Kaleidoscope - Um Mundo só Seu escrita por Blodeu-sama


Capítulo 11
Cap. XI – As máquinas de confusão social


Notas iniciais do capítulo

Muita falação dessa vez. Por favor leiam, okay? Primeiro, a explicação de porque eu demorei tanto pra postar esse cap. Bem, basicamente, eu não conseguia escrevê-lo. Quando finalmente algo surgiu na minha cabeça, precisei escrever outra coisa antes. Porque eu não conseguia escrever essa primeira parte sem colocar no papel como foi que o Aoi conheceu o Reita. Era algo que eu pretendia colocar como Extra no final da fic, mas acabou virando uma paralelinha independente chamada Racer. Quando estiver terminada, aviso aqui para quem quiser , passei algum tempo batendo cabeça com a minha irmã, enquanto escolhíamos a trilha sonora oficial de Kaleidoscope. Finalmente está pronta... ou pelo menos assim espero. O link para baixá-la também está no meu perfil (maninha me pediu pra perguntar a vocês o que acham dela). A música para a parte final desse capítulo é Everybody Dance Now, seria legal se você ouvisse quando for ler a parte da boate.

Por último, introduzi um novo membro a equipe de produção XD Tava relendo os capítulos anteriores e... gente, vocês são uns amores de tolerar tanto erro de português! Então, mandei todos eles pra Nah, e ela os betou pra mim (além de dar aqueles bem vindos palpites), e todos foram republicados, com mais notinhas em cima, mas basicamente não mudaram de estrutura. Mas, em todo caso, não se beta uma fic desse tamanho em 15 minutos, então esperei que ela terminasse antes de postar o capítulo novo, pra ficar tudo bonitinho e etc...

Mas eu tenho que dizer que já não prometo atualizações rápidas. To estudando pra ir pro Nihon gente, então meu tempo está meio contado. Mas se eu conseguir a bolsa, prometo que escrevo uma fic de lá pra vocês, com descrições e um monte de detalhes. E se der sorte, posso até conhecer esses carinhas de verdade! Torçam por mim!

O título desta vez foi inspirado no título da música The Social Riot Machines, do the GazettE. Talvez, quem sabe um dia, eu inspire um título em uma música do Arisu pra variar. E quanta falação...



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Toda a paisagem era um mero borrão para Reita. Um borrão cinza e verde escuro, por onde passava como se estivesse voando baixo. Sentia o carro tremer sobre si, um motor mais que apenas potente, curvas lindas e uma estrada vazia. Tudo parecia se mover enquanto ele se sentava ao volante de seu Mazda branco e dirigia sem destino certo.

- Racer...

Reita virou o rosto para o banco de passageiros, sem se preocupar em olhar para frente. Ele estava lá, sorrindo daquele jeito expansivo, vestindo aquele macacão vermelho estilo mecânico de Pit Stop, aberto do peito. A única coisa que não se movia. Aoi.

Voltou a olhar para frente, sorrindo. Outra vez, ouviu a voz sussurrada e deliciosamente provocante de seu namorado em seu ouvido, dizendo aquele apelido que ganhara na primeira noite. “Racer...” Sentia que seria beijado a qualquer instante e nem mesmo bateria o carro por causa disso. Porque aquilo tudo era perfeito.

Mas Aoi não o beijou. Ele começou a lamber sua orelha. Estranhando, Reita encolheu os ombros. Fazia cócegas! Aquele tipo de lambida não era nada sexy. Que tipo brincadeira era aquela?!

Então a consciência sonolenta juntou finalmente os fatos e o loiro abriu os olhos. Algo molhado e quente fazia cócegas em sua orelha, mas os tufos de pêlo cor de creme que via com o canto dos olhos o fizeram ter certeza que estava muito longe de ser Aoi. Se ergueu de súbito, fazendo o filhote pular da cama para o chão e então apoiar as patinhas pequenas no colchão, ofegando de maneira animada.

- ...Arg. – resmungou o terapeuta, fazendo uma cara de nojo e esfregando a mão contra a orelha melada de baba de cachorro. Em seguida encarou o animal muito seriamente.

- Escute aqui, Sabu. Essa é minha casa. E na minha casa existem regras. E a principal delas é não acordar a pessoa que te alimenta com lambidas. Estamos claros?!

- Engraçado, você não reclama quando sou eu que te acordo com lambidas – murmurou Aoi, rindo descaradamente encostado a porta do quarto. Ele usava apenas as calças de pijama azul claro e trazia nas mãos uma bandeja pequena com uma tigela de sopa de misô e um copinho com analgésicos. Reita tentou fazer uma careta de nojo pior do que a anterior, mas suas expressões faciais estavam meio limitadas pela dor de um nariz quebrado e quilos de esparadrapos.

- Não consigo acreditar que aquele maluco do Takashima simplesmente conseguiu quebrar o meu nariz... – resmungou, ainda fanho, sentando-se de maneira mais cômoda na cama, parecendo constrangido e emburrado. – Quero dizer... ele parece uma garota agindo como um rapaz. Se eu estivesse preparado certamente não...

