My Darkness escrita por Lúcia Hill


Capítulo 4
Chapter - Suspicious attitudes


Notas iniciais do capítulo

A curiosidade matou o gato, mais esse ditado não vale de nada para Eloise Johansson.Ela não descansará enquanto não descobrir...



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Mal sabia Eloise que seu salvador era um vampiro muito astuto e cruel com suas vítimas. As luzes do dia já entravam pela pequena cortina de seu quarto, acordou com o barulho do celular tocando em algum canto do quarto.

– Droga! – praguejou levantando a cabeça – Agora, cadê você? – sentou-se na cama e esfregou os olhos.

Com aquela bagunça nunca iria achar nada. Começou a revirar tudo rapidamente antes que a ligação caísse, mas quando finalmente achou o pequeno aparelho ele parou de tocar.

Merda! – pensou enquanto via no visor do aparelho: ROBERT. Rapidamente discou e esperou.

– Até que enfim, hein mocinha? – riu – Achei que tinha sido raptada.

– Até parece, quem faria isso? – fez uma careta sentando-se na beira da cama ainda bagunçada – Mas o que você quer uma hora dessas?

– Como assim? São 10h30min da manhã, Lise! – disse enquanto subia no carro vermelho. – Se arruma tô indo aí, ou esqueceu que dia é hoje?

Ela ficou quieta, tinha esquecido.

– Esqueceu... – começou a rir – Lise, hoje é aniversário do Noah.

Ela deu um pulo da cama.

– Ok, ok esqueci sim, me espera estou me arrumando... – desligou o aparelho correu para o banheiro.

Ligou o chuveiro a água estava fria, sempre demorava pra esquentar.

Anda! Pedia em pensamento enquanto media o calor da água com a palma da mão.

Noah era o melhor amigo de infância dela, como poderia esquecer uma data tão importante? Tomou uma ducha rápida e saiu correndo do banheiro, mas acabou esbarrando em Damon que andava com a cabeça baixa.

– Me desculpa! – exclamou ela toda sem graça. Os olhos de Damon estudavam o corpo franzino coberto apenas pela fina toalha laranja.

Ele apenas sorriu. Lise entrou como um raio no quarto toda constrangida, balançou a cabeça começou a jogar tudo sobre a cama: vestidos, camisas e calças não sabiam qual vestir, mas acabou pegando um short e uma blusinha simples que ela tinha, abiu a porta e correu na direção da recepção.

– Pra quê tanta pressa, Lise? – a velha senhora Bouchard tinha um sorriso animado no rosto.

– Atrasada, dona Julie... – saiu rapidamente para esperar Robert.

Damon encostou-se ao balcão e ficou encarando a garota que olhava a rua.

– Essa Eloise sempre atrasada! – disse a senhora observando o rapaz.

– Hum... – continuou com os olhos na moça.

– Meu filho...você faz o quê por essas bandas do Canadá?

– Eu...? Recomeçando... – virou-se para fitá-la.

–Aqui é um bom lugar para Recomeçar... – voltou seus olhos para o seu crochê.

Eloise ainda esperava e nada, olhava freneticamente o relógio, quando finalmente o carro de Robert apontou na esquina a fazendo suspirar de alivio.

–Até que enfim! – sorriu e entrou no veiculo.

– Bom dia primeiro. – falou ironicamente a olhando por cima dos óculos escuro.

– Bom dia, seu Robert. – respondeu enquanto se ajeitava no banco, olhou para dentro da pensão e viu o rapaz a encarando, seu sorriso morreu instantaneamente.

Robert saiu cantando pneus e seguiu para a estradinha que dava na velha casa dos Willians. Eloise remexeu em umas estações do rádio até achar uma boa música.

– Ah, qual é Lise? Essa não... – fez uma careta ainda com olhar ainda fixo na estrada de terra.

– É melhor você dirigir a opinar Robert. – virou a cabeça para o lado, podia ver o campo verde com o colorido das flores silvestres.

O caminho mais rápido até a casa de Noah era pela estradinha de terra, mas era muito perigoso à noite.

Robert estacionou do lado da bela casa de campo.

– Vamos lá. – respirou fundo saindo do carro.

Um caminhou do lado do outro até a frente da casa, foram recepcionados pelo patriarca dos Willians, o velho senhor Jake como sempre bem vestido.

