Preguiça, Gula e Vaidade escrita por Diego Lobo


Capítulo 12
Capítulo 11 - Viagem


Notas iniciais do capítulo

To terminando minha facul, ai tem umas coisas chatas que preciso fazer. Desculpem a demora, nessas férias eu vou postar muito, não aguento mais ter a historia toda na cabeça e não poder postar rsrsr
abraços e espero que gostem!!!



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— O senhor deseja alguma coisa? — perguntou a aeromoça incrivelmente bela e jovem.

— Não obrigado — sorriu Alphonse em resposta.

Era o primeiro dia de sua viagem longe de Newcastle, o dia estava insuportavelmente radiante, sem tempestades previstas. A aeromoça do avião vazio, já que pertencia ao próprio Alphonse, soltavam vários suspiros ao longe observando o corpo escultural do jovem banhado pelo sol da janela do avião.

Ele apanhou algo no bolso e amarrou seus cabelos negros em um elegante rabo de cavalo. Suspirava impaciente pensando em como seria exaustiva a viagem até os Estados Unidos, e que levaria poucos segundos se houvesse alguma tempestade. Aquilo lhe fez lembrar que parecia muita coincidência, já que o ultimo ataque aos pecados em Newcastle fora logo em uma época sem tempestades. Estaria alguém querendo mantê-lo longe de sua cidade?

Não havia o que se preocupar, tentou pensar, Richard estava tomando conta do lugar. Jenny possui várias cópias espalhadas pela cidade e Julius prometera ficar de olho nas ações da garota. Sua maior preocupação era se Stevan teria obedecido a suas ordens de não usar seus poderes em Cherry na sua ausência.

Já na América, ele pediu para que o taxista se apresasse, não conseguindo esconder de maneira alguma sua impaciência. Algumas pessoas souberam de sua chegada aos Estados Unidos e lhe ligaram algumas vezes para marcar uma serie de compromissos, os quais ele recusou todos educadamente. O destino era o porto de Los Angeles.

— Boa noite senhor Asmodeus! — cumprimentou o marinheiro que se apressou em apanhar a mala do jovem.

— Esta tudo pronto para zarpar? — disse Alphonse com um passo apertado para o gigantesco navio que soltava um som pesado de suas caldeiras.

— Sim senhor! — respondeu o marinheiro.

O céu estava estrelado, um verdadeiro clichê do mar, e sem nenhuma nuvem se quer. Seu amigo Albert se encontrava em algum lugar do oceano, no navio particular que tanto adorava. Também esse sem poder transitar livremente pelo céu graças a ausência de tempestades. Demoraria mais do que esperado, concluiu Alphonse aborrecido.

A madrugada silenciosa do mar lhe deixava inquieto com seus pensamentos. Podia sentir claramente Cherry desacordada, tão concentrada em algo que a deixava nervosa e ansiosa. Alphonse andou pelo navio solitário, as estrelas cintilavam de uma maneira única, onde nas cidades o seu brilho era ignorado.

Espreitou as águas escuras que o navio cortava deixando relevos de espumantes para trás. O vento fechava seus olhos, como se possuísse mãos carinhosas que desejassem o seu sono tranqüilo e profundo. Mas quando ele obedecia a essa vontade a imagem da garota linda de cabelos castanhos invadia a sua mente, lhe deixando louco.

Cherry. Era tudo o que conseguia pensar, e se sentia horrível por isso. Essa sensação não era pelo amor que sentia, e admitia, mas sim porque ele odiava ter que admitir também que foi por ela, e exclusivamente ela, que viajara até aquele lugar. Seus amigos, Jenny, Stevan, Richard, Julius, não eram mais sua preocupação.

No momento em que chegara naquele campo repleto de mortos, as criações de Richard, ele só conseguia pensar em Cherry, e se a garota estava bem. No quarto enquanto discutiam sobre quem deveria estar causando os ataques, somente Cherry era sua real preocupação. Ele não enxergava mais nada em sua vida.

Quando o dia começava tudo o que importava era o que ele deveria fazer para agradar Cherry, o que ela iria gostar....

— Pare! — disse a si mesmo, tentou se livras dos pensamentos.