- Uruha é mais forte do que parece – disse Aoi, depositando a bandeja no colo do outro e sentando-se ao seu lado. – E tem um temperamento bem instável. Ele se meteu em muitas encrencas feias enquanto a gente namorava, às vezes chegava todo coberto de hematomas. Eu só não tinha certeza se eram de briga ou outra coisa.

Reita desviou o olhar da sopa – odiava tomar aquilo no café da manhã, preferia simplesmente arroz e ovo cozido – para fixá-los nos olhos escuros do companheiro.

- Não entendo, Aoi. Não entendo mesmo!

O moreno riu, inclinando-se e depositando um beijo leve nos lábios do namorado, evitando com cuidado tocar na parte machucada.

- Eu não era nem um pouco santo também, as vezes me metia em roubadas quase tão ruins quanto as dele. Eu nunca o traí, mas... eu conhecia Uruha. Ele conseguiu se contentar só comigo pelos primeiro três meses, o que foi definitivamente um marco na vida dele. Até me deu esperanças sobre nosso futuro por um tempo. Mas aí ele conheceu esse cara, Tora... amigo de um amigo, ou coisa assim. O maldito advogado. Um pouco cruel demais na minha opinião, mas não era desagradável. E era sedutor. E ficou loucamente apaixonado pelo... corpo do Uruha. Eu soube desde a primeira noite, mas eu tentei fazer dar certo por um tempo ainda. Sabe, Uruha é problemático, mas ele não é uma pessoa ruim. Mas um dia eu simplesmente acordei e percebi que não seria eu a pessoa que faria ele mudar, se fosse isso já teria acontecido. Então eu caí fora.

Aoi deu de ombros, indicando a sopa com o dedo.

- Tome antes que esfrie, você precisa se alimentar o melhor possível.

- Mas...!!! – Reita continuou ignorando a comida. – Eu sei que você não cresceu num subúrbio familiar, Aoi-chan... mas um sujeito que esta trabalhando para cumprir pena parece demais para você. E o cara quebrou o meu nariz, por deus!

Desta vez o moreno riu verdadeiramente. A ponto de rolar pela cama.

- Ah... Reita, você me conheceu na minha fase responsável! Sabe, trabalhando e tudo... Uruha foi minha paixão proibida de juventude. Perigoso, arriscado e totalmente sem futuro – fez uma breve pausa, sorrindo. – Você apareceu quando eu finalmente me arrisquei a crescer, e me ensinou a melhor maneira de fazer isso. Você é o amor da minha vida.

Um sorriso de pura felicidade surgiu no rosto do loiro, embora meio tímido como sempre fora. Sentia-se sempre um adolescente perto de Aoi. Esquecia tudo, sua pose de malvado, sua obsessão pela carreira, suas preocupações de gente grande. Aoi fazia isso com ele, e só precisava sorrir. Afastou a bandeja e lentamente acariciou o rosto do moreno. Aoi se aproximou mais, encostando o corpo ao do namorado, beijando-o mais uma vez, lentamente. Reita deslizou as mãos pelas laterais do corpo do outro, o abraçando com mais força e isso fez o moreno inconscientemente aprofundar o beijo, colando mais sua boca a do outro. E de repente Reita se afastou com um grunhido de dor e olhos lacrimejantes.

- Desculpa! – Aoi pulou para longe dele, erguendo as mãos acima da cabeça.

- Bem, sua paixão proibida e perigosa conseguiu minar nossa vida sexual – resmungou, tocando o nariz enfaixado com a ponta dos dedos.

Neste momento Sabu, o filhote, conseguiu pular novamente para cima da cama e começou a lamber a bochecha de Reita com entusiasmo. Aoi voltou a rir absurdamente alto.

- Ele ama você!

- O que eu disse sobre lamber! Cão feio! Feio! – Reita tentava afastar a bola de pêlos cor de creme, mas só o que conseguia era fazer com que o cachorro virasse gelatina entre seus dedos e voltasse como que atraído por um imã a sua bochecha. – Aoi tira essa coisa de cima de mim!

O moreno pegou o filhote no colo e deu mais um selinho do namorado, levantando-se sorridente.

- Tome o seu café da manhã. Você não é mais criança pra fazer birra por causa de comida, Reita. E eu demorei pra aprender a fazer isso aí pra você.

- Okay, okay... ah, Aoi? – o moreno, que já ia sair do quarto outra vez, parou e se virou, o cachorrinho se contorcendo loucamente em seu colo. – Faltam quinze dias pro seu aniversário, já decidiu o que quer ganhar?

- Quero ganhar no vídeo game de você honestamente – disse, rindo, mas completou logo em seguida. - Nada, mesmo...

Reita revirou os olhos, levando a sopa aos lábios e visivelmente ainda esperando por uma resposta.

- Eu não sei, Reita! Me faça uma surpresa...

- Eu sou péssimo em surpresas.

