Duas semanas depois...

Era semana de Natal. As ruas estavam totalmente movimentadas, as casas enfeitadas, e a Valentina paravam de planejar a sua lista de presente para Papai Noel – mesmo explicando, que ela não poderia enviar a carta, com os seus incontáveis pedidos, nas vésperas. Eu era um homem de negócios, não tinha todo o tempo do mundo para gastar com incontáveis idas ao shopping, mesmo que fossem para agradar a minha princesinha.

- Papai Noel é bastante ocupado, Val! – expliquei quando olhava pela milésima vez, a minha filha refazer toda a lista de brinquedos. Garota indecisa essa, só podia ter os genes da mãe.

- Essa é última vez, eu prometo! – falou em tom de juramento terminado de desenhar um coração, em sua carta.

- Termine que nós vamos colocá-la no correio! – garanti passando as mãos em seus cabelos e ela sorriu divertida.

- Pronto! – finalizou, colocando a carta em seu envelope me entregando – O senhor acha que vou receber todos os presentes? – perguntou me estudando, com os seus incríveis olhos castanhos amendoados.

- Se você foi uma menina boa... – fiz mistérios e ela sorriu convencida.

- Eu sou uma ótima garota em tudo! – admitiu nada humilde – Uma boa filha, uma ótima amiguinha, sou comportada, faço todas as minhas lições e respeito os meus professores e todos os adultos! – terminou de explicar todas as suas qualidades e eu segurei o riso.

Meu Deus, como um ser tão pequenininho podia ter um ego do tamanho daquele? Quem ela havia puxado?

Sorrir divertido, me lembrando daquele dia. Val iria me fazer pirar, literalmente. Eu nem queria imaginar, quando ela crescesse e arrumasse um namorado. Eu agradecia todos os dias, que faltavam alguns bons anos para isso acontecer.

- Mamãe não para de falar, em como a Val é especial! – Serena comentou enquanto, entravamos na décima quarta loja de brinquedos, a procura da tal boneca com cabelos rosa, que a minha sobrinha queria – Que ela é linda e totalmente fofa! – comentou babona.

- São os meus genes! – comentei brincalhão e levei uma tapa na nuca de Serena.

- A simpatia até pode ter sido sua, mas a beleza e a fofura está por conta da Blair! – comentou pegando um ursinho de pelúcia na prateleira e colocando no carrinho – Graças a Deus, que a genética da Blair é boa! – falou divertida.

O senso de humor da minha irmã anda apurado esse dia. Eu e Dan já havíamos feito promessas a todos os santos, para que Sophia deixasse de ser preguiçosa e nascesse logo. Ninguém estava aguentando mais as mudanças de humores intermináveis da minha irmã.

- Engraçadinha você! – rebati irônico.

- A velhice já está chegando, Charles? – perguntou divertida e eu bufei irritado – Deixe de ser rabugento! – exclamou – Nem quero imaginar quando estiver com quarenta anos, tenho pena da Valentina! – reclamou empurrando o carrinho.

- Você sabe, que eu não gosto dessas suas brincadeiras sobre a Blair!

- Pouco me importa! – deu de ombros – Já está na hora de você se acostumar, a Blair é a mãe de sua filha – pontuou categoricamente – Quando voltar, Blair vai está mais presente em sua vida do que tudo! – falou pegando uma caixa de carrinho de controle remoto.

- Ela não vai chegar perto da Valentina! – falei protetoramente.

- Larga de besteira, Bass! – Serena resmungou – A Blair não vai levar a menina para longe de você, como também, você não vai ficar com ela em sua casa! – pontuou – Vocês têm direitos iguais, você sabe disso melhor do que eu! – falou se apoiando no carrinho, para descansar. 

Por um momento me sentir a pessoa mais egoísta da face da terra. Eu estava enchendo os ouvidos da minha irmã com os meus milhares de problemas – incluindo os das compras de Natal -, enquanto ela tinha os seus próprios problemas para lidar.

Não era fácil tomar conta de duas crianças levadas, uma casa enorme, um final de gravidez e ainda ficar entre as discursões e alfinetadas constantes de Dan e mamãe – que, com tantos hotéis disponíveis na Cidade de New York, decidiu se hospedar na casa de Serena para desespero de Dan.

- Você está bem? – perguntei preocupado e Serena revirou os olhos.

Serena era um bicho difícil de lidar.

- Eu sempre estou bem, Bass! – falou voltando à empurra o carrinho e tomando a lista de minhas mãos – Nós temos que terminar isso logo! – pontuou olhando a minha lista - Tenho que voltar para casa antes que Dan e Dona Lily se matem, não quero ter que planejar um enterro e uma festa natalina!

- Obrigada, Se! – agradeci sinceramente – Você foi de grande apoio, esses dias!

- São para isso que servem as irmãs mais velhas! – falou divertida – E eu sou o melhor exemplar de irmã! Agradeça a mamãe, por isso!

- Sempre! – falei irônico.

- Você devia me agradecer, com alguma joia! - falou passando as mãos pelos cabelos – Você sabe como aprecio um bom e velho diamante!

- Eu acabei de agradecer, sinceramente e você me pede um diamante? – perguntei perplexo. Essa era Serena, a minha adorável e magnifica irmã mais velha.

- É só um agrado! – falou inocentemente – Isso serve para me incentivar! – pontuou – Para que dá próxima vez, que uma filha sua bater em sua porta, eu possa ajuda-lo novamente!

- Não terá próxima vez! – garanti – Mas você terá o seu diamante!

- O maior que estiver na loja? – questionou com os olhos brilhantes.

- Para você sempre o melhor! – garanti e ela sorriu como uma criança, em véspera de Natal.

Beije-lhe a testa. Sem Serena, eu não teria conseguido.