Em casa, enquanto me arrumava, tomei uma decisão e liguei para minhas amigas, tinha um plano, um jeito de conseguir saber quem era e o que Allen Adams queria.

Liguei para Joyce também, ela disse que fecharia o restaurante e logo iria.

Já estava a caminho da escola, segurava na alça de minha mochila forte demais, a ansiedade me atingia. Já nem escutava a musica que tocava em meu mp3, eu nem sabia mais em que musica estava, continuei a andar até que senti uma mão em meu ombro, congelei no chão, virei lentamente e o vi. Allen sorrindo bobamente, tirando meus fones de ouvido.

_Você sempre ouvindo isso! Por isso nunca escuta quando a chamo. _Ele falou docemente.

Sua mão acariciava meu rosto com ternura, não, eu não podia acreditar que ele tinha matado o próprio irmão.

_Allen, vem comigo. _Falei num fio de voz.

_Para onde? _Ele perguntou com aquele sorrisinho de canto.

_Ainda não sei! _Falei arrastando-o pela mão.

Andamos por um tempo até que encontrei um velho galpão, entramos, o lugar era muito sujo e escuro, sendo iluminado pela luz do sol que adentrava pelos buracos que haviam no teto.

_O que estamos fazendo aqui Kate? _Ele perguntou.

_Nada de mais, apenas conversar. _Falei me sentando numa caixa velha que tinha encostada na parede.

_Sobre o que? _Ele falou aproximando o rosto do meu.

_Coisas... _Falei com a voz falha.

Allen se aproximou ainda mais, nossas respirações se mesclavam e eu era capaz de sentir o cheiro de hortelã que emanava de sua boca, um desejo incontrolável de sentir o gosto de sua boca me invadiu, e desejo realizado. Allen me beijou, mas, um beijo apressado, necessitado.

Seus braços me rodearam, enquanto nossas línguas travavam uma luta sem fim, me senti estranha com aquele beijou, sem forças... Uma voz em minha cabeça gritava desesperadamente para que eu me afastasse, não consegui, quando o ar faltou em nossos pulmões ele se afastou.

Não antes de eu sentir a arma em sua cintura enquanto passeava minhas mãos por suas costas. Ele percebeu e tentou se afastar, mas eu peguei a arma.

_Me explique isso! _Falei examinando a arma.

Minha vontade era de chorar, Aidan estava certo sobre Allen. Mas, eu não choraria, era hora de ser forte, nada de me fazer de vitima, esse tempo já passou, eu seria forte por mim.

_Apenas proteção, fui assaltado esses dias e decidi me precaver, agora me devolva isso.

_Allen Adams, você conhece algum Cristhian! _Perguntei sem tirar os olhos da arma.

_Não! Por que? _Ele perguntou sério.

Levantei-me e fui para o fundo do galpão, onde era mais escuro, Allen me seguiu.

_Kate, isso não é brinquedo, me devolva antes que você se machuque. _Ele falou, o nervosismo tomando conta de si.

_Isso é um aviso ou uma ameaça? _Perguntei mantendo minha voz firme.

_Um aviso de alguém que gosta muito de você, muito mesmo. _Ele falou.

Por um momento pensei em acreditar em suas palavras, mas eu não seria tão fraca.

_Esquece, pode ficar, arranjo outra. _Ele falou se virando, ia embora.

_Aidan, meninas. _Eu falei.

Aidan e as garotas, inclusive Joyce apareceram. Barrando a passagem de Allen.

_O que é isso? _Ele perguntou.

_Meus amigos. _Falei.

_Você! O que você andou falando para ela? _Perguntou Allen para Aidan.

_Nada, só falei a verdade.

_Ora seu... _Allen avançou para cima de Aidan que ainda tinha marcas da ultima briga.

Antes que Allen acertasse Aidan, Érica interveio e com um chute lançou além para o meio da roda que se formou.

_Da próxima vez, quebrarei mais que uma costela. _Ela falou.

Allen tentava se levantar, mas não conseguia, colocou a mão direita no lado esquerdo, em cima das costelas.

_Se mirar no lugar certo, é possível quebrar uma costela com um chute. _Falou Érica, e eu me lembrei sobre ela ter dito que praticava Wing Shu.

Senti pena de Allen, mas me contive.

_Vou perguntar mais uma vez. Você conhece um tal de Cristhian? _Perguntei calmamente.

Allen levantou com muito esforço, certamente por causa da dor.

_Já falei que não. _Ele disse.

_Tem certeza de que não me conhece? _Cristhian falou em algum lugar no escuro.

Vi Allen arregalar os olhos, o medo estampado em sua face.

Cristhian ficou visível para todos nós, e veio para o meu lado.

_V-Você! Devia estar morto. _Allen falou surpreso.

_E estou! _Cristhian disse em tom de deboche.

Ver-los frente a frente é como se um deles estivesse se olhando no espelho, tão parecidos.

_Mas, Ele me garantiu que você nunca mais voltaria. _Ele falou desesperado.

_E você acreditou naquela coisa? _Cristhian perguntou indignado.

_Kate! Kate venha aqui, se afaste dele, ele é um mentiroso, ele é perigoso.

_O ÚNICO METIROSO AQUI É VOCÊ ALLEN! _Gritei.

_Como pode fazer isso comigo? _Ele perguntou.

_Você por acaso sabe o quanto isso esta sendo difícil para mim? Sabe o quanto eu acreditei em você? Você foi meu primeiro amigo, minha vida mudou graças a você, pela primeira vez fiz amigos graças a você! Se não fosse você, eu nunca teria conversado com Daniela e Érica. Eu acreditei em você... _Eu falava tudo, enquanto lágrimas desciam insistentemente por minha face.

Eu me sentia um lixo, mas, me sentia bem.

_Eu não fui o único mentiroso aqui, e você nunca confiou em mim, sequer me disse quem era a sua “assombração”. _Ele disse sério.

Ele tinha razão, eu não tinha sido justa com ele, mas, nesse mundo de hoje quem é?

_Por que você matou seu próprio irmão? _Perguntei.

_Isso não é da sua conta. _Ele falou friamente.

Esse era um Allen que eu não conhecia. Esse era o verdadeiro Allen.

Joguei a arma num balde de metal

_Acha que eu preciso disso? Para acabar com vocês só preciso de uma única coisa. _Ele falou divertido.

_E o que seria? _Joyce se atreveu a perguntar.

_Disso! _Ele falou, e logo depois começou a pronunciar um dialeto estranho.

_O que ele ta fazendo? _Falou Daniela.

_Saiam daqui, AGORA! _Cristhian gritou apavorado.

Olhei para Allen, sua expressão era a de uma pessoa insana enquanto dizia aquelas coisas.

_Pare de palhaçada! _Eu falei me aproximando dele e desferindo um tapa em seu rosto.

Todos me encararam, Allen estava atônito com o com tapa.

Não sei o que aconteceu, nem como, apenas sei que senti algo subindo pela minha perna, o medo e o desespero me invadiram. Eu gritei, gritei de pavor, a coisa se espalhava pelo meu corpo todo, eu sentia-me queimar, ouvi meus amigos gritando e a risada descontrolada de Allen.

Silêncio! Escuridão! Medo!

Todos a minha volta sumiram, restando apenas a escuridão...

***My~Darkness***