- Não, você só está mal acostumado. Só o que eu quero mesmo é que a gente saía e vá em algum lugar legal e barulhento para dançar. Tipo a Frankenstein.

- Feito – Reita tomou mais um gole da sopa. – Mas não reclame se seu presente for uma porcaria.

Aoi enxotou o cachorro do quarto, empurrando-o com o pé em direção a cozinha, antes de se voltar novamente para o namorado com um sorriso malicioso que lembrava agradavelmente o sonho que Reita estava tendo antes de ser acordado por Sabu.

- Sempre existe uma segunda opção... Racer – ele piscou levemente, dando as costas. Deixou Reita rindo de rosto baixo, levemente corado.

-

Uruha estava nervoso aquele dia. Acordara ainda com aquele frio estranho na base da espinha, um tipo e pressentimento que o assolava desde que conhecera o famoso, rico e completamente sádico Saga-san. Logo em seguida recebera uma ligação sonolenta de Hiroto dizendo que teria que se virar aquele dia para chegar ao Circe, pois seu carro estava na oficina. Na opinião de Uruha o carro estava perfeitamente bem e podia apostar, se chegasse ao Circe a tempo, veria que Shou também estava atrasado. Houve uma desagradável e tensa discussão a mesa do café da manhã quando o loiro ousou pedir ao pai que o deixasse usar um dos carros da família aquele dia.

Quando finalmente conseguiu as chaves, os ouvidos de Uruha ainda estavam cheios de acusações severas e o desdém desnecessário de seu velho dizendo que se ele aprontasse alguma com aquele carro, qualquer coisa, nem precisava voltar pra casa. O rapaz espumava para não dizer umas poucas e boas para o progenitor, principalmente porque considerava aquelas acusações injustas. Tirando algumas – ou muitas – vezes em que pegara um carro escondido para cair na noite, sempre se comportara bem com os veículos. Só havia destruído um, certa vez, contra um poste, e unicamente por causa da velhinha idiota que resolvera atravessar a rua com o sinal ainda no amarelo.

E quando estava finalmente saindo de casa, já atrasado, para seu serviço comunitário, Kai aparecera na esquina, andando a passos duros em sua direção; e logo que percebeu a ausência do carro velho de Hiroto-san e a chave nos dedos do amigo, se jogou no banco do passageiro dizendo que tinha que ir junto. Uruha não precisou pensar muito pra chegar a conclusão que não era o único mal humorado aquela manhã. Seguiram em silêncio.

O ar estava mais frio dentro do Circe aquela manhã, apesar de o inverno estar visivelmente diminuindo do lado de fora das janelas largas e vidro escuro. Uruha bufou audívelmente ao entrar, olhando para onde Shou costumava ficar àquela hora e constatando, como pensara, que ele ainda não havia chegado. Resolveu nem mesmo parar para perguntar a mocinha da recepção onde estavam as tintas que usaria para pintar as paredes do prédio. Precisava falar com Ruki e melhor ainda se não tivesse o olhar purpurinado daquela bicha maluca colado a sua nuca, com aquelas insinuações cada vez mais freqüentes sobre ele e Ruki.

Nem mesmo reparou que Kai o seguira sem hesitar, também abrindo portas e dando espiadinhas em salas abertas procurando por alguém. Quando seus olhos bateram nos cabelos loiros escuros do menor, Kai parou a porta, cruzando os braços e chamando com apenas um gesto da cabeça o enfermeiro, que estava como sempre com Ruki, enumerando itens em uma agenda grande para o menor.

Uruha lançou um olhar a Kai, que dizia com todas as letras “Depois você vai me contar o que está havendo entre vocês dois”, e se aproximou de Ruki, sentando-se na cadeira ao lado dele. Não se aborreceu muito com o fato do menor nem se dignar a dar um sinal de que o notara ali. Nao, por outro lado, pareceu travar no lugar um momento, olhando de Uruha para Kai e novamente para Uruha, e então fechando a agenda e a colocando ao lado de Ruki.

- Depois continuamos isso, Ruki-san.

Mal se aproximou do outro moreno e Kai lhe virou as costas, saindo novamente da sala e parecendo procurar com os olhos alguma mais vazia. Nao o seguiu em silêncio por algum minutos e por fim, acabou abrindo a porta de uma sala minúscula abarrotada de produtos de limpeza. Kai fez um mínimo gesto agradecido e esperou que o enfermeiro entrasse, antes de entrar também e fechar a porta atrás de si.

- ...Então, qual o grande mistério? – perguntou com um sorrisinho quase bem humorado.

Kai tirou do bolso um bolo grosso de notas, balançando-a na frente do rosto.

- Eu agradeço, mas não precisamos de caridade – disse sério.

Nao ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços na frente do peito apenas para não ser obrigado a pegar aquele dinheiro de volta.

- Não foi caridade – disse, simplesmente.

- Ah, me desculpe, mas isso parece muito com caridade – resmungou Kai, cruzando os braços igualmente defensivo. Usava um casaco marrom, meio rústico, por cima da camiseta escura, e Nao inevitavelmente reparou que – se Baachan estivesse falando a verdade – Kai herdara os ombros largos do avô.

