A Última Palavra. escrita por thammy-chan


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Pra quem não viu, postei um capítulo essa semana, e pra quem já o leu, aqui está outro:



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•PONTUALMENTE, AS TRÊS DA TARDE•

A campainha ressoou pela casa.

—Você poderia, por favor, atender à porta! ? –gritou Max do banheiro.



Liesel podia ouvir o barulho do chuveiro como plano de fundo. Levantou do sofá –onde estivera lendo por longos minutos— e abriu a porta sem muito ânimo, deparando-se com a senhora Heeger.



Chamava-a de senhora para sentir-se mais confortável, pois a verdade é que faltavam alguns pares de anos pra ela começar a ser uma senhora. A verdade é que Liesel sentia-se ameaçada. Ameaçada por quê? Ecoava sua mente. Tinha medo da resposta, parou de pensar no motivo quando percebeu que Eva estava esperando ser convidada para entrar.



A roubadora de livros saiu da frente, dando passagem para a ruiva, que entrou sem sequer dirigir uma palavra à Liesel. Apenas esboçou uma reação –um mínimo sorriso— quando viu Max saindo do banheiro, com apenas uma toalha enrolada no corpo.



Ao perceber o olhar de Eva, Max corou.



—Já volto. –passou rapidamente pelo corredor, entrando na primeira porta à direita, seu quarto.



—Sente-se. –Liesel falou pela primeira vez e enrubesceu ao perceber o quanto seu tom de voz parecia inseguro.



Eva notou. Resolveu puxar assunto:



—Obrigada, querida. –sorriu falsamente. —E então, conte-me qual é a sensação de ter um pai candidato a prefeito.



A palavra pai atingiu a garota como uma facada. Mas Liesel já estava percebendo as intenções de Eva, então não deixou transparecer seus sentimentos:



—Oh, na verdade é uma sensação maravilhosa. Principalmente quando temos certeza de que ele irá ganhar apesar do que aconteceu.



—Apesar do que aconteceu? –ecoou a mulher. —O que aconteceu, Liesel?



.

•ALGUNS DETALHES MINUCIOSOS•
que talvez, caro amigo, você não tenha percebido.
Eva Heeger era uma investigadora de alto escalão, requisitada
em várias empresas de âmbito internacional.
Mas lembre-se disso:
Nenhum ser humano é perfeito.
Eva cometeu um pequeno deslize, mas foi o suficiente
para a garota desconfiar dela:
Até o momento, Liesel não tinha dito seu nome.


.

Como se tivesse captado o pensamento alheio, Eva completou:



—Sabe, tenho conversado muito com meu filho. Já sei o nome de quase todos por aqui. Apesar de tudo, você sabe, é uma cidade pequena.



Liesel não comprou a história. Podia ter a metade –ou até menos– da idade de Eva, mas não era ingênua.



Fazia menos de três horas que Eva tinha ido buscar Klaus, se estavam separados a tantos anos como ela mesma dizia, o garoto teria muito o que contar de sua vida – E uma garota que conheceu a menos de um mês não fazia parte dela.


Antes que Liesel pudesse questioná-la, Max voltou à sala, –com roupas dessa vez– e interrompeu o assunto:



—Desculpem-me pelo traje anterior. –riu nervosamente. —Havia esquecido de pegar minhas roupas.



E havia esquecido que agora moro com uma garota, completou mentalmente.



As bochechas de Max apresentavam-se levemente coradas, em contraste com a blusa branca que trajava.



A ruiva não se preocupou em esconder o sorriso que lhe estampou o rosto:



—Eu ainda prefiro o anterior. –deu uma piscadela para Max, que fingiu não notar que Liesel a fuzilava com os olhos. —Mas infelizmente, não estamos aqui pra isso. Eu estou realmente muito preocupada com o meu menino. Sabe, ele nunca foi dos mais inteligentes, mas continua sendo meu filho. Soube que ele tem dificuldades na escola, e gostaria de contar com a sua ajuda, senhor Vandenburg.



—Estou à disposição. –Max parecia entediado. —Mas garanto que seu filho não tem problema algum na escola. Eu até arriscaria dizer que é um dos mais inteligentes da sala.



Eva pareceu desconcertada. Não tinha mais desculpas.



—Será que eu poderia conversar com você a sós? –olhou para Liesel. —Talvez não seja adequado para as crianças ouvirem conversa de adulto. Pode ser prejudicial para sua inocência.



Max iria protestar, mas deixou Liesel ir. Assim que a porta fechou-se atrás da menina, Eva adquiriu um tom de voz baixo e rouco, do tipo que sempre usara para convencer as pessoas:



—Sabe, Max... –inclinou-se persuasivamente para frente, deixando à mostra o decote que o judeu não tinha reparado que existia, até agora. —Você e eu sabemos que eu não vim aqui por causa do Klaus. Ambos temos consciência de que é um garoto perfeitamente normal, sem qualquer tipo de problema emocional ou intelectual.



—Sim. –O rapaz assentiu. —Nós dois sabemos, investigadora Heeger, o que você veio fazer aqui.



O sorriso de Eva alargou-se.



—Achei que você nunca fosse perceber.



—Sou judeu, não burro. –debateu Max. —Sabe, sua fama não é a das mais ocultas por aqui. Portanto diga logo o que quer saber, não tenho tempo a perder com seus jogos.



—Perguntar? –Ela revirou os olhos. —Acho que você é mais lerdo do que eu pensei. Sim Max, estou no caso dos homicídios. E sim, você é considerado suspeito. Mas já ouviu falar do termo extra-oficial? –Eva foi se aproximando. —Não estou aqui a trabalho.



Quando os lábios de Eva estavam a centímetros dos de Max, enojada, a roubadora de livros afastou seus olhos da fechadura da porta.




Sentou-se na ponta da cama e começou a tremer. Não de frio, mas de raiva.



Censurou-se mentalmente por ser curiosa. Mas se não tivesse visto essa cena, alimentaria pra sempre sentimentos que nunca seriam recíprocos. Talvez fosse melhor desse jeito.




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•O QUE LIESEL TERIA VISTO SE CONTINUASSE OLHANDO•
Max afastou Eva.
Ao contrário do que qualquer homem
daquela cidade Alemã teria feito,
ele não a beijou.

.

Eva sentiu um choque percorrer todo seu corpo. Sem reação, riu.



Era uma mulher exótica, linda. Todo homem a desejava, ela poderia escolher qualquer um e o teria com um estalar de dedos. –Não era de hoje as suas aventuras extraconjugais.– Mas porque Max não a queria?



O rubor tomou conta de seu rosto e lágrimas de frustração escorreram do canto de seus olhos.



—Você vai se arrepender, Vandenburg. Juro que vai.


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Notas finais do capítulo

Essa fic tem 55 leitores. Apareçam!
Gostaram, odiaram, mudariam algo? Comentem, beijos e até o próximo.