Preguiça, Gula e Vaidade escrita por Diego Lobo


Capítulo 14
Capítulo 13 - Por trás da porta


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo sem betagem, quem estiver interessada em ajudar é só mandar mensagem por aqui!!! mil bjus



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— Setevan, abre essa porcaria de porta! — berrava Cherry esmurrando a porta do jovem — AGORA!

Não adiantou nos primeiros quinze minutos e não adiantou por meia hora. Estava com a idéia na cabeça de que precisava se encontrar com o jovem pecado mais uma vez para que ele a conduzisse por sua mente até a porta, agora que Cherry obtivera a chave. Mas devido a ultima “sessão da mente” Steven comunicou que não iria usar seus poderes novamente na garota.

— Droga — disse ela deixando o lugar.

Faltava apenas um dia para que Alphonse retornasse, e ela tinha certeza absoluta que ele jamais iria permitir que isso continuasse, não depois de Stevan informar o que aconteceu. Cherry tentou ler algum livro, mas não conseguiu. Da janela gigantesca ela admirava o campo, seu olhar vidrado em algo que não estava lá e sim em sua mente. Suspirou diversas vezes.

Jenny entrou em seu quarto como se fosse uma fada. Na pontas dos pés ela cobriu os olhos da amiga e lhe deu um beijo na bochecha, afinal, aquele era o horário que as duas dedicavam a passar juntas e tagarelando sobre qualquer coisa. A maior parte do “tagarelar” era de Jenny, é claro.

— Seu cabelo é como de uma princesa — dizia sempre Jenny, escovando sem parar os cabelos de Cherry, sentada no tapete e não demonstrando esforço algum em prestar atenção na amiga.

— Jenny você fez o que te pedi?

A garota sorriu.

— Ainda pensando nisso? — Jenny escovou com maior doçura — Stevan foi bem firme, nem se incomodou a abrir a porta, talvez...quando Alphonse voltar.

Cherry levantou e foi em direção a porta e abriu.

— Estou cansada Jenny, poderia me deixar sozinha um pouco?

Jenny fez um beicinho e levantou, deixou a escova gentilmente no tapete e se retirou com calma.

— Isso chegou pra você de manhã — ela entrou uma carta — Acho que é da sua avó.

Cherry esperou que Jenny saísse para abrir a carta com cuidado, como se ela de alguma forma pudesse explodir. Havia um papel dourado e uma caligrafia impecável nela, os olhos da garota imediatamente foram atraídos para o inicio da carta.

Minha estimada neta,

Venho por esta carta lhe informar que na tarde de hoje será realizado um modesto chá para amigos e conhecidos no meu castelo. Como você deve saber, nossa família possui um nome de força maior em Newcastle, e seria uma agradável surpresa a sua presença no horário das cinco horas. Conhecendo seus modos impecáveis á etiqueta, seria extremamente bem vinda a representar o nome de sua família nesta pequena festa do chá. Por favor, não se incomode de responder esta carta.

Atenciosamente,

Ana Belle

Cherry releu a carta diversas vezes sem acreditar. O convite não poderia vir em uma hora mais estranha, então foi uma surpresa para ela quando procurou ver que horas eram. Passavam das três.

— Jenny! — chamou na porta da garota, demorou alguns minutos para encontrar o quarto da amiga — Preciso da sua ajuda!

Passou uma hora, o cabelo de Cherry estava feito graças ao salão de beleza que havia no castelo. A garota andava apressada pelos corredores com Jenny tentando acompanhá-la.

— Poderia me explicar mais uma vez...não que tenha me respondido das outras vezes... porque diabos você vai nesse chá?

Cherry pregava os brincos em sua orelha.

— Olha, eu não sei Jenny — ela atravessava os corredores com pressa — Eu simplesmente acho que preciso ir nesse chá, alguma coisa vai acontecer lá... Posso estar doida, não sei, mas preciso ir.

— Agora me explique porque eu não posso ir?

— Porque! — Cherry tentou pensar rápido — Porque preciso de você no castelo para o caso de Alphonse voltar, ou Stevan sair do quarto.

Jenny fez uma cara de decepção, mas Cherry bateu eu seu ombro.

— Estou contando com você! —disse — Minha amiga!

Aquilo foi um golpe baixo, mas funcionou. Jenny ficou feliz em ouvir as palavras mágicas. A garota foi buscar em seu quarto um vestido que achasse que combinasse com a ocasião, e apesar das ressalvas de Cherry, o vestido ficou perfeito.

— Não se esqueça de se comunicar comigo no celular! — disse Jenny.

Cherry desceu degraus e apanhou dói elevadores para chegar até a saída do castelo. Seus pés comprimidos em um salto apertado, mas elegante. Sentia uma forte dor de cabeça pela correria em que passara nas duas ultimas horas, a maior parte era culpa do momento que gastou no salão, mas tinha que admitir que ter algo o que fazer era bastante animador.