- Estava só tentando ser um amigo – respondeu o enfermeiro, suspirando. – Pare de ser tão perfeito e aceite que está numa situação delicada e precisa de ajuda de amigos. E Uruha-san pode até ter uma vida confortável, mas todo o dinheiro vem do pai dele, pelo que você me contou.

O cozinheiro abriu a boca para protestar, voltou a fechá-la um segundo depois e então fez um bico emburrado.

- Não acho que isso seja certo, Nao. É o seu dinheiro, deveria gastá-lo com você, não com alguém que você mal conhece.

Hesitante, o menor colocou a mão sobre o ombro de Kai. Não precisou se aproximar, a sala era apertada o bastante para deixá-los próximos sem esforço. Sob seus dedos e sob o casaco marrom, a pele de Kai estava quente. Provavelmente a única coisa quente na ilha toda, aquela manhã. Mesmo sem querer, Nao sentiu que apertava levemente o ombro de Kai, apenas para verificar se era realmente tudo aquilo que aparentava ser. E era.

Mas não era hora para pensar esse tipo de coisa.

- Eu ganho bem. Bem demais, até, simplesmente para manter um olho no Ruki-san. Eu quero ajudar. Fazer alguma coisa boa de verdade – e depois de pensar um segundo. - Se te deixa mais confortável, Kai, considere um empréstimo sem data pra pagamento.

Relutantemente, Kai voltou a guardar o dinheiro no bolso e, após um segundo constrangido, Nao baixou a mão, não sabendo então o que fazer com ela. O maior sorriu abertamente, abrindo a porta para o corredor fresco e branco do Circe.

- Vamos dar o fora daqui, esse cheiro de sabão esta enjoando.

- Tenho que voltar e tentar convencer o Ruki-san a ir a terapia de grupo enquanto Reita-san não se recupera do... acidente – disse o enfermeiro, meio risonho, meio acanhado.

- Hahahahahahaha! Tudo bem, Nao, você pode dizer que foi o maluco do Uruha que fez isso a ele. Ele... bem, ele estava sobre muita pressão e quando o Aoi entrou no meio... – ele fez uma pausa dramática. – Mas acho que ele agora precisa se explicar para o Ruki-san. E conhecendo esses dois, vai demorar...

- Um café então? A cafeteria é no andar de cima.

- Parece ótimo! – enquanto andavam, Nao notou que Kai parecia concentrado em algo, quase... encabulado.

Só quando já estavam com os copos de isopor na mão, procurando uma mesa com o olhar, foi que ele voltou a falar.

- Quando é sua próxima folga?

- Hum... daqui a duas semanas – respondeu Nao, curioso. – Por quê?

- Ah, eu só estava pensando... Uruha mencionou comigo ontem que faz muito tempo que a gente não sai pra se divertir. Acho que depois desse começo de ano preciso me divertir um pouco e... ah, seria legal, não é? Sair na sua folga, beber alguma coisa e dançar... todo mundo, quero dizer.

Nao tomou um gole de seu café quente. Mordeu o lábio pensando. Tinha algo importante a fazer naquele dia de folga. Mas... bem, não seria tão ruim sair e se divertir. Esquecer os problemas. Esquecer a vontade de consertar o mundo, por uma noite e só curtir o tempo com o pessoal. Com Kai. É, seria legal. Poderia dar um jeito.

- ...Combinado – disse, sorrindo travesso e foi presenteado com aquele belo par de covinhas.

-

- Por que você não fala comigo?! – explodiu Uruha, sibilando, depois de quase meia hora tentando dizer algo a Ruki. Pedindo desculpas, dizendo que sentia muito por Reita-san, por ter feito aquilo com ele, por ter agido como um idiota. E perguntando por que Ruki fizera aquilo por ele. Pedir ao tutor metido a besta que não o mandasse para a cadeia. Era uma pergunta importante, Uruha precisava saber por que o garoto resolvera se arriscar por ele. Porque era bastante óbvio que não era saudável pra ninguém enfrentar Saga-san.

E ele estava preocupado com Ruki. Simplesmente preocupado. Não que tivesse sido fácil admitir esse simples fato. A noite anterior fora passada em branco, com Uruha se revirando na cama, simplesmente remoendo em sua cabeça todas aquelas dúvidas e sensações, para quase ao amanhecer finalmente decidir que estava temeroso com o que poderia acontecer ao garoto por ter enfrentado o tutor. Tudo bem, por mais sádico e cruel que o homem tinha se mostrado com Uruha, ele parecia gostar de Ruki. De um jeito meio estranho, mas parecia se preocupar com o bem estar dele.

Mas... Uruha não conseguia tirar esse ‘mas’ da cabeça. Era uma sensação vaga que dizia respeito a Ruki. Ruki e Saga. Mas ele precisava de respostas, se quisesse descobrir o que era essa vaga impressão e o garoto não estava colaborando.