– Bom dia meu caro Robert! – estendeu a mão sorridente.

– Bom dia meu velho Jake... – sorriu pegando na mão dele.

– Lise? Como está grande. – sorriu ao ver a jovem do lado de Robert.

Ela apenas sorriu.

– Mas vamos entrar...-- disse o anfitrião da casa.

Os únicos amigos de Eloise eram Robert e Noah, não tinha muito talento em fazer amizades. Noah se aproximou dela que estava sentada olhando para o nada.

– Está tentando ver quem? – o belo moreno se aproximou dela.

Ela virou-se para encará-lo, definitivamente não parecia o mesmo Noah do colegial.

– Lise? – insistiu ele.

– N-Nada... – gaguejou.

– Será que posso te fazer companhia? – ele sempre teve o sorriso mais lindo desde o colégio.

– Cala boca e senta aí logo, aonde aprendeu a ser assim? – sorriu – Com os burguesinhos da Inglaterra?

– É, meu pai me obrigou a me mudar para Oxford... – balançou a cabeça pensativa.

– Seu pai é tão chato assim? – virou o rosto para encará-lo.

– E muito. – ele fez uma careta e depois riu. – Aliás, você sabe quem ele convidou? – se virou para encará-la.

– Não, quem a rainha? – riu.

– Quem dera...O senhor John Easton... – ele reparou que o rosto de Eloise empalideceu ao ouvir o sobrenome do velho.

– E-Easton, então o cretino do neto dele vem? – deu um pulo do banco de madeira e o fitava sem emoção.

– O Bryan, sim. Mas por que o espanto Lise? – se levantou ao perceber que ela estava em pânico – Ele te fez alguma coisa?

Ela recuou, não foi ele e sim ela naquela noite infeliz que tinha xingado o velho, logo um Easton, sem perceber. Em desespero, ela correu para frente da casa, Noah ficou ali parado sem entender o por que da reação.

Mas era tarde demais, o conversível do cretino já esta estacionado em frente a casa. Sentiu seu coração pular enlouquecidamente dentro do peito.

– Procurando alguém Lise...? – ele estava encostado em um pequeno poste de iluminação.

Seu coração parou literalmente e sentiu sua garganta secar. Não reagiu, seu corpo permaneceu imóvel, ouviu ele se aproximar.

– Te fiz uma pergunta, não é educado ignorar. – tinha um sorriso cretino na cara – E acho que agora não tem o seu salvador por perto... – se aproximou mais dela.

– N-Não tenho nada pra falar com você. – as palavras não saíram tão convictas quanto pretendia. – Me deixe em paz!

– Isso é uma ordem? – a segurou pelo braço forçando a encará-lo.

– Me solte agora! – tentou berrar, mas ele impediu com a mão. Ela se debateu tentando livrar-se dele.

Mas sua sorte mudou quando Noah apareceu e encarou o amigo, ele imediatamente a soltou.

– Cretino! – gritou correndo para se abrigar nos braços de Noah.

– O que você estava pensando Bryan? – ainda estava assustado com a cena. – Tá maluco?

– Ah, qual é Noah? – ajeitou a camisa e o encarou – Ainda com dó dos fracassados? É por isso que nunca será do nosso nível.

– Nunca me encaixaria no seu grupinho hipócrita. – saiu dali levando consigo a garota que ainda estava em pânico.

Ela se soltou dele, ajeitou o cabelo e respirou fundo limpando o rosto ainda vermelho.

– Você está bem? – perguntou preocupado.

– N-Não, como acha que estaria se você fosse agarrado por um cretino desgraçado igual ele...? - sua voz ainda estava alterada.

Entrou como um raio deixando-o sem reação, procurou Robert por todos os cantos, esbarrando com velhos ricos da maldita sociedade de St. John's, por fim o achou na mesa do velho senhor Hank's.

– Você está bem? – disse assustado com a feição abalada de Eloise.

Ela apenas balançou a cabeça matinha os olhos fixos nele.

– Me deem licença. – se desculpou levantando-se e segurou na mão dela levando-a para fora. Com passos rápidos saíram para a varanda, Robert a encarou.

– O que foi? – cruzou os braços aguardando a resposta.

– Quero ir embora... – não olhava para ele.

– Mas agora? – se virou para verificar se não tinha ninguém os observando. – Por quê? – se voltou para ela.

