Edward corria pelas árvores, mas, dessa vez, minha mente não estava focada em não bater nas árvores, na verdade, era uma coisa que eu gostaria. A dor era pelo menos cem vezes pior do que tudo que já havia experimentado, era abrasadora e consumia lentamente meus membros.

 Eu senti os braços gelados de Edward tentando me consolar, mas nada podia aliviar a dor. Ele ficou comigo o tempo todo, então tentei ficar o mais quieta possível.

 Pensei em cada momento de minha vida, queria manter tudo, mesmo os maus momentos, só estou onde estou hoje, por causa deles. As memórias de Edward e da família trouxeram algum alívio a minha mente, mas não eram o bastante para me distrair do fogo.

 Depois de algum tempo, minha mente pareceu dobrar de tamanho, me dando mais espaço para lidar com a dor. O fogo em minhas mãos e em meus pés pareceu diminuir, mas se concentrou em meu peito. Meu coração batia cada vez mais rápido.

 Ouvi o som de ar se deslocando quando os outros seis entraram no quarto, seus cheiros se misturando com o ambiente, me deixando embriagada.

 “Já está acabando.” Carlisle disse, sua voz era como uma melodia.

 Quando ele disse isso meu coração vacilou uma batida, ele estava perdendo a luta. Senti os outros pararem de respirar enquanto meu coração entrava em uma corrida frenética para sobreviver, vacilou uma vez, duas e parou de bater, o silêncio tomou conta da sala.

 Parei para avaliar minha situação, meu coração já não batia, mas podia mover cada músculo de meu corpo, experimentei abrir os olhos e me surpreendi, era tudo tão claro! Podia ver cada grão de poeira no ar, cada cor...

 Tomei uma respiração profunda e os cheiros de minha família invadiram meus sentidos, eu me senti reconfortada. Estava deitada em uma cama grande, provavelmente no quarto de Edward e quando cogitei me levantar, já estava de pé.

 “Você se acostuma.” A voz do meu amor soou atrás de mim. Mas não era a voz dele, era como a voz de um anjo, me virei, o homem parado atrás de mim também não era Edward. Todas as vezes que pensei que Edward era lindo, estava enganada, não via direito. A visão humana é embaçada, é como tentar ver através de uma cortina de fumaça. Porque esse Edward não é lindo, ele é um deus, e é todo meu.

 Corri para seus braços e envolvi minhas pernas em sua cintura. Nós olhamos dentro dos olhos um do outro por um minuto inteiro, uma eternidade para minha mente, antes que eu pressionasse minha boca na sua.  Nossas bocas se moviam juntas em perfeita sincronia, ele passou a língua pelo meu lábio inferior, pedindo permissão e eu rapidamente a concedi. Abri meus lábios e sua língua explorou minha boca fazendo as borboletas em meu estômago ficarem loucas.

 Ouvi assovios vindos de Emmett e várias risadas das meninas e lembrei que toda a família estava nos assistindo.

 “Desculpe.” Eu disse enquanto saía do colo de Edward. Carlisle revirou os olhos e veio me abraçar, os outros seguiram seu exemplo.

 “Pai?” Ele sorriu para mim. “O que disseram a Charlie?” Esse pensamento vinha me incomodando já há algum tempo.

 “Fizemos parecer que alguém entrou no hospital.” Assenti. Pobre Charlie, pensei, ele vai sentir minha falta, e eu a dele.

 “Nunca mais vou poder vê-lo, não é?” Não pergunte sobre o que não quer ouvir a resposta, Bella.

 “Sinto muito, meu amor.” Edward me abraçou. “Mas receio que não.” Ele me deu um beijinho. “Você vai ficar bem?”

 “Vou. Eu te amo, Edward.”

 “Eu também te amo, Bella.” Ele me abraçou mais forte e soube que sim, eu ficarei bem.