Capítulo 11 - Oscilações de Humor

No último capítulo..

– Olha, sei que está com raiva de mim, e com medo.. Eu vou te contar tudo; mas.. - Olhei pra ele desconfiada.

– Mas primeiro que tal eu te fazer o almoço? Deve estar faminta. - Completou sorrindo um pouco receoso, parecia temeroso de qual seria minha reação. Mas no fim das contas eu estava com fome.

Dei um sorrisinho tímido e assenti.

Enquanto o seguia até a cozinha, algo me dizia que minha vida estava para mudar, e muito.

...

O segui em silêncio até a cozinha. Ao invés de minha mente estar à mil por hora como esperado, eu não pensava em nada do que estava acontecendo, como se estivesse entorpecida demais para assimilar as coisas.

Sinceramente, eu esperava acordar à qualquer momento, olhar em volta e descobrir que ainda estava em minha casa na Flórida. Queria descer as escadas e sentir o cheiro de waffles, abraçar minha avó e sair para correr pela praia, vendo as ondas indo e vindo.. Queria que minha vida tão atrapalhada ainda me parecesse perfeita. Queria ver o sorriso de meu pai me dizendo que tudo ficaria bem, depois de eu acordar de um pesadelo. Imaginei minha antiga casa, me lembrava de todos os detalhes, meu quarto decorado de rosa e a enorme janela que dava direto para meu jardim particular, nos fundos da casa.

– Hey, Nikki, seu almoço! - Quando dei por mim Damon estava acenando em frente ao meu rosto, segurando um prato de comida com a outra mão.

– Estava te chamando a um tempão..

– Nem notei.. - Eu disse me sentando e pegando o prato que ele me oferecia. Dois grandes omeletes que pareciam suculentos. - Obrigada.

Ele se sentou à minha frente e ficou em silêncio enquanto eu comia.

– Hum.. - Eu disse meio tímida - pode ir contando.. sabe, essa história de.. - Por algum motivo não conseguia pronunciar a palavra. Ficava presa em minha garganta.

– Vampiros– Disse Damon com uma expressão séria. - Tudo bem, te prometi a verdade. É o seguinte: eu e Stefan nascemos aqui em Mystic Falls, e fomos transformados bem na época de 'caça aos monstros' da cidade, quando todos sabiam da verdade. Isso foi em 1864.

Arfei, deixando o garfo cair de volta ao prato.

– Como isso é possível? - Sussurrei.

– Vampiros são quase tão antigos quanto a raça humana, vocês só não sabem disso.

– Eu achava que eram lendas..

– Toda lenda tem seu fundo de verdade - Disse ele. Assenti.

– Tudo bem, então vocês dois são vampiros.. Alguém mais que eu devesse saber?

– Bom, tem a Katherine, que é a mulher que transformou Stefan e eu. Era meio que nossa namorada na época.. e agora ela voltou à cidade.

– Eu devia me preocupar com ela?

Ele assentiu.

– Ela não é nem um pouco confiável, é manipuladora e cruel. Ah, e ela é idêntica à Elena.

– O que??

– Pois é. Por causa de uma espécie de maldição.. Essa sim é uma longa história.. Por isso repare nos detalhes, na roupa, nos sapatos, qualquer coisa. E também tem o Klaus e o Elijah. São dois vampiros Originais que estão na cidade. Foram os primeiros.. São muito perigosos.

– Minha nossa. Como pode ter tanta coisa em uma cidade tão pequena?

– Não é nem o começo. Há lobisomens..

Fiquei o encarando, achando que era brincadeira, mas ele não riu.

– Tá falando sério?? O que mais, papai noel? Bruxas?

– Bom.. Quanto a papai noel eu não sei.. - Ele riu. - Mas bruxas..

– Isso é impossível!

– Só se você acreditar que é.*

Soltei um suspiro meio estrangulado. Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Meu cérebro não conseguia raciocinar que o cara lindo sentado à minha frente era um vampiro! Soava como loucura até em pensamento!

– Eu sei que é muita coisa, mas não precisa ficar com medo. - Ele sorriu ao ver minha cara de cética. - Se for pensar, todas essas coisas sempre existiram, sempre estivemos por aí. A única coisa que mudou foi que agora você sabe.

Parei para pensar nisso. Tinha que admitir que Damon tinha razão. Toda essa história de sobrenatural era muito mais antiga e muito maior do que eu.

