Skip Beat - a Revolta do Príncipe escrita por Mirytie


Capítulo 5
Capítulo 5 - Especial: Brian e Tyler parte I


Notas iniciais do capítulo

A história do Brian e do seu primeiro amor que terminou antes de começar.
Enjoy ^^



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Ter que o ver partir tinha sido a coisa mais difícil que Brian já tinha feito.

Tyler tinha sido o seu melhor amigo desde que Brian se lembrava e a única coisa que o fizera sorrir depois dos seus pais se separarem.

Os avós maternos de Tyler eram japoneses e a mãe dele tinha fugido para a América para se casar e fora assim que ele nascera: uma criança exótica e amada.

- Vá lá, meninos. – pediu a professora com uma voz doce dedicada a alunos de terceira classe – Vamos começar a aula?

Era a última aula antes do verão e já ninguém estava a ligar ao que a professora dizia a não ser uma ou duas crianças mas, Brian e Tyler estavam mais entusiasmados do que qualquer um. A mãe de Brian tinha dado autorização para que ele fosse viajar com a família de Tyler.

Mas o pai de Tyler estava doente por isso, a condição era que ele melhorasse antes de eles se porem a caminho.

- Como está o teu pai? – perguntou Brian baixinho, enquanto a professora escrevia no quadro – Vamos poder ir de férias?

- Ele diz que está melhor. – respondeu Tyler – Mas a minha mãe só nos vai deixar ir se tiver a certeza que ele está bem.

- Adultos. – protestou Brian cruzando os braços.

Sim, Brian não era uma simples criança que não gostava de adultos. Brian odiava adultos desde o divórcio.

Porquê? Porque os pais tinham discordado sobre quem ficaria com a custódia dele…já que nenhum deles queria ficar com a criança.

Tinha-se decidido que o pai ficava com a custódia completa sob a vigilância do tribunal. Para os seus pais, ele era só uma criança que os impedia de ter as suas vidas de solteiro de volta.

Quando a campainha tocou, dando sinal do fim do terceiro ano deles, eles correram porta fora e dirigiram-se imediatamente para casa do Tyler com os dedos cruzados.

No entanto, ao ver a cara da mãe, Tyler soube imediatamente que alguma coisa estava mal. E, enquanto a mãe se aproximava dele, com os olhos vermelhos e as mãos a tremer, o coração dele apertou-se-lhe.

- Querido, desculpa, mas não podemos ir de férias. – disse ela com tristeza na voz – O teu pai foi para o hospital, esta manhã.

Esse tinha sido o começo do último verão com Tyler. No entanto, nenhum deles podia prever o que ia acontecer depois.

- O que é que quer dizer com “ele não está aqui”? – perguntou Yumi ao balcão do hospital. O cabelo preto e cara exótica da mãe de Tyler denunciavam imediatamente a sua terra natal, mas era a roupa que lhe tinha valido vários assédios desde que chegara à América. Yumi tinha 29 anos mas não parecia ter mais de 20. Com uma imagem de total pureza e serenidade e um toque de mistério e sensualidade – graças aos kimonos que usava frequentemente quando saía – muitos homens viam-na como o fruto proibido que desejavam ter – O meu marido veio para aqui, ontem. Eu vim vê-lo. Como é que me pode dizer que ele não está aqui!

- Minha senhora, tenha calma. Deixe-me explicar. – pediu a recepcionista – Veio aqui um homem há pouco, alegando ser o sogro do paciente, e pediu transferência para um hospital japonês. – depois de alguns momentos de silêncio, a recepcionista apontou para a porta – Olhe, ali está ele.

Yumi olhou para trás e, tal como estava à espera, viu o pai com um par de guarda-costas ao seu lado. Talvez ele tivesse descoberto…era isso que mais preocupava Yumi.

Devagar, aproximou-se e fez uma ligeira vénia depois de lhe chamar a atenção.

- Qual é o seu objetivo aqui? – perguntou sem mais rodeios – Porque é que transferiu o Will para um hospital japonês? Ele está muito doente.