Demorou muito para chegar. O castelo de Alphonse ficava no sentindo oposto da avó de Cherry, e havia toda Newcastle para atravessar no caminho. A garota encostou na porta do carro e descansou a cabeça, tentava não pensar na porta ou em como tinha vontade de degolar Stevan. Acabou adormecendo.

Sonhou com a floresta onde ela e Alex ficaram juntos, e é claro, onde muitas outras coisas aconteceram além disso. A sua quase morte, por exemplo. O motorista chamou pelo seu nome e Cherry despertou, logo apanhando o seu aparelho celular para usar como espelho. O sono não provocara nenhum estrago.

— Obrigada — disse ao motorista que abriu a porta educadamente. Na frente do castelo haviam outras limusines paradas, muitas outras garotas acompanhadas de senhoras saiam dos veículos, todos muito bem vestidos. Haviam alguns jovens rapazes também, mas o feminino predominava ali.

Assim que ela pisou na escadaria de entrada, todas as jovens e velhas senhoras foram imediatamente conduzidas ao lugar onde ocorria a festa do chá. Se tratava do mesmo lugar onde Cherry trocara as primeiras palavras com Jenny e os outros pecados, e a segunda vez com Alphonse. Não foi uma experiência nada agradável.

Haviam mesinhas cobertas por um tecido dourado e com arranjos magníficos, haviam cortinas de ceda por toda parte. Ela foi conduzida até um mesa onde haviam apenas três cadeiras, pareciam ter concluído que a garota não traria companhia. Mais aos fundo do salão de chá, um grupo de músicos tocavam devagar uma musica agradável, enquanto todos que ali estavam cumprimentavam uns aos outros sem parar, como se encontrassem velhos amigos. Para Cherry, por trás de cada sorriso havia falsidade e segundas intenções.

Apoiou sua mão em seu rosto, sentindo o gostoso tecido da luva que cobria parte de seu braço. A luva era dourada como o tecido da mesa e davam um ar de elegância, mas Cherry não se importava com aquilo. Nada aconteceu.

O chá ocorria co tranqüilidade, pouquíssimas pessoas foram até a mesa da garota cumprimentá-la, ninguém parecia conhecê-la. Ela tentou ser educada, e não demonstrar o tédio que estava sentindo naquele momento. Batia os dedos na mesa em uma sequência tediosa. Admirou como eram belas as garotas que estavam ali, tinha que admitir que seria impossível para um garoto resistir ao charme encantador daqueles seres, pareciam ter pulado para fora de um livro de princesas.

De repente, na mesa especifica que Cherry bisbilhotava, dois jovens rapazes surgiram, extremamente elegantes, e cumprimentaram as moças. Apanharam delicadamente as mãos das jovens e beijaram, como em um filme, era meio ridículo, mas não deixava de ser ridículo mesmo nos tempos de hoje. Cherry deixou escapar um sorriso sonhador.

Os jovens sorriam e conversavam baixinho com cada uma das jovens, que pareciam se derreter a cada palavra. Os olhares se encontravam e diziam tudo, afinal, desejavam tudo. O sorriso de Cherry se desfez quando se lembrou de Alphonse. Aquelas garotas, por mais boba que seja a situação, viviam naquele momento um pequeno contos de fadas. Seus príncipes a cortejam almejando receber o esperado beijo.

Cherry jamais teria isso, não com Alphonse. Ela alisou a superfície da taça de cristal em sua mesa, pensando no jovem pecado que a desejava, mas que provavelmente nunca a teria, porque ambos não suportariam a dor do esquecimento. Ela não tinha um príncipe encantado, e muito menos vivia um conto de fadas.

Imaginou como seria daqui em diante. Se continuasse a viver com Alphonse ela nunca teria as experiências de uma jovem normal, que mesmo que ela criticasse não podia negar que sentia muita vontade de vivenciar tudo aquilo. Beijar loucamente, amar, viver uma paixão como se dever viver.

Seria engraçado, se não fosse uma tragédia, pensar que a pessoa ideal para se viver uma ardente paixão é justamente a pessoa que Cherry esta incapacitada de tentar. Alphonse era um amaldiçoado, e não havia feitiço no mundo que quebrasse esse encantamento do destino. Se houvesse algo a se culpar, era sim o destino, pensou.

— Cuidado pra não se afogar em pensamentos.

Cherry despertou ao som da voz de David. De ante da garota estava o jovem em trajes elegantes e um penteado charmoso para trás. Tinha um físico invejável por muitos, sem exageros como Mike e Alphonse, sem a perfeição de Julius, era um ser humano comum e mesmo assim gracioso, um anjo. Seus olhos verdes cintilavam junto ao seu sorriso sincero.

Ele apanhou a mão da jovem e a beijou, sem retirar os olhos do rosto da garota, que imediatamente corou.