- ...Okay. Okay, você não quer falar comigo. Eu imagino que mereça isso. Tudo bem, fale comigo quando quiser falar.

Derrotado, Uruha lançou um olhar aos desenhos a grafite que estavam sobre a mesa. Ruki estava apenas desenhando desde que chegara ali. Sem nem erguer os olhos, o menor terminava uma terceira folha, Uruha sabia que apenas para largá-la por cima das outras e começar tudo de novo. Observou os desenhos. Um deles era familiar, um rosto escondido em lençóis e cercado por cartas de baralho. Todas as cartas diferiam uma da outra, no estilo, mas todas mostravam um nove de copas. O segundo desenho eram pessoas mascaradas, com máscaras inexpressivas, olhando para... algo que parecia o impacto de uma mão contra um rosto. Uruha não teve muito problema para entender o que aquilo queria dizer e acabou se mexendo desconfortavelmente na cadeira. Um terceiro desenho voou por cima dos outros e Uruha entendeu isso como uma permissão para olhar também. Neste havia três pessoas em uma longa mesa de jantar. Sobre a mesa, flutuando, balões de festa. Uma das pessoas, na ponta, usava uma coroa grande, cheia de pontas. Outra, menor, usava uma coroa pequena sobre os cabelos rebeldes. Uruha olhou duas vezes para as roupas desta... parecia alguém super agasalhado. A terceira pessoa na mesa usava trapos. Era a única que sorria. O rapaz achou que aquilo queria dizer algo.

Puxou para si uma das folhas brancas de Ruki e pescou um pedaço de grafite no estojo de desenho dele. Com uma habilidade mil vezes menor que a do loirinho, desenhou pessoas usando chapéus de cone, espalhadas pela folha e uma faixa em cima com a palavra ‘aniversário’ escrita nela. Mostrou a Ruki.

O menor ergueu os olhos para o desenho. Mordeu o lábio inferior e o puxou para si. Desenhou outra faixa em baixo da primeira e escreveu o próprio nome nela e uma data. Primeiro de fevereiro. Devolveu o desenho a mesa, novamente inexpressivo.

Uruha quase pulou da cadeira de felicidade. Alguma coisa conseguia chegar até ele! Palavras não adiantavam coisa alguma, mas Uruha agora podia sempre tentar usar papel e caneta. E isso era definitivamente um avanço.

Virou o papel e recomeçou outro desenho no verso. Desenhou uma versão bastante torta de si mesmo e escreveu a palavra “eu” em cima. Então desenhou uma porta com os dizeres “Casa do Ruki” escritos nela e notinhas músicas e balões escapando entre as brechas. Em baixo, por falta de espaço, desenhou um homenzinho minúsculo dizendo “Você tem o convite?”. Mal acabou e o papel foi arrancado de suas mãos. Em cinco traços rápidos, Ruki desenhou na mão de seu alter ego de papel algo o que parecia um bilhete de cinema.

Sem se conter, Uruha passou os braços em volta do menor e deu um abraço apertado e breve nele, sentindo-o se encolher em seus braços de surpresa. Logo, voltou a parecer sério e concentrado.

- Hum... desculpe. Então, eu posso ir... certo? Na sua casa, não é? Dia primeiro. Eu vou estar lá. Vou te levar um presente legal e ficar falando com você até me perdoar. Eu não vou permitir que fique zangado comigo outra vez.

Então se levantou, antes que Ruki mudasse de idéia. Chegou a ficar feliz quando topou com Shou no corredor, usando novamente seu casaco rosa choque e carregando nos braços latas de tinta.

Afinal, pintar paredes não devia ser tão ruim quanto limpar banheiros.

-

Kai estava jogado na cama de Uruha, olhando o teto descascar, a meia hora, enquanto o amigo botava o próprio guarda roupa a baixo procurando algo para vestir. Não que isto fosse incomum. Kai já estava acostumado a esse tipo de surto narcisista do loiro, cada vez que iam sair para se divertir. Uruha era uma criatura estranha, se por um lado tentava sempre parecer um rapaz perigoso e sem medo de correr riscos, por outro parecia uma mocinha egocêntrica e bastante transparente. E ele estava com aqueles perigosos olhos cinzentos outra vez, naquela noite, enquanto punha e tirava blusas com a fúria de um tornado.

- ...Então? Vai contar o que é ou prefere continuar batendo nas suas roupas? – perguntou, por fim, o entediado cozinheiro. Estava cansado de fazer horas extras e se não tivesse combinado com uma pessoa, não teria saído de casa.

- Não se mete – bufou o loiro, virando-se na frente do espelho e então voltando arrancar a camisa cor de vinho do corpo.

- Okay – Kai começou a brincar com uma miniatura de uma Harley Davidson, fazendo-a passear por cima de sua barriga. “Três... dois....”

