My Darkness escrita por Lúcia Hill


Capítulo 23
Chapter - Reflecting on all of my mistakes


Notas iniciais do capítulo

Com Damon longe Noah tenta se explicar para Lise, mesmo sabendo que a jovem só tem olhos para o vampiro, a velha senhoria da pensão revolve contar toda a verdade a jovem sobre sua verdadeira identidade.



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Eloise permaneceu sentada no velho banco de concreto, da Praça dos Fundadores, observando o belo entardecer. Sua mente estava a mil com as revelações que, de certa maneira, perturbaram-na completamente. Damon teve que se ausentar por alguns dias de St John's e a jovem temia que ele nunca mais voltasse.

Seu olhar estava praticamente petrificado, não havia tanto brilho quanto antes e sentia seu coração pulsar lentamente dentro de seu peito.

— Você acredita que ele irá retornar? — questionou uma voz bem familiar.

Ao se voltar para notificar de quem era àquela voz, deparou-se com Noah — ele usava sua velha jaqueta de couro marrom queimada e continha um pequeno sorriso amigável no rosto.

— Sim, ele me disse que retornaria. — balbuciou.

O jovem aproximou-se lentamente, sentando-se ao lado dela. Parecia um pouco cabisbaixo, mas logo disse:

— Acredita mesmo que um vampiro pode amá-la? Eles nem se quer tem um coração. — disse desdenhoso.

A loura balançou a cabeça positivamente. Claro que acreditava, mesmo que os outros dissessem que era impossível isso acontecer.

— Sei que pode parecer loucura, mas — pausou bruscamente, tentando achar as palavras certas para o momento. Logo, continuou. — eu o amo, isso que importa para mim.

Noah mostrou um pequeno sorriso, colocando ambas as mãos dentro dos bolsos da jaqueta e se ajeitando no banco.

— Você ainda está brava comigo? — questionou-a.

Eloise virou-se para encará-lo, e sorriu.

— Não, aliás, fui uma completa imbecil em acreditar nas palavras de Brian, logo a pessoa que odeio desde criança. — disse.

— Ah, sim, todos tem esse velho sentimento por ele, ainda lembro-me quando ele quebrou as regras do velho Jake. — murmurou.

Eloise sorriu espontânea. Havia tempos que não fazia isso, embora ela e Noah tivessem muitos assuntos pendentes.

— Diga-me, por que me escondeu que você era um Lobisomem? — perguntou, dando um pequeno suspiro de decepção.

— Não podia, fui forçado a me calar sobre esse assunto, sei que devia contar tudo pra você, já que era minha única amiga fiel. — disse cabisbaixo.

Lise se aproximou e o confortou, colocando seu fino braço nos ombros do rapaz.

— Lise, você não sabe o quanto é terrível esconder esse monstro dentro de mim, é algo que não podemos controlar. — murmurou

— Não te culpo, você sempre foi meu melhor amigo. — disse a loura.

— Amigo. — repetiu cabisbaixo.

Eloise retirou seu braço do ombro dele. Sempre soube dos sentimentos de Noah por ela.

— Às vezes, essa palavra vinda de você me machuca. — disse, encarando-a.

Eloise soltou um longo suspirou, desviando seus olhos azuis para a rua vazia. Sempre tentou evitar essa conversa.

— Mas entendo-a. — completou.

— Noah, por mais que você sinta algo por mim, sempre te considerarei um grande amigo, mas não tenho o direito de te iludir. — disse.

O rapaz mostrou um fraco sorriso, ajeitou-se no banco e inclinou sua cabeça para trás, encarando o céu estrelado.

— Damon tem sorte por ter conquistado seu coração. — disse.

Eloise encostou-se ao banco para fitar as estrelas. Houve um longo silêncio, ambos permaneceram calados, tentando refletir aquela conversa.

Agora o rapaz tinha a certeza que não conseguiria o coração da jovem, mesmo Damon estando longe, ele ainda tinha o amor dela.

Às vezes, essa palavra vinda de você me machuca. — a voz do rapaz ecoava na mente de Lise, que fechou os olhos por um minuto.

