POV Percy Jackson

- Que chuva maldita - reclamou Thalia. Ok, não era um chuva daquelas. Mas era irritante, mesmo assim. 

- Eu nem acredito que passamos a perna na mulher do hotel. Eu me sinto tão... suja! - falou Annabeth.

- Você nem imagina o que eu já fiz... - falou Jullie balançando a cabeça. E continuamos andando, em silêncio. Muito silêncio. Até que um velhinho apareceu na nossa frente, correndo, meio que gritando.

- Calma, tio. Tá tudo bem? - perguntou Thalia. Ele entregou uma caixa para mim, de alguma espécie de madeira dourada com vários desenhos e escritos, e sussurrou:

- Não percam isso, não percam isso - e então, do nada, ele desapareceu. E aquilo nos deixou intrigados.

- Wow, manos, wow - disse Jullie, olhando pra caixa.

- Já não basta toda essa loucura, ainda tem esse tio da Thalia! Argh! - gritou Annabeth.

- Ele não é meu tio, sua babaca.

- Claro, é normal chamar as homens idosos de 'tio' - disse Nico, revirando os olhos.

- Ok, ok, vão ficar ai brigando ou vão querer descobrir o que há nisso? - perguntei e eles pararam, voltando a atenção para a caixinha.

- Isso é... grego? - perguntou Nico, ficando do meu lado para observar melhor.

- É, eu acho que sim... - falei. Apesar de ter dislexia e défict de atenção, eu compreendia bem grego, assim como os outros. 

Το κλειδί γιατις πύλεςτης αβύσσου, μια συλλογή απόΕρινύες

Significava 'Chave dos portões do abismo, coleção de fúrias.'

- Caras, isso é o que estou pensando? - perguntou Jullie.

- É, é sim. É uma das chaves de Hades - disse Nico - Estamos, definitivamente, ferrados. E eu sei que vou ficar sem presente de Natal por muito tempo.

- Mas não fomos nós que pegamos! - falei.

- Não vai fazer diferença - disse Nico, balançando a cabeça.

- Devemos abrir? - indagou Thalia, e todos nós trocamos olhares e fizemos que sim. Puxei a tampa, mas não abriu. Parecia que estava colada. Puxei novamente e nada.

- Me dê isso aqui, Percy - disse Jullie, puxando da minha mão.

- Nem pensar! - falei, puxando de volta.

- Me... dá! - ela pediu, fazendo força. E então a tampa se abriu. E começou a sair fogo da caixa, e todos se afastaram. Joguei ela no chão, mas ela não parou, só jorrou mais fogo pra cima. Muito mais.

- É fogo grego! Droga, fechem a caixa! - gritou Thalia, procurando a tampa. Assim que ela a pegou, deu um salto e a tampou.- Que lindo, mais um experiência de quase morte! - falou Annabeth.

- Bom... Ok, eu tenho que compartilhar isso com vocês - falou Nico ficando na nossa frente - Estamos em uma cidade que não fazia parte do trajeto, eu tomei um banho antes de dormir mas já estou parecendo um mendigo de novo e sinto que isso tudo não vai acabar bem. Sem contar que eu já esqueci a droga da profecia e ainda tem essa droga dessa caixa!

- Ui, a bicha ta doida - disse Thalia, rindo, e nós rimos juntos, mas Nico apenas ficou ali, parado, nos olhando com a cara mais feia do mundo - É, ele vai chamar os amigos fantasmas dele para nos matar.

- É sério, gente, assim não vai dar. Estamos em Clifford e...

- Na verdade, é Clifton, Nico. Clifford é aquele gigante cão vermelho - disse Annabeth e eu, Jullie e Thalia começamos a gargalhar.

- Pelos deuses, me deixem falar! - disse Nico, e então realmente começamos a levar ele a sério - Ok, tudo bem. Sabe-se lá o que aconteceu com Grover, estamos pobres e completamente sujos. E não, não é por causa de ter passado a perna naquela mulher lesada do hotel, Annabeth. E olha, está começando a chover forte!

- Ok, então o que sugere que façamos? - disse Thalia de braços cruzados e Nico deu um sorrisinho maléfico, enquanto a chuva aumentava o ritmo.

Por um momento pensei que tinha alguém atrás de mim, me observando. Por outro, pensei que era apenas minha própria sombra.

(...)

Aqui estávamos nós, escondidos num maldito bar abandonado. Foi o único lugar que conseguimos nos esconder. Deuses, o que estava acontecendo no Olimpo pra tanta confusão?

- Qual é o plano brilhante, Nico? - perguntou Annabeth, enfurecida.

- Vamos ter que ficar aqui até essa chuva passar, e então verei se meu plano funciona - ele falou. Annabeth bufou e foi andar pelo local, enquanto Jullie analisava algumas coisas que havia sido deixadas ali.

- Ah, cara, estou morrendo de fome. Tem alguma coisa ai? - perguntei.

- Hmmm, vejamos - ele falou, começando a vasculhar a mochila. Tirou a sacola com os dracmas, algumas roupas sujas e... um toddynho.