A lua estava lá, marcando sua presença naquela noite silenciosa. Alphonse de braços abertos era uma silhueta luminosa na escuridão, seus traços únicos ganhavam um relevo. Era um ser místico esperando o tempo passar.

Uma lembrança do seu tempo com Albert veio a sua mente..

— Não acho certo meu irmão... — falou Alphonse indignado, em seus catorze anos de idade o jovem usava um rabo de cavalo um pouco mais curto.

Albert parecia o mesmo, seus cabelos ruivos e a pele clara com um jeito bastante angelical. Usava óculos de sol podendo ser confundido com um ídolo adolescente facilmente.

— Alex escolheu esse caminho Alphonse, o que se pode fazer? — o jovem fingia indiferença, estavam em uma ilha deserta em algum lugar do oceano pacífico. Era um paraíso, de fato, mas não havia se quer sinal de tempestade á vista.

Albert voltou-se para Alphonse.

— Sabe, meu querido irmãozinho, me surpreende que você se preocupe com aquele loiro de cabeça oca, enquanto nós, duas pessoas incrivelmente atraente, estamos presos nessa porcaria de ilha!

Alphonse arrancou sua camisa mostrando os indícios de definição que ele possuía atualmente, estava um calor infernal.

— Você se esquece Albert, que a idéia de andar pelo Pacífico de ilha em ilha, foi exclusivamente sua! — disse Alphonse acertando sua camisa molhada no traseiro do amigo — Porque você aparentemente tem uma paixão incompreensível pelo mar!

Albert também se despiu.

— Alex também tem demonstrado interesse no maravilhoso mar, só você, meu caro irmão, prefere a cidade!

— Não as suas cidades americanas, é claro, mas sim — respondeu Alphonse sentando na areia, seu calção de banho esquentando suas partes — Não há garotas aqui, não há nada nessa porcaria de ilha!

O céu estava limpo e azul, o sol fritava suas cabeças.

— Ao menos você não vai precisar continuar com suas sessões de bronzeamento artificial — disse Albert dando de ombros.

— Não sei do que você esta falando, eu não faço isso! — resmungou Alphonse retirando seu calção de banho exibindo seu traseiro branco, se preparando para entrar no mar.

— Droga Alphonse, me poupe dessa visão infernal!  — falou Albert cobrindo os olhos — Porque diabos não esta usando a sunga que eu te dei?

Alphonse baixou os olhos para a sunga que Albert estava usando, apertada e com vários detalhes florais.

— Você realmente acha que está arrasando, não é? — disse Alphonse sério.

Albert pôs as mãos na cintura fazendo uma pose ridícula e confiante.

— Al, você esta com inveja porque eu sou uma pessoa ligada nas tendências da moda.

Alphonse riu.

— Acho que desconheço essa tendência. É de alguma ilha perto daqui? Onde tem pessoas alegres?

— Muito engraçado! — Albert correu atrás de Alphonse até o mar.

Alguns minutos depois Alphonse ainda tossia água.

— Mas que droga Albert, você não sabe brincar! — reclamou Alphonse esticado na areia, de volta com o calção.

— Você acha que ele volta? — perguntou Albert pensativo.

Os dois sabiam sobre o que se tratava, Alphonse deitado na areia fechou os olhos e suspirou.

— Não sei... Nunca o vi tão zangado — ele olhou para Albert imaginando certas coisas — Nunca pensei iríamos se separar, sabe?...Os garotos perdidos.

— Era pra ser algo eterno — disse o ruivo — Desde o dia que nos conhecemos.

Alphonse sentou e tentou enxergar algo no horizonte, mas não havia nada.

— Como ele conseguiu fazer aquilo? — perguntou — Quer dizer... Como ele conseguiu fazer sem tempestade?

Albert estreitou os olhos.

— Uma vez Al, eu estava viajando pelo Brasil. Cara, naquele país você consegue dar a volta por todos os estados umas duas vezes por dia!

Alphonse se espantou.

— É verdade, aquele país possui tantos raios, acho que é o lugar que tem mais raios e tempestades, é incrível!

— Sem falar nas mulheres... — acrescentou Alphonse, mas Albert o encarou como se isso fosse bastante obvio.

