Come Back Again escrita por infinite


Capítulo 2
Memories in the Rain


Notas iniciais do capítulo

Memories in the Rain = Memórias na Chuva

Este capítulo foi revisado pelos meus amigos Kaho e Sensei Willy, obrigada aos dois!

Também foi atualizado, tendo umas partes adicionadas [pra quem já chegou a ler]. No fim, hávera umas observações.Otema leitura e obrigada!!



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“...Sentindo-se triste por desejar o impossível, agora você persegue uma sombra de amor...”
Prisoner of LoveUtada Hikaru.


                                       

Memories in the Rain

A chuva havia se intensificado durante o dia. Ao anoitecer, ela podia sentir o peso de cada gota que tocava o seu corpo. Não sabia como conseguia continuar a caminhar, não sabia como voltar a respirar, não sabia como retomar as batidas do seu coração.

Dor.

Tudo o que sentia nesse momento era dor, uma dor envolta por uma ilusão esmagadora. Não sentia mais o seu corpo devido às dores causadas pela friagem, mas sabia que essa não era a verdade; a verdade apenas havia arrancado seu coração e pisoteado em seus sentimentos com toda a brutalidade possível. Já não sabia mais dizer, se o que escorria de seus olhos eram lágrimas ou seria a chuva que a cada minuto se intensificava.

Cansaço.

Seus pensamentos estavam totalmente vazios, sua cabeça doía tanto quanto seu peito e podia claramente sentir as náuseas que se tornavam ainda mais fortes. Entretanto, por mais que quisesse ou tentasse não conseguia se livrar daquelas palavras... Aquelas palavras.

Não dava mais.

Sim, podia ouvi-lo claramente antes do adeus. Podia vê-lo perfeitamente, mesmo caminhando com dificuldade enquanto mantinha o olhar vazio ao chão; tentava com todas as suas últimas forças não tropeçar em suas próprias pernas, mas o desespero sussurrava em seu ouvido que já era tarde. Estava só.

A garota parou de caminhar e pressionou os olhos, levantou seu rosto para visualizar o caminho; precisava ter certeza da onde estava indo. E lá estava ele, com aquele olhar de desprezo e pena que já estava acostumada a receber todas as vezes que estavam a sós. Sim, podia vivenciar toda a cena novamente.

- Inoue, já chega. Você sabe que não amo você.

Seu coração estava sangrando.

Sorriu. – Não houve, e não haverá lugar pra você em mim, Rukia já preencheu todo ele.

Não havia mais ar.

- Bom, você cumpriu bem o seu papel. Pode ir, não preciso mais de você.

Não sentia mais o seu corpo.

Ichigo se virou e retirou-se da sala, o assunto acabará definitivamente desta vez e ela tinha total certeza disso. Nunca mais seria procurada, nunca mais poderia procurá-lo, nunca mais.

Nunca.

 E mais uma vez, após ouvi-lo cuspir essas palavras com tanto desgosto, desprezo e nojo, viu-o novamente dar-lhe as costas e desaparecer. Esse dia chegou, sabia que chegaria, entretanto não estava preparada pra tal. Todo aquele tempo que cultivará carinhosamente admirando-o a distancia, a felicidade de ser vista, a permissão de poder tocá-lo. O tempo que passaram juntos roubados por Kurosaki nos momentos em que lhe agradavam, a frustração por não ser seu.  Porém, toda a dor era revertida em amor quando era tocada, beijada, olhada... Usada por ele. A alaranjada sabia disso, tinha plena consciência e mesmo assim não conseguia abdicar desse dilema, afinal, amava-o.

Finalmente, seu corpo a abandonará fazendo-a cair de joelhos no chão. Era o fim; o limite dissolveu-se e pode ouvir aquele pequeno soluço que aos poucos se tornou mais alto e urgente. Agora chorava desesperadamente e sabia que não eram apenas gotas de chuva que escorriam abundantemente em sua face, e em uma explosão a garota gritou com toda a sua força, com toda a sua alma, com tudo o que sobrara de seu coração e sentimentos.

