Formas desconhecidas de amor

Os dias caminhavam tranquilamente, estando com apenas dois meses de gestação não havia como saber o sexo dos bebes ainda, tinha quase que certeza que seriam um menino e uma menina. O nome que Luna escolheu ficou perfeito e já sonhava com meu raio de sol correndo pela casa.

Toda a família ficou sabendo do nome e dos sonhos de Luna e agora sempre que dormia, Edward ficava a seu lado tentando ver as imagens de sua mente. Foi engraçado o dia que ele saiu irritado de casa, após Luna descobrir suas visitas noturnas, os sonhos ficaram embaçados para Edward. Não sabíamos o porquê, ela continuava a sonhar normalmente e nós contava as historias mais engraçadas, Edward se sentia inútil, dizia até que tinha a sensação de ser um humano sem graça.

Estamos no mês de março e especialmente nesta data algo muito especial vai acontecer, hoje a noite a Lua estará mais próxima da Terra, um fenômeno raro e conhecido como  Perigeu irá acontecer. Todos os elementos sob influencia da Lua sofrerão pequenas alterações e será uma oportunidade rara que não perderia por nada.  Não contei a ninguém o que farei hoje, mesmo porque seria estranho dizer a todos que estaria dançando seminua no meio da floresta agradecendo aos elementos.

Tudo acabou se acertando sozinho, Seth estaria fazendo ronda na parte mais distante da fronteira, Luna passaria a noite com Rose e Emmett , já que os três combinaram de fazer uma noite de cinema em casa com os piores filmes já feitos sobre vampiros, lobisomens e zumbis. Gabriel e Fred estavam interagindo bem com toda a família e já tinham sua rotina noturna organizada. Tive certa dificuldade em dizer a todos que queria ficar sozinha nesta noite e após horas de discussão consegui convencê-los.

Oito horas da noite. Vesti um dos vestidos leves e claros que Alice havia colocado em meu armário e sai em direção a floresta. Era muito agradável sentir a terra se abrindo a cada passada que dava, a brisa fresca carregava a umidade comum das noites em Forks enquanto tocava os galhos secos das árvores criando um zunido fraco entre a vegetação.

Cheguei a um ponto alto onde, mesmo com o céu quase encoberto por nuvens pesadas e escuras, a Lua se fazia presente em seu grandioso esplendor. Parecia mais brilhante, pensei que estendendo minhas mãos para o alto poderia tocá-la.  Seu terreno irregular e as fendas escuras lhe davam um ar sombrio ao mesmo tempo que seduzia a quem a contemplava, me sentia em transe.

Retirei o vestido permanecendo apenas com uma langeri de renda branca semelhante a um maio de banho, o frio deixou os pelos de meu corpo arrepiados, mas logo as chamas se acenderam e meu corpo brilhou em um laranja incandesceste. Sentia os elementos me dando as boas vindas e agradeci aos espíritos da terra por minha forca, minha família e principalmente pelas graças que carregava em meu ventre.

Quando senti meu corpo cansado já se passava das 2 horas da manha, me entreguei ao cansaço, relaxando o corpo sobre algumas samambaias gigantes que saltavam em meio a floresta como enormes braços verdes. Percebendo que não estava sozinha e imediatamente cobri meu corpo com os braços por ainda estar sem o vestido.

-Não precisa cobrir este corpo lindo Nala, sabe que eu o conheço com a palma de minha mão.

-É você Gabriel? – eu já estava corada com suas palavras.-

-Quem mais? – sua voz suave tocava em meu rosto produzindo um arrepio gostoso. Ele já estava atrás de mim buscando meu corpo com suas mãos.-

-Como me achou? – me virei quase colando meus lábios aos seus –

-Achou que eu esqueceria que em noites assim você dança para a Lua? Nunca perderia isso.

-Você estava me observando? –ralhei com ele ao mesmo tempo em que me perdia em seu olhar –

-Coloque seu vestido, esta frio e não quero que fique doente ao meu lado. – ele se afastou visivelmente perturbado –

-Ainda deslumbramos um ao outro não é mesmo? – dizia ainda de costas a ele enquanto vestia o leve vestido em tons de azul.-

-O que posso fazer se te amo? – ele já me abraçava novamente e assim ficamos olhando em direção a Lua, meu corpo descansando em seu peito enquanto acompanhava sua leve respiração.-

-Não sente falta desta liberdade Nala? De não se ver presa a mesma terra?

