“A Boneca de pano I”

Por um momento eu pensei, “Que sol gostoso!” e logo depois o delicioso sol parecia ter me deixado. Abri os olhos a procura dele, mas ali estava o motivo dele ter sumido! Uma grande nuvem carregada com sua imensa fúria havia entrado na frente do meu lindo sol impedindo que seus deliciosos raios me acariciassem o rosto. “Irritante!”, eu pensei.

Levantei-me devagar e então senti pequenas gotas caindo sobre minha pele. Aquela grande nuvem acabara de decidir descarregar sua fúria sobre a minha cabeça. Engraçado... antes não havia sinal de chuva algumas, mas em tão pouco tempo o céu inteiro estava coberto por uma grossa camada cinza de nuvens. Apressada como as pessoas a minha volta eu comecei a caminhar pela rua.

Eu olhava pelo rosto das pessoas que passavam por mim, mas onde está? Eu procurava alguém? Por que eu procuraria? Quem eu estou procurando?

Por algum motivo aqueles olhares irritados para o céu me acalmavam. Ninguém olhava para mim e isso me deixa feliz naquele momento, mas eu queria que pelo menos uma pessoa me olhasse!

Vasculhei com os olhos as pessoas que passavam apressadas por mim, mas... Não! Ninguém olhava para mim. Ninguém estava preocupado comigo. Um dia eu sonhei! Sonhei que alguém então olharia para mim e me perguntaria: “você está bem?”. Então nesse momento eu abriria meu sorriso tímido e ficaria feliz.

“Obrigado!”, eu diria quando você me acompanhasse até em casa e então quem sabe a partir daí nós passássemos a nos encontrar sempre e um dia nos casaríamos e quem sabe teríamos filhos juntos e eu diria: “Fruto do nosso amor.”.

Que amor? Esse é o fruto dos meus sonhos e não a realidade.

Eu quero amar! Eu quero ser importante para alguém! Quero alguém que seja importante para mim! Alguém que me ame...

Você pode me amar?

Às vezes me imagino como a boneca de pano sem coração. Todos admiram a beleza, mas ninguém teve coragem de entrar no mundo fantasioso da boneca! Acostumada a ser tratada como uma boneca eu deveria estar bem.

Entre o coração da boneca e o mundo existe uma barreira! Por favor, alguém a penetre!

“Desculpe...”, pedi quando trombei em alguém que passou por mim. Continuei andando quem sabe um dia eu encontraria alguém que penetrasse a barreira do meu coração assim como a água da chuva fazia!