Era prisioneira de um amor platônico. E sem piedade, a chuva continuou a ensopá-la, a confortá-la.

[ ... ]

Já se passavam das 21hs quando avistaram um rapaz de cabelo alaranjado ainda trajando uniforme escolar se aproximando de sua mesa.

- Está atrasado. – acusou o rapaz de cabelos azulados que voltava o seu drinque à mesa.

- Tsc, cala a boca Ishida. Sabe muito bem que hoje minha agenda estava cheia. – respondeu sentando-se a mesa.

- Muito trabalho Ichigo? – Perguntou o rapaz que aparentemente era o mais velho dos três.

- Como sempre Sado, meu pai vive arrumando pra minha cabeça – Coçou os cabelos que estavam salpicados pela chuva que caia forte. – Aquele velho dos infernos...

- Quem quis trilhar esse caminho foi você, então não reclame idiota. – cuspiu enquanto levantava os óculos.

- Esta realmente querendo arrumar briga hoje não é mesmo? – O alaranjado estava começando a se irritar.

- Está tudo bem? – perguntou Sado enquanto olhava desconfiado para o amigo. – Parece irritado.

- Verdade. – Afirmou Uryuu enquanto chamava o garçom. – Normalmente ficaríamos batendo boca por mais umas horas até você me ameaçar.

- Hu. – Deu um sorriso sem graça. – Francamente, vocês parecem a minha mãe.

Os dois se entreolharam com um ar de “wtf?” e voltaram-se novamente ao colega que agora estava tendo o pedido anotado pelo funcionário do local.

- Bom, tive que me livrar de um peso morto além do estresse da empresa. Sem contar que a Rukia me ligou de 5 em 5 minutos durante uma reunião. – Finalizou com uma careta de cansaço.

Um encosto. Sim, ambos já sabiam muito bem a quem Ichigo se referia. Sado suspirou pesado enquanto voltava a tomar seu suco de laranja e Ishida se aborrecia mediante ao modo que ele a chamara.

- Então quer dizer que você terminou de novo...? – Lançou um olhar de desaprovação. – Como consegue ser tão cafajeste Kurosaki? 

Sim, Ishida podia com certeza colocar o dedo na cara do amigo e acusá-lo, xingá-lo pela sua atitude. Sabia que não tinha a melhor personalidade do mundo, contudo, além da sua bela aparência, “humildade” e inteligência, era um cavalheiro nato, de fato. Ao contrário de Ichigo, tanto ele como Sado, não viam mulheres como objetos ou maneira de lazer.

- Qualé cara, vai começar a me passar sermão? – Fez uma cara de deboche. – E outra, eu não assumi compromisso nenhum com ela. A garota ficava comigo porque queria e não porque eu a ameaçava com uma arma.

- Você a usou porque sabia que ela gostava de você. – Uryuu começava a elevar a voz demonstrando irritação.

- Pff...lá vamos nós de novo com essa conversa... – Desviou o olhar.

- Ele tem razão Ichigo. – Yasutora voltava o copo já seco à mesa.

O garçom acabara de servir a bebida ao recém chegado. – Olha, ela sabia que eu a estava usando. Podia ser idiota, mas não burra. – Tomou um gole da bebida e sentiu logo seu corpo se esquentar. – Eu ainda fui muito gentil, vamos ser sinceros, quem em sã consciência sairia com uma garota tão estranha como a Inoue? – Começou a rir. – Ela está livre Ishida, porque não pega, parece TÃO interessado... E olha, da pro gasto viu.

Essa tinha sido a gota d’agua. Logo, o mestiço já havia percebido que Uryuu estava prestes a pegar Ichigo pelo colarinho; era sempre assim, toda vez que a conversa envolvia Orihime o mesmo se irritava drasticamente. E ele sabia o motivo.

