Capítulo 15 - Lápis nº02

"– Achou mesmo que ia escapar correndo de mim? - Disse a voz acima de mim.

Quando a sensação de tontura passou arrisquei olhar pra cima, e dei de cara com Elena, mas dessa vez tinha certeza de que não era ela.

– Enfim nos conhecemos, Katherine."

Ela pareceu surpresa, mas disfarçou com um sorriso sarcástico.

– Que bom que sabe quem eu sou, garota esperta. - Disse usando um tom debochado. - Pelo visto te contaram a história toda..Isso me poupa das apresentações. Então deve saber também que eu podia ter te matado no estacionamento em menos de um segundo e fazer parecer que foi hemorragia interna, certo?

– Certo. - Minha voz soou firme.

– Então qual o motivo de nossa agradável corrida no meio daqueles pirralhos? Medo?

– O motivo foi o que você mesma acabou de dizer. Sabe, a história da hemorragia e etc.. A ideia não me pareceu muito agradável. - Disse imitando a voz falsa dela.

– Medo então. - Disse vitoriosa. Eu ainda estava no chão, apoiada nos cotovelos. O esbarrão havia deixado meu corpo dolorido.

– O que você quer comigo, Katherine?

– Ora ora, é meio óbvio, não acha? Você é minha vantagem, Nicole. Vai garantir minha sobrevivência.

– Como assim? - Me fiz de boba. Ela deu um suspiro frustrado. Devia achar que eu era idiota.

– Vou te entregar para Klaus e em troca ele para de me perseguir.

– E porquê ele faria isso? O que eu tenho de tão especial? - Perguntei enquanto disfarçadamente mexia em minha bolsa.

– Você é uma Gilbert. - Pronunciou o nome com desgosto. - Elena faria qualquer coisa para ter você de volta, já que ela é tão boa, se preocupa com os outros e blá blá blá.. - Revirou os olhos. - Aposto que se entregaria à Klaus se precisar.

– Não sei se ela faria isso por mim..

– Só há um jeito de descobrir. - Disse dando um sorrisinho malvado. Ela se abaixou para me puxar para cima, já que eu continuei lá parada, olhando-a. Puxei as folhas amassadas na minha mão para fora da bolsa e esfreguei na cara dela.

Enquanto queimava sua pele, me levantei com pressa e corri para trás, ainda de costas, em direção à saída, mas ainda estava longe quando ela me empurrou contra a parede, furiosa. As queimaduras já estavam cicatrizando, mas o sangue havia manchado boa parte de seu rosto.

– O que pensa que está fazendo?? - Rosnou com o rosto à centímetros de mim. - Esqueceram de te avisar que verbena quase não me afeta mais, sua idiota! - Disse enquanto seu rosto se transformava naquela máscara de fúria assustadora. Parecia prestes a me atacar.

– Na verdade, eu sei disso. - Dei um sorrisinho triunfante vendo-a cair no chão agonizando de dor e murmurando palavrões. - Mas estacas ainda te afetam, não?

Peguei minha bolsa no chão e saí correndo para fora da escola, deixando para trás Katherine e meus três lápis cravados em seu tórax.

***

Só diminuí a velocidade ao chegar na porta de casa. Estava arfando de cansaço e com medo de Katherine me alcançar. Bati na porta várias vezes, aflita. Me espantei um pouco por ser Stefan a atender.

– Nicole, onde você estava? - Perguntou enquanto eu passava por ele entrando apressada.

– Stefan, feche a porta e tranque, ou lacre, sei lá. Rápido. - Eu disse ofegante.

Confuso ele fechou e trancou como eu disse.

– Onde estão Elena e Jeremy??

– Jeremy foi embora, e Elena achou que você tinha ido com ele, então veio para casa. Mas depois ele ligou dizendo que estava na casa da Bonnie, então ela nos chamou para te procurar. - Enquanto ele falava rapidamente, fui até a sala, onde Elena e Damon estavam de pé, com cara de preocupação.

– Onde você estava?? Não podia ter sumido assim! - Disse minha prima vindo em minha direção parecendo aliviada e brava ao mesmo tempo. - Oh meu deus, o que aconteceu?? Nicole, você está ferida!! Liguem pra emergência!

– Não precisa, estou bem!! - Eu disse ainda tentando controlar minha respiração e minha frequência cardíaca. Mostrei minhas mãos sujas de sangue praticamente seco. Não pareceram acreditar em mim.

– Como não está ferida? Está coberta de sangue!! Olhe só pra você, vou chamar uma ambulância.. - Elena estava ficando meio histérica.

– O sangue não é meu. - A interrompi.

– Como assim? O que aconteceu? - Perguntou Damon, franzindo o cenho.

– Aconteceu que tive a "honra" de conhecer a famosa Katherine. - Os três ficaram chocados. - Ela tentou se passar por Elena na saída da escola.

– Katherine. - Disse Damon com raiva.

– E o que você fez? - Perguntou Stefan.

– Bom, corri de volta pra escola, mas ela me alcançou, lógico. - Disse me sentindo idiota por causa dos olhares que me lançaram. - Conversa vai, conversa vem, ela me ameaçou, ela disse que ia me entregar pro tal de Klaus.

Eles arregalaram os olhos. Era até engraçado, as reações em conjunto.

– Então peguei aquelas folhinhas de verbena que me deram e esfreguei na cara dela. Saí correndo mas ela me prensou na parede.

– Te avisei que verbena não funciona nela! - Disse Damon. Sério, qual é a desses olhares? Eles realmente acham que eu sou tão burra assim??

Suspirei.

– Eu sei disso. Fiz de propósito para irritá-la.

– Você o quê??! - Perguntou Elena.

– Era o único jeito de distraí-la e fazê-la chegar mais perto de mim ao mesmo tempo.

– Que coisa idiota de se fazer! - Disse Elena. Depois de ver minha expressão, murmurrou um "sem ofensas".

– E que aconteceu depois? - Perguntou Damon.

Os três já estavam quase roendo as unhas de ansiedade para saber o desfecho do encontro.

– Depois o tal Klaus apareceu, matou Katherine e me deixou na porta de casa. - Disse com um sorrisinho orgulhoso e debochado.

– O quê??!!– Exclamaram ao mesmo tempo.

Não aguentei e ri da cara deles.

– Não acredito, vocês são tão ingênuos! E me subestimam pra caramba, sabiam? - Fiz cara de desapontada. - Com licença, preciso de um banho para tirar esse cheiro de sangue. - Disse correndo pro segundo andar.

– Espera! - Parei em um dos degraus quase no topo da escada. - O que você realmente fez, então? - Perguntou Stefan. Olhei por cima do ombro e disse com minha voz mais tranquila:

– Só estaqueei a barriga dela com meus lápis nº02.

Terminei de subir e entrei em meu quarto, indo em direção ao banheiro, mas não antes de ver as expressões chocadas dos três, parados de pé no meio da sala, como se tivessem visto um fantasma.

Iria provar a eles que não era tão fraca quanto eles achavam.