- Não foi para um hospital japonês qualquer, Yumi. Foi para um dos nossos hospitais. – corrigiu o homem carrancudo com cabelos brancos, à sua frente – E, sim, ele está bastante doente. – ele apontou para o carro preto em frente ao hospital – Porque é que não entramos para falar melhor?

Contrariada, Yumi segui o pai e sentou-se no banco de trás, ao lado dele. – E agora, o que vai acontecer?

Quando o carro arrancou, o pai continuou a falar. – Ele está a morrer, Yumi e eu tenho confiança quando digo que só os nossos cuidados o podem salvar.

Yumi sabia que a cadeia de hospitais que pertencia à família dela tinha um dos melhores centros de cuidados especiais no mundo. Mesmo assim, para ter transferido o marido para lá só para o tratar, era uma boa-ação que não cabia na bondade do pai.

- O que é que quer em troca? – perguntou ela vendo um sorriso formar-se na cara do pai.

- És esperta, filha. Infelizmente, recusaste ser a herdeira da nossa família. – disse o pai – E os restantes membros não vão considerar a opção de voltares a sê-lo depois de teres fugido do Japão, mesmo que implores de joelhos.

- Não voltaria a sê-lo mesmo que me pedissem de joelhos. – ripostou Yumi – Querias prender-me a obrigações que eu não desejava, para começar. Um pai nunca faria isso se amasse a filha verdadeiramente.

- Mas amo, querida. – disse o pai ironicamente – E é por isso que estou disposto a perdoar-te e a curar o traste com quem te casas-te.

- Com alguma condição. – adicionou Yumi, conhecendo o pai.

- Exato. Deste à luz um filho, certo? – perguntou ele confirmando as suspeitas de Yumi – E a nossa família não tem um herdeira. Não poderia haver uma situação mais perfeita, não concordas?

- Ele só tem oito anos, pai. – disse Yumi, calmamente.

- Eu sei. Andei a investigar. Mas isso não o torna ainda mais perfeito? – perguntou ele, surpreendendo a filha – Todos os potenciais herdeiros na família já passaram dos dezoito. Mas o Tyler…eu posso moldá-lo para que se torne um herdeiro de que a família se possa orgulhar.

- Ele é uma criança. Precisa de brincar e divertir-se. – informou Yumi – Não de ser transformado.

Yumi só reparou onde estavam quando o carro parou e ela olhou pela janela escura, para a casa de Brian, onde tinha deixado o Tyler antes de se dirigir para o hospital.

- O que é que estamos aqui a fazer? – perguntou Yumi, agora extremamente irritada – Como é que sabe que ele está aqui? Tem-nos andado a seguir!?

- Desde que descobri que tinhas um filho. – confessou ele sem vergonha nenhuma – Aquele miúdo com quem o teu filho anda, ele tem uma vida bastante miserável. No entanto, não te podes esquecer que eu posso torna-la pior.

- O quê!?

- Está tudo nas tuas mãos, filha. – disse ele cruelmente – Se decidires que vais passar-me o Tyler, posso-te levar de volta para o Japão, para estares com duas pessoas que amas, mesmo que eu só precise do Tyler. Começarei o tratamento do teu marido e deixarei a outra criança em paz. No entanto, se recusares, a próxima fase da tua vida será bastante negra.

Depois de alguns momentos de silêncio, as lágrimas começaram a correr pela cara de Yumi.

- Como é que me pode fazer isso!? – gritou ela levando as mãos à cara – Sabe que depois carregarei a culpa pela morte do Will, pela dor do Tyler e pela miséria do Brian! Como é que um pai pode pedir isso a uma filha!?

Mas podia, e ela sabia que o pai não estava a brincar. Por isso, a única coisa que podia fazer era…

- Vamo-nos mudar. – disse a Yumi depois de estar a sós com o filho – Vamos partir para o Japão já amanhã.

- O quê!? – perguntou Tyler sem perceber o que se passava ali – Como!? Vamos deixar o pai para trás!? Aconteceu-lhe alguma coisa!?

- Não aconteceu nada. O teu pai já foi transferido para um dos melhores hospitais do mundo, no Japão. – explicou ela – Já está tudo tratado. As malas já estão feitas e os lugares no próximo avião já estão reservados. Quando chegarmos lá, vamos viver com o teu avô. Que achas?

