CAPÍTULO 50

POV's Nico

Eu estava do lado de fora da casa, entre Percy e Annabeth, que me lançava um olhar preocupado. Eu entendia a causa do seu olhar. Normalmente eu não falava muito, mas nos últimos dias, desde que minha Stella se fora, eu estava num estado quase catatônico. Ela vivia me dando esses olhares e eu sabia que apesar de Percy não aparentar tanta preocupação quanto ela, eles dois falavam sobre mim quando eu não estava.

Eu odiava me sentir inseguro e frágil, mas Stella tinha levado tudo com ela. Eu não queria viver. Eu não queria voltar para o Acampamento. Eu estava quase desejando que Céos vencesse a droga da guerra, assim eu poderia morrer sem ser perturbado.

Di Immortales! Eu estou muito depressivo hoje. Tenho que para com isso, pensei sério. Quem eu estou querendo enganar? Eu não estava assim porque queria, estava assim porque arrancaram minha pequena de mim.

“Nico?” a voz de Annabeth me tirou de meus devaneios melancólicos.

“Sim?” respondi, indiferente.

“Vamos?” ela perguntou, olhando para o meu rosto com aquele olhar preocupado que parecia me analisar completamente. Limitei-me a assentir. Então nós corremos em direção ao muro, onde havia uma grande sombra. Uma de minhas mãos segurava a de Percy e outra a de Annabeth (essa mão estava sendo esmagada). Mergulhamos na escuridão gélida, com sombras sussurrando e se agarrando a nossas roupas. Ignorei os espíritos inquietos, mas Annie apertou ainda mais minha mão.

Depois de mas algum tempo, aparecemos na Colina Meio-Sangue.

Eu estava cansado, muito cansado. Havia algum tempo que viajar nas sombras não me deixava tão cansado quanto naquela hora e eu me perguntei o porquê de tanto sono repentino.

“Você precisa dormir” falou Annie, passando a mão no meu braço, de um jeito maternal.

“Não preciso” discordei. Eu poderia aguentar, dormiria mais tarde. “Tenho que estar na reunião do conselho de guerra”

“Nico, nós nos reuniremos depois do jantar, ainda não está nem na hora do almoço.” ela argumentou.

“Não quero dormir” resmunguei e me senti aquelas criancinhas discutindo com a mãe para ficar acordadas até tarde. Corei com a minha comparação.

“Cara, você pode ser o mini-morte, mas ainda tem que dormir” Percy se pronunciou pela primeira vez em muito tempo. Eu estava até estranhado o silêncio dele.

“Olha...” comecei, mas fui interrompido pela irmãzinha de Annabeth, Maryanne.

“Annie! Você voltou!” ela gritou feliz, os cabelos loiros claros balançavam ao vento enquanto ela corria colina acima e abraçava Annabeth. Ela era quase uma versão de Annabeth em miniatura.

“Eu disse que voltaria” falou Annabeth, abraçando a irmã e rindo.

“Oi, Percy!” ela também abraçou Percy. “Ah... oi, Nico” ela me deu um abraço rápido e depois corou. Então tá... Mulheres, nem quando são crianças eu entendo... Dei um sorriso torto para ela, que corou ainda mais. “Cadê a Stella?” ela perguntou.

“Ah...” nenhum de nós sabia o que responder. Mary gostava muito da Stella, mesmo a conhecendo há pouco tempo e eu não queria dar a notícia para ela, então fui andando de fininho até meu chalé.

Eu tinha sentido falta dele. Minha cama parecia especialmente chamativa e convidativa, mas eu precisava de um banho para tentar relaxar.

Mary perguntando de Stella me fez ficar ainda mais para baixo. Me lembrou que não era possível esconder o desaparecimento dela por muito tempo.

Eu sabia que as pessoas iam ficar sabendo e iam me olhar de forma diferente. Iam me olhar com pena e eu odiava isso. Odiava quando ficavam com pena de mim, isso fazia eu me sentir vulnerável, fraco. Sim, eu sei que eu sou as duas coisas, mas eu não gostava quando notavam isso e menos ainda quando era lembrado disso, direta ou indiretamente.

Entrei no banheiro, me despi e liguei o chuveiro na água fria para tentar diminuir a raiva que eu sentia. Não sei de onde vinha a raiva, só apareceu, um sentimento repentino que ameaçava explodir pelos meus poros. Entrei embaixo d'água e tomei banho. Não adiantou muito, eu ainda estava muito enfurecido.

