Skip Beat - a Revolta do Príncipe escrita por Mirytie
Notas iniciais do capítulo
Enjoy ^^
Já alguma vez sentiram medo? Não medo por aquilo em que se tinham acabado de meter mas sim pela situação em que a outra pessoa tinha acabado de entrar.
Enquanto olhava para a cara de Yumiko, sabia que a namorada ia ouvir das boas quando ele saísse daquela casa.
- Rapaz, eu perguntei-te o que é que estás a fazer aqui. – repetiu Yumiko olhando para a filha quando ela saiu do quarto – O que é que ele está aqui a fazer, Kyoko!? Estou a ficar sem paciência!
- Mãe!? – Kyoko deu um passo atrás, com vontade de se esconder atrás de Ren ou voltar para o seu quarto e trancar-se lá dentro – Veio mais cedo…
- Porque é que este homem está aqui? – Yumiko apontava para Ren e fitava-o ameaçadoramente – O tribunal foi explícito quanto à vossa relação fora do trabalho.
- O quê!? – confuso, Ren olhou para Kyoko que desviou imediatamente os olhos – Eu não ouvi nada sobre isso.
- O tribunal disse que, se não fosse assuntos profissionais, vocês não podem estar juntos. – Yumiko sorriu, satisfeita por Ren ter sabido por ela – E já ouvi dizer que houve uma entrevista em que um certo alguém alegou ter uma relação intima com a minha filha.
- Isso é ridículo! – protestou Ren – Não pode controlar com quem é que a sua filha socializa ou não!
- Claro que não. – concordou Yumiko – Mas posso dizer que ela não pode socializar contigo.
Ren olhou para Kyoko que estava perdida no desespero e depois para Yumiko outra vez. Abriu a boca, pronto a ripostar mas decidiu que aquele dia já tinha sido comprido demais.
Sorriu docemente, surpreendendo Yumiko. – Bem, se é assim, eu vou indo.
- Não, espera! – pediu Kyoko quando ele se dirigiu para a porta – Por favor, peça desculpa, mãe!
- Não, Kyoko. A tua mãe tem razão. – disse Ren parando à beira do cabide. Piscou-lhe o olho quando a mãe não estava a ver e fez um gesto ligeiro em direção ao seu casaco pendurado – EU não devo aproximar-me de ti.
Dizendo isto, saiu e deixou-a sozinha, a interrogar-se sobre o que se tinha passado com ele e com todos aqueles gestos e tiques que tinha feito antes de sair.
- Agora vamos falar, Kyoko. – começou a mãe depois de cruzar os braços – Eu não te dei autorização para o trazeres para aqui!
E daria? pensou Kyoko, mesmo que Ren fosse o último homem vivo no planeta, a sua mãe daria autorização?
De repente, enquanto a sua mãe a fitava com os braços cruzados e a chamava variações da palavra “oferecida”, Kyoko percebeu o que Ren estava a tentar transmitir antes de sair.
- Ah! – exclamou Kyoko fingindo surpresa – O Ren esqueceu-se do casaco! Vou lá levá-lo.
- Hei, espera! – gritou a mãe, enquanto a filha saía disparada pela porta com o casaco de Ren – A nossa conversa ainda não acabou!
A sorrir, Kyoko saiu e olhou para Ren que se encontrava encostado ao carro, com os braços cruzados. – Estava a ver que ias demorar muito mais tempo para descobrires a minha mensagem. – Ren suspirou, abriu a porta do carro e esticou-lhe a outra mão – Quer ter a gentileza de me acompanhar, senhorita?
Ela abanou a cabeça em desaprovação mas acabou por correr até ele e saltar para dentro do carro. – Sabes que vais ter problemas por causa disto, não sabes? – perguntou Kyoko antes de Ren fechar a porta.
Ele apenas sorriu e deu a volta ao carro rapidamente.
Mas sabia perfeitamente no que se tinha acabado de meter.
…
O seu destino não tinha sido a casa de Ren mas sim a de Brian.
Kyoko tinha-lhe telefonado para avisar que ia para lá e para pedir que ele telefonasse para a mãe. Apesar de tudo, não queria preocupá-la e não queria que ela chamasse a polícia e danificasse a reputação de Ren.
- Então, ele não está em casa? – perguntou Ren referindo-se a Brian, um pouco perturbado por Kyoko ter a chave do apartamento .
- Não. – respondeu Kyoko, enquanto abria a porta – Ele conseguiu um contrato com uma gravadora e eles estão a negociar o lançamento do primeiro cd dele.
