O Som do Coração escrita por angelaangel


Capítulo 2
Capítulo 2 - Voltando ao Mundo Real


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do segundo capitulo.

beijokas...



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Voltando ao Mundo Real



Lavei o
rosto pra me recompor; olhei minha imagem no espelho com uma angústia que era
sufocante.



-Como você
pôde fazer isso com ele, hein? Ele precisava de você... e você, dele!! Como
pode ser tão egoísta? - eu me autocriticava em frente ao espelho. -Você é uma
estúpida, mimada! Esqueceu-se de tudo que ele lhe disse, do que você prometeu a
ele? - eu falei gritando, esperando que a imagem me respondesse.



Encostei-me
na porta do banheiro em desespero, levando as mãos à cabeça, pensando no que
poderia vir quando o avião pousasse. Comecei a chorar com soluços que faziam
meu corpo tremer.



-Moça, você
está bem? - perguntou a aeromoça, batendo de leve na porta e com um tom de
preocupação na voz, o que me fez ir novamente até a pia lavar o rosto e
respirar fundo várias vezes, pra afastar o choro que dava sinais de querer
voltar.



-Bella? Você
está bem, querida?!? Está passando mal aí dentro? - agora a voz de preocupação
era de Carlisle.



-Eu estou
bem... já estou saindo – disse, com um nó na garganta.



Enxuguei o
rosto e abri a porta, me deparando com Carlisle e a aeromoça. Ele pegou meu
braço gentilmente; apenas deu um sinal de “sim” com a cabeça, pra aeromoça e me
conduziu ao meu lugar. Sentamos nas poltronas e eu me encolhi no assento com o
rosto voltado pra janela.



-Tente dormir
um pouco querida, isso lhe fará bem. - meu tio disse, passando a mão em minha
cabeça. Fechei os olhos tentando seguir o conselho dele, já me dando conta de que
também era o que meu corpo pedia... porém, minha mente não queria parar de pensar.
Peguei meu mp4 e voltei à minha posição, fechando os olhos. Comecei a me
concentrar na melodia suave, fazendo com que o cansaço me conduzisse ao mais
profundo sono, de preferência sem pesadelos.



(...)



Caminhávamos
em direção ao estacionamento do aeroporto. Carlisle me olhava satisfeito por eu
ter conseguido dormir e só acordado quando pousamos. Chegamos ao carro dele: um
BMW118i preto (que por sinal era muito a cara dele). Colocamos as bagagens no
porta-malas e eu escorreguei pro banco do passageiro; meu tio fez o mesmo, já
dando a partida no carro.



-Nós vamos
ao hospital primeiro não é? - eu perguntei quando ele chegou na rodovia
principal.



-Eu acho...



-Tio, por
favor!! – disse, implorando com o olhar. – Leve-me ao hospital primeiro, por
favor.



Ele me
olhou, pressionou os lábios e apenas fez um “sim” com a cabeça; eu retribuí com
um leve sorriso.



Quando
chegamos ao centro da cidade, eu comecei a olhar os prédios e os centros
comerciais por onde nós passávamos. O sol batia forte na janela, mas o calor em
minha pele não me incomodava; eu estava com muitas saudades daquela cidade. Lembrei-me
do que havia acontecido no avião, e então eu soube o porquê de eu não querer
voltar pra casa.



-Medo... - eu
soltei em um sussurro.



-O que você
disse? - Carlisle me perguntou com a visão na estrada.



-Quando
estávamos no avião eu lhe disse que meu pai havia me ligado. Ele queria que eu
viesse passar as férias de verão aqui... - eu disse, me controlando pra não
chorar. - mas eu disse que não viria. Ele não perguntou o motivo. Na verdade eu
também não sabia ao certo, mas agora eu sei. Eu estava com medo...



-Medo? - ele
disse me interrompendo. 



-Sim. Medo.
Medo de não conseguir controlar o que eu havia me tornado, medo de cair de novo
naquele poço e dessa vez não ter forças pra sair.



-Você não
esta sozinha, sabia?



-No colégio
eu criei um mundo só meu, onde nada pudesse me ferir; isso funcionou até eu
saber do acidente... - respirei fundo. - Mas agora a dor está de volta, e tudo
o que eu construí está se desmoronando - uma lágrima rolou pelo meu rosto,
então me dei conta de que já estava chorando.



-Você não
poderia ficar nesse mundo pra sempre, não é?



-Não - foi
só o que consegui dizer.



-Alguma hora
você teria que voltar a mundo real e viver nele - ele disse em tom sério.



-Nesses
últimos anos eu não tenho tido razões pra querer viver nesse mundo real. E o
acidente do meu pai e só mais uma prova disso – disse num tom melancólico,
fitando os carros que passavam por nós.



-Você não
estava fazendo terapia no colégio?



-Sim - soltei,
torcendo a boca.



-Acho que
seu terapeuta não te ajudou muito, não é?



-Eu já havia
falado com ele que não queria voltar pra casa. E ele disse que eu teria que
superar a perda da minha mãe e ajudar o meu pai a superá-la também. Mas a
verdade é que a teoria sempre é mais fácil que a prática - disse juntando as
sobrancelhas. -Eu não sou forte, nunca fui. Se fosse, não teria feito as coisas
que fiz, causando um vexame ao meu pai, digno das primeiras páginas dos jornais.
Acho que também por isso eu não queria voltar. - respirei fundo.



Eu não havia
conseguido cumprir a promessa ao meu pai (a promessa que eu ficaria naquele colégio
por pouco tempo, e que juntos começaríamos uma vida nova). É tão fácil fazer
promessas, e tão difícil cumpri-las. Nós seres humanos somos os seres mais
egoístas da face da terra, porque quando nos acomodamos a determinada maneira
de viver, pensamos apenas em nós mesmos.



-Mas eu devo
ter fé... meu pai sobreviverá a tudo isso, não é mesmo? Não é isso que faz as
pessoas serem fortes? - disse pressionando os lábios. -Talvez tenha sido isso
que me faltou todos esses anos. E agora eu vou buscar essa “fé” pelo meu pai. É
a única coisa que eu posso fazer por ele! - disse fitando Carlisle.



-É isso
mesmo querida. - ele disse passando a mão na minha cabeça, bagunçando meus
cabelos. Dei um sorriso torto.



Então o silêncio
surgiu, e eu me aproveitei dele colocando os meus fones do mp4. Comecei a pedir
a Deus que não levasse o meu pai; eu tinha que crer que Ele me atenderia,
afinal é nisso que a fé se baseia, não é mesmo? Carlisle me olhava de vez em
quando pelo seu olhar periférico. Mas seguimos em silêncio o resto do caminho.


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Notas finais do capítulo

Eu vou estar postando um capitulo por semana.

E por favor ,comentem o que estão achando .

Bjs...