— Mas então eu encontrei um cara, ele morava em uma praia completamente deserta. Um lugar incrível, parecia um paraíso! — o ruivo coçou a cabeça — Ele era um Luxúria, como nós. Um surfista bem excêntrico e engraçado, até atraente...

— Por favor, meu irmão, não me diga que agora que estamos nessa ilha perdida você vai contar uma experiência secreta que você teve...

— Alphonse Asmodeus você quer ir voltar pra água? — ameaçou Albert, e o rapaz se calou imediatamente — Então ele me contou uma coisa bem maluca.

Agora Alphonse estava interessado.

— Ele disse que certa vez estava surfando pelas redondezas e foi pego por uma tremenda tempestade, e ficou extremamente animado e resolveu embarcar nos raios. Só que quando ele voltou a terra, algo estranho aconteceu.

— O que? — perguntou Alphonse curioso.

— Ele parou em um lugar do oceano, onde não havia nada! A tempestade se fora como mágica, o mar era parado como um espelho e não havia sinal de civilização!

— Então não estava muito diferente de nós?

— Exatamente. O cara me disse que poderia ser o triangulo das bermudas, mas ele era maluco... Mas estava em parte dizendo a verdade.

— E como ele conseguiu voltar?

— Foi isso que me surpreendeu. O cara me contou que estava sozinho, quase morrendo naquele lugar, quando ele fechou os olhos desejando a tempestade, mas é claro ela não apareceu. Mas ele pode sentir algo dentro dos seu corpo, uma energia pulsante como a de uma tempestade.

Alphonse parecia não compreender.

— Ele me explicou que dentro de todos nós existe uma energia, igual a dos raios, essa é nossa vida. Disse que nós, pecados da Luxúria encarnados, somos feitos de energia... E foi assim que ele escapou de lá.

— Mas...

— Ele usou sua própria energia meu irmão, sua própria vida! Com ela ele conseguiu viajar até a tempestade mais próxima e voltar ao Brasil.

— Então podemos fazer isso? — perguntou o amigo encantado.

— Aí que vem a parte assustadora. Segundo ele, quando usamos nossa energia vital para viajar, parte da nossa vida é reduzida consideravelmente, porque é como se uma parte de nossa alma fosse arrancada e usada como combustível...

Houve um silencio.

— O cara parecia ter uns vinte anos, não sei, mas eu voltei naquele lugar alguns meses depois e ele estava morto em uma cabana.

— Você esta de gozação!

— Não estou brincando Al — Albert estava bastante sério — Eu conclui que ele só percebeu que essa habilidade diminui a vida depois de ter usado umas duas vezes, quem sabe, é o que todos nós faríamos se descobríssemos que somos capazes de fazer tal coisa.

Alphonse sabia que Albert estava certo, se ele descobrisse tal poder não hesitaria em testar novamente, então provavelmente havia um limite afinal sua vida seria diminuída. Mas agora que ele sabia disso não se atreveria a testar.

— Albert! — exclamou Alphonse concluído as coisas — Meu irmão, não me diga que foi isso o que Alex fez?

Albert bufou.

— Al, como você é lerdo! Claro que foi, não haveria outra explicação! — o ruivo fechou os olhos nervoso — Provavelmente foi sem querer, não sei, você viu como ele estava furioso.

Os dois ficaram em silencio por um momento olhando para o mar.

— E como diabos nós vamos sair daqui?

Alphonse era cheio de lembranças engraçadas daquele tempo, mas as coisas mudaram. Ficou sabendo que Albert mudara completamente, mesmo da ultima vez que o vira, o jovem amigo se transformara em uma pessoa nervosa e criara uma tendência de transformar cada vez mais pessoas em Luxúria, chamando-os de filhos.

Alexander perdera a razão. Agora vivia vagando pelos mares como um pirata, sua memória cada vez mais afetada, a ultima vez que os dois se encontraram Alphonse teve que usar seus poderes contra o amigo.

