- Ah, que dia maravilhoso! - Exclamei enquanto abraçava vários Macacos Coloridos. O dia estava realmente perfeito, não havia nada para nos preocuparmos no quartel-general... bem, exceto o Horácio e o Nico, que estavam arquitetando um plano qualquer e... a Abigail também, que estava os ajudando... bem, não havia nada para EU me preocupar! Sentei-me no chão, sobre os meus joelhos, e comecei a brincar com meus queridos macacos. Eu já disse que eles são incríveis? Pois bem, eles são! Enquanto eu estava controlando os Macacos Coloridos do bem, que lutavam contra os Macacos Coloridos do mal, escutei a voz do Wally. Por um momento, senti o quartel-general tremer com o berro.

- EU ODEIO ESSE JOGO! Só pode ser um truque, esse vilão é impossível de vencer! - Ele mordiscava os lábios, enquanto seus dedos, já com alguns calos, apertavam furiosamente os botões do controle do videogame. Seus olhos claros não desviavam da televisão por nenhum segundo sequer, e a decepção ficava cada vez mais visível em seu rosto após cada ''Game Over''.

- Vem brincar comigo, Wally! Com os Macacos Coloridos, não há ''Game Over''! - Convidei-o com um enorme sorriso no rosto. Apesar de ser extremamente raro, eu adorava brincar com ele. Geralmente eu só conseguia convencê-lo quando ele me devia algum favor, mas eu tinha esperanças de que ele pudesse abandonar aquele jogo. Não estava fazendo bem a ele... uma brincadeira que traz infelicidade? Isso não é uma brincadeira, é um monstro! Outro ''Game Over'' apareceu na tela, após um enorme esforço dele para vencer. Com a expressão transtornada, ele me encarou com um olhar gélido.

- CALA A BOCA! - Arregalei meus olhos, em espanto. Meu sorriso diminuiu. Os outros três membros que estavam conversando ficaram estáticos, e nos encararam. Wally percebeu o que havia feito e pausou o jogo. Seu rosto, voltado para a televisão, estava coberto pelos fios loiros. - Foi mal, Kuki. Eu só quero terminar esse jogo ainda hoje e esse último vilão está me atrapalhando mais do que deveria. - Ele desabafou, eu podia notar um certo grau de tristeza em sua voz. Abigail, Horácio e Nico arquearam as sobrancelhas e voltaram a conversar.


... Eu odiei notar aquela tristeza na voz dele. Não irei permitir que nenhum vilão faça isso, mesmo que seja um de mentira! Larguei meus Macacos Coloridos no chão e pulei até o sofá, sentando-me ao lado dele. Wally se assustou com a minha ação inesperada.


- O que está fazendo?! - Ele questionou, quando eu retirei o controle de suas mãos. Não respondi, apenas me concentrei na televisão. As mangas do meu casaco faziam com que meus dedos deslizassem facilmente sobre os botões, mas consegui pegar o jeito em poucos segundos, afinal, eu já estava acostumada com o tecido sobre as minhas mãos. Realmente, era um personagem difícil de vencer, mas eu consegui. Wally tinha o jeito bruto de lidar com o controle, mas nada como um toque mais delicado e calmo para resolver as coisas. Quando voltei meu olhar para Wally, com a televisão mostrando o término do jogo, ele estava boquiaberto. - C-Como você f-fez...? - Ele perguntou, surpreso.

- Você parecia que estava batendo no controle, Wally. Num videogame o importante não é a força que você aplica nos botões, é a rapidez com que você executa as sequências de golpes. - Expliquei. Ele fechou a cara, envergonhado, mas não replicou, pois ele sabia que o que eu disse tinha sentido. Até eu que preferia os Macacos Coloridos, sabia como jogar corretamente um videogame. Wally... você é realmente engraçado!


E fofo. Ele parecia extremamente fofo naquele momento... mas seus lábios estavam marcados pelas mordidas incansáveis, frutos do seu nervosismo. Levantei uma das minhas mãos, largando o controle no sofá, e balancei levemente o braço, fazendo com que a manga revelasse parcialmente os meus dedos.


- Wally, quando estiver nervoso, não desconte em seus lábios. Eles não merecem isso! - Comentei, enquanto meu polegar percorria levemente seu lábio inferior. Realmente estava bem machucado... O rosto dele ficou incrivelmente vermelho e ele se levantou rapidamente, ficando de pé sobre o sofá. Ah, saco! Eu só estava tentando ajudá-lo, ele não precisava ficar novamente com raiva!

- Tá, vou tentar parar de bater no controle... - Ele sussurrou. Estranho, sua voz não demonstrava raiva, apesar do rosto ainda estar vermelho. Olhei de canto para meu polegar e me lembrei do local que ele esteve segundos antes. Será que ele não havia gostado do meu toque? - ... Mas não posso dizer nada sobre morder os lábios. - Ele cruzou os braços e pulou do sofá, me encarando. - Pois bem... você me ajudou a terminar o jogo, o que quer que eu faça pra você? - Um sorriso naturalmente surgiu em meus lábios com a pergunta dele e a resposta foi imediata.

- Brinque comigo com os Macacos Coloridos! - Ele resmungou alto, levando as mãos até os fios loiros com brutalidade. Meu sorriso se expandiu e eu comecei a rir, pulando do sofá e saltitando até o meu quarto, para buscar mais Macacos Coloridos. O dia agora realmente estava perfeito!


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Enquanto esperava contra a sua vontade pela japonesa, que havia ido buscar os malditos brinquedos coloridos, o loiro sentou-se no chão, de costas para os outros parceiros. Desfez os braços cruzados e levou discretamente um de seus polegares até os lábios, tocando-os com leveza, assim como a garota havia feito.


- Espero que ela note meu nervosismo mais vezes... - Ele disse num tom quase impossível de se ouvir, com um sorriso tímido.