar eu fui até o quarto da Bella. Ela já
havia acordado, mas ainda estava sob o efeito do calmante; ela estava de braços
cruzados e em pé, olhando pela janela os carros que chegavam.



- Você vem? - perguntei a ela estendendo a mão em sua direção.



- Eu não sei, ainda acho que tudo isso é um pesadelo! - ela disse
apertando os braços cruzados com as mãos. - E que a qualquer momento eu vou
acordar e ver que ele ainda está naquele hospital! - ela terminou de falar e
veio em minha direção, e eu a abracei.



- Também queria que isso tudo fosse só um terrível pesadelo!... - eu
disse a ela e beijei o topo de sua cabeça.



- O Padre já chegou!! - minha mãe disse tristemente entrando no quarto.



Bella e eu nos separamos do nosso abraço e ela encarou minha mãe com uma
dor profunda no olhar; nem que ela tomasse umas dez caixas de calmantes iria
conseguir esconder aquela dor em seus olhos.



- Eu vou me aprontar e logo desço. – Bella disse, eu me despedi com um
beijo em seu rosto e saindo em seguida.



Bella POV:



Minha tia havia
saindo minutos depois do Edward mas não antes de me ajudar a escolher uma roupa
para a ocasião. Um vestido simples preto. Por que o preto? Eu nunca entendi o
sentido dele... se era pra simbolizar a morte, eu deveria passar a usá-lo
diariamente.



Tomei o meu
banho, sentindo a água escorrer pelo meu corpo. Eu não estava com pressa, a
verdade era que eu queria evitar aquele momento. Eu acho que ainda estava sob o
efeito do calmante... eu devia isso ao Edward, um exímio chantagista! Ou eu
tomava o calmante ou ele me levaria ao hospital.



Saí do box,
me enrolei na toalha e caminhei até o grande espelho à minha frente. Passei a
mão sobre o vidro embaçado e vi diante de mim alguém acabada, destruída por dentro;
meu reflexo no espelho era a pura visão de como o mundo pode ser cruel, de como
não podemos ser felizes o tempo inteiro... a verdade é que a palavra “felicidade” não servia mais pra mim.



Coloquei o
vestido e uma sapatilha. Saí do meu quarto em passos lentos; eu não queria
entrar naquele salão e ver pessoas que eu nem conhecia olharem pra mim e dizer:
“- Ali está a pobre garota órfã!”. Mas
não era isso que estava me corroendo por dentro; era o fato de que, no momento
em que eu pisasse naquele lugar e visse meu pai, eu teria certeza de que tudo
aquilo era verdade e agora eu estava só.



Parei ao pé
da escada sentindo uma nova pontada em meu peito. Por que eu não caía morta ali
e agora? Seria perfeito... se a linhagem da minha família estava destinada a
morrer cedo, por que a morte iria esperar pra me levar? O que eu tinha pra
viver? Eu não queria viver.



Não consegui
sair do lugar. Sentei-me no degrau da escada; quando comecei a escutar o padre
falando, levei as mãos aos ouvidos. Eu não queria escutar... eu não queria
ouvir todo aquele sermão. Logo as lágrimas me vieram fazer companhia.



- Por que eu
não morri também? Por que aquele carro idiota teve que frear a tempo? – eu
dizia em meio às lágrimas. – Pai! Mãe! Eu falhei com vocês... – logo aquelas
lágrimas se tornaram em um pranto ainda maior.



- Pai!!
Pai!! Havia tantas coisas que eu queria ter dito a você e não disse!! – eu
disse cerrando os punhos.



Levantei-me e
virei pra voltar ao meu quarto; eu não iria até lá... “- Você não pode fazer isso com ele!” - minha consciência falava
comigo. “- Ele está esperando por você...”
-
eu não a queria escutar, mas sabia que ela tinha razão. Eu não poderia fazer
isso; eu não poderia dar as costas pra ele agora e eu queria vê-lo. Havia um conflito
dentro de mim; a razão e a dor brigavam em minha mente e em meu coração. E só
tinha um jeito de poder enfrentar aquilo e era o que eu ia fazer.



Edward POV:



O padre já
estava falando havia mais de meia hora e nada dela ter aparecido. Eu já estava
ficando preocupado... será que ela não viria ver o Charlie, dar um último adeus
ao seu pai? Eu sei o quanto aquilo seria doloroso pra ela, o quanto aquilo
mostraria que era realidade o que ela estava vivendo.



O padre havia
chamado alguém para dar algumas palavras e meu pai subiu no pequeno altar posto
ali, e começou a contar como meu tio e ele se conheceram; a contar coisas que
nem mesmo eu sabia. O meu tio Charlie era uma pessoa incrível; mesmo ele não
sendo o meu tio de verdade (pois entre nossas famílias não havia nenhum parentesco)
eu o chamava de tio porque ele e meu pai eram amigos desde o colegial, e nossas
famílias sempre foram muito próximas. Antes da mãe da Bella ficar doente eles
tinham uma casa no final da rua onde moramos; Bella e eu crescemos juntos. Na
verdade nossas mães engravidaram no mesmo período e por incrível que pareça a
Bella e eu nascemos no mesmo dia.