“Droga!” reclamei, quase gritando enquanto socava a parede e a água ainda caia pelo meu corpo.

Minhas lágrimas quentes se misturavam à aguá fria e, pela primeira vez em muito tempo, eu não me senti incomodado com a possibilidade disso ser uma marca de fraqueza. Deixei elas saírem livremente e não sei por quanto tempo fiquei assim, só sei que quando terminei estava muito mais calmo. Tão calmo que chegava a ser um entorpecimento.

Depois de me vestir, eu deitei e dormir instantaneamente. E logo eu estava sonhando.

A primeira coisa que eu vi foi o rosto dela, tão linda... Era ainda mais bonita que em minhas lembranças. Acho que, mesmo dormindo, eu sorri.

Ela estava com um vestido longo, seus cabelos estavam semi-presos e uma delicada coroa brilhava neles. Era noite e ela olhava para o céu distraída, debruçada na amurada da grande varanda. Simplesmente linda. Mas então eu vi sua expressão. Ela estava completamente arrasada e isso me fez querer matar quem quer que tivesse deixado ela tão triste.

Ela soltou um suspiro delicado e de partir o coração. Eu queria muito estar ao lado dela para fazer o que fosse preciso para colocar um sorriso naqueles lábios perfeitos.

Stella pareceu sair do transe em que estava e virou a cabeça em direção à porta de vidro entreabertas que davam em um quarto. Ela se endireitou em um movimento fluído e andou graciosamente em direção ao quarto, onde encontrou uma garota ruiva com olhos cor de caramelo.

“Stella, estão te esperando na sala do trono... Parece que alguém chegou de última hora”

“O quê?!” agora Stella parecia furiosa. A garota reprimiu um sorriso. “Diga que estou indo”

“Claro” a garota se retirou do quarto, deixando minha Fadinha sozinha.

A fúria deixou o rosto dela e deu espaço para a mesma expressão triste de antes. Uma lágrima caiu pelo seu rosto perfeito, parecendo um pequeno diamante. Ela interrompeu o caminho da linda gota cintilante com os dedos trêmulos e sufocou um soluço.

Por um instante, achei que ela choraria de verdade, mas logo ela se recompôs, assumindo uma expressão quase tão fria e indiferente quanto a minha. Ela andou até seu enorme banheiro e retocou a maquiagem quase imaculada. Deu um sorriso triste para seu reflexo e balançou a cabeça em negação, saindo do banheiro e do quarto em seguida e andando daquele jeito desconcertante que só ela tinha.

Eu queria ver o quem tinha chegado para deixá-la tão irritada, mas eu acordei, me amaldiçoando por não estar lá para enxugar aquela lágrima. Deuses! Eu tinha tanta coisa para dizer para ela...

Notei algo que não tinha visto, meu violão estava ao meu lado na cama, correndo o sério risco de cair e se espatifar no chão (Exagerado, eu? Magina). Sabe, eu nunca tinha percebido antes de conhecer a Stella, mas tocar me acalmava...

Flashback On

“Sabe, a música me acalma” Stella falou, enquanto nós fazíamos um intervalo depois de uma longa aula de esgrima. Não lembro como chegamos ao assunto, mas me lembro das palavras dela.

“Te acalma? Mesmo se for uma música triste?”

“Bem, não. Não é exatamente calma. É mais ou menos como se ela me entendesse, como se fizesse parte de mim”

“Não entendo” falei frustrado.

“Não tem como explicar. Você não pode pensar, você tem que sentir. Quando conseguir isso cantará com todo seu ser, e então é como a música certa simplesmente fluísse para você. Como se ela te entendesse até nos momentos que você não consegue se compreender. É como mágica. Você está completamente ligado a ela, como se fossem um só. É incrível, te faz bem...”

Eu não consegui entender, mas fiquei impressionado com a paixão na voz dela. Ela realmente amava a música. E ficava muito linda falando disso.

Mesmo suada, com o cabelo meio bagunçado e sem maquiagem, ela era perfeita e todo aquele amor pela música a deixava ainda melhor. Tão melhor que eu nem tentei entender o significado de seu discurso, estava mais preocupado com o modo que seus lábios se moviam, como uma dança perigosa e hipnótica que me tirava à sanidade. Tive que exigir o máximo de todo meu autocontrole para não a beijar naquele momento.