— David, o que diabos você esta fazendo aqui? — perguntou ela mal contendo a empolgação.

— Alguns puderam vir, sabe? Do time de futebol da cidade... É nossa chance de conhecer algumas pessoas importantes. Sinceramente não esperava ver você aqui.

Cherry não disse nada, ficou apenas reparando em como David estava charmoso.

— Posso me sentar?

— Deve.

Trocaram olhares, depois Cherry suspirou bem fundo.

— Como esta? — perguntou.

— Interessado em saber como você esta — respondeu ele.

— Cala boca — riu Cherry — Como é estranho ver você todo arrumadinho sem os seus cabelos despenteados.

— São as exigências do negocio.

— Fico imaginando se você não é um daqueles jovens atraentes que se deitam com velhas senhoras milionárias.

David arregalou os olhos e Cherry soltou uma gargalhada.

— Você é fofo demais pra isso, é tão perfeito que chega a dar raiva.

— Não sou perfeito — falou ele com suavidade — Não sou bom em relacionamentos.

A garganta de Cherry ficou seca. Ela coçou seu pescoço, meio desconsertada, e olhando para os lados. David olhou para mesa, parecia buscar palavras.

— Você esta linda — disse.

— Obrigada — respondeu. Um silencio permaneceu, mesmo que ela estivesse feliz que David estava também na festa do chá, tinha essa estranha sensação de não ser algo correto.

— Desculpe, achei... que iria gostar da minha companhia — David rapidamente levantou e se retirou — Desculpe Cherry.

Mas a mão de Cherry foi rápida também, e segurou com firmeza o braço de David que a olhou sem entender.

— Fique — disse ela, temendo sim essa sua decisão, mas sem vontade de voltar atrás.

Dessa vez os dois conversaram, como antes. Quando Cherry chegou em Newcastle ela não tinha ninguém, Mike estava revoltado com o mundo e sua avó é um castelo de gelo. Só havia David, o verdadeiro príncipe encantado que ela secretamente esperou por toda a sua vida.

— Eu realmente gostaria de ler uma de suas historias qualquer dia desses — falou ele mastigando o pão.

— Talvez eu permita, talvez não. Tudo vai depender se você deixar eu assistir o seu jogo de futebol tão importante.

Os olhares se encontraram novamente, e Cherry estava em uma floresta. Na imensidão do verde dos olhos de David havia uma floresta encantada, onde seres místicos circulavam tranquilamente, dançavam em um balé gracioso. Como sentiu falta de caminhar naquela floresta, de apreciar a brisa, o cheiro tão doce e convidativo.

— E como vão as coisas entre você e Mike? — perguntou de repente.

— Não vão... — Cherry ficou desconcertada — O assunto Mike não esta passando na minha cabeça ultimamente.

— E o que está?

As perguntas de David a incomodava por serem precisas e estranhamente bem elaboradas.

— Estou...em uma jornada pessoal — ela fez uma careta para soltar as palavras — De auto-conhecimento, sabe?

Cherry olhou para David esperando uma reação, mas o que houve foi uma risada mutua.

— Eu sei, é ridículo — confessou.

— É um pouco engraçado — falou David tentando não parecer mal educado — Só não combina muito com a Cherry que eu conheço.

— A Cherry que você conhece? E como ela é?

David pegou a mão da garota e acariciou seus dedos enquanto ele ria descontraído buscando palavras para descrever o que tinha em mente.

— Ela é uma pessoa forte, muito teimosa, mas sincera. Não precisa de nenhuma jornada de autoconhecimento, pois ela já se conhece muito bem e sabe exatamente o que quer. É intensa, e muitas vezes não mede as palavras. Se trata de uma pessoa tão cheia de qualidade quanto defeitos...

— Que pessoa horrível! — falou ela aborrecida.

— Não acho — ele massageou a mão de Cherry — São esses defeitos que a tornam tão real. Não me atrai pessoas perfeitas demais, pois essas escondem os piores segredos. Eu enxergo a beleza na imperfeição.

Cherry corou. Permaneceram conversando enquanto serviam diversos doces e petiscos, não havia sinal da sua avó naquele lugar. Jenny mandou várias mensagens, mas não teve resposta para nenhuma delas. Fora do castelo de Alphonse Cherry sentia sua vida normal novamente, ali com David tudo mudou.

O jovem olhou em seu relógio e imediatamente ela sentiu vontade de comentar.

— O que houve? — Ele balançou a cabeça.

— Não é nada. Acho que preciso ir, tenho que resolver algumas coisas para amanhã — ele suspirou e laçou outro sorriso — Aceitaria uma carona, acho que não passa nem um taxi por aqui.

— Uma desculpa pra sair daqui? Estou dentro! — ela riu e se preparou ara levantar.

— Você pode aguardar uns instantes? Preciso me despedir de algumas pessoas — Cherry parou onde estava e voltou a sentar.

