DAY 400

POV SUMMER

“As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem.”

Lilian Tonet

http://www.youtube.com/watch?v=_mIZCiXPv0w

- Não faça isso... Não com ele...

As palavras de Tyler foram como se eu estivesse sendo perfurada por facas...

Seu rosto suado, seu cansaço evidente e seu rosto com um olhar sincero, era demais para mim naquele momento.

Eu ouvi Daniel suspirar e virar o rosto primeiro e depois o corpo para encarar o padre à frente.

- Desculpa por estragar esse... Casamento. – ele disse forçando a palavra a sair de sua boca. Desculpe estragar com o sonho da sua vida... – ele ironizou – Mas... Você pode me mandar embora e eu nunca mais irei voltar para a sua vida... Depois que eu falar o que tenho de falar...

Ele disse por fim me encarando.

Meu olhar saiu de seu rosto e se virou para os convidados do casamento... Alguns olhares desapontados, outros revoltados, alguns com a pena transparecida... Eu voltei meu olhar para minha mãe ela me olhou com o olhar sincero e murmurou lentamente entre seus lábios silenciosamente.

 “Escute...”

Eu virei meu rosto para Tyler.

Meu olhar valeu... Eu não confiava em minha voz agora, para poder dizer algo;

- Cinco anos... Esperando... Uma ligação... E nada. – Ele disse – Cinco anos... – ele repetiu novamente- Eu não posso mais aguentar isso. – ele começou – Eu queimei tudo!  Fotos, cartas... Tudo. – ele disse pausadamente e me olhando nos olhos – Mas... Nada que eu faço parece funcionar... Eu tentei te esquecer de todas as maneiras possíveis Summer...

Ele pausou e continuou.

 -Quando eu pedi Nicole em casamento, eu achei que por um breve momento, que você tinha esquecido você completamente e seguido em frente. Mas quando você apareceu naquele aeroporto... E eu vi que era você... Eu não acreditei... Eu passei cinco anos... Cinco anos – ele repetiu – Botando em minha cabeça que você não tinha ido embora por minha causa...

Eu virei meu rosto, as lágrimas estavam descendo pelo meu rosto.

- E quando eu finalmente entendi que não havia sido por minha causa... Você apareceu!  Eu... E quando eu te vi... Minha vida... – ele parou- Parecia ter sentindo – ele me olhou novamente – Novamente. – minhas lágrimas ficaram mais frequentes.

- Eu não sabia o que fazer... E desculpe – ele aumentou o tom nessa parte – Desculpe se eu te magoei... Se eu te fiz sofrer... Mas nada se compara ao buraco que fiquei no meu peito por cinco anos!

Eu virei meus olhos para os convidados novamente... Alguns tinham os olhos cheios d’água. Outros mantinham os mesmos olhares enfurecidos.

Minha mãe parecia prestar atenção em cada movimento que eu e Tyler fizéssemos.

- Quando você me disse que eu tinha uma filha, eu não acreditei... Eu fiquei tão revoltado, por você ter ido embora novamente que eu só conseguir ficar feliz por isso... Por eu ter realizado o meu maior sonho! – ele disse levantando os braços – Ser o pai dos seus filhos.

Ele se virou e passou a mão em seus cabelos castanhos.

E rapidamente se virou para mim.

- Eu fui impotente, várias vezes Summer... Em cinco anos eu nunca fui atrás de você.  Eu sou culpado pelo o que eu sinto até hoje... Eu sei que você nunca acreditou no amor... Mas olhe para você – ele disse apontando para mim – Vestida de branco e preste a sua vida e a dele...  – ele começou a recuar para trás – Desculpe por estragar isso... - ele se virou começou a caminhar pelo longo corredor da igreja.

Suas palavras foram duras e tocantes, mas o bastante para me ferir totalmente por dentro.

Ele sumiu completamente de minha vista.

Eu continuava presa ao chão, encarando a grande porta aberta e os pequenos raios de sol entrando na igreja e passando pelo vitral iluminando por completo com as cores vibrantes.

Os olhares de todos estavam em mim. Curiosos.

Eu me virei e limpei as lágrimas que caiam pelo meu rosto.

Eu me virei em direção a Daniel.

- Iremos prosseguir? – o padre perguntou alto.

Daniel o olhou e me olhou. Ele se levantou devagar do chão e se posicionou em minha frente.

Ele deu um leve suspiro.

- Eu amo você... – ele disse pausadamente – Mas eu não suportaria... Ver você sofrer, só para me ver feliz... – ele disse devagar...  Eu não consigo ser tão egoísta... Por isso – ele suspirou pesadamente – Vá.

Meus olhos o encaravam, como se eu não estivesse ouvindo.

- Vá. Só... Vá – ele completou.

Eu o encarei mais uma vez, com os meus olhos marejados.

Ele deu um sorriso forçado.

- Adeus, Summer. – ele disse pela ultima vez.

Eu dei meu primeiro sorriso sincero.

- Obrigada...

Eu me virei e desci as escadas rapidamente... Eu tirei os longos saltos e comecei a correr, meus pés descalços, batiam de encontro com o concreto áspero das ruas...

Eu corria em um longo vestido branco, segurando o excesso de tecido em minhas mãos fechadas em um punho, eu corria com a maior velocidade que eu conseguia.

A cidade foi se cessando atrás de mim, a terra começou a entrar nas pequenas entranhas dos dedos dos meus pés.

Os passos fortes e decididos dos meus pés iam jogando um pouco de terra na medida em que eu corria.

Eu avistei o grande carvalho, sua árvore sem folhas, apenas os galhos a mostra, algumas pequenas folhas começando a florecer.

Em seu tronco. Gravado firmemente a frase “AMIGOS PARA SEMPRE”... Eu me aproximei devagar da árvore, passando minha mão no tronco forte de madeira.

Eu virei meus olhos para o homem em frente ao pequeno riacho, ele balançava algo em suas mãos.

Suas mãos deram um impulso para trás, deixando à mostra a pequena joia de com o pingente de binóculo a solta.

- Não destrua a única coisa que sobrou de nós... – eu disse lentamente, encarando seus movimentos.

Tyler abaixou sua mão devagar e girou seu corpo na mesma lentidão.

Seu rosto meio vermelho passou a me encarar.

Meus cabelos desgrenhados, minha maquiagem um pouco borrada, e meu vestido sujo de terra.

- O que... Faz aqui? – ele disse hesitante.

Eu me aproximei devagar dele.

- Eu vim encontrar o meu melhor amigo... O pai da minha filha... E o homem da minha vida... – eu disse devagar olhando em seus olhos penetrantes.

Ele me encarava subitamente, em suas mãos o pequeno bracelete...

Ele se aproximou devagar, ele pegou levemente meu pulso, prendendo o bracelete, que depois de posto, deu um leve giro.

Ele me olhou novamente.

Sua mão veio em meu rosto.

Eu dei um leve sorriso... Meus braços tornaram em seu pescoço...

- Eu senti tanto a sua falta... – ele disse por fim, encostando a sua cabeça na minha...

- Eu estou aqui... Agora. – eu disse por fim.

Seu olhar deu de encontro com o meu.

Seus lábios tocaram os meus...

E eu finalmente encontrei a minha felicidade...