- O que foi que disse...? – Perguntou entre dentes com um olhar de ira. 

Mas antes que a comum cena se repetisse essa noite o celular do alaranjado tocou cortando os dois. Rapidamente o rapaz sacou o aparelho e verificou o visor, suspirou pesadamente e tomou ar enquanto atendia. – Rukia? Sim, estou bem. Como vai honey?

Em seguida, Ishida matou o resto da bebida em um gole enquanto sentia o peso do olhar do moreno ao lado. – O que é? – grunhiu demonstrando ainda estar irritado, mas não obteve resposta, e sabia que nem teria.

- Sim Rukia... – respondeu enquanto secava algumas garotas que passavam. – Eu já não disse que vou jantar contigo hoje? Eu estou a caminho! – Revirou os olhos. – Estarei ai daqui a uns 15 minutos. Também te amo. – Desligou o aparelho e o retornou ao bolso.

- Está de saída?

- Sim, antes que a Rukia me ligue novamente. Fiquei de ir jantar com ela. – Disse já em pé. – Bebam por mim! – Deu um sorriso moleque e correu em direção à saída.

- HEY KUROSAKI! -Gritou Ishida enquanto se levantava. -Maldito, e nem pagou a conta! – Puxou a bebida não terminada do amigo enquanto sentava e a terminou em um gole, depositando em seguida o recipiente de forma estúpida na mesa.

- Melhor você parar por ai Uryuu... – Sugeriu Sado enquanto via a feição pensativa e ainda transtornada do amigo.

Por quê? Por que ele sempre se sentia daquela forma quando Ichigo mencionava o nome de Orihime Inoue? Claro, não tinha nada demais tinha? Eles eram amigos de tempos e ele tinha que protegê-la daquele idiota, mesmo sabendo que a decisão era dela... Mas, e essa dor que invadia seu coração? Qual era o motivo?E essa raiva que o dominava de forma tão feroz somente ao saber que mesmo a amiga sabendo de sua situação insistia em algo sem futuro? Seriam realmente esses os reais motivos?

O rapaz manteve o olhar fixo na mesa durante sua busca, e Sado apenas continuou o observando.

- Sado... – chamou o rapaz ainda semi imerso em seus pensamentos.

- Hum?

- O que... – Entretanto, antes de iniciar a frase o mesmo se repreendeu mentalmente. –... Deixa pra lá... – Encerrou.

O moreno apenas acentiu silencioso com a cabeça e soltou um pequeno sorriso, sabia muito bem o que se passava na cabeça do visinho.

[ ...]

Havia prometido a si mesmo que após o ultimo incidente, jamais deixaria que o mesmo se repetisse e que se o fato ocorresse, medidas graves seriam tomadas com ou sem o consentimento da menina. Sim... Sua menininha...

- Inoue, me perdoe, mas dessa vez nós vamos e sem discussão!

A garota estivera calada desde que chegará a casa, mantinha a cabeça baixa e nenhuma palavra saiu de seus lábios até o momento. Seu irmão sabia muito bem que algo tinha acontecido, contudo, respeitava seus sentimentos e sempre aguardava o momento em que ela própria se dispunha a querer desabafar ou simplesmente conversar com ele. Sora a amava tanto que se algo a afetasse, com certeza o afetaria tanto quanto, se não pior. Ambos viveram momentos terríveis devido a morte de seus pais e a irmã fora quem teve o tempo de recuperação mais longo do trauma entre os dois.

- Sim aniki, eu entendo. – Levantou pela 1ª vez o rosto sorrindo e olhando de maneira carinhosa para o irmão. – Então começarei imediatamente a arrumar as minhas coisas, com licença. – Disse se levantando e já seguindo até seu quarto.