Meu pai
ainda estava falando e pra ele foi impossível evitar as lágrimas. Eu nunca
tinha visto meu pai chorar, mas tudo aquilo estava sendo horrível pra todos nós.
Eu só me dei conta que as lágrimas estavam presentes em meu rosto quando minha
mãe, que estava sentada ao meu lado, passou a mão para limpá-las.



- Mãe, eu
vou ver a Bella. – eu disse sussurrando em seu ouvido.



- Faça isso
meu filho. Eu também estou preocupada com ela! – ela me disse batendo com a mão
de leve nas costas da minha mão, que estavam em repouso no banco.



Saí dali
atraindo alguns olhares para mim, mas não antes de ser parado no caminho por
uma mão que segurou firme meu pulso.



- Aonde você
vai? - Rosalie disse num tom baixo me fazendo parar na metade do caminho.



- Eu vou ver
a Bella! – disse baixinho. Ela me soltou e passou o braço em volta do braço do
Emmett, encostando sua cabeça no ombro dele. Emmett me olhou rapidamente; eu
comprimi um sorriso e segui meu caminho.



O sol
brilhava com toda sua magnitude. Eu andei até a entrada dos fundos da cozinha.
Quando cheguei às escadas subi correndo, chegando a pular alguns degraus.
Quando cheguei ao quarto dela olhei, mas estava vazio... eu a procurei no
banheiro e no closet, mas ela não estava lá também.



- Acho que
ela deve ter ido para o salão. – disse isso pelo fato de eu ter entrado pela
cozinha... ela poderia ter saído pela porta da frente.



Quando
estava no jardim eu avistei as pessoas saindo. - A cerimônia acabou! - eu
deduzi logo.



- Mãe, a
Bella estava aí?



- Ela não
apareceu aqui não! – minha mãe respondeu, já com um olhar preocupado.



- Talvez ela
tenha ficado sentada nos fundos e quando a cerimônia acabou ela saiu e você nem
percebeu! – eu disse pra que minha mãe não ficasse alarmada.



Todos os
convidados já tinham entrado para que o buffet fosse servido. Quando comecei a
caminhar pra entrar na casa, avistei um pequeno ser que se escondia atrás de
uma árvore no jardim.



- Bella!!
Mas o que... o que... o que ela está fazendo ali? – perguntei a mim mesmo.



Ela começou
a caminhar em direção ao salão e em suas mãos havia um objeto que eu não sabia
identificar o que era. Resolvi ir atrás dela andando em passos rápidos e cheguei
na entrada do salão. Ela tropeçava enquanto andava... era como se estivesse de
olhos fechados. Ela parou no corredor da primeira fileira de cadeiras que havia
ali.



- Muito bem...
eu já estou aqui! – ela disse com emoção na voz. – Respire Bella... respire...
– ela disse pra si mesma, soltando fortes golpes de ar.



Foi então
que ela começou... e quando eu ouvi o que ela tocava, foi inevitável não dar
mais alguns passos e me sentar para ver ela tocar. O som do instrumento em suas
mãos, apesar de ser uma melodia viva, transmitia toda a dor que ela estava
sentindo. Eu sabia que ela tocava violino; sua mãe sempre amou o som do
instrumento, mas depois que Sue se foi ela transformou a música em seu refúgio
particular. Foi impossível não me emocionar com aquilo. Eu queria poder sofrer
por ela, queria poder arrancar a dor que ela estava sentindo... levá-la para um
mundo onde ela pudesse sorrir.



Eu entendia
o que ela estava fazendo. Esse era o único jeito de ela enfrentar essa situação...
a única maneira de poder estar aqui diante do corpo sem vida do seu pai; o
refúgio na música foi o único jeito que ela conseguiu pra poder estar aqui. Ela
estava dando a ele seu último adeus sem palavras... apenas uma melodia que de
certa forma mostrava o quanto ela se sentia culpada por aquilo.



Quando a música
acabou ela se aproximou do caixão e deu um beijo em Charlie; ela me viu já em
pé no final do corredor perto da porta e caminhou até mim.



- Vem! – eu
disse pegando na mão dela.



Caminhamos
até a árvore onde eu a havia visto. Tirei meu blazer e estendi ao pé da árvore;
sentei-me e estendi a mão pra que ela sentasse do meu lado. E assim ela o fez: deixou
o violino ao seu lado e arrumou seu vestido.



Não falamos
nada... não precisávamos dizer nada. Dobrei uma das pernas e ela colocou a
cabeça sobre o meu colo; eu comecei a afanar seus cabelos. Foi quando ela mudou
de posição e me abraçou. Naquele abraço ela me transmitia toda sua dor. Eu a
apertei mais contra o meu peito; o silêncio só era quebrado pela sua respiração
em meu pescoço... eu podia sentir seu coração batendo em seu peito.



Quando chegou
a hora de irmos para o cemitério eu não larguei sua mão nem por um momento. Ela
jogou um punhado de terra sobre o caixão, já a sete palmos do chão e uma rosa
branca, sem soltar da minha mão; era como se eu fosse a âncora que a mantinha
em terra naquele momento. Quando chegamos em casa ela subiu pro seu quarto. Eu
não iria permitir que ela se sentisse sozinha... seus pais partiram pelo acaso
do destino, mas eu estava ali vivo e iria mostrar a ela que ela também estava
viva e que eu jamais a abandonaria.




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