- Serviço comunitário! – explodiu Uruha, jogando os braços pra cima. - Eu não agüento mais pintar paredes! Todas as minhas camisas estão apertadas nos braços porque eu estou ficando com o físico de um pedreiro. Fora o cheiro do meu cabelo, eu estou cheirando a tinta a duas semanas! Para um cara que passa rímel toda manhã, o Shou anda sendo um tremendo mão-de-ferro.

Rindo, o moreno se sentou, colocando a miniatura novamente sobre a estante do outro, junto com os CD’s de rock. Essa era a primeira desculpa. Uruha sempre dava duas desculpas antes de contar a verdade sobre seu estado emocional. Era quase tão previsível quanto um relógio. Ergueu uma sobrancelha. Uruha voltou a bufar, voltando o corpo para o espelho novamente.

- E papai pra variar não liberou o carro. E eu fui obrigado a chamar o senhor advogado para ter carona.

- Pensei que tinha chamado o Tora para aliviar toda essa tensão – disse o moreno, simplesmente. – Afinal, não que eu esteja contando, mas você não “se diverte” a... um mês e meio?

- Cale a boca, Kai – disse frio, finalmente parecendo se decidir por uma camiseta justa, azul clara, com guitarras negras estampadas no peito, se cruzando. Olhando-se no espelho, Uruha achou que, se usasse as roupas certas, poderia haver uma certa vantagem em ter o físico de um pedreiro. – Você está sem transar a quase um ano.

O moreno corou, levantando-se também. Foi mexer no guarda roupa de Uruha.

- Tudo bem, talvez faça. Mas ainda acho que nem isso nem o Tora são a razão dessa cara azeda.

- ...Ruki – murmurou por fim, aceitando quando Kai lhe estendeu um sobretudo negro, longo, que ficava bem – e sexy - por cima daquilo tudo que estava usando. – Ele me convidou para o aniversário dele, mas toda vez que tento falar com ele, ele se esquiva. Aquele psiquiatra certinho voltou semana passada, acho que esta fazendo a cabeça dele pra não se aproximar mais de mim. Não que eu me importe... – completou, deslizando as pontas dos dedos cheios de gel sobre os cabelos – mas acho que o garoto devia decidir por si mesmo. Não confio nesses caras, psiquiatras.

Sorrindo levemente, Kai apenas ajeitou a própria roupa no espelho. Então, era isso. Ruki. É, tinha um pressentimento que fosse. Uruha não admitia, mas estava cada vez mais interessado no garoto. Poderia ser preocupante, mas Kai via o quanto ele estava melhorando, apenas para conseguir se aproximar de Ruki. Bem, não iria se intrometer por enquanto. Que ficasse nas mãos do destino.

Uma buzina soou do lado de fora e Kai pôs o rosto na janela, vendo que novamente Tora parecia um príncipe sentado ao volante de seu carro brilhante e encerado. Estava particularmente bonito e chamativo. Kai podia apostar que apenas para impressionar Uruha.

- Olá, Kai. O Uruha já está vestido, ou vou ter que esperar aqui fora por toda a eternidade outra vez?

- Ele está quase pronto – disse Kai, rindo e uma mão com o dedo do meio erguido logo apareceu ao lado de seu rosto. Uruha colocava uma pulseira de prata com uma mão enquanto ofendia o advogado com a outra.

Logo estavam dentro do carro, Uruha na frente e Kai atrás, como sempre, rumo aquela nova boate perto do porto. Frankenstein.

-

- Esse lugar está lotado! Parece que toda a cidade está aqui – resmungou Reita, alto no ouvido do namorado, enquanto era arrastado por uma pista de dança lotada até o bar que ficava ao lado oposto. Aoi, rindo, apenas atravessava o lugar e vez por outra se virava para Reita, o encorajando a andar mais rápido.

- E toda a cidade está olhando pra você e essa coisa estranha no seu nariz! – respondeu o moreno, com um sorrisinho de escárnio.

Reita levou a mão ao rosto e ajeitou a faixa branca que amarrara sobre o rosto. Ainda estava com o nariz arroxeado, apesar dos quase quinze dias passados desde o soco e embora já não precisasse usar um monte de curativos, não se sentia bem andando por aí com cara de quem perdeu em uma briga. Então dera um jeito com aquilo. Ao olhar-se no espelho, mais cedo, chegou a achar que ficava estiloso. Não seria ruim usar aquilo por mais algum tempo.

Estava quase vislumbrando a ilha de néon verde que era o bar da Frankenstein, quando seu corpo se chocou contra outro e só não foi ao chão porque havia pessoas de mais a volta para permitir isso. Um olhar e sua expressão se fechou. Aoi parou um segundo depois, percebendo o que havia acontecido.

- ...Uruha... oi – disse, a voz quase sumida no meio do barulho, mas ainda assim visivelmente nervosa. – Kai... Tora.

Tora, vestindo uma camisa que fazia jus a seu apelido, sorriu agradavelmente, relaxado. Kai, com uma blusa sem mangas e de gola alta, preta e calças igualmente escuras (1), havia parado imóvel bem atrás de Uruha, pronto para segurá-lo caso houvesse outro daquele episódio de socos. Ainda se sentia meio culpado por aquilo, sobrecarregando o amigo com todas aquelas coisas. Uruha, este lançou um olhar sério ao psiquiatra, daquele tipo que metia medo em qualquer um e então se virou para o ex-namorado.