Flashback Off

Eu tentei fazer o que ela tinha dito. Sem pensar, apenas sentir e entendi o que ela tinha falado assim que meus dedos começaram a tocar uma canção e minha voz acompanhou a melodia sem esforço algum.

So Far Away

(Avenged Sevenfold)

Never feared for anything,
Never shamed but never free
Alive to hear the broken heart with all that it could

(Nunca teve medo de nada
Nunca se envergonhou mas nunca foi livre
Vivo para ouvir o coração partido com todas as forças)

Lived a life so endlessly
Saw beyond what others see
I tried to heal your broken heart
With all that I could

(Viveu uma vida tão interminável
Viu além do que os outros veem
Eu tentei curar seu coração partido
Com todas as minhas forças)

Will you stay?
Will you stay away forever?

(Você vai ficar?
Você vai ficar longe para sempre?)

How do I live without the ones I love?
Time still turns the pages of the book it's burned
Place and time always on my mind
I have so much to say but you're so far away

(Como posso viver sem aqueles que eu amo?
O tempo ainda vira as páginas do livro queimado
Encarando o tempo sempre na minha cabeça
Tenho tanto pra dizer mas você está tão distante)

Plans of what our futures hold
Foolish lies of growing old
It seems we're so invincible
The truth is so cold

(Planos do que o nosso futuro nos reserva
Mentiras tolas de "envelhecer"
Parecia que éramos tão invencíveis
A verdade é tão fria)

A final song, a last request
A perfect chapter laid to rest
Now and then I try to find a place in my mind

(Uma última música, um último pedido
Um capítulo perfeito terminado
Volta e meia tento achar um lugar na minha mente)

Where you can stay
You can stay awake forever

(Onde você possa ficar
Você possa ficar acordado para sempre)

How do I live without the ones I love?
Time still turns the pages of the book it's burned
Place and time always on my mind
I have so much to say but you're so far away

(Como posso viver sem aqueles que eu amo?
O tempo ainda vira as páginas do livro queimado
Lugar e tempo sempre na minha cabeça
Tenho tanto pra dizer mas você está tão distante)

Sleep tight, I'm not afraid
The ones that we love are here with me
Lay away a place for me
'Cause as soon as I'm done I'll be on my way
To live eternally

(Durma bem, eu não estou com medo
Aqueles quem amamos estão aqui comigo
Guarde um lugar para mim
Porque quando eu acabar, eu estarei indo
Viver eternamente)

How do I live without the ones I love?
Time still turns the pages of the book it's burned
Place and time always on my mind
And the light you left remains but it's so hard to stay
When I have so much to say and you're so far away...

(Como posso viver sem aqueles que eu amo?
O tempo ainda vira as páginas do livro queimado
Lugar e tempo sempre na minha cabeça
E a luz que você deixou ainda permanece, mas é tão difícil ficar
Quando eu tenho tanto pra dizer mas você está tão distante...)

I love you
You were ready
The pain is strong enough despite
But I'll see you
You'll let me
Your pain is gone, your hands untied

(Eu te amo
Você estava pronta
A dor é forte o suficiente, apesar disso
Mas eu te verei
Você me deixará
Sua dor se foi, suas mãos estão desamarradas)

So far away
And I need you to know
So far away
And I need you to
Need you to know

(Tão distante
E eu preciso que você saiba

Tão distante
E eu preciso que
Preciso que você saiba)

E então, assim que a última nota soou, eu percebi o que tinha que fazer. Sim, estava claro como cristal. Eu estava pronto para isso, acho, mas eu teria que achar ajuda. E não qualquer ajuda, a ajuda de...

Minha barriga roncou, interrompendo minha linha de raciocínio e só então notei o quão faminto estava. Tudo bem, comer primeiro, planejar depois, pensei me levantando.

Olhei o relógio. Já era a hora do jantar. Aparentemente eu tinha dormido mais do que imaginei.

Saí do chalé, andando distraído com as mãos no bolso. Eu estava mais distraído do que percebi, porque no momento seguinte eu esbarrei em alguém. Era Percy que ia na direção do meu chalé tão distraído quanto eu.

