Cinco.

“It seems so obvious

Parece tão óbvio

There’s some thing up with us

Existe algo acontecendo conosco.

I smell the feeling from across the room.

Eu percebo o sentimento através do quarto.

So can I ask you this?

Então, posso te perguntar isso?

Not to be forward, miss, but I think I’ll kill myself

Não seja prepotente, moça, mas eu acho que me matarei

If I never know, what do I have to do to get inside of you?”

Se eu nunca souber o que eu tenho que fazer pra entrar em você?

Inside of You – Hoobastank.

Brendon chegou ao apartamento de Ryan com muitas compras, frutas, legumes, verduras na manhã seguinte. Coisas para – secretamente – mudar a rotina de vida de Ryan. Uma rotina diferente, com horários e verde. Entrou o mais silencioso que pôde e também foi direto para a cozinha com aquele monte de sacolas. Enfiou as mesmas na geladeira vazia de Ryan e suspirou, segurando o frapuccino na Starbucks enquanto subia as escadas.

“Ryyyyyyan!” Chamou, arrastando. “Trouxe frapuccino pra você.”

“Tô aqui.” Esticou o braço pra cima, ajeitando seu notebook em seu colo. “Já estava quase achando que você não voltaria mais.”

“Por que você sentiu minha falta?” Arqueou a sobrancelha.

“Bleerg.” Pôs a língua pra fora, infantilmente. “Eu já estava me acostumando com sua ausência.”

“Eu não sou tão insuportável assim.” Urie suspirou, dando de ombros para que Ryan viesse a supor que não se importava com a resposta dele. Ryan arqueou a sobrancelha, meio desacreditado e voltou os olhos  para a tela do computador enquanto levava o copo de plástico à boca quando lhe foi entregue. Brendon seguiu o caminho do copo e invejou. Ainda que, depois de usado, o copo fosse para o lixo, ao menos por um momento, tocara os lábios de Ryro.

“Você trouxe suas compras pra cá?” Perguntou aleatoriamente.

“Yep.” Respondeu o outro, logo de cara, mentindo, porque as compras não era pra ele e sim para o apartamento de Ryan. “Eu estava atrasado pro trabalho.”

“É, você tá mesmo atrasado.” Encolheu os ombros.

“Já tomou seus remédios?” Perguntou preocupado.

“Já.” Respondeu seco. “Agora vamos acabar logo com esse projeto para eu me livrar logo de você.”

“Você tem muito pra me ensinar, Ross.” Suspirou animado, fazendo Ryan girar os olhos. Depois disso, eles não se falaram mais até a hora do almoço, no qual Urie insistiu em cozinhar para Ross que duvidou que Brendon tivesse capacidade de cozinhar, mas aceitou esse pequeno mimo vindo do menor.

Continuou seus desenhos enquanto sentia o cheiro da comida – que já de longe parecia ótima -  feita por Urie. Ryro tomou um banho longo enquanto Brendon deixava a mesa de jantar o melhor possível. Usou um vinho que tinha comprado, que era de uma safra rara e quando achou a mesa à altura do seu chefe, subiu as escadas  e esperou Ryan sentado na cama dele.

Sem palavras, eles foram almoçar. Ryan Ross se encantou ao ver o vinho, com os pratos posicionado na frente um do outro, para que Ryan Ross fosse estrategicamente atraído pelo olhar de Brendon Urie que havia pensado em cada detalhe daquele almoço, desde o prato nutritivo e elegante, até a posição da mesa.

A mesa redonda estava coberta com uma toalha branca e ao seu lado um pequeno carrinho prateado que tinha um balde da mesma cor, cheio de gelo e um vinho especial de safra rara gelava dentro daquele balde.  Ryan olhou os pratos brancos , de pura porcelana e a prataria adequada para o prato servido ao lado. Urie correu até a cadeira de Ryan e após uma reverência, puxando a cadeira gentilmente pra ele.