- Oi, Aoi. Fazendo o que por aqui? – perguntou, polidamente.

- É meu aniversário – disse o outro, com um pequeno sorriso. – Viemos comemorar.

- Ah, é mesmo. Tinha me esquecido que era hoje. Parabéns – seu tom era apenas educadamente animado.

- Hey, o que estamos fazendo aqui parados no meio da pista de dança como idiotas, vamos nos sentar! – disse Tora, sempre de seu jeito agradável e polido, como se fosse absolutamente incapaz de sentir a tensão no ar. Reita puxou levemente a mão de Aoi, que ainda segurava, para outra direção.

- Desculpem, mas nós já estávamos indo procurar outro lugar pra...

- Por favor, faço questão. Por minha conta – insistiu o advogado, jogando um braço em volta do ombro de Reita e outro sobre o ombro de Aoi e os arrastando para o bar. Olhou para trás, chamando Uruha e Kai com um gesto discreto e um sorriso sugestivo.

- ...O que esse bastardo pervertido vai aprontar agora...? – perguntou Uruha, em voz baixa, apenas para Kai ouvir e acabou por seguir os três. Este último lançou um olhar ao redor antes de suspirar e se conformar com a situação. Quando finalmente alcançou os outros, Tora e Aoi estavam juntando duas mesas de modo que todos pudessem se sentar juntos. A música bombava, fazendo com que tivessem quase que gritar para conseguirem se ouvir. Acabaram se sentando em um quase silêncio ponteado por tossidinhas, Reita ainda segurando protetoramente a mão de Aoi. Tora, assim que Uruha se sentou, fez questão de passar o braço ao redor dos ombros dele.

- Faz tempo hein, Aoi? – disse, sorrindo, pedindo uma bebida ao garçom. Aoi pediu uma cerveja e Kai uma Piña Colada, e todo o resto resolveu encarar um whiskey logo de cara.

- É, da ultima vez que te vi, você estava tentando me roubar ele – e sorrindo, Aoi apontou para Uruha.

- Espero que não esteja ressentido com aquilo.

- Ah, não, sem problemas, águas passadas.

- Você fala de mais, Tora – disse Uruha, retirando com cuidado o braço do outro de seu ombro. Então se virou para Reita, sério, fincando os cotovelos na mesa. – Escuta, Reita, me desculpe. Aquele foi um dia difícil.

- Eu soube – respondeu o psiquiatra, claramente mal humorado e após uma cotovelada de Aoi, sorriu levemente. – Está tudo bem, vamos esquecer.

Neste exato momento as bebidas chegaram, e depois mais bebidas. Uruha se levantou para dançar um pouco e logo voltou, quando Tora fez menção de segui-lo. Aos poucos, a mesa foi se descontraindo.

- Então, você está ficando mais velho! – disse Kai a Aoi, sorrindo.

- Ah, acontece – respondeu o outro moreno, rindo também. Depois se levantou e deu um volta no mesmo lugar. – Olha só o que eu ganhei de aniversário. Reita escolheu sozinho! Acredite, é um milagre. Da última vez que escolheu algo sozinho, ganhei um pijama de ursinhos...

Uruha desviou os olhos de Tora e observou Aoi e a jaqueta de couro escuro, com uma caveira verde estampada atrás, que ele estava usando. Até que não era feia. Reita ria, encenando uma cara de bronca, e acabou levantando-se também.

- Vem, vamos dançar, pra você exibir isso pra todo mundo. E poder espalhar pra mais gente a história do pijama – disse, o arrastando pela mão para a pista de dança outra vez. Rindo, Aoi deu um impulso e subiu nas costas do namorado, fazendo-o girar e só desceu quando já estavam misturados a multidão. Uruha ainda os observava.

Aoi parecia feliz com aquele esquisito do psiquiatra. Se perguntou se tinha entortado permanentemente o nariz dele, para andar com aquele pedaço de pano esdrúxulo no nariz. Mas Aoi parecia feliz. Na verdade, estavam ambos felizes. Um sentimento parecido com ciúmes nasceu dentro do loiro, não por Aoi – finalmente o havia superado completamente – mas pelo que eles tinham. A cumplicidade. O fato de se conhecerem tão bem. Nunca foi muito romântico, já havia afirmado mais de uma vez que não nascera pra grandes histórias de amor. Mas seria bom ter aquilo que Aoi tinha com Reita.

- Hey, bad boy.

Voltou novamente os olhos para Tora, que o olhava daquele jeito felino que só ele conseguia ter. Aproximou o rosto do loiro, sussurrando ao ouvido dele.

- Você está avoado hoje. O que preciso fazer pra conseguir sua atenção?