— Claro, eu estarei esperando — ela percebeu que era totalmente compreensível já que David viera para aquela festa com o objetivo de conhecer pessoas relacionadas com o esporte, mas acabou passando a maior parte do tempo com Cherry.

Esperou David atravessar o salão até a mesa repleta de pessoas que ela desconhecia. Olhou para os lados observando se alguém notara a sua presença naquele lugar. Abriu lentamente sua mão sobre a mesa, uma chave estranha revelou-se. Cherry mordeu os lábios meio pesarosos, precisava dar um jeito antes que Alphonse retornasse.

— Eu pensei que nunca mais um lixo como você fosse colocar os pés nesse castelo — Cherry imediatamente voltou sua atenção para a afronta.

Lara estava de pé ao seu lado, junto com algumas garotas que soltavam risadinhas.

— O lixo acaba voltando ao seu lugar, uma hora ou outra — falou Cherry, sem se levantar — Se você se esforçar bastante Lara, talvez consiga se tornar um lixo digno desse lugar.

Os olhos da garota reduziram de ódio, enquanto as amigas cochichavam baixinho. Lara não se moveu, ela cruzou os braços.

— Me surpreende que esteja falando com David, onde esta seu amado Alphonse?

Cherry suspirou.

— Lara, não acha realmente que isso seja da sua conta, não?

— Seria da conta do Alphonse, então? — ameaçou ela — Como ele reagiria se soubesse que esta tomando chá com David?

— Como você reagiria com um soco nessa sua cara patética? — todos soltaram risadinhas nervosas.

— A mesma vaca descontrolada de sempre — riu Lara — Acredito que tenha sido informada que seu quarto me pertence agora, não é? É claro que tive bastante trabalho para tirar seu cheiro horrível dele, mas..

Cherry levantou.

— Os aposentos da criadagem não te agradavam Lara? — imediatamente a garota perdeu o sorriso — Você deve estar vivendo um conto de fadas, não é? A filha da criada que mora em um castelo e que é popular na escola. Meus parabéns!

Lena deu alguns passos á frente, se aproximando com um intensidade de uma cascavel, com os olhos arregalados em fúria. Mas mesmo assim Cherry não recuou um centímetros se quer.

— Como realmente anda as coisa com Alphonse, será que a relação com ele anda bem ? — A garota inclinou para falar baixinho no ouvido de Cherry — Você sabe, é claro, que quando um homem não consegue algo em casa ele saí a procura. E no caso do Alphonse, ele precisa disso o tempo todo, não é?

— PORQUE VOCÊ NÃO CALA ESSA PORCARIA DE BOCA! — Cherry empurrou a garota para trás, que colidiu co força no garçom que passava por trás. Foi um verdadeiro efeito dominó, com mesas e pessoas caindo.

Um caldo verde derramou em Lena, cobrindo sua cabeça até seu vestido dourado. A garota soltou um berro enraivecido, enquanto Cherry sorria vitoriosa de pé. David chegou imediatamente, completamente assustado com a cena.

— Vamos — chamou Cherry, ela olhou para os lados esperando ver sua avó surgir das trevas, mas não havia sinal da velha.

No caminho, passos apressados, ela mal podia olhar para David. Esperava que o jovem comentasse alguma coisa, mas ele a seguiu até a saída.

— Gostou dessa Cherry? — perguntou ela um tanto animada — Era dessa que sentia falta?

David piscou uma ou duas vezes, e Cherry achou aqui sinistro.

— Achei um tanto descontrolado, sem necessidade — falou com delicadeza — Esta acontecendo alguma coisa Cherry?

— Não esta acontecendo nada! — falou nervosa — Mas aquela vaca merecia isso.

David abriu a porta da limusine para Cherry entrar. Informou ao motorista tudo o que ele precisava saber para chegar em sua casa e em seguida entrou ao lado da garota, bagunçando seus cabelos quase que imediatamente.

— De volta a rebeldia capilar? — comentou Cherry rindo, David a olhou de canto meio desconcertado e rindo também.

— Não tem nada de errado em um pouco de comportamento de vez em quando — Cherry deu de ombros e olhou para a estrada.

— Finalmente vai conhecer onde moro — disse ele.

— Verdade, nunca vi sua casa — ela pensou em como aqui era estranho, já que David sabia muito sobre ela, onde vivia era um exemplo, mas Cherry não sabia tanto assim sobre ele. Tudo o que sabia era o que ele havia contado em uma de suas conversas. Não era pouca coisa, mas mesmo assim ela sentia vontade de presenciar um pouco do dia a dia de David, conhecer seus pais, por exemplo.

— Quase produzindo fumaça!

— O que? — perguntou confusa.

­— Sua mente, com idéia de conhecer minha casa — ele riu — Muita coisa passou por sua cabeça, não foi?