Depois de três dias o navio encontrou o luxuoso cruzeiro de Albert. Um som ensurdecedor tocava nas alturas. Alphonse não foi recepcionado por ninguém, pelo contrario, foi ignorado por todos que estavam ali, portanto pediu educadamente para que os marinheiros fossem para dentro do navio enquanto ele encarava o cruzeiro. Quando percebeu que estava sozinho ele deu um salto até onde o som explodia.

Aterrissou bem no meio do que seria uma festa. O som pesado não condizia com a animação das pessoas naquele lugar. Os jovens sentados em um completo desanimo, e um cheiro insuportável de bebida por toda a parte. Havia algumas garotas entediadas em um canto, e outras desacordadas em outro.

Alguns dos jovens encararam Alphonse com um olhar ameaçador.

— Onde esta Albert? — perguntou com simplicidade na voz.

Três jovens levantaram imediatamente, descamisados e banhados de uma cerveja fedorenta.

— E quem diabos que saber? — perguntou um deles com um sotaque sulista carregado.

Alphonse não teve tempo de responder já que um dos jovens já estava ao seu lado com os punhos serrados em direção ao seu rosto.

ARG!

O jovem foi arremessado para fora do navio mal conseguindo encostar um dedo em Alphonse.

— Vou perguntar mais uma vez ­ — ele sorrindo.

Mas dessa vez todos os outros jovens que ali estavam agora se encontravam de pé, com o mesmo tom ameaçador do outro. Aquilo preocupou Alphonse, ele sabia que sem o auxilio de uma tempestade ele não poderia usar todo o seu poder, o que seria necessário para combater todos aqueles pecados.

Um jovem careca sorriu para Alphonse, se aproximando de uma maneira mortal, suas mãos emanando uma energia inquieta.

— Você não é um irmão, e entrou no nosso navio sem permissão. E ainda atacou um dos nossos! — os outros se aproximaram, cercando Alphonse — Nosso pai nos ensinou direitinho como lidar com “originais” como você. Sem tempestade, e com um numero tão grande quanto o nosso, você não tem a mínima chance.

Alphonse riu.

— O pai de vocês pode ser o senhor do conhecimento, afinal é por isso que estou aqui. — Alphonse abaixou-se e tocou o chão do navio, fechando os olhos — Mas tem um truque que ele não sabe!

Ele abriu os olhos, possuído por uma luz azul intensa. De repente o som do navio se calou e todas as luzes se apagaram. Alphonse se levantou, carregado de uma energia poderosa que o circulava como uma proteção. Ele cerrou os punhos indicando o ataque.

— Mas como... — falou o careca assustado

— Experiência! — disse Alphonse com uma voz que parecia repetida um milhão de vezes, e abrindo um sorriso.

Antes que avançasse um passo se quer alguma coisa lhe acertou com força, um clarão amarelo nervoso. Alphonse foi ao chão, arrastando tudo a sua frente até quase fora do navio, Albert segurava seu pescoço.

— Esperava uma recepção melhor, meu irmão! — disse Alphonse com dificuldade.

— VOCÊ NÃO VAI ATACAR OUTRO DE MEUS FILHOS! — disse o ruivo em fúria.

Alphonse fitou os olhos assassinos de Albert e sorriu.

— Então me mate meu irmão — Alphonse esticou os braços e relaxou o corpo, enquanto Albert continuava a estrangulá-lo. Mas ele desistiu e se levantou dando as costas para o amigo — Albert preciso conversar com você!

— Não há nada para conversar Alphonse! — disse ele andando para dentro do navio, mas ele foi seguido.

— Ao menos posso saber o motivo da sua fúria? Não me diga que foi porque eu ataquei um de seus filhos, você não deixaria nosso passado de lado por isso.

Ele abriu uma espécie de escotilha e entrou em algo parecido com um corredor luxuoso, mas cheio de garrafas e pessoas espalhadas pelo chão.

— Eu recebi uma visita do nosso querido irmão Alex — comentou Albert, ainda sem se virar.

Alphonse não disse nada, o seu silêncio foi à resposta para o que atormentava Albert.

— Estava enlouquecido como nunca, me contou que havia acabado com sua vida.

— Você explicou o que aconteceu? — perguntou.

— Não tive tempo, quando percebi o desgraçado quase arrancou minha cabeça fora. Estava louco, completamente fora de si, parecia um animal!