Ele olhou em volta e decidiu que aquele era o momento perfeito para lhe dar o anel, apesar de não ser o dia perfeito.
Depois do beijo de Sousuke e do encontro inesperado com a sua mãe, Kyoko estava extremamente cansada mas contente por estar ali com Ren.
No entanto, parou em frente ao espelho da entrada e ficou a olhar para o seu reflexo. Os olhos vermelhos de chorar, a pele pálida depois do encontro com a mãe e algumas olheiras por não ter dormido bem na noite anterior.
Quando é que ela tinha-se tornado tão fraca?
Com alguma revolta, lembrou-se do tempo em que idolatrava cegamente o Shotaru e quase lhe apeteceu vomitar. A rapariga fraca daquela altura…ela tinha-se esforçado tanto para mudar e ali estava ela outra vez.
Controlada pela mãe…que raio é que tinha acontecido com ela!?
Queria viver em Tokyo permanentemente, ser livre para sair com quem quiser, quando quiser e ficar com o seu dinheiro!
Ela olhou para Ren, decidida a ir onde tudo tinha começado para ela mas essa ideia desvaneceu-se completamente quando viu o sorriso de Ren. – O que é que se passa?
- Nada. – respondeu Ren – Estou só contente por estar aqui contigo. Consegues imaginar? Como seria se vivêssemos juntos?
- Nós já vivemos juntos, antes. – disse Kyoko mas estava um pouco embaraçada.
- Sim. – concordou Ren – Mas eu estou a falar em vivermos juntos…permanentemente.
- O quê!? – Kyoko corou intensamente e virou a cara para que ele não reparasse, apesar de ser um ato inútil.
- Nunca pensaste nisso? – perguntou Ren com um sorriso de satisfação na cara. Talvez ela esquecesse todos os problemas daquele dia se continuassem com aquela conversa – Nem uma vez?
É claro que já, pensou Kyoko virando-lhe as costas. Mas como era suposto dizer-lhe? Era simplesmente, demasiado embaraçoso.
- Hmm…Ren, nós…temos que falar… - avisou Kyoko – Sobre o que vai acontecer daqui para a frente.
- Daqui para a frente?
- Sim. – confirmou Kyoko – A minha mãe vai falar com o tribunal, por muito que o Brian fale com ela. E ela não gosta muito de ti.
- Sim, já tinha percebido. – Ren riu-se mas ela continuou séria. Inconscientemente, ele levou a mão ao casaco, por cima do bolso onde os anéis estavam guardados – Vamos conseguir ultrapassar isto, de alguma maneira.
- Às vezes pergunto-me se isso é verdade. – disse Kyoko surpreendendo Ren – Passamos e ultrapassamos tanta coisa e, mesmo assim, ainda não conseguimos ser felizes. A minha mãe odeia-te e os repórteres andam todos atrás de nós desde que revelaste que temos uma relação.
- Isso é de se esperar. – Ren deu um passo em frente mas, como ela deu um passo atrás, ele decidiu ficar onde estava – Somos famosos. Não pensavas que iriamos conseguir andar de mãos dadas na rua como duas pessoas normais, pois não?
- Talvez pensasse. Porque tu és o meu primeiro…namorado. Eu esperava poder experimentar todas essas coisas. – respondeu Kyoko sem saber que estava a magoar Ren com cada palavra – E depois há a digressão. Eu vou viajar pelo mundo e tu vais ficar aqui. Se for como da última vez…
- Não vai ser. – disse Ren antes que ela pudesse acabar a frase – Da última vez foi diferente. Houve…certas circunstâncias. Agora não. Agora podemos sentir saudades um do outro, como deve ser. – quando Ren deu outro passo em frente e ela recuou ele rangeu os dentes – Passei demasiado tempo a amar-te em silêncio para agora importar-me com coisas banais!
As palavras fugiram da sua cabeça antes que ela tivesse tempo de agarrá-las e transformá-las nalguma coisa. E, antes de se poder mexer, ele já estava a abraçá-la.
Dúvidas e preocupações desvaneceram-se nesse instante. Ela tentava lembrar-se se tinham-se abraçado assim desde que se tinham tornado oficialmente namorados. E talvez a culpa de não o fazerem fosse dela. Não. Tinha a certeza que a culpa era dela.
Sempre a hesitar e a desconfiar.
- Está tudo bem. – murmurou Ren enquanto lhe fazia festinhas no cabelo – Vai ficar tudo bem quando eu falar com o tribunal e explicar tudo.