– Por que quero... - falou quase entrando em desespero.

– Mas nem vai se despedir de Noah? Ele vai... – foi interrompido por ela.

– Não! – decretou convicta.

– Você quem sabe. Mas vai me contar o que houve? – ele desceu a pequena escada.

Aquele não foi um bom inicio de dia, não para ela.

Seguiram em silêncio até o fim da estrada.

– E aí vai me contar? – a fitou esperando resposta.

– Não gosto daquela gente. – mentiu descaradamente.

–Ah, Eloise! Isso é uma mentira das feias. – virou o volante para fazer a curva.

– Não estou mentindo... – Robert sabia que estava, mas preferiu não insistir.

– Tudo bem... – estacionou o carro na frente da pensão. – Até a noite.

Ela porém nem respondeu, desceu em silêncio e entrou, sentia seu coração ainda saltar ela sabia que as intenções de Bryan não eram boas, estava se contendo para não começar a chorar ali.

– Vejo que seu dia foi ruim.– Damon a encarava novamente encostado no batente de seu quarto.

– É foi , mas o que você tem a ver com isso? – o encarou.

– Não tenho nada com isso. – sorriu aumentando a fúria dela.

– Então não pergunte, mau o conheço. – arqueou uma das sobrancelhas.

– Apenas tente tirar essa cara de que algo ruim lhe aconteceu e ninguém perguntará. – sua resposta foi bem objetiva.

Ela se calou por um instante, ele tinha razão.

Idiota! Pensou consigo mesma.

– Me desculpa... – se virou para ele – Você não tem culpa do que me acontece.

– Foi aquele garoto, não foi? – se desprendeu da porta e se aproximou.

Abaixou a cabeça.

– Se você quiser dou um jeito nele.– não seria tão difícil para ele.

– Não, deixe isso pra lá. – abriu a porta, depois o encarou – Afinal de onde você veio?

– De Fell’s Church, Virginia. – tinha os olhos fixos nela.

– Americano? – fez uma careta – E faz o quê aqui nesse no fim de mundo?

– Recomeçando. – não deixava de ser uma verdade.

– Aliás, nem me apresentei, você me ajudou. Que falta de educação da minha parte! – ela se aproximou dele o fazendo recuar, ela riu. – Não mordo.. .– ela não, mas ele sim – Sou Eloise e você?

– Damon... – não pegou na mão dela. – Salvatore – concluiu.

– Seu sobrenome não é americano.

– Não, – soou seco – Italiano.

– Hum, tanto faz... – recuou um pouco, sem graça pela resposta áspera. – Alias, não precisa ficar com medo de mim, não tenho nenhuma doença.

Ele apenas sorriu, não sabia o perigo estava tão próximo dela.

– Bom, vou entrar... - ela abriu a porta do quarto, tudo estava em ordem diferente daquela manhã – Até mais Damon. – sorriu gentilmente.

Ele a observou entrar. Como adoraria sugar o sangue daquela garota, ela tinha um grande potencial, poderia lhe ser muito útil. Depois ele virou-se entrou.

Após descansar algumas horas o relógio despertou.

– Já ouvi... – murmurou sonolenta.

Se levantou, tirou aquele short e colocou uma calça pegou a blusa e saiu. Entrou na velha Cherb e seguiu para o bar, Robert varria a frente do estabelecimento amontoando as folhas.

– Boa noite. – passou por ele sem ao menos encará-lo.

– Boa noite.

Ela sabia que não o tinha convencido, ouviu a porta abrir e lá estava ele parado a encarando.

– Por que não me disse que o neto do Easton te agarrou, Eloise? – até parecia seu pai pela forma que perguntou.

– M-Mas quem te disse isso? – engoliu seco.

– Noah, que te procurou pela casa toda. – ele encostou a vassoura no canto – Você tem que confiar nas pessoas Lise.

Ela abaixou a cabeça pensativa.

– Não confio em ninguém. – falou baixinho. – Não importa!

Ela saiu esbarrando nele, Robert coçou a cabeça. Ela não queria tocar naquele assunto. O bar já estava cheio, pra sua surpresa Noah entrou com o cretino e seus amiguinhos.

– É por isso que não confio em ninguém. – mirou os rapazes – Todos são um bando de cretinos.

Robert não disse nada apenas a observou e continuou a servir, Noah se aproximou do balcão.