“E aí” cumprimentei, sem emoção.

“Estava te procurando” ele falou o óbvio. “Bem a reunião do conselho continua sendo depois do jantar e...”

“Eu não vou”

“O quê?” ele perguntou incrédulo. “Repete, acho que entendi errado. Escutei você dizer que não ia para a reunião do nosso Conselho de Guerra”

“Você entendeu certo.”

“Sabe que Annabeth e Clarisse vão te matar, né?”

“Eu tenho que falar com uma pessoa” dei de ombros.

“E não pode ser mais tarde não?”

“Não, tem que ser imediatamente.” falei sério.

“Nico,...” a voz dele tinha aquele tom de aviso.

“Percy, eu sei o que estou fazendo, okay? Não precisa se preocupar e vocês podem me falar da reunião depois. Para mim tanto faz” dizendo isso, dei as costas para ele e comecei a andar na direção do refeitório, mas ele segurou meu braço. “Me solta” falei entredentes.

“Não. Você vai me escutar e parar de dar uma de rebelde.” ele falou num tom tão anormalmente sério que me deixou surpreso o suficiente para que ele conseguisse me arrastar de volta para o meu chalé e fechar a porta atrás de si. “Agora você vai me dizer o que Hades está acontecendo aqui” Ele cruzou os braços e se encostou na porta, bloqueando a saída, já que meu chalé não tinha janelas.

“Não tem nada acontecendo” rebati virando de costas para ele.

“Não? Nico, eu posso não ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas não sou tão burro assim”

“Que droga!” gritei me virando para ele, que continuava na mesma posição de antes. ”Será que ninguém pode me deixar em paz? Eu não estou afim de ficar vendo a cara de vocês, tá legal? Eu odeio essa expressão! Para de me olhar assim!” Eu explodi e talvez eu tenha passado um pouco dos limites.

“Que expressão?”

“Essa! Que droga! Para de me olhar com pena! Eu odeio tanto... tanto!” meus punhos estavam cerrados e eu tremia de raiva. “Quer saber? Eu não vou a essa porcaria de reunião e nem contem comigo para fazer mais nada. Onde quer que eu vá vão me olhar desse jeito e eu não quero isso. Não preciso de pena de ninguém.”

“Nico, nós só estamos preocupados. Você é meu irmão, eu me preocupo com você e bem, a Stella não ia querer que você ficasse assim. Ela ia querer que você seguisse...”

“Não ouse terminar essa frase! Eu não vou... Eu não quero... droga! Eu a amo! Será que você não entende? Eu a amo mais que tudo! Não posso simplesmente esquecê-la! O que você faria se fosse Annabeth?”

“Eu... não sei” ele suspirou e colocou as mãos nos bolsos da calça. “Tem razão... Eu definitivamente não ia conseguir seguir em frente sem minha Sabidinha.” então um olhar de entendimento cruzou os olhos de Percy. “Você vai atrás dela, né?” desviei o olhar. “Não se preocupe, Nico. Não vou dizer a ninguém” levantei a sobrancelha. “Talvez a Annabeth, mas ela não vai falar nada.”

“Tem certeza?”

“Claro...” ele riu. “Mas você tem que ir para a reunião. Essa é a minha condição.”

“Por que a reunião é tao importante para você?” soltei a pergunta sem pensar.

“Porque nós precisamos saber o que está acontecendo por aqui e els precisam saber o que aconteceu na missão. Além disso, você não pode simplesmente sair por aí procurando Stella sem saber se precisamos de você para alguma coisa.” Olhei para ele com uma cara que dizia que eu ia partir imediatamente não importando as circunstâncias. “Não me olhe assim. Sabe tão bem quanto eu que ela não ia gostar nada disso”

“Tem razão” falei depois de um longo e cansado suspiro. “Você venceu... agora será que eu posso ir? Eu ainda quero comer”

Ele riu do meu comentário e eu consegui dar um sorriso. Fomos para o refeitório e nos sentamos em nossas respectivas mesas.

Eu comi igual a um mendigo vendo um banquete. Aposto que se Stella estivesse lá ela iria rir e depois quando nós encontrássemos na fogueira ela falaria alguma coisa sobre o quanto eu comia e que não conseguiria comer por um mês se comece a quantidade do que eu comia em um dia então ela daria aquela risada encantadora e eu riria junto com ela. Senti uma fisgada no meu peito quando lembrei que poderia levar muito tempo até que eu visse aquele lindo rosto de novo. Pensando bem, esqueça do lindo. Eu não a amava porque era bonita, eu a amava porque ela era ela. Isso ficou redundante, mas é a verdade.