Mas, para sua surpresa, ao abri-los, pode notar que Noah já havia ido embora. Encurvou-se sobre o banco, fixando seus olhos no asfalto sujo. Não queria ferir Noah, mas não tinha outro jeito a não ser aquele, que esclarecia que eram somente amigos.

— Não está com frio? — questionou a velha senhora Julie.

A jovem saiu de seu estado de reflexão, mostrou um seco sorriso, era bem evidente seu sofrimento.

— Não muito. — murmurou.

A velha dona da pensão se aproximou lentamente, sentou-se ao lado de Lise. Esfregou ambas as mãos, uma na outra, assoprando-as.

Lise arriscou um palpite.

— Acha que Damon voltará?

A velha Julie mostrou um mero sorriso e balançou a cabeça positivamente.

— Claro que vai. — disse.

Lise retribuiu com um pequeno sorriso. Sua cabeça estava completamente confusa com tudo que descobriu em menos de dois dias.

— Mas todos dizem que vampiros não podem amar porque eles não têm um coração. — murmurou.

Julie segurou as pequenas e finas mãos da jovem entre as suas, e a encarou nos olhos.

— Querida, quem te disse que para amar têm que ter um coração? Muitos que o tem podem simplesmente machucar os demais. Esse sentimento é algo além de nossas almas, metaforicamente falando. — disse.

Lise ficou impressionada com a velha Bouchard, ela continha um ar de quem sabia responder tudo.

— Aliás, conheci sua bisavó, Margaret Johansson Mansen.

A jovem assustou-se ao ouvir aquelas palavras. Então, a velha e doce senhora que sempre cuidou dela também deveria ser imortal.

— M-Minha bisavó? — gaguejou, com os olhos arregalados.

A velha Bouchard mostrou um largo sorriso.

— Sim, sou vampira a mais de 600 anos. — balbuciou.

A forma que ela disse parecia que eram apenas 60 anos. A loura ficou boquiaberta.

— Nasci em Canterbury, na Grã Bethania, por volta de 1412. Ainda consigo recordar o frescor dos campos, apagados pela maldita guerra dos cem anos, longos e tortuosos para os pobres aldeões. — disse cabisbaixa.

Eloise sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha, já que havia estudado a tal guerra no colegial, que teve como principal papel a lendária Joana D'Arc.

— Q-Quantos anos a senhora tinha? — questionou a jovem.

Ela sorriu meiga.

— Eu tinha meus 15 anos.

— Mas, então, deveria ter ficado jovem durante esses 600 anos. — concluiu.

A velha Bouchard sorriu.

— Sim, mas fui transformada já velha, criança. Era por volta de 1469, estava em Londres, como mentora da filha caçula do lorde de Wilhelm, vassalo de Louroux. — disse pausadamente. — Mas peguei a maldita Peste negra, que devastava toda a Europa.

Eloise segurou a mão dela, reconfortando-a.

— Fiquei doente, mas o curioso era que a minha jovem senhora me disse que iria me salvar daquela maldição. Sem contar aos senhores da casa, em plena noite de lua minguante, solveu meu sangue e, a princípio, senti uma dor agonizante, mas calei-me, dando-me do seu próprio sangue para beber em seguida. Senti algo estranho, como se meus ossos estivessem se renovando.

— Mas ninguém desconfiou?

— Não, ela me fez jurar não contar nada a ninguém, dizia que ela era especial; todos da família eram.

— Todos ‘eram’? Por que, o que houve com eles? — questionou.

A velha Julie Bouchard ficou cabisbaixa e murmurou.

— Os malditos da inquisição os queimaram vivos, como traidores e servos do diabo.

— Mas e você e a menina?

— A delicada Lucy desapareceu, ela tinha uma boa aparência, contava 20 anos de idade, enfim, nunca, mas a vi, mudei-me de cidade e de nome, há vários anos que faço isso, mas encontrei em St John's um abrigo.

Houve um silêncio esmagador. Então, a cidade era como um abrigo para eles e, por mais que tentasse compreender, não poderia, pois os segredos são complexos.

A velha Julie levantou-se e, antes de ir embora, virou-se para encará-la.

— É melhor deixarmos essas histórias para outro dia, vamos descansar, ou melhor, você tem que descansar um pouco. — disse, sorrindo.

Eloise sorriu e a seguiu, calada.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!