PDV NESSIE

Depois da minha ultima decepção amorosa meus pais se mudaram comigo para uma cidade pequena, não muito distante de Port Angeles, Forks é uma cidade onde todos se conhecem, mas ninguém me conhece por aqui, não verdadeiramente.

Na escola procuro não me misturar com ninguém, gosto de passar meu tempo sozinha. No entanto meu querido professor de história insistiu que fizéssemos um trabalho em dupla e pior sorteou as duplas.

Não sei se por sorte ou por azar a minha dupla seria nada mais nada menos que Jacob Black, capitão do time de futebol. Um cara que se acha, mas comigo esse papo de sou o tal não cola. Já passei por poucas e boas nesses meus dezesseis anos, e por incrível que pareça meu ex namorado era também o capitão do time da escola, mas essa já é uma outra história.

O tal capitão queria que eu fizesse o trabalho sozinha, mas nem morta vou dar tudo de mão beijada a um play boy feito ele. Então com um pouco de persuasão da minha parte ele veio até a minha casa para executarmos a tarefa. Era sábado e eu não poderia sair com a minha mãe por causa do tal trabalho, que eu juro se pudesse faria sozinha, mas não daria o braço a torcer, não para esse ai.

É claro que eu já esperava pela sua cara de surpresa ao me ver fora da escola, eu sei que é meio patético da minha parte, mas eu realmente não me arrumo para ir à aula, não tenho motivos, no entanto para ficar em casa ou sair para outros lugares eu sei me ajeitar. A tarde passou voando e mesmo aplicados ao trabalho não conseguimos terminar, então eu iria até a casa dela no domingo.

-Mãe, terei que ir à casa do Jacob amanhã a tarde. Precisamos terminar o trabalho. – Falei durante o jantar.

-Filha, amanhã tem jogo e você havia dito que iria assistir. – Meu pai retrucou.

-Eu sei pai, mas tenho que entregar na segunda e não deu tempo para terminar hoje. – Sério acho que sou a única pessoa do mundo que tem os pais brigando por não ir a um jogo por causa de um trabalho da escola, família louca a minha.

-Tudo bem, mas no domingo que vem você não escapa mocinha. – Meu pai disse no seu tom brincalhão.

-A tarde inteira e não terminaram o trabalho filha? Pensei que já havia feito esse trabalho na outra escola. – Minha mãe tinha que dar com a língua nos dentes.

-Mãe esse trabalho não é igual o que eu tinha feito na outra escola, e eu não vou dar nota de mão beijada para nenhum capitão de time de futebol. – Opss... Acho que falei demais.

-Então é isso? – Meu pai arqueou uma sobrancelha me encarando.

-De novo jogador de futebol Nessie? – Minha mãe indagou.

-Gente ele é apenas um conhecido, fomos obrigados a fazer o trabalho juntos. – Falei a verdade, afinal nessa família não havia segredos.

-Te conheço Nessie, esse é o quê? O quarto jogador que você se envolve? – Olhei pro meu pai com os olhos marejados, ele sabia da minha dor pelo meu ultimo namoro.

-Terceiro pai, o Derek era nadador e não jogador de futebol. – Falei me levantando da mesa e indo para o meu quarto.

-Nessie filha, me desculpe. – Meu pai estava na porta do meu quarto. Nunca usávamos trancas nos quartos, não era necessário, mas o respeito era presente em todos os momentos.

-Sei que não fez por mau pai. – Falei me sentando na cama e dando abertura para que ele entrasse no meu quarto.

-Filha eu temo por você, só nós sabemos como você ficou depois que o Nahuel fez tudo aquilo meu anjo. – Meu pai acariciou meus cabelos.

-Eu sei pai, mas realmente Jake é apenas um amigo.

-Jake? Então já estão íntimos? – Meu pai riu da própria piada.

-Ed. Não deixe a menina envergonhada. – Minha mãe apareceu na porta do quarto.

-Não é bem uma intimidade, ainda... – Falei com um sorriso.

-Eu sabia...eu sabia...você não faria tanta questão dele vir até aqui para fazer o trabalho se ele fosse feio não é? – Minha mãe disse se sentando junto ao meu pai. Os dois nem pareciam ser meus pais, minha mãe engravidou de mim muito nova, nem tinha terminado o colégio ainda, ela tinha dezesseis e meu pai recém completado dezessete. Mas o amor dele nunca acabou, acho que depois que eu nasci só aumentou.

-Ei vamos com calma, ela disse que eram apenas conhecidos. – Meu se fez de turrão, mas eu sei que é brincadeira.

-Ed o garoto é bem bonito, a Nessie sempre teve bom gosto. – Minha mãe o repreendeu.