Será que algum dia eu conseguiria levar isso numa boa? Como Elena tinha conseguido?

– Me conte mais.. como você e Stefan conheceram essa vampira, hum.. Katherine?

E assim, ele me contou sua história, me chocando cada vez mais. Disse que Stefan vivia de animais e ele de bolsas de sangue do hospital. Explicou essa história de maldição entre Elena, Katherine e o tal de Klaus. Bonnie era uma bruxa. Caroline era uma vampira. As coisas ficavam mas confusas e inacreditáveis enquanto ele contava com aquele ar sério que não combinava com sua personalidade. Nesse meio tempo, Stefan e Elena saíram de fininho e foram para o segundo andar. Os dois tinham expressões culpadas e evitaram me olhar nos olhos enquanto passavam em frente à cozinha para subir.

– Terminou? - Perguntou Damon apontando para meu prato. Ainda tinha cerca de meio omelete nele, mas dava para perceber que eu não conseguiria comer mais nada. Fiz que sim e Damon se levantou colocando meu prato na pia. Me levantei também, não conseguiria ficar parada no mesmo lugar enquanto minha mente estava a mil. Comecei a andar pela cozinha, tentando apreender tudo o que ele tinha falado, sem me importar que ele estivesse me olhando. Bom, não me importei no início.

– O que foi? - Perguntei parando à sua frente.

– Bom.. eu sei que ainda faltam algumas coisas para te contar mas.. Bom, Elena trouxe umas roupas pra você.. E seria mais..hum, fácil conversar se você não estivesse.. bom.. - Ele apontou para meu corpo.

Nossa! Tinha me esquecido completamente que estava vestindo a camisa de Damon. É, aquela que mal chegava à metade de minhas coxas. Por isso ele estava me encarando.

– Que vergonha! Me esqueci completamente.. - Eu comecei a dizer, tentando a todo custo tentar a camisa parecer maior, puxando a barra.

Ele deu um risinho.

– Não precisa ficar com vergonha. É só que deve ficar mais fácil pra eu me concentrar se você não estiver tão.. tentadora. - Ele disse encarando minhas pernas de novo.

– Damon! - Eu disse corando mais que um pimentão.

– Me desculpa, mas é verdade. - Disse na maior cara de pau. - Você acha que foi fácil pra mim ontem à noite?

As lembranças da noite passada voltaram a minha mente, de como ele tinha me encarado; quando eu o pedi para dormir comigo; quando ele me beijou e depois dormimos abraçados... OMG!! Onde eu estava com a cabeça??

– Hey, eu não quis ofender.. Não fiz nada, juro! - Disse Damon interpretando mal meu silêncio. - Nikki? Fala alguma coisa..

– Qual é o problema comigo?? - Eu disse com a voz alterada.

Ele me olhou de cima à baixo de novo e disse: - Bom, na minha opinião.. nada.

– Damon!!– Eu disse ficando histérica. - Você entendeu o que eu quis dizer! A gente se conheceu tipo, ontem! E olha até que ponto a coisa chegou! Isso não tá certo, eu não sou assim!

– Calma Nikki, não foi nada de mais e..

– Talvez pra você não! Mas pra mim é. Eu não saio beijando e dormindo semi-nua abraçada com um cara que eu acabei de conhecer! Céus! Não tem nem duas semanas que acabei um namoro e já estou assim..? Que vadia!!

Eu estava à ponto de explodir de raiva de mim mesma pelo meu comportamento indesculpável, quando Damon riu. Não dava pra acreditar, ele estava dando gargalhadas!

– Qual é a graça??!!!!– Gritei quase arrancando meus cabelos de estresse.

– É que.. - risos– eu sei que está furiosa, mas.. - risos– não dá pra te levar à sério.. - mais risos– falando palavrão e.. - enxuga as lágrimas– vestida desse jeito. É engraçado e extremamente sexy ao mesmo tempo. - Disse ele se controlando.

Soltei um grito de frustração. Ele era insuportável!!

– Me deixe em paz! - Eu disse subindo as escadas sem saber se devia ficar mais brava comigo mesma ou com ele.

Enquanto chegava ao quarto ainda podia ouvir sua risada, zombando de mim.

Me joguei na cama e agarrei o travesseiro mais próximo, enterrando minha cabeça nele. Precisava liberar minha raiva.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bom, ajudou um pouco.