Não consegui responder de imediato, é claro que sentia falta de ser livre, correr por diferentes florestas, viver minha vida solta como o vento. Mas eu não estava infeliz, muito longe disso, minha alma estava finalmente em paz e eu curtia agora a minha família. Eu e Seth poderíamos viajar pelo mundo quando quiséssemos, o que nós impediu de sair antes de Forks fora sua mãe e Luna. Agora temos os bebes, vamos adiando nossos planos conforme nos é imposto um limite novo. Não é necessário correr contra o tempo, temos a eternidade para descobrir o mundo.

-Temos a eternidade... – falar aquelas palavras em voz alta despertou algo a muito tempo adormecido.-

-Meus filhos não terão a eternidade!

-Então é verdade? Você esta mesmo grávida?

-Pensei que já tivesse percebido pelo cheiro ou pelas conversas entre as meninas. – dei de ombros e senti suas mãos correrem por meu ventre –

-hummmm. – ele ficou em silencio por tanto tempo que chegou a incomodar –

-Eu não posso competir com isso. – sua voz era triste - Não posso te prometer esta vida ao meu lado. Se pelo menos você desejasse ser uma de nós!

-Gabriel, já conversamos tanto sobre isso.

-Shi, não diga mais nada, apenas me responda...você me ama?

-Eu amo. – suspirei. Eu o amava, nunca negaria estas palavras a ele, mas eu o amava como um irmão.-

-Isso já me basta. Cuidarei de você sempre que precisar de mim.

Ele virou meu corpo, agora estávamos de frente um para o outro, tão próximos que sentia seu gélido corpo contra o meu. Ele me apertava mais contra seu peito como se aquele fosse nosso ultimo momento e com uma de suas mãos levantou meu queixo para que nossos olhos se cruzassem e então ele me beijou. Não foi um beijo cheio de malicia e sim carinho, um carinho puro onde apenas nossos lábios roçavam um no outro e tão rápido como teve inicio, acabou.

Nos sentamos em uma parte plana da floresta aproveitando o conforto daquele momento,  recostei-me em seu peito posicionando-me entre suas pernas e pensei em Seth, o quanto queria estar com ele agora.

POV Seth

Senti o cheiro de Nala na floresta e segui em direção a ele sutilmente, queria pega-la de surpresa e o surpreendido acabou sendo eu. Nala estava linda, vestia apenas um vestido de mangas longas em tom de azul e como acessório tinha um vampiro fedorento grudado em sua cintura lhe abraçando e falando algo bem próximo a seu ouvido.

Me aproximei tentando não acreditar na imagem a minha frente quando ouvi um pouco da conversa dos dois.

-Shi, não diga mais nada, apenas me responda...você me ama?

-Eu amo.

-Isso já me basta. Cuidarei de você sempre que precisar de mim.

Não senti mais minhas patas e deixei meu corpo prostrado ao chão. Como assim ela o amava e ele cuidaria dela? O que eu era nisso tudo? Ela não me amava mais e por isso me convenceu a aceitar a presença de um novo vampiro entre nós, com a desculpa de ajudar nossa filha?

Nossa filha, Luna foi um presente a nos dois e quando soube de sua gravidez foi como se meu mundo tivesse sido pintado de outras cores, mais vibrantes e quentes, sentia que logo toda aquela felicidade não caberia dentro de mim. Parece que para ela ainda faltava algo, algo que eu não poderia dar e que ela havia encontrado naquele vampiro com cara de Dom Juan.

Jasper me avisou, avisou a todos na verdade e eu não quis ouvir. A dor foi tão grande em meu peito que não conseguia mais racionalizar as coisa, corri ferozmente pela floresta tirando forcas de locais desconhecidos, só queria sumir, apagar aquelas imagens da minha mente, esquecer que aquilo havia acontecido.

Não havia mais nada a minha volta, só grandes borrões de vegetação, estava sendo comandado apenas por meus sentidos e não sabia mais onde estava ou para onde estava indo. Meus instintos de auto preservação eram os únicos funcionando perfeitamente e só por conta deles eu desacelerei a corrida e me coloquei em posição de defesa.