Tyler achava que aquilo era horrível e, pela cara da mãe, ela concordava com ele.

- E vamos deixar tudo o que temos aqui? – perguntou Tyler – Vou deixar o Brian? Nunca mais vou voltar a vê-lo…?

Ela suspirou fundo e preparou-se para a próxima parte. – O teu avô disse que, se aceitares ser o herdeiro da nossa família, paga a viajem do Brian para ele ir passar férias ao Japão, todos os anos. – ela desviou os olhos e fitou o chão porque tinha dificuldade em aceitar aquilo – É simpático da parte dele, não é?

- Porque é que estás a mentir? Tu também não queres ir, pois não!? – perguntou Tyler vendo para lá das barreiras da mãe – Só vou ficar lá até o pai ficar bom. Depois volto, com ou sem vocês. Não posso deixar o Brian quando sou o único suporte que ele tem!

O pai nunca deixaria que ele voltasse, pensou Yumi quando o filho foi a correr para o quarto. Dirigiu-se ao sofá e sentou-se pesadamente, tapando a cara com as mãos logo de seguida.

A culpa era dela, por pensar que o pai nunca se voltaria a interessar com ela e a deixaria viver uma vida normal. A culpa era dela porque tinha baixado as defesas e tinha-se tornado fraca, esquecendo-se da mulher forte que tinha conseguido fugir do Japão e às mãos do pai.

A culpa era só dela.

Brian tinha-os acompanhado ao aeroporto e recebido o bilhete que o avô de Tyler lhe tinha comprado para viajar até ao Japão dali a uma semana, depois de pedir permissão ao pai.

Tinha sido difícil despedir-se de Tyler, muito difícil. Mas ele focava-se no fato de o voltar a ver dali a uma semana.

No entanto…

- O bilhete foi cancelado. – informou a recepcionista no aeroporto – Por ordem do senhor Satori.

- Satori? – Brian pensou um bocado e lembrou-se que esse era o nome do avô do Tyler e foi aí que se apercebeu que ele nunca tivera a intenção de deixá-lo visitar o neto – Muito obrigado.

Enquanto voltava para casa, Brian convencia-se que não importava se o velho deixava ou não. Ele tinha o direito de viajar, não tinha? Por isso, ia juntar dinheiro e ia visitá-lo todos os anos, tal como tinha prometido. Já que o pai pouco se interessava com o que ele fazia ou não fazia, tinha total liberdade para fazer o que quisesse.

E ele queria ver o Tyler.

E assim tinha feito.

Tinha arranjado um emprego a tempo inteiro nas férias e um part-time em tempo de aulas que não ligavam à idade dele. E tinha viajado todos os anos, nas férias de verão, para a América mas nunca tinha contado a Tyler sobre a história do avô.

Não podia dizer que não lhe apetecia contar mas, sempre que ia lá, o Tyler contava como o avô era fixe por lhe pagar aulas privadas e atividades extracurriculares. Num ponto ou outro da sua estadia no Japão, Tyler tinha-se esquecido da promessa de voltar para a América quando o pai estivesse melhor.

A mãe dele parecia cansada e, de alguma forma, muito mais velha do que a idade que tinha. O pai tinha saído do hospital e estava tão saudável como um cavalo mas tinha perdido a alegria e boa-disposição que possuíra na América.

Só Yumi sabia que isso se devia ao fato de ele se sentir culpado por a família estar presa ali, num país em que, só o filho se sentia feliz.

Brian tinha começado a desenvolver sentimentos por Tyler aos treze anos mas, a partir dos quinze, Tyler tinha começado a mudar, a tornar-se mais frio e distante e as visitas tinham começado a diminuir…até cessarem apenas com quatro palavras. “Não precisas de vir”, fora o que Tyler dissera, e Brian nunca mais aparecera.

No entanto, os sentimentos não desapareceram e sofria pelo amigo que se tinha perdido no meio de tantos estudos e obrigações.


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Notas finais do capítulo

E foi assim...
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