Alphonse tomou o passo até a frente do amigo.

— O que houve meu irmão? — perguntou aflito temendo o pior — O que aconteceu?

Albert desviou os olhos, parecia não encontrar palavras em suas lembranças. Estava com feições cansadas, nem parecia o jovem animado de antes.

— ALBERT, POR DEUS, O QUE VOCÊ FEZ? — perguntou Alphonse em desespero, sua voz se tornou rouca de repente — Não me diga que você o...

— O matou? Por deus Alphonse, não! — disse ele zangado — Nunca o faria, mas a situação se aproximou muito disso. Tive que usar nosso poder oculto, algo que desprezo usar, você bem sabe.

Alphonse ainda parecia preocupado.

— Nós dois ficamos acabados, cheguei a minha exaustão e perdi muitos filhos...

— E Alex?

— Caiu no mar, mas estávamos em uma tempestade épica, nunca vi o mar tão agitado, duvido que Alex tenha morrido.

Os dois entraram em um imenso salão. Havia mesas espalhadas pelo chão, muita bebida e um piano destruído. Também havia um palco para apresentações e duas garotas giravam, pareciam um tanto afetadas. Albert apanhou uma taça de champanhe em uma mesa que ainda permanecia de pé.

— O que diabos você esta fazendo aqui no meio do nada, meu irmão? — perguntou Alphonse olhando para a situação do lugar.

— Não me chame de irmão! — ele se livrou da mão amiga de Alphonse em seu ombro — Não somos mais irmãos!

— Pare de ser tão dramático Albert! — Alphonse revirou os olhos.

Albert não parou, e o encarou com olhos estreitos.

— Irmãos não abandonam uns aos outros por uma garota! — Alphonse desviava o olhar, mas Albert o perseguia — Nenhuma visita em semanas, meses, você me esqueceu!

— Calúnia! Eu te liguei toda semana, mensagens aos montes, mas olhe onde você se meteu! — atacou Alphonse.

— Desculpas! — disse Albert zangado — Desculpas que não me convencem!

Alphonse reparou no mau cheiro e fez uma careta.

— Isso não é a sua cara, porque esse lugar esta tão deplorável? — Albert não comentou, parecia envergonhado. Alphonse compreendeu de repente — Não me diga que está encalhado?

— Calado!

Alphonse gargalhou.

— Albert! Meu grande irmão, que a vida toda se vangloriou de sua navegação, e como desejava desbravar os sete mares, encalhado em lugar algum!

— Cale essa droga de boca Alphonse!

— E muito orgulhoso para pedir um resgate, é claro! Há quanto tempo vocês estão encalhados? Por deus, Albert!

— Não houve nenhuma tempestade desde que Alex apareceu! — admitiu explosivo — Era quase como se aquele loiro maldito tivesse levado toda a tempestade junto consigo!

— E imagino que o navio tenha sofrido sérios danos com a briguinha dos dois — conclui Alphonse.

— Tinhamos energia reserva, mas que é claro você me fez o favor de roubá-la!

— Você deveria controlar seus filhotes, parecem animais!

— Não os culpo — falou Albert em teimosia.

Os dois permaneceram encarando um ao outro, até que Albert bufou, se entregando a presença do irmão.

— Você veio me perguntar sobre os ataques? — perguntou cansado.

Alphonse abriu a boca para responder, e um clarão amarelo lhe acertou em cheio quase o segando.

— SEU RUIVO DESGRAÇADO! — disse ele levando as mãos no rosto.

Albert riu.

— Ah, meu irmão. Você pode ter seus truques, mas eu tenho os meus — ele se aproximou e passou as mãos no cabelo de Alphonse — Você se lembra muito bem disso, não?

Alphonse se lembrava muito bem. Aquele poder que o seu amigo possui era capaz de sondar rapidamente tudo o que se passava na mente de alguém, com imagens reais, uma coisa que ele não conseguia fazer. Ninguém nunca conseguia esconder nada de Albert graças a essa habilidade.

— Parece que as coisas estão sérias em Newcastle — disse Albert não demonstrado estar interessado — Realmente, a falta de uma tempestade em tempos como esse é bastante suspeito.

— O que você sabe Albert?