— Sempre achei secretamente que você fosse algum tipo de serial killer, com todo esse lance de você ser perfeito demais...

David soltou uma gargalhada, que Cherry achou bem charmosa.

— Você é muito engraçada Cherry, sinto falta de você! — e de repente o momento da graça passou rapidamente para um silencio de troca de olhares.

Ventava bastante no campo. Ela observava o contorno das árvores, e o dia já dava sinais de cansaço, o sol parecia alaranjado. David passou a mão nos cabelos de Cherry, que depois do movimento impensado contra Lara acabou se soltando. Era uma sensação gostosa de carinho, desejava ficar assim para sempre.

Na metade do caminho ela estava aconchegada no ombro de David, que a envolveu com um de seus braços. Quase adormecera, mas persistiu em ficar acordada o tempo inteiro.

— Sobre essa busca que você esta fazendo... — começou a dizer o rapaz — Espero que valha realmente a pena.

— Não entendi.

— Vejo você tão pensativo, um pouco diferente nos atos... Espero que o preço por essa “busca pessoal” não seja alto demais.

Cherry o encarou meio pensativo, jurando ter escutado algo parecido antes, mas não sabia dizer onde foi, talvez o próprio David dissera? Não sabia se estava ficando louca, então voltou a admirar a estrada até que reparou que estavam na cidade.

A casa em que David morava era simples. Possuía cores simples, um pequeno jardim simples, e pessoas simples caminhavam pelas redondezas. O carro parou e David ficou parado do lado de fora observando o seu próprio lar.

— O que me diz de finalmente conhecer onde vivo? — perguntou o rapaz estendeu a mão para Cherry, que ficou paralisada — Se for parar pra pensar eu já visitei o castelo antigo onde você morava, o novo onde atualmente vive com Alphonse e para caso de algum dia você for morar com Muriel, saiba que eu já sou praticamente da casa.

— Dizendo isso você acaba de lembrar do fato bizarro de sermos primos — falou Cherry, ainda meio paralisada.

— Primos de segundo ou terceiro gral...

— É, sei — falou ela rindo e apanhando a mão de David. Cherry inclinou pra sair do carro quando ela percebeu.

“O que diabos está fazendo Cherry” pensou, e soltou a mão do jovem e sentou novamente no carro.

— Um outro dia David — disse, mas o jovem não ficou satisfeito.

— Porque Cherry? — ele se apoiou no carro, inclinado para ela — Entre um pouco, vamos conversar um pouco mais...posso te ajudar com as matérias, sei que não anda muito bem.

— Eu estou namorando David.

— Namorando? — Foi só isso que ele disse, mas não precisou completar o pensamento. Cherry sabia o que aquilo queria significava, talvez muito mais do que realmente David quis dizer.

Ela abaixou os olhos e sorriu meio cansada, fechou a porta do carro e acenou para David. O caminho de volta para casa foi torturante para os dedos da garota, ela os mordeu sem parar. Tudo o que queria era chegar em casa, e quando chegou ela passou voando por criados e uma Jenny nervosa até o quarto de Stevan. Primeiro ela se desculpou e falou com ternura, mas quando a porta não se abriu mesmo assim ela voltou à ignorância.

Ela abriu a porta de repente, não tentou antes porque se preocupou mais em esmurrar do que verificar se estava aberto, mas não havia ninguém ali. Imediatamente ela foi ate as cortinas fechadas e as abriu em fúria, conseguiu ver de onde estava que Stevan carregava um instrumento musical e entrava na limusine.

— Droga! — xingou chutando um livro que estava no chão.

— Stevan? — chamou a voz. Cherry procurou de onde vinha, mas ela se calou.

— Olá? — tentou.

— Stevan, eu fiz a pesquisa que você pediu...tinha razão, houve uma morte, em Paris. As autoridades descartaram suicido dessa vez, a vitima tinha cortes cirúrgicos no corpo, parecia corte de espada ou algo parecido.

Ela encontrou o lugar onde a voz saía, era o computador de Stevan, a tela estava apagada, mas não o aparelho não estava desligado. Seus dedos foram rápidos em achar o botão e em pouco tempo a imagem do jovem amigo de Stevan apareceu.

— Desculpe pensei que fosse Stevan — disse ele. Cherry observou o rapaz, a câmera reproduzia a imagem da garota para seja la onde o amigo de Stevan estivesse.

O cérebro de Cherry funcionou em uma agilidade incrível a seu favor, ela construiu uma feição aborrecida.

— Que demora! — disse ela — Fiquei horas aqui esperando, Stevan me disse que você apareceria a qualquer hora!

Por um momento o jovem ficou confuso, mas Cherry não disse mais nada.

— É sobre o teste que o Stevan preparou para mim?

— Não! — falou nervosa, mas quando o jovem ficou mais confuso — É claro que é seu tonto!