-Mãe, também não é assim. E outra para o trabalho o professor sorteou os parceiros, não foi minha escolha. – Falei deitando a cabeça no colo da minha mãe.

-Mas você bem que gostou que eu sei. – Meu pai disse dando um beijo no pescoço da minha mãe.

-Fazer o que se sou uma garota de sorte. – Todos nós caímos na gargalhada. E assim passamos horas conversando e rindo.

Meu relacionamento com meus pais era aberto a tudo, nunca esconda nada deles, nem mesmo quando dei meu primeiro beijo, ou o que eu achava da bunda do meu ex, é claro que neste caso meu pai preferiu não opinar, mas no resto ele sempre tinha algo a dizer.

No domingo depois do almoço meus pais se despediram de mim e foram para o estádio assistir ao jogo de futebol, eu me demorei um pouco na sala ouvindo musica, depois tomei um banho e me arrumei para ir à casa do Jake para enfim terminarmos o nosso trabalho. Peguei as minhas coisas, meu notebook e foi de moto à casa dele. Apesar de viver numa cidade chuvosa eu adoro andar de moto e isso não vai mudar meus gostos. Eu estava com uma calça jeans preta, bem colada e uma regata branca, os meus cabelo soltos e uma maquiagem delicada. Completava o look uma jaqueta de coro preta e uma bota de salto fino.

Paro a moto no endereço indicado, era uma casa linda, um pouco afastada da cidade, quase que dentro da floresta, mas linda mesmo assim. Acho que esse ambiente florestal dá um certo charme à construção. Toco a campainha e sou atendida por uma senhora, tá ela não é velha, deveria ser a mãe do Jake.

-Boa tarde, sou Renesmee Cullen. Marquei de fazer um trabalho com o Jacob. – Falei parecendo meio forma demais, mas deixa pra lá.

-Boa tarde, entre. Sou Sara Black, mãe do Jake, ele já... – Antes de ela terminar de falar vi Jake descendo as escadas com um sorriso de orelha a orelha.

-Oi Nessie. – Ele disse ainda descendo os últimos degraus da escada. – Mãe esta é a Renesmee, uma colega da escola. Vamos fazer nosso trabalho na biblioteca está bem?

-Claro, fiquem a vontade. – Sara disse ao filho, no entanto seu olhar queria dizer mais coisas. – Seja bem vinda Renesmee. – Ela se virou para mim com um sorriso maior que do filho, como se fosse possível.

-Obrigada Sra. Black.

-Me chame apenas de Sara querida. – Sorri em resposta a tanta gentileza.

-Vamos Nessie? – Jake me pegou pela mão me levando rumo ao que me parecia ser a biblioteca. Chegamos ao cômodo e logo estávamos trabalhando em cima do nosso projeto de história. Meia hora mais tarde meu celular tocou.

-Desculpe Jake, mas eu tenho que atender. – Ele fez que sim com a cabeça e eu me afastei um pouco. – Alô.

-Por que não veio ver o jogo? – Era Emmet do outro lado da linha.

-Oi pra você também Emm, não fui por que estou fazendo um trabalho para a escola. – Falei ríspida, não gosto quando me cobram esse tipo de coisa.

- O seu pai disse a mesma coisa, mas você prometeu que viria. – Ele falou manhoso.

-Desculpe, mas não deu. No próximo eu vou com certeza. – Falei mais animada.

-Mesmo? Promete? – Como era infantil esse Emmet.

-Palavra de uma Cullen, até mais Emm. – Finalizei a conversa antes que passássemos a tarde inteira conversando.

-Até monstrinha. – Desliguei o telefone e só então percebi que o Jake me encarava.

-Você deveria estar em outro lugar? – Perguntou meio envergonhado.

-Nada que eu não pudesse faltar. – Falei séria e encerrando o assunto. – Vamos terminar então? – Perguntei pegando um livro em minhas mãos e o lendo silenciosamente. Não demoramos muito com o que faltava.

-Até que enfim, juro que não agüentava mais ler essas coisas da segunda guerra. – Jake se espreguiçou e estalou os dedos da mão.

-Se tivesse boas notas não precisaria fazer este trabalho. – Falei encarando uma estante gigantesca cheia de livros antigos, uma de minhas paixões.

-Gosta do que vê? – Perguntou num tom divertido.

-Adoro. Um mais lindo do que o outro.

-Pode pegar qualquer um se quiser, fique a vontade. – Ele falou me incentivando a ficar de pé e encarar de perto cada uma daquelas obras.