Um silvo baixo cortou o ar e vi a minha frente o vulto de um corpo masculino. Um vampiro.

-Não ataque Seth, sou eu, Edward? O rosnado que saia de minha garganta cessou e dei as costas a ele voltando a caminhar em direção a floresta.-

-Seth pare. Para onde esta indo?

-Você já leu em minha mente, não preciso repetir em voz alta. – agora caminhávamos entre a vegetação, meu corpo parecia se arrastar e o peso era muito sobre minhas patas.-

-O que eu vi é uma mentira Seth. Anala nunca faria isso com você. Ela te ama, eu vejo isso em sua mente todos os dias.

-Não seja hipócrita sanguessuga. Sabe tão bem como eu que a mente de Anala é complexa demais para se ter certeza sobre algo.

-Eu não conheço só a mente Seth, já vivi muitos anos neste mundo e sei que aquela mulher deixou muita coisa para trás para ficar com você. Ela carrega o fruto do amor de vocês no ventre Seth. Não consegue ver o quanto esta sendo precipitado. Você só ouviu partes de uma conversa e aquele abraço pode significar tanta coisa.

-Eu mesmo confundi o sentimento que Bella tinha por Jacob por tanto tempo. Voce sabe que o amor deles não passava de uma amizade grande demais, um sentimento de carinho e proteção, amor sim, mas não o amor que me prende a Bella, que te prende a Anala.

-Eu...eu não sei o que fazer. Me doi muito pensar que posso te-la perdido. Que chegando em casa ela estará com as malas prontas e vai dizer que não pertencemos mais um ao outro. Eu não quero perde-la, perder meus filhos. – não conseguia voltar a forma humana e conversar de verdade com Edward, eu só chorava e pensava na perda –

-Volte para casa Seth. Converse com ela, entenda o que realmente aconteceu na floresta. Você pode estar sofrendo muito por um simples mal entendido.

-Você voltaria se visse Bella nos braços de outro homem dizendo que o ama?

-Eu já tentei deixa-la Seth, o que ganhei com isso além de uma grande dor?

-Tem razão. Vou voltar, falar com ela. – me sentia derrotado antes mesmo de ouvir qualquer coisa da boca dela. Eu esperei tempo demais por um amor e quando ele me encontrou era perfeito demais, eu já deveria esperar por isso, tudo que é muito bom dura pouco. Mesmo que ela não me amasse mais não a deixaria ir, os meus filhos iriam ter um pai presente, disso eu não abriria mão.-

Corri para casa já decidido e não me preocupei em esperar pelo Edward. Afinal de contas, o que ele fazia na floresta a esta hora? E ainda mais sozinho? Não importa, preciso voltar para casa agora.

Cheguei após uma longa corrida, tamanha foi a dor que senti no peito que não percebi o quanto havia me afastado de casa. A casa estava toda escura, as luzes da entrada estavam apagadas e senti o perfume dela por todo o lugar. Agradeci mentalmente a Rose por ter escolhido esta noite para ficar com minha pequena, não conseguiria falar com Anala se Luna estivesse aqui.

Entrei em nosso quarto vestindo apenas uma bermuda, meu corpo queimava de dor e amor, o cheiro dela parecia mais forte, convidativo. Seu pequeno corpo estava coberto apenas com o fino lençol e sua face serena me fez pensar que estaria sonhando. Quem povoa seus sonhos meu amor? – sussurrei as palavras em seu ouvido sem perceber como cheguei tão próximo de seu corpo –

-Apenas você meu amor! – sua voz estava rouca pelo sono e o sorriso em seus lábios me fez pensar se seria realmente eu o seu amor. –

-Nala? Esta acordada?

-Agora estou! Chegou tarde meu amor. Aconteceu alguma coisa?

-Eu te vi na floresta.

-Por que não me chamou?

-Não estava sozinha, achei que poderia atrapalhar. – não conseguia olhar em seus olhos e me vi com o olhar perdido em direção a uma pequena fibra de tecido que havia se soltado levemente da colcha.

-Atrapalhar, por que atrapa....ah....o que você viu exatamente?