- Ok, isso serve - falei, pegando da mão dele e furando a caixinha. [n/C: eu quis colocar toddynho *-*]

A felicidade do meu estômago durou pouco porque logo todo o conteúdo tinha acabado. Thalia estava do meu lado, e me cutucou.

- O que? - perguntei e ela apontou Annabeth com a cabeça. Já ia começar a falar mas ela apenas me lançou um olhar medonho. Até que seria uma boa ideia, já estava cansativo ficar ignorando a cara um do outro. Me levantei e fui até ela, que estava olhando pela velha janela quebrada.

- Então... - comecei. Ela me olhou e olhou pra janela de volta.

- E então, Percy - ela falou. Olhei pra Thalia, que apenas fez um sinal de que iria me matar se não falasse com ela.

- Como acha que isso vai terminar? - perguntei. 

- Da mesma forma que começou. Em tragédia - ela respondeu. Dei uma leve encarada mas não me importei muito. E então, tomei iniciativa. Afinal, como não tomar quando Thalia está prester a te matar?

- Ok, olha Annabeth, eu realmente não estou gostando dessa nossa... inimizade. Realmente, é chato pra caramba. E eu não sei bem o que eu fiz, mas eu quero te pedir desculpas - falei, mas ela não disse nada. Ah cara! - Olha, se você não quiser me perdoar, tudo bem, mas vamos quebrar esse clima e vamos seguir essa maldita missão em paz, ok?

E mais uma vez, silêncio. Ela estava paralisada!

- Hã... Annabeth, tudo bem? - perguntei. Ela não me respondia. Ela tinha praticamente congelado!

- No.Meu.Braço - ela disse, tremendo. Olhei no braço dela e vi o motivo. Uma pequena aranha.

- É só uma aranha...

- TIRA! - ela berrou. Thalia e Nico deram algumas risadinhas no fundo.

- Calma, calma - eu disse dando um peteleco na aranha - Pronto, saiu.

- Obrigada - ela falou, dando um suspiro de alívio.

- Hmm, não se mexa, ou a amiguinha dela vai subir em você - falei, olhando pra aranha que estava descendo bem do lado do ombro dela.

- Tira, tira, tira, tira, tira, tira! - choramingou ela, e eu a puxei pela teia.

- Calma, já tirei!

- Tem mais alguma? - ela perguntou, olhando a sua volta.- Não, eu acho.

- Ah, valeu, Pers. E aceito.

- Aceita o que...? - perguntei.

- O seu pedido de desculpas, Cabeça de Alga - e então ela realmente me olhou. Seus olhos cinzentos se encontraram com os meus, e por um momento eu senti como se eu estivesse bem de verdade, e então ela desviou os olhos.

- Parou de chover. Hora de colocar o plano de Nico em ação - disse ela

- É, claro - falei e fomos até os outros.

- Achei algumas moedas, bebidas boas e alguns objetos antigos. Vai ser últil no Acampamento - falou Jullie se juntando conosco.

- Bebidas? Quantos anos você tem? - perguntou Annabeth.

- Eu acho que tenho 16, caso contrário, Hermes e minha mãe deram mais algumas saídas, sabe como é, né? - Jullie respondeu e Annabeth revirou os olhos. 

- Ok, qual é seu plano brilhante Nico? - perguntei.

E Nico começou a falar. Ele queria chamar seu cão infernal de estimação para farejar Grover, mas Thalia e Annabeth não gostaram da ideia, e começamos a discutir, e acredite, não foi algo bom. Por fim, estávamos brigando que nem criancinhas, porém faltava pouco para nós podermos nos atacar.

- Gente, chega! Gente... CARAMBA, SEUS COCÔS DE CHUCK NORRIS, ME DEIXEM FALAR! - berrou Jullie, e nós ficamos quietos - Di immortales.

- TPM? - Nico sussurrou para mim, e eu nem respondi. Ele é realemente um idiota.

- Tudo bem, ufa. Eu acho que é a única saída. Estamos em Clifton, os deuses sabem que fim de mundo é esse, e temos que vazar daqui logo. Sério, eu estou cansada, quero ir pra casa logo, e quero finalizar isso tudo, e tem algo errado no Olimpo... E aqui também... Sempre tenho a impressão que tem alguém me vigiando - ela falou. 

- Concordo - disse Nico - E vocês vão adorar o Ozzy.

- Ozzy? Deu o nome de Ozzy pro seu cachorro? O que você tem na cabeça, cara de demônio? - perguntou Thalia. 

- A mesma coisa que tem na sua cabeça, cara de pinheiro.

- Lindos vocês - reclamou Jullie - E então...?

Eu, Annabeth e Thalia trocamos olhares sérios.

- Por mim, tudo bem - falei, dando de ombros. Annabeth me olhou e suspirou.

- Por mim também - ela disse, e Thalia revirou os olhos.

- Vamos logo - disse ela. 

E então, Nico fez umas paradinhas estranhas, assoviou, fez algum tipo de macumba e então, metade da parede do lugar foi destruída por um enorme cão com pêlos negros, com língua pra fora e deu um latido, que parecia mais um explosão, hm, boa de se ouvir.

É, um desses vai pra minha lista de desejos.