Sora apenas a seguiu com o olhar ainda preocupado, contudo, a reação que presenciou da irmã naquela hora tinha sido um tanto quanto tranquilizadora. Diferente do que ele pensava, ela amadurecera um pouco mais; encerrou os pensamentos e logo voltou à cozinha para terminar seu jantar, excepcionalmente hoje estava comendo sozinho e tinha que se apressar para assim como Orihime, iniciar o empacotamento de seus pertences.

A garota entrou e logo fechou a porta, caminhou até sua cama e se jogou deitando na mesma. Imediatamente seu sorriso se desfez e já conseguia sentir seus olhos embaçarem de lágrimas, seu corpo ainda estava pesado e podia sentir os efeitos da longa chuva que tomara durante o trajeto do colégio até sua casa.

Vazio.

 Estava oca, sentimentos destroçados e coração quebrado, certamente essa ferida era tão grande e profunda quanto a de anos atrás. Entretanto, sentia-se leve por ter chorado tão intensamente e não ter reprimido sua dor; sua mente ainda encontrava-se bagunçada e as palavras e imagens ainda iam e vinham.

A alaranjada sentou-se na cama e pegou o celular que se encontrava ao lado, olhou o visor e lá estava ele... O causador de toda a sua dor... Mas seria mesmo culpa de Ichigo o acontecimento...?  Sim, ela sabia que não. Ela sabia que estava sendo usada, sabia que não teria seu coração e mesmo assim ignorou o que poderia ocorrer em longo prazo.

A culpa foi da esperança. Inoue pensava que talvez conseguisse, nem que fosse apenas um pouquinho, alcançar o coração de seu amado e com o tempo quem sabe, ele não enxergaria ela da mesma forma que o via e deixaria Rukia. Não funcionou, foi o que seu próprio pensamento desferiu como um soco nos restos de sua sanidade, o que a fez suspirar derrotadamente. Depositou o aparelho no mesmo local de que havia tirado e se levantou caminhando até o armário para começar a embalar suas coisas.

Desde quando estava pensando dessa forma tão egoísta e cruel? Porque agora tinha esses sentimentos tão maldosos e ruins? Tomar o garoto de sua namorada... Em que tipo de pessoa se tornou por causa do amor? Bem, pelo menos recebeu a sua punição e estava disposta a esquecer esse sentimento platônico de uma vez por todas, tanto porque estava cansada de ser machucada por quem gostava, tanto porque não aguentava mais a situação em que estava.

Depois de tanto tempo lutando pra que esse dia não chegasse, em apenas segundos, seus esforços estavam no lixo. Finalmente seu irmão receberá novamente a proposta de troca de cargo na empresa e teriam que se mudar de Tókio para a cidade de Karakura, localizada consideravelmente distante, uma cidade interiorana em crescimento. Antes, certamente se ouvisse a palavra mudança sua atitude seria completamente diferente, agora, seus valores mudaram forçadamente devido as circunstancias. Assim que mexeu em um casaco, algo caiu delicadamente no chão, a garota voltou-se ao papel repousado e o trouxe até sua vista, e novamente era ele... Não importava pra onde olhasse, sentia que se permanecesse ali, naquela cidade, escola, ou até mesmo em seu quarto, seria perseguida pela imagem e presença de Kurosaki Ichigo.

Inoue tinha certeza de seus sentimentos e mais ainda de que teria um enorme desafio pela frente. Não seria fácil, mas tentaria. Após tantos anos apaixonada e admirando uma única pessoa, e conhecendo a si mesma, existia a possibilidade de fracasso. Entretanto, havia deixado suas memórias serem levadas pela chuva.


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Notas finais do capítulo

Bom, como eu disse no inicio, farei algumas observações a respeito do texto que acredito serem importantes:

1.Na parte em que a Inoue vê o Ichigo na chuva, é apenas uma ilusão, não é ele realmente. A situação foi tão tensa pra ela que pode reprozir visivelmente tudo.

2.Como puderam observar, existem muitas particularidades diferentes nos personagens,mas no decorrer da história irei falando do porque de cada um deles.

Nos vemos no próximo capítulo!