-Você pretende partir com ele? Ouvi quando disse que o amava. – ouvir aquelas palavras saindo de minha boca doeu mais do que eu poderia agüentar e me deixei cair sobre a cama.-

POV Anala

Não percebi de imediato quando ele disse que havia me visto na floresta, só depois, quando ele disse que não me viu sozinha foi que percebi o que ele realmente tinha visto. De longe a cena deveria ilustrar um casal feliz namorando no meio da floresta, com certeza era isso, ele achou que eu o trairá.

Não poderia recriminá-lo, estava nos braços de outro homem recebendo carinhos, beijos e afagos. Sempre me deixava levar pelos encantos de Gabriel, até permitia que tomasse meu sangue. Eu gostava daquele carinho, um carinho fraternal que poucas vezes senti na vida. Claro que Seth não sabia disso e a cena diria a ele mais do que seu real significado.

Ele só ouviu a parte que eu dizia a Gabriel que o amava! Como fui burra em me permitir ficar tão perto.

-Seth – toquei seu braço e ele se afastou .- eu entendo e não vou exigir nada de você neste momento, só peco que me escute, você pode fazê-lo?

-Quero entender Anala, por que me traiu?

-Não me julgue ainda. – puxei uma grande quantidade de ar para meus pulmões e senti a dor que isso me causara devido ao frio da noite -

-Seth, quando conheci Gabriel eu estava perdida na dor. Acabara de perder meu bebe e o homem que considerava um pai, eu lutava todos os dias contra o peso da dor, mesmo minha mente já tendo desistido de lutar. Eu só queria uma coisa, morrer.

-Gabriel e Ana me encontraram e eu não resisti a eles. Ana provou do meu sangue e tamanho foi a ardência em sua garganta que a mesma não conseguiu liberar seu veneno em meu corpo. Se você não suporta o cheiro que os vampiros tem por ser algo tão doce que chega a queimar suas narinas, tente imaginar um gosto acido de aroma fétido – sorri sem nenhuma alegria ao faze-lo -  este era o meu sangue antes da transformação.

-Só Gabriel conseguiu beber de mim e ate hoje não entendemos como. Depois daquele dia eu voltei a vida e tive ambos como grandes amigos, lhes contei minha historia e eles a deles e foi assim que surgiu o clã de Zeferus e o encanto na ilha.

-Gabriel e eu temos uma ligação incomum que muitos entendem como um amor de homem e mulher. Não vou mentir a você dizendo que ele não me deseja assim, por algum tempo ele insistiu nisso dizendo que fomos feitos um para o outro e foi através deste mesmo tempo que entendemos nossa relação.

-Gabriel pertence a Ana e eu pertenço aos dois, não como amante Seth e sim como uma irmã, uma filha. Eu disse sim a Gabriel que o amava e você me viu sim nos braços dele. Nós apenas conversávamos sobre minhas escolhas, os caminhos que tomei e as crianças que agora carrego comigo. Nada disso ele poderia me oferecer sendo o que é e eu nunca pediria isso a ele. – eu busquei concentrar em minhas palavras seguintes todo o meu amor -

-Você me ama de forma intensa por sentir a magia em suas veias. Eu sempre me perguntarei se nosso amor seria tão forte se voce não tivesse tido um imprinting, mas esta pergunta você nunca poderá me fazer, esta magia não há em minhas veias, eu te amo incondicional e eternamente.

As lagrimas corriam por meu rosto e as via no rosto de Seth também, todo o medo que vi em seus olhos havia se desfeito e agora havia uma mistura de vergonha e amor.

-Sinto muito por ter causado tanta dor – toquei seu corpo e desta vez ele não se afastou –

-Sinto por ter desconfiado de você, de nós. Eu fiquei com tanto medo de te perder.

Nos abraçamos e as lagrimas ficaram mais intensas, nosso abraço mais urgente como se um não pudesse viver mais longe do outro, nossas peles não poderiam se separar.

-Não se desculpe por enxergar a verdade de uma imagem. Sua mente apenas não conhecia todas as verdades possíveis. – as palavras saíram fracas e não teriam sido ouvidas se não estivéssemos tão próximos – Eu te amo Seth, de formas que não consigo explicar. Só amo a você.