 A que mais me chamou a atenção foi um exemplar bem antigo com capa de couro vermelho da obra ‘Romeu e Julieta’, no entanto estava bem no alto, subi na escada presa à estante, mas como o livro era bem pesado acabei me desequilibrando e quase cai. Mãos fortes me seguraram a tempo, mas ele não parou por ai e me deu um selinho, quase cai na tentação de me render aos seus lábios, mas meu lado racional falou mais alto me fazendo se afastar dele.

-Me desculpe, ... – Não deixei que ele terminasse, fiz sinal com a mão para que ele parasse.

-Tudo bem, não aconteceu nada. – Falei já mais calma. Pelo menos era o que eu estava tentando acreditar.

-Não quis ser atirado demais, mas não consigo me arrepender. – Ele disse saindo da biblioteca. Me sentei no ultimo degrau da escada, não havia realmente acontecido nada demais, mas eu não queria que ele pensasse que eu era como as outras. – Trouxe um suco para nós. – Ele disse trazendo uma bandeja com uma jarra e dois copos.

-Obrigada. – Falei aceitando o copo que agora ele me estendia.

-Não há de que. Sabe se eu não fosse tão lendo digitando você não tinha perdido o seu compromisso de hoje. – Ele queria mesmo insistir nessa história.

-Uma você não é lento digitando, apenas se distrai com facilidade. – Isso é bem verdade já que a cada duas palavras ele parava e ficava me olhando. – Outra eu já disse que não era nada demais.

-Tudo bem não insisto mais. O que vai fazer agora? – Ele me perguntou genuinamente curioso.

-Sinceramente não sei, acho que vou para casa ler um pouco. – Falei displicentemente e me levantando.

-Te acompanho até a porta então. – Se levantou e saiu na minha frente.

-Até amanhã Jake, pode deixar que eu imprimo a capa em casa. – Falei me referindo ao trabalho que havíamos feito.

-Até amanhã Nessie. – Ele disse meio que a contra gosto, dei um beijo em seu rosto e montei na minha moto saindo em disparada até a minha casa.

Quando meus pais chegaram eu já havia me recolhido, estava tarde e eu tenho aula logo cedo.

-Nessie, tudo bem querida? – Minha mãe apareceu na porta do meu quarto, sendo seguida pelo meu pai.

-Tudo, só estou cansada. Como foi o jogo? – Perguntei me sentando na cama.

-Ganhamos, o Emmet fez dois gols, o primeiro tempo.... – Meu pai relatou todos os 90 minutos do jogo, futebol era a sua grande paixão, é claro que depois da mamãe e de mim.

-E como foi o trabalho? – Minha mãe perguntou com um sorriso bobo nos lábios.

-Terminamos mais cedo do que eu imaginava, e ele me beijou. – Falei já me preparando para os comentários.

-Como assim te beijou? – Meu pai não estava muito a vontade com esta informação.

-Eu subi numa escadinha para pegar um livro e me desequilibrei, ele me segurou e me deu um selinho logo em seguida. Nada demais pai. – Resumi os fatos.

-Nada demais, sei... – Meu pai tirou o sorriso dos lábios ficando carrancudo de uma hora para outra.

-Edward, pensei que já tivéssemos passado por essa fase. – Minha mãe repreendeu.

-Passamos, mas o rapaz a beijou sem o consentimento dela Bella.

-Também não foi bem assim ne pai. – Falei contestando meu pai.

-Você me disse que eram apenas conhecidos.

-E somos,o que não nos impede de passar para o segundo nível não é pai? – Ergui uma sobrancelha e meu pai caiu na gargalhada.

-Então estão namorando, sei lá ficando? – Minha mãe nunca deixaria sua curiosidade de lado.

-Não foi só um selinho, também não sou tão fácil assim ne mãe.

-Não disse que você é fácil filha, mas te conheço bem o suficiente para ver em seus olhos o interesse que você tem nesse rapaz. – Minha mãe se defendeu.

-Estou sim interessada nele, mas ele vai ter que provar que eu não sou apenas mais uma para ele. – Falei séria, depois do Nahuel todo cuidado é pouco.

-Nessie pega leve com o rapaz, ele não tem culpa do erro dos outros. – Meu pai defendendo meu pretendente.

-Agora eu tenho que pegar leve? Fala sério pai, não vou fazer nada demais, só não sou uma garota fácil, se ele quer experimentar mais dos meus lindos lábios terá que me provar que sou especial e não mais uma de suas conquistas. – Falei com um ar de inocência.

-Sei bem, filha só quero que não se iluda, não vou suportar de ver sofrendo novamente. – Meu pai disse me abraçando.

-Não vou pai, o Jake não é o Nahuel e nem eu sou aquela mesma garota. – Depois disso meus pais me deram boa noite e eu finalmente descansei a mente, por algumas horas.