Uruha olhou para o interior do próprio copo por um momento. Tora nunca lhe daria aquilo, a tal cumplicidade. Ele era o amante perfeito, mas não mais que isso. Tora vivia unicamente para satisfazer as próprias vontades, custasse o que custasse. Era a criatura mais duas caras que conhecia. Porém, antes que pudesse responder, ouviu uma voz conhecida.

Nao tinha se espremido entre as pessoas e agora sorria para Kai, que só então deixou de olhar para os próprios sapatos para erguer o rosto e sorrir verdadeiramente.

- Hey, Kai! Desculpe o atraso, eu fiquei preso na mansão com umas coisas do Saga-san! Oi, Uruha-san.

- Saga-san? – Tora havia erguido uma sobrancelha. – O Sakamoto?

Uruha voltou o rosto rápido para Tora.

- Você conhece o Saga?

- Estudamos juntos no colegial. Eu cheguei a conhecê-lo no sentido bíblico da palavra uma vez, atrás da arquibancada de esportes, se é que me entende. Era estranho, ambicioso... tinha uma tatuagem bizarra no ventre baixo... Mas, que grosseria minha, eu sou Tora. Você é...?

- Nao. Trabalho para o Saga-san.

- Nao? Ah sim... eu ouvi falar de você – Tora lançou um grande sorriso a Kai e este resolveu se levantar de uma vez.

- Já que está aqui, vamos dançar – disse animado, arrastando o enfermeiro para longe daqueles dois. Se sóbrios já começavam a insinuar todas aquelas coisas sobre ele e Nao, Kai não queria nem imaginar como seria quando ficassem bêbados.

Uruha ainda estava com os olhos pregados em Tora.

- Não acredito que você já transou com aquele rei de gelo! – disse, bebendo o último gole de seu whiskey.

- Faz tempo. Na verdade... – Tora pediu mais uma dose erguendo o braço. – Foi meu primeiro, homem digo. Delicado e branquinho como você. Mas vivia aparecendo com umas marcas roxas, acho que apanhava do padrasto e deve ser por isso que era tão estranho. Só pensando em subir, subir, subir. Respirava sucesso. Mas duvido que ainda se lembre de mim.

Uruha baixou novamente os olhos para a mesa, pensando sobre aquelas informações. Sobre esse cara “estranho” tomando conta de Ruki. Não queria pensar em Ruki naquele momento, queria relaxar... mas lá estava o garoto de novo em sua cabeça. O loiro se chutou internamente por desobedecer a própria regra de não arrumar novos amigos. Novos amigos significavam novas preocupações e uma maior dificuldade em continuar indiferente.

- Ele é meu... chefe, por assim dizer. O cara dá arrepios! – resmungou, girando o dedo sobre a borda do copo vazio. Podia tentar se manter indiferente, mas aquele Saga era impossível de ser ignorado.

- Ele também é meu chefe, em última instância. Ele é dono de metade de cidade agora, não é?! A firma banca de governamental mas trabalha quase exclusivamente para as Empresas Matsumoto – depois de uma breve pausa, Uruha sentiu uma mão grande pousando em sua coxa. - Mas eu não quero falar sobre ele. É como falar de fantasmas. Que tal mais uma dose? – perguntou, com um sorriso.

Uruha revirou os olhos. Como sempre, Tora e sua libido. Percebeu que não estava com saco para aquilo. Na verdade, não estava com saco para Tora e seu sexo selvagem descompromissado, nem para beber até cair, nem para ficar ali no meio daquela barulheira infernal se forçando a entrar no clima. Estava cansado desse tipo de coisa. Sorriu levemente para o moreno, passando os dedos pelo cabelo curto dele e em seguida o puxando para si. Beijou-lhe os lábios quentes de bebida, deixando que a língua brigasse com a do outro quase violentamente. Um beijo de tirar o fôlego, que arrancou do mais velho um suspiro do fundo da garganta. Então se afastou.

- Não, obrigado, mas eu vou dar o fora daqui – e levantando-se, deixou Tora com cara de quem não havia entendido nada. Ainda se virou para trás para gritar por cima da música alta. – E o Saga não é dono das Empresas Matsumoto!

Logo o longo sobretudo negro havia sumido no meio da multidão.

(1) Esse era pra ser aquele visual do Burst Into a Blaze Pamphlet, aquele shot todo escuro e rabiscado onde parece que o Kai vendeu a alma ao demo pra ficar absolutamente lindo. Quem viu, sabe do que estou falando. Quem não viu, recomendo que corra atrás.

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Notas finais do capítulo

Mais falação: Bem, eu sei que vai ter gente que vai me bater pela cortada abrupta na ceninha do Kai e do Nao. Metade do próximo capítulo vai ser só deles, prometo. E então, será que há um vislumbre de pena agora, para o Saga? Ainda o odeiam por ser super protetor? E o Ruki, o que será está se passando em sua cabecinha adoravelmente pirada? *Voz de novela mexicana* Para saber as respostas, continue acompanhando o próximo capítulo... Nichigatsu Tsuitachi. E reviews! Reviews!