O jovem tinha olheiras no rosto e não era atraente como Stevan, parecia bastante cansado, mas aquilo parecia animá-lo um pouco.

— O que preciso fazer? — perguntou empolgado.

— Stevan disse que você teria que me ajudar a retornar...a minha mente, sabe? Usar seus poderes da preguiça para me mandar de volta para lá! — O rapaz fez um cara de espanto e coçou a cabeça.

— Mas isso é nível avançado...não esperava algo tão difcil.

— Bem, eu fiquei horas esperando, devo entender que você não vai realizar o teste. Vou contar para o Stevan e cuidar da minha vida..

— Espera! — Cherry nem precisou fingir ir, o jovem ficou temeroso — É só que, bem, achei que seria difícil realizar algo do tipo não estando presente com você. Mas existe uma maneira.

— Qual? — tentou manter um tom adequado a mentira.

— Hipnose...mais ou menos, algo como meditação — ele digitou algo do seu lado do computador — Preciso que entre em um site.

Cherry sentou na cadeira do computador e puxou o teclado para si.

— Musica de jardinagem? — perguntou surpresa observando o ste que o jovem exibiu na tela.

— Sim, quero que selecione todas as musicas da sua pagina inicial e coloque para tocar! — pediu o rapaz.

— “Celtic Woman”, “Enya”...só coisa da pesada — disse Cherry com ironia.

— Preciso que deite na cama — pediu o jovem educadamente enquanto a musica começava a tocar. Cherry fez um careta — Você vai ficar bastante tempo desacordada, seu corpo precisa de um lugar seguro para ficar.

— Como você sabe que vai dar certo assim tão fácil?

— Bem, Stevan me contou que vocês andaram visitando a sua mente, é provável que você esteja mais suscetível a pequenos tipo de hipnose ou meditação.

— Faz sentido — mas ela não se importava se realmente fazia ou não, essa era a verdade.

Cherry deitou na cama e juntou as mãos, respirou bem fundo e fechou os olhos devagar. Como nada foi dito ela estranhou.

— O que foi?

— Desculpe... — falou ele meio desconcertado — Olhando assim você parece...

— O que? — perguntou nervosa.

— A bela adormecida — concluiu meio confuso — Desculpe, quero que feche os olhos e tente não pensar em nada.

Ela estranhou o comentário, mas voltou a fechar os olhos. Tudo ficou escuro demais, e sua mente esvaziou-se de pensamentos alheios, ela não conseguia escutar a voz do amigo de Stevan, mas conseguia ver a porta que dava a sua mente.

Mal conteve sua empolgação. Partiu para dentro, atravessando o corredor coberto de folhas secas e fadas esquisitas, descendo a escadaria de pedra até finalmente chegar ao campo de gelo. Correu com seu vestido azul até á arvore que pegava fogo eternamente, conseguindo visualizar o lago congelado.

A neve caía com maior força, os ombros da garota tinha uma camada fina de gelo. Pisou no lago, dessa vez o gelo parecia se partir a cada passo, mas ela não ligou, sabia que naquele ponto tudo aconteceria para impedi-la de conseguir chegar a porta. Os corpos que se debatiam do outro lado do gelo, pareciam mais agitados e nervosos e Cherry conseguiu ver uma mão escapar.

Conseguiu ver a porta, ainda tinha certa distancia até lá. Muitos gritos de dor surgiram do nada, cabeças esquisitos emergiam do lago quebrando o gelo grosso, berravam em prantos e tentavam agarrar a garota, se conseguissem ela tinha certezas que seria dragada para o fundo.

Ela pisou fundo na cabeça de uma das criaturas e avançou para frente, conseguiu alcançar a porta. Ela respirava com dificuldade, estava muito gelado. Tentou o máximo limpar a fechadura, tudo era repleto de gritos de agonia. Havia um buraco para a chave, ela pois as mãos em seus pescoço e de repente um fio dourado se formou dando lugar a um barbante dourado, que continha um chave.

Ela encaixou a chave e girou uma e duas vezes até escutar um “clique”, girou a maçaneta e a porta finalmente se abriu. Não era o lago que estava do outro lado e sim degraus de pedra que desciam para escuridão, Cherry hesitou por um segundo, mas entrou.

Foi um tempo incontável até que a garota conseguisse ver alguma luz. De braços estendidos ela tentava alcançar algo com que se apoiar, mas parecia ser um imenso vazio em que tudo o que podia fazer era descer na escuridão. Seus pés formigavam, mas não parecia estar cansada de nenhuma forma, quando finalmente chegou no fim da descida ela sentiu pisar em algo fofo.

Eram folhas, várias delas. A luz revelou uma imensa floresta de árvores gigantescas que balançavam vez ou outra deixando muitas folhas caírem devagar. Cherry usava um vestido verde com folhas coladas no decido, seu cabelo também tinha pequenas folhas grudadas. Estava descalça, caminhando lentamente entre a imensidão de diversos tons de verde.

— O que tenho que fazer? — disse, a floresta tinha muito movimento e isso incomodava um pouco.

— Seja bem-vinda á floresta — disse a voz sussurrante. Ela rodopiou a procura do dono da voz, mas só conseguiu visualizar o que era depois de um tempo, já que parecia muito com uma arvore, mas era um jovem.

Porém, quanto mais se aproximava percebia-se que também não era um jovem, pois saindo de suas costas haviam galhos secos, lembrando duas asas.

— Eu sou o anjo da floresta, o que você procura? — perguntou, como se milhares de vozes saíssem de sua boca.

Ela não soube o que responder. Sem a ajuda de Stevan não havia orientações do que dizer, então ela preferiu o silencio na esperança de que não fosse descoberta, mas Cherry tinha essa estranha sensação de que sua mente já compreendeu o que ela estava fazendo ali, tinha meod de enlouquecer com aquele pensamente de estar sendo enganada por sua própria mente.

— Entendo... — disse o anjo — O que você procura não esta aqui, obviamente, mas esta no caminho certo.

Cherry suspirou.

— Então existe outra porta?

— Sim — o jovem tinha cabelos castanhos e olhos verdes como o resto da floresta. Seus traços pareciam talhados como a madeira das arvores e tinha um olhar incompreensível que repousou nos olhos da garota — Para achar a próxima porta, deve ter atenção, pois a floresta é densa e pode ocultar facilmente a verdade.

Cherry cogitou perguntar outras coisas, mas o jovem fechou os olhos e tornou-se uma arvore, literalmente. Imóvel no solo da floresta não parecia que fosse responder qualquer coisa. Estava de pé na floresta, observando cada árvore, a luz atravessava em feixes iluminando a poeira do lugar.

Caminhou entre as folhas, não em passos normais, desviava das folhas úmidas e incomodas cruzando o seu andar, descalça. Criaturas luminosas voavam rapidamente, pareciam as fadas de antes, todas soltavam risinhos, ela se sentia tão exposta, como se estivesse nua. Percebeu de repente que uma das fadas pitava devagar o seu braço, era uma tinta verde, parecia ter saído de alguma planta,era gosmento, mas ela deixou em sua pele.

Caminhou por muito tempo. Tinha uma tiara de flores na cabeça e sentia vontade de sorrir e dançar, junto com as fadas que a acompanhavam. Sentias-se meio tonta, mas era uma sensação boa, um formigamento esquisito e provocante lhe subia, suas pernas tombavam de uma maneira engraçada. Cherry rodopiou junto com as fadas, os braços giraram no ar, levando consigo pequenas folhas cor de rosa.

Haviam frutas de cores impossíveis, as fadas lhe entregaram e ela provou, parecia uma fusão de diversos sabores de doces. Ela olhou para céu, o pouco que conseguia visualizar, havia uma enorme estrela, parecia de papel brilhante. Ela gargalhou, sua cabeça movimentava ao som de uma musica esquisita da floresta.

Algo bizarro aconteceu. As arvores pareciam inclinar para garota, os ganhos acariciavam seu rosto, era maravilhoso. Quanto mais andava, o carinho da floresta era constante. As folhas voavam de forma incomum, não havia vento algum, tudo era mágico.

— Mamãe, quando eu crescer quero morar em uma floresta — disse a pequena Cherry.

Havia uma criança de cabelos castanhos e amarrados em uma fita vermelha, a mãe tinha cabelos dourados e usava um gigantesco chapéu de sol.

— Seria uma coisa maravilhosa... — disse a mãe — Por algumas semanas, mas você teria que voltar para a civilização.

— Não quero! — disse ela emburrada — Quero viver na floresta!

A mãe olhava para as árvores, ignorando a opinião da criança ela continuou a caminhar.

— Por maior que seja a diferença entre você e as outras pessoas, ninguém consegue viver sozinho para sempre. Seja única, mas nunca só.

— MÃE! — chamou a Cherry mais velha, a mulher olhou para trás assustada, seu olhar atravessava a jovem adolescente, mas parecia curiosa.

— O que foi mamãe? — perguntou à pequena. A mulher sorriu e continuou a caminhar.

Cherry correu para em direção s duas figuras a sua frente, mas a cada passo uma imensidão parecia separá-las. Continuou a correr, o máximo que pode, desejava muito sua mãe naquele momento. O que mudou foi que de repente a floresta parecia mais escura do que antes, as fadas já não a acompanhavam mais, e as folhas não mais caíam.

Ela parou de correr quando reparou que sua mãe e ela haviam desaparecido. Tudo era silencio. Ela rodopiou procurando um lugar seguro, ao menos um caminho a se seguir, mas era incerto. As árvores tinham troncos negros e com buracos enormes que pareciam tremer como uma respiração.

Ela deu um passo para frente, quando..