“Acho que eu não estou vestido pra um almoço como este” Ryan sentou-se na cadeira, abaixando o rosto para reprimir uma tosse.

“Eu também não.” Encolheu os ombros. “Eu só preparei meu melhor pra você.”

O arquiteto mordeu o lábio, repreendendo aquela maldita vontade de sorrir. Em sua mente, um milhão de pensamentos se passavam, por exemplo, como uma pessoa poderia ser tão doce, mesmo sendo tão humilhada, mesmo não sendo desejada? Como alguém poderia oferecer seu melhor, sua preocupação, seus cuidados a alguém como Ryan? Ele abaixou a cabeça e pensou seriamente em rejeitar aquilo, mas não o fez, apenas assentiu sobre ser o melhor de Brendon para si.

“O que fez pra mim?” Perguntou, referindo-se à comida.

“Lasanha de berinjela.” Respondeu orgulhoso e Ryan franziu o cenho. “Confia em mim, não é tão ruim quanto parece.”

“É o que eu espero.” Encolheu os ombros enquanto se servia de lasanha.  Urie abriu o vinho com classe e serviu um pouco para seu acompanhante que moveu a cabeça em agradecimento. Segurou de forma correta a taça de cristal puro e bebeu um gole. “Wow! Que vinho excelente!”

“Foi a melhor safra que eu encontrei em Los Angeles.” Deu de ombros, como se realmente fosse influente por aquela cidade. Ryan repetiu o gesto, tomando mais um gole do vinho. “Espero que goste da lasanha.”

Ryan sorriu com os lábios e deu uma garfada naquela comida. Levou-a até sua boca e comeu. Não era um gosto que estava acostumado a sentir, mas fora bom. Assentiu, fazendo o menor comemorar com um sorriso grande em seguida, comeu também.

“Posso te perguntar uma coisa?” Ryan disse, após tomar um gole do vinho. Brendon assentiu. “Por que está cuidando de mim?”

“Porque você não tem ninguém que cuide de você...” Bden respondeu, levando um pouco de comida à boca, mastigou devagar, engoliu e sorriu depois. “E porque eu gosto de você, da sua companhia, mesmo que você passe todo o tempo me xingando, me expulsando...”

“É isso que eu não entendo!” Suspirou “Quanto mais mal eu te trato, mais você me mostra algo doce e, como agora, o seu melhor.”

“Eu já não tenho mais nada pra perder...” Encolheu os ombros, suspirando entre a taça de vinho. “A não ser você.” Completou, corando as bochechas, o maior arqueou a sobrancelha, sem vestígio de sentimentos no olhar.

“Quem foi que disse que você me tem, Urie?” Manteve a expressão carregada enquanto Urie tomou um gole longo de  vinho. “Foi o que eu pensei!” Exclamou, matando qualquer vestígio de conversa amigável entre eles. Ao término daquele almoço – que era para amolecer o coração de Ross e que foi um fiasco completo – Brendon recolheu tudo e levou para a cozinha, onde foi lavar a louça que tinha ocupado.

Percebendo que tinha estragado todo “o melhor de Brendon Urie”, Ryan molhou as mãos na pia da cozinha e jogou contra o rosto do menor que arqueou a sobrancelha e viu um vestígio de sorriso vitorioso se formar naqueles tão desejados lábios finos. Ryan olhou novamente para Urie, com a expressão travessa, e voltou a molhá-lo com água. O universitário abriu a torneira e  fez de suas mãos uma concha, enchendo-a com água, jogou contra o maior.

“Molhei você, molhei você-ê!” Brendon cantarolou infantilmente enquanto pulava pela cozinha. Ryan riu baixinho divertidamente e o menor fez questão de guardar o som daquela risada divertida dentro do seu coração. Então, no fim das contas, o almoço não foi um verdadeiro fiasco.

No fim das contas, Brendon trouxe vida para George.