Ela apenas anuiu com a cabeça e deixou-se estar mais um bocado até ele se afastar. Aquele abraço conseguia sempre acalmá-la, por muito má que fosse a situação.
- Vamos esquecer o Sousuke por agora, está bem? – propôs Ren – Não vais aparecer à faculdade durante algum tempo e ele não sabe onde é que eu moro. Podes ficar na minha casa, por enquanto.
- Mas…a minha mãe.
- Se ela disser alguma coisa, só temos que dizer que descobriram a tua morada em Kyoto e que não podes voltar para lá durante um tempo. – explicou Ren – Mesmo que eles digam para ficares aqui ou na casa da Kanae, é melhor do que estares em Kyoto, certo?
Ela anuiu a cabeça mais uma vez e ele sorriu. – Linda menina. Vês? Já está tudo a resolver-se.
- Mas, se eu for para casa de outra pessoa, isso não significa que possamos estar mais tempo juntos. – lembrou Kyoko – Até pode ser o contrário.
- Isso será outro assunto a resolver. – disse Ren – Talvez quando voltares da digressão.
- Tens alguma coisa planeada? – perguntou Kyoko, curiosa.
- Se te contasse já não tinha piada, pois não? – ele riu-se quando ela amuou – Vais ver que vai valer a pena esperar.
Kyoko decidiu confiar nele. – Eu não sei o que fazer. – confessou Kyoko – Tu és o meu primeiro namorado e eu não sei o que fazer sobre isso.
- Hmm…também não tenho muita certeza no que toca a esse assunto. As minhas relações foram sempre superficiais e físicas, como já disse. – relembrou Ren – Numa relação assim, acho que o par aproveita o tempo a sós para conversar e sair, ter encontros.
- Não sei se é possível ter encontros… - disse Kyoko, suspirando. Ser famosa tinha definitivamente as suas desvantagens.
- Não temos que sair para ter um encontro. – apesar de achar a ideia interessante, pensou Ren. Algum sítio em que pudessem ter alguma privacidade. Teria que pensar mais nisso.
Só não sabia que ela estava a pensar na mesma coisa. Não queria nada extravagante como reservar um restaurante inteiro para terem alguma privacidade. Queria andar em carroceis com ele. Queria passear num parque e depois fazer um piquenique com comida feita por ela. Queria passear na praia à tarde, comer num restaurante simples e acabar com uma sessão de filmes, sentados no sofá com pipocas.
Podia ser simples mas, naquele momento, ela trocaria o que quer que fosse para ter esse dia simples com ele.
- Devíamos…sair. – sugeriu Ren a medo – Podíamos ir ao restaurante onde antes trabalhavas, de manhã, sem ninguém ver. Depois, antes que os paparazzi acordassem, saíamos e íamos onde quiseres.
O sorriso que apareceu na cara dela foi tão grande que iluminou Ren e contagiou-o. Aquilo era um sim, pensou Ren. E talvez fosse melhor. Entregar-lhe o anel quando estivessem num sítio romântico a partilhar conversas e gargalhadas.
- Se conseguirmos… - começou Kyoko sem conseguir desfazer o sorriso – Se conseguirmos seria fantástico.
- Está planeado, então. – disse Ren com o mesmo sorriso de Kyoko – Quando tivermos o próximo dia livre, vamos passar o dia juntos. Por isso, podes ir planeando os sítios que queres visitar.
Inconscientemente, ela deu dois passos em frente e abraçou Ren com força, surpreendendo-o. Depois de se aperceber do que tinha feito, corou e afastou-se rapidamente.
- Ah, desculpa. – pediu Kyoko – Deixei-me levar.
- Não faz mal. – disse Ren, tão desconfortável quanto ela – Não tens que pedir desculpa.
- Então… - disse Kyoko olhando em volta – O que fazemos agora?
Isso era uma boa pergunta, refletiu Ren agora com medo do que lhe podia fazer se estivesse muito perto.
De repente, lembrou-se do que tinha que fazer antes de eles avançarem na relação. Sentou-se no sofá de Brian e olhou para ela, pedindo-lhe paras se sentar ao seu lado, silenciosamente.
Ela assim o fez, mas estava com medo, ao ver o olhar dele, que tinha mudado para algo frio e distante.
- O que é que se passa? – perguntou ela, sentando-se. Não muito perto dele.
- Kyoko. – disse ele – Vou-te contar a história do Kuon.
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Depois do que pareceu uma eternidade sem escrever, aí está. Espero que tenham tido uma boa leitura.
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