Fiquei imaginando como aquelas pessoas tinham coragem de fazer aquele anjo perfeito sofrer. Eu quase morri quando a magoei. Por falar nisso, nunca mais tinha visto aquela idiota filha de Éris que agora eu lembrava o nome. Jane. Eu já tinha ficado com ela num jogo de verdade ou consequência... porque ela escolheu consequência? Aliás, nunca gostei desse jogo. Eu tive que sofrer a consequência sendo que aquela imbecil foi que pediu, nunca vou entender...

Por que eu estou pensando nisso?, me perguntei, balançando a cabeça em negação. Olhei ao redor e vi que quase todos tinham saído do refeitório. Suspirei e me levantei, indo para a porcaria de reunião.

Pelo menos não seria na sala de recreação como era antes, graças à Annabeth, que convenceu os deuses de que precisávamos de mais espaço já que teríamos mais chalés e consequentemente mais líderes.

Arrastei meus pés até a sala no final do corredor da recém reformada Casa Grande. Suspirei ao chegar na sala e entrei sem me importar em bater.

Todos os olhares se voltaram para mim e eu os retribuí com minha conhecida máscara de indiferença.

“Estou muito atrasado?” perguntei, sentando-me ao lado de Pollux, já que as cadeiras eram dispostas na ordem dos números chalés. Do meu outro lado estava Rachel, que me deu um sorriso triste quando entrei.

“Sim” falou uma filha de Éris, parecendo mal humorada. Dei de ombros, com um ar entediado.

“Podiam ter começado sem mim” yeah, hoje eu não estou com um humor muito amigável. Ela estava pronta para rebater, mas alguém a interrompeu.

“Vamos manter a calma, okay?” Não foi Quíron quem falou, nem Annabeth. Na verdade foi a última pessoa que eu conseguia imaginar falando aquilo. Pensando bem, eu nem conseguia imaginar. Quando eu vi quem tinha falado, quase caí da cadeira. Todos os olhares se voltaram para Clarisse (viram a causa da minha reação? Quem ia pensar que Clarisse, o melhor exemplo de filha de Ares brigona, estaria pedindo para alguém não brigar?). Ela nos ignorou completamente. “Além do mais, não está tão atrasado assim, di Angelo. Quíron saiu por um instante, aparentemente alguém chegou para falar com ele, então não teríamos começado com ou sem você”

Ficamos em silêncio até que a porta se abriu e revelou Quíron na porta, seu olhar pousou diretamente em mim.

“Então, Quíron, vamos começar logo?” Perguntou Annabeth.

“Então, como foi a missão?” ele perguntou.

“Descobrimos algumas coisas, mas parece que deixamos alguma coisa escapar.” Annabeth contou tudo, com algumas interrupções feitas por Percy para corrigir ou acrescentar alguma coisa. Claro que ela não falou nada sobre a parte fada de Stella.

“Então, o que devemos fazer?” perguntou Thalia.

“Precisamos pensar...” falou Quíron. “Ah, Nico, você está sendo esperado no escritório” E ele me deu um olhar que dizia basicamente para eu me apressar, mas no fundo eu vi aquela expressão de tristeza e pena.

Me levantei e andei até a saída, mas antes que eu o fizesse uma mão segurou meu braço e eu me virei instintivamente para a pessoa. Era Rachel. Seus olhos estavam com aquela estranha luz verde e fumaça verde se enroscava em seus pés.

“Entregue à estrela quando acabar sua busca” ela falou com sua estranha voz triplicada, me entregando um papel dobrado.

“Que estrela?”

“A que brilha com o sol e a lua...” Depois de falar isso, ela fechou os olhos e seu corpo começou a cair no chão, mas eu consegui segurá-la antes que isso acontecesse.

“Eu cuido dela” falou Will. Assenti e continuei a sair da sala.

Quando cheguei no escritório, bati na porta e uma voz abafada mandou entrar. Eu o fiz, mas assim que abri a porta e encontrei não uma, mas duas pessoas.

“Mas o que...?”