— E assim, a pequena chegou ao lado mais sombrio da floresta dos segredos.

Aquela voz lhe fez gelar a espinha por completo. Era seca e sinistra, e tinha pausas em cada palavra dita, como se alguma coisa lhe observasse de longe, algo sombrio.

— Dizem, que se o caminho é sombrio o baste, é porque a resposta pode estar bem a sua frente.

Ela não queria escutar mais aquela voz, estava com muito medo. Não deu um passo se quer a gente, ficou paralisada.

— Mas estaria ela preparada para o que quer que fosse que estaria protegendo o seu... — ela sentiu um calafrio, todo seu corpo arrepiou-se, finalmente podia sentir uma brisa, mas essa parecia uma respiração bem em seu pescoço — Segredo.

Algo se mexeu ao longe.

— Olá? — disse imediatamente assustada. Estreitou os olhos para tentar ver o que era, mas era muito incerto.

Seja o que for continuou a se mexer e tornar-se mais próximo. Era uma figura humana, mas estava muito escuro, pois a aquela distância não passava de uma sombra. Finalmente pode reconhecer alguns traços, como um cabelo meio comprido e músculos.

— ALPHONSE! — berrou em alegria, ela correu em sua direção.

Porém, algo estranho aconteceu. A distancia se tornava cada vez menor, mas a figura a sua frente não se livrava das sombras. Ela apresou-se para tentar finalmente enxergá-lo menor, tentando adivinhar como ele fora parar ali, obviamente deveria ter haver com o fato de os dos estarem conectados.

Nada. Continuava coberto por um breu estranhíssimo, e algo mais intrigante aconteceu. Seu tamanho parecia incomum demais, os braços alongavam de uma maneira anormal, o pescoço também, o cabelo parecia um tanto maior. Cherry parou.

A presença a sua frente tinha braços compridos, e em suas mãos dedos maiores...garras. Era corpulento sim, mas não haviam traços alguns, era uma sombra. Cherry estava a pouca distancia.

— Al? — disse engasgada.

Se fosse possível a floresta perdeu um pouco mais de sua luz. Não era Alphonse, era uma coisa diferente. Estava parada diante da garota, em uma postura estranha, a escuridão de seu rosto parecia observar a garota, e de repente uma respiração demoníaca saiu da criatura, como de um animal forte e velho. Deu um paço a frente, e Cherry gelou por inteira, dando um paço para trás.

— O..Olá? — falou tremula. Aquilo era a coisa mais assustadora que vira em toda a sua vida. Ela estava sozinha naquela floresta, não conseguia se lembrar como viera parar ali, seria uma excursão da escola? Seus pais estariam acampando ali perto?

A coisa se alongou para frente. Cherry tentou parar de tremer para se inclinar milímetros também e tentar visualizar o rosto daquilo, mas um urro demoníaco rompeu daquele rosto de sombras, parecia milhares de urros monstruosos juntos. Ela gritou e correu imediatamente.

A coisa estava bem a sua frente, soltando urros e gemidos bizarros, seus braços com garras retalhavam as arvores a sua frente, ela berrava em desespero, não conseguia ver direito o que estava a sua frente, tudo era escuro, e as folhas pareciam molhadas, ela quase escorregou.

A criatura soltou um urro maior, estava muito perto.

— SOCORRO! — disse quando sentiu algo rasgar com força o vestido por trás, era a criatura respirando com força — PELO AMOR DE DEUS ALGUEM!

Ninguém apareceu, Cherry estava sozinha naquele lugar. Ela correu o máximo que pode , mas a criatura a alcançou, apertando seu braço com muita força, as garras se fechando, ela tinha pavor de olhar para seu rosto, ela soltava um barulho que crescia, como um mugido ou algo do gênero, mas demoníaco e nada parecido com qualquer coisa normal. Ela gritou sem parar.

— CHERRY! — chamou alguém, tudo ficou muito claro ao extremo.

Seus olhos perderam o foco, enquanto a voz lhe chamava e dava tapinhas em seu rosto, que ardia muito. Finalmente conseguiu ver Stevan a sua frente.

— Cherry, acorde! — falou ela — Você esta bem, esta no castelo, volte!

Ela virou para o lado e vomitou. Tudo estava girando com violência, ela estendeu os braços e conseguiu alcançar o ombro do jovem e usou isso para tentar levantar.

— Stevan, eu consegui — disse coma voz meio arrastada — Eu..achei a chave e entrei naquela porta!

— Cherry por favor não fale mais nada, você precisa de um médico! — disse o garoto.

Ela segurou sua cabeça, passou a mão nos cabelos e respirou fundo.

— Não seja bobo estou bem — ela conseguia ver melhor o quarto — Agora que estou progredindo vou voltar pra lá em algumas horas e você vai me ajudar...

Cherry tombou para frente, mas alguém a segurou.

— Não você não vai — disse Alphonse.



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