Ele bufou impaciente e os dois caminharam até a uma ala superior do navio, o vento sobrava suavemente.

— Estou vendo que a sua relação com essa garota é igualmente séria, não é?

— Isso não vem ao caso — respondeu Alphonse sem paciência — Preciso saber o que esta atacando os amigos de Richard!

— Aquele cara nunca criou nada que preste, já encontrei alguns deles certa vez, não pensam duas vezes antes de tentar arrancar sua cabeça! — argumentou Albert.

Alphonse não via diferença entre os filhos de Albert e os amigos de Richard.

— Sabe Al, é engraçado que você esteja ajudando Cherry a descobrir o seu segredo, quando você mesmo possui um — ele debruçou-se para ver o mar — Fico imaginando se ela sabe disso...

Alphonse segurou seus cabelos, um vento gélido tomou o lugar de repente. Não respondeu imediatamente, Albert parecia perdido no olhar.

— Correndo o risco de dar inicio a uma batalha épica que destruirá a todos nós, eu me arrisco a perguntar sobre Zahara — Albert o encarou imediatamente — Não sinto sua presença no navio.

O ruivo parecia fraco, seus olhos cansados atravessavam o corpo de Alphonse perdendo-se em algum tipo de lembrança.

— Alcançamos o limite — ele deslizou até o chão — Brigamos e ela foi embora, antes das tempestades desaparecem, não faço idéia de onde esteja.

— Conheço Zahara, não acho que ela iria embora sem ter um motivo muito importante... Vocês se amam Albert.

— E você, Alphonse, nunca jogou isso na minha cara — ele parecia murchar, sua voz era suave — O mesmo esta acontecendo com você, e tudo o que eu fiz foi censurá-lo... Afinal quem sou eu para julgá-lo?

— Meu melhor amigo no mundo inteiro — respondeu Alphonse de imediato sentando no chão e segurando a mão do amigo.

— Porque Alphonse? — falou com uma voz cansada — Porque somos jovens e nos sentimos tão velhos às vezes? Com problemas que nos consomem por inteiro aponto de encurtar nossas vidas.

— É como você mesmo diz, é o preço que pagamos por viver uma vida tão intensa...

— Tão cheia de pecados... — concluiu Albert como se estivesse adormecendo.

Finalmente nuvens apareceram no horizonte, negras e inquietas. A brisa tornou-se gélida e uivos de alegria tomaram todo o barco. Albert estava de olhos fechados.

— Sinto falta do cheiro dela, dos olhos, da pele, do seu corpo em chamas... — Albert sussurrava — Espero que ela esteja bem, não suportaria perdê-la... Ou esquecê-la.

Alphonse levantou-se, não teve sucesso algum vindo até aquele lugar. Albert parecia completamente perdido, mas quando ele se preparou para deixar o navio o ruivo abriu a boca.

— Alphonse, você se lembra de um acontecimento estranho na nossa infância?

— Deus, tantos foram! — disse Alphonse de pé.

— Sim, de fato. Mas em nossas viagens, creio que foram as primeiras, aconteceu algo estranho, você se lembra? — Alphonse tentou, mas não conseguiu.

Albert estava deitado no chão, abriu os olhos enquanto as nuvens cobriram o céu.

— Viajávamos pela Inglaterra, nos campos, quando alguma coisa nos pegou.

Alphonse de repente arregalou os olhos, Albert ficou feliz que o amigo parecia se lembrar.

— Foi um evento estranho, Alex disse que foi uma abdução alienígena, e eu disse que era outra coisa — O ruivo estreitou os olhos — Foi à experiência mais assustadora da minha vida, eu achei sinceramente que iríamos morrer.

— Éramos crianças, dez anos eu acho — disse Alphonse — Nosso poder não era o bastante para seja lá o que foi que nos apanhou.

— Mas mesmo assim foi bem estranho e eu não consigo me lembrar de como fugimos naquela noite, mas acho que ainda está lá.

Alphonse compreendeu a dica de Albert.

— Obrigado Albert, nos vemos por ai... — Alphonse desapareceu com o estrondo da tempestade.

— Provavelmente — disse Albert quando o amigo se fora.


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