– Por que você sumiu da festa sem dizer nada, Lise? – perguntou ele.

– Não é da sua conta! – continuou a fazer seu serviço.

– É por isso que você não tem amigos. – estreitou os olhos castanhos.

– Mas quem disse que os quero? – o encarou furiosa – Aliás, obrigado por ter avisado o Robert por mim, Noah.

– Qual é seu problema Eloise? – ele fez uma careta de chateado com tom da voz dela – Pensei que fosse seu amigo e pelo que eu sei amigos se ajudam.

– Vejo que já arranjou novos amigos. – fitou os demais sentados no fundo.

– Continue assim e nunca terá nenhum amigo. – se afastou do balcão em direção dos rapazes no fundo.

Ela continuou com seus afazeres sem dar importância para Noah que estava com a toda a razão, estava concentrada até que ouviu uma repreensão.

– Você devia ouvir-lo. – Robert a encarava com ar de desaprovação.

– Tudo bem, tive um dia nada maravilhoso, tenho uma vida nada perfeita, aliás... – colocou o papo sobre a pia e o encarou. – Ninguém dessa maldita cidade se importa comigo.

–Espere aí mocinha! – ele segurou no braço dela impedindo-a de sair. – Eu não sou ninguém? dona Julie também não é?

– Desculpa. – meneou a cabeça na direção dele, sem graça – Devia ter te contado, só não tive coragem.

Ele a soltou.

– Sim devia, sabe-se lá quais eram as intenções daquele garoto, se ele a machucasse eu mesmo arrancaria a pele dele. – ela percebeu que tinha um tom de ciúmes em sua voz.

Robert, mudou de feição, imaginou que seria como um animal protegendo sua cria, mas pela fúria dele, parecia mais protegendo sua fêmea, estranhou completamente a reação.

–Sei... – o encarou por instante, um homem com a idade dele nunca iria quer uma garota besta e imatura igual a ela.

Espere ai estamos falando no Robert! – pensou atordoada.

Ele nunca lhe tinha faltado com respeito isso devia ser normal, bom era o que estava parecendo, tudo estava estranho.

Todos da mesa de Bryan estavam bebendo e se divertindo menos ele, que tinha os olhos fixos em Eloise, um de seus amigos o cutucou fazendo uma piada nada engraçada.

– Qual é Bryan? Está querendo transar com aquela fracassada, é? – a piadinha do garoto fez alguns da mesa rir menos Bryan e Noah que continuaram sérios.

– Cala boca imbecil! – se virou para o garoto, que imediatamente se calou.

– Apenas quero quebrar aquele pescoço dela. – engoliu a cerveja, ódio estava estampado em seu rosto.

Noah sabia que quando Bryan colocava uma ideia na cabeça, era muito difícil fazê-lo esquecer.

– Deixe a garota em paz Bryan! – Noah exigiu.

– O que você pode fazer, Noah? – se virou para ele – Vai me bater se eu me aproximar dela? Aliás fique longe de meus negócios, entendido? – seus olhos tinham certo brilho.

– Você realmente acha que deixaria você machucá-la? – rebateu na mesma altura.

Os outros rapazes se calaram ao perceberem o clima mais tenso.

– Hey rapazes, vão brigar por causa dela? – novamente garoto se arriscou.

– Não! – concluiu Bryan se levantando e seguiu rumo à porta.

– A festinha acabou cambada. – Carl se levantou e seguiu Bryan.

– Logo agora. – reclamou o mais baixo do grupo.

Esses caras tem alguma coisa – pensava Eloise enquanto terminava de limpar o balcão. Todos na cidade sabiam da tal ceita que os Easton mantinham em sigilo total, menos para os homens mais ricos da região. Noah não seguiu os demais, resolveu ir até o balcão.

– Ué, não vai seguir o líder? – perguntou ironicamente.

– Quem te disse que ele é meu líder? – a encarou.

– Pensei que ele fosse. – apontou para os rapazes que ainda estavam do lado de fora.

– Pensou errado, sempre fazendo suas conclusões, não é Eloise Johansson? – tomou a cerveja e logo saiu, entrando em seu carro prata.

Tanto faz, mas alguma coisa estava acontecendo, já havia perguntado para Robert sobre a tal ceita, mas ele se recusou a revelar algo, todos